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THE LINK OF PEDAGOGY TO THE FEMALE GENDER: REFLECTIONS FROM A TEACHER'S SPEAK

Daniela Emilena Santiago1 Fernanda Gonçalves Gomes2 Flavia Danieli de Souza Barbosa3

Vanessa Simões Ribeiro 4

RESUMO: Esse texto foi elaborado no ano de 2018 pelos autores com o objetivo de realizar uma

maior aproximação à questão de gênero que tem sido latente nos cursos de graduação de Pedagogia expressa pelo fato de observarmos uma predominância feminina dentre aqueles que procuram uma graduação na área. Observando a realidade espanhola por conta de pesquisa de iniciação científica vemos, no entanto, que a predominância do gênero feminino não é tal recorrente como no Brasil. Para a apreensão desse objeto de pesquisa realizamos uma entrevista com uma professora que foi formada no contexto do surgimento dos primeiros cursos de Pedagogia no Brasil, além da leitura teórica basal para alimentar tais estudos. Concluímos assim que a vinculação da Pedagogia ao gênero feminino é algo que se faz presente no Brasil desde o contexto de surgimento da profissão no Brasil.

Palavras-chave: Pedagogia. Gênero. Trabalho.

ABSTRACT: This text was prepared in the year 2018 by the authors with the aim of making a closer

approach to the gender issue that has been latent in Pedagogy undergraduate courses expressed by the fact that we observe a female predominance among those seeking a degree in the area. Observing the Spanish reality because of research of scientific initiation we see, however, that the predominance of females is not as recurrent as in Brazil. For the apprehension of this research object we conducted an interview with a teacher who was formed in the context of the emergence of the first Pedagogy courses in Brazil, in addition to the basal theoretical reading to feed such studies. We conclude that the linkage of Pedagogy to the female gender is something that is present in Brazil since the context of the emergence of the profession in Brazil.

Keywords: Pedagogy. Genre. Job.

1 Assistente Social, docente dos cursos de Psicologia e Pedagogia da UNIP-Assis-SP. Mestre em Psicologia e História pela

UNESP e Doutoranda em História pela UNESP-Assis-SP. Desenvolve pesquisas na área de gênero, violência, políticas sociais, desenvolvimento infantil e religião. E-mail: santiago.dani@yahoo.com.br

2 Graduada em Pedagogia pela UNIP-Assis. Professora substituta da rede de educação de Assis. Realiza pesquisas na área

de gênero e educação comparada. E-mail: fergomes2308@gmail.com

3 Pedagoga, Diretora de Escola na rede municipal de educação de Assis-SP. Coordenadora e Docente do curso de Pedagogia

da UNIP-Assis-SP. Mestre em Educação pela UNESP-Marília-SP. Realiza estudos na área de gênero, violência contra crianças e adolescentes, inclusão educacional e gestão educacional. E-mail: flaviadanis@ig.com.br

1 INTRODUÇÃO

Iniciamos essa pesquisa, por observarmos as salas de aulas do curso superior de pedagogia que são compostas em sua maioria por mulheres e pensar o motivos pelos quais se relacionam o curso à mulher. Percebemos assim, por meio de estudos realizados no próprio curso que essa era uma questão histórica, ou seja, no Brasil, há muitos anos a Pedagogia tem sido associada a uma profissão que estaria restrita ao universo feminino, como se somente mulheres pudessem exercer tal função. Portanto, é um conceito que também aborda a questão do gênero, ou seja, atribui uma profissão à todas aquelas que nasceram do sexo feminino.

Ao empreender uma análise das práticas desenvolvidas nos ciclos iniciais da Espanha e comparar as questões pedagógicas e de gestão à realidade brasileira por meio da pesquisa de iniciação científica concluída no ano de 2018 observamos que na Espanha a profissão não é compreendida como circunscrita apenas ao universo feminino, mas que incorpora também o gênero masculino. Essa constatação aguçou ainda mais o nosso interesse pelo tema em questão e nos motivou a empreender pesquisas sobre esse tema de forma paralela ao tema da iniciação científica.

Por outro lado sabemos que a Pedagogia é associada ao cuidado. Nesse sentido, é mister observar ainda que a mulher sempre foi relacionada ao cuidar dos filhos e marido, aos deveres da casa e demais obrigações que seriam consideradas “obrigações da mulher”. Com isso, a Pedagogia, como sabemos que existe a dedicação do educar, do cuidar, criou-se então esse vínculo com a mulher. Isso faz com que o curso de graduação em Pedagogia seja inferiorizado, podendo ser considerado a pedagoga como uma babá, onde ela está ali para realizar o papel que a mulher realizaria em casa, porém, a pedagoga está ali como qualquer outra profissional, para pôr em prática seu trabalho de docente, no qual, ela se preparou academicamente para isso. Mas, temos ainda a inferiorização da mulher a relacioná-la apenas ao cuidado. Afinal, ao que parece, essa seria uma atribuição do universo feminino, e, cabe a mulher desempenhá-la em casa ou então em um espaço sancionado para isso por meio de um profissão, para a qual, é basal uma graduação. E, temos ainda uma exclusão do homem desse espaço uma vez que ainda constatamos que no município de Assis (a exemplo de outros dessa região) não temos homens atuando na educação infantil sob o argumento de que o homem não saberia cuidar de uma criança pequena ou até mesmo que a criança estaria exposta à violência sexual caso o homem, pedagogo fosse o responsável por salas de educação infantil onde o cuidado mais rudimentar como banho e troca de roupas se torna necessário.

Freire (1993) cita em seu livro “Professora sim, tia não”, que o simples chamar de “tia”, pode ser considerado uma tentativa de reduzir a professora à condição de “tia”, sendo uma inocente armadilha ideológica em que, tentando-se dar a ilusão de adocicar a vida da professora, o que se tenta

é amaciar a sua capacidade ou entretê-la no exercício de tarefas fundamentais. O autor ainda nos diz que ao chamar de tia à professora fica ainda entendido que a mulher já possui aqueles conhecimentos para cuidar da criança, independente de qualquer estudo e com todo o aprendizado no nosso decorrer na universidade, vemos claramente isso como uma inverdade, pois assim como o mundo, a criança evolui e nós nos preparamos cientificamente para obter maior compreensão desse mundo que ela convive e não simplesmente por um senso-comum.

De tal forma, tanto o fato de haver, historicamente uma analogia entre mulher, cuidado de criança e Pedagogia, é um dos fatores que influencia a maior quantidade de professores do gênero feminino. Por outro lado, vemos que a consciência e entendimento de que o homem deve ser o provedor da casa ao passo que a mulher funcionaria como uma renda auxiliar, ou então cuidando da casa e dos filhos, pode ser outro fator que influência no fato da maioria dos profissionais estarem vinculados ao gênero feminino. Isso porque, em grande parte sabemos que a remuneração dos professores no país tende a ser baixa, e, o homem provedor da sociedade patriarcal busca remunerações maiores.

Fato é que há raízes históricas que determinam essa afluência de mulheres para a profissão de Pedagogia e visando identificar algumas dessas raízes, realizamos um pesquisa com uma pedagoga formada em 1955 no Brasil e que nos relata sua experiência quanto a escolha do curso e suas descobertas. A pesquisa aconteceu por meio de entrevista semiestruturada, a qual apresentaremos no decurso desse texto. Trata-se de uma amostra de ocasião uma vez que tivemos conhecimento da entrevistada pelo fato de que um dos autores residir no mesmo município do que ela. Propusemos a pesquisa e os resultados identificados vieram de encontro às indagações que vínhamos realizando acerca da relação firmada entre gênero e pedagogia.

Por meio da apresentação das colocações da entrevistada conseguimos observar como a profissão da Pedagogia era compreendida no período e como isso estabelece relação com a atual caracterização da mesma como algo que situa-se no espaço do cuidado da criança, e, portanto como algo inerente à mulher. No entanto, o presente manuscrito foi organizando por meio da apresentação de dados que nos permitiram compreender o desenvolvimento da Pedagogia no Brasil e na sequência apresentamos a entrevista realizada.

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