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3 GESTÃO AMBIENTAL

3.4 A Logística reversa

O conceito de logística reversa baseia-se no processo de planejamento e operação do fluxo de matérias-primas e materiais de maneira contrária ao fluxo normal da produção. Consiste no fluxo inverso, em que esses materiais são reaproveitados no processo produtivo, sejam como novas entradas desse processo, seja pela reciclagem e utilização em novos produtos de linha de produção secundária, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado (MARCONDES; CARDOSO, 2005; NHAN; SOUZA; AGUIAR, 2003).

Para Leite (2010), o conceito de logística reversa ainda está em evolução e que ainda não se chegou a uma visão unificada, o que se entende que cabe à agregação de

múltiplas perspectivas. De uma perspectiva gerencial, a logística reversa podem ser integradas, formando a RLM (reverse logistics management, gestão da logística reversa).

Bowersox; Closs; Cooper (2007 p. 148) entendem que “a devolução de produtos é comum como resultado de crescentes padrões rígidos de qualidade, data de validade, do produto e responsabilidade por conseqüências danosas.” Toda essa exigência que se evidencia na atualidade decorrente de direitos legais dos consumidores aliadas às outras estratégias econômicas ou ecológicas induz as empresas a adotarem medidas estratégicas e fazerem práticas de logística reversa, no sentido de recuperar valores ou dar o destino adequado aos produtos dela oriundos.

A logística reversa ainda é tratada como uma área da logística que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, atuando na área do retorno dos bens de pós venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo. Esse processo se dá por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valores de diversas naturezas: econômico, de prestação de serviços, ecológicos, legais, logísticos, de imagem corporativa dentre outros (LEITE, 2010).

Esse valor na área do pós-venda pode ser econômico, em se tratando de produtos obsoletos, sem giro, consignados ou dentro das garantias, na medida em que os varejistas podem devolvê-los aos fabricantes, atacadistas e distribuidores os produtos na condição citada, não ficando, portanto, restrito tão somente à devolução do consumidor final ao fabricante (MARCONDES; CARDOSO, 2005).

No tocante ao valor de imagem corporativa ou das razões competitivas, verifica-se que ocorre quando, por exemplo, a empresa varejista efetua a troca de produtos defeituosos, ou com desvio de qualidade, satisfazendo desta forma, a necessidade do consumidor, ao mesmo tempo em que confere o destino correto aos produtos decorrentes de tais trocas ou devoluções.

No pós-consumo tem-se o valor ecológico, que ocorre quando os produtos não habilitados ao retorno do ciclo de negócios ou produtivos têm um destino final adequado, como a incineração ou a reutilização.

Para que se caracterize um fluxo reverso existe todo um processo que uma empresa precisa realizar ou terceirizar. Dentre essas atividades estão a coleta, a separação, a embalagem e a expedição de itens usados, danificados, obsoletos dos pontos de venda ou consumo até o ponto de origem para reprocessamento, revenda ou descarte (NHAN; SOUZA; AGUIAR, 2003; LACERDA, 2002).

Esse fluxo está exemplificado na Figura 3.

Figura 3 – Fluxo da logística reversa

Fonte: Lacerda (2002 p. 3).

De acordo com Daher, Silva e Fonseca (2006) a influência da eficiência do processo de logística reversa é apontada por seis fatores críticos, são eles:

a) bons controles de entrada;

b) processos mapeados e formalizados; c) tempo de ciclos reduzidos;

d) bons sistemas de informação; e) rede logística planejada; e

f) relações de confiança e colaborativas entre colaboradores, clientes, fornecedores e transportadores. O conjunto desses fatores utilizados de maneira eficiente constitui as boas práticas de Logística Reversa.

Bons controles de entrada: a correta identificação e o estado dos materiais que

Processos mapeados e formalizados: a logística reversa deve ser tratada de

maneira regular e não de forma contingencial, esporádica e tendo os seus processos devidamente mapeados.

Tempo de ciclos reduzidos: diz respeito ao intervalo de tempo entre a

identificação da necessidade de retorno para redirecionamento ou disposição final e os ciclos longos atrasam a geração de caixa para a empresa e ocupam espaço de estoque.

Bons sistemas de informação: constitui-se em um enorme desafio para as

organizações a construção ou aquisição de sistemas de informação capazes de fazer o rastreamento de retornos, a medição do tempo de ciclos para medição de desempenho, buscando melhorias na atuação de fornecedores, colaboradores e transportadores, bem como o abuso dos clientes versus consumidores no retorno de produtos.

Rede logística planejada: para lidar com os processos de entrada de materiais

retornáveis nos fluxos de logística reversa de maneira eficiente se faz necessário a implementação de uma infraestrutura logística adequada, tal como ocorre no processo logístico direto nos fluxos de saída de materiais processados. Existe a necessidade de planejar essa rede como parte da rotina da empresa e não simplesmente como algo contingencial e esporádico.

Relações colaborativas entre clientes e fornecedores: como existe uma série de

devoluções que são feitas em função de produtos danificados, é necessária uma relação de confiança e colaboração entre varejistas e indústrias, a fim de que ninguém se sinta lesado na transação de devoluções.

Pelo exposto identifica-se que a Logística Reversa integra os canais de distribuição reversos e o seu principal foco de atuação é a reintrodução de produtos e/ou materiais na cadeia de valor por intermédio do ciclo produtivo ou de negócio. Desta forma a empresa busca aproveitar as oportunidades mercadológicas, neutralizando as ameaças decorrentes de questões ambientais existentes na administração dos seus processos, transformando-a, ainda, em uma estratégia de vantagem competitiva pela redução dos desperdícios e a adequação às exigências dos stakeholders (BARBIERI, 2007).

Medidas dessa natureza requerem uma maior integração das atividades nas organizações entre colaboradores, fornecedores e transportadores bem como o estabelecimento e manutensão de relacionamentos confiáveis entre os integrantes da cadeia. Para que a organização consiga agregar valor, é preciso também que tudo isso seja permeado por bons sistemas de informação que deem suporte a todo o ciclo do processo. Outro fator preponderante, é que precisa ter toda uma sistemática, clara e formalizada, e a atenção dos gestores voltada para essa área.