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Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado

CAPÍTULO 6 A NÃO-CUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS E DA

6.3 Créditos a descontar

6.3.6 Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado

Esse foi o item de crédito que mais alterações sofreu desde a instituição do regime não cumulativo das contribuições para o PIS e da COFINS.

De início, a base de cálculo dos créditos eram os valores das suas respectivas depreciações. Como se sabe, os bens do ativo, pelo desgaste sofrido em função de seu prazo de vida útil, podem ser objeto de depreciação contábil de acordo com seu prazo de vida útil. O valor correspondente à depreciação representa uma despesa ou um custo que poderá ser

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Conforme arts. 5º e 6º da Resolução nº 2309/96, do Conselho Monetário Nacional. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em 25 dez. 2007.

dedutível para fins de apuração do imposto sobre a renda145. A cota de depreciação, a ser registrada, será determinada mediante a aplicação da taxa anual, fixada em face do prazo durante o qual se possa esperar utilização econômica do bem, pelo contribuinte, na produção de seus rendimentos. Para fins fiscais, prevalecem as taxas de desgaste que o contribuinte puder comprovar perante o fisco ou aquelas consignadas em tabelas estampadas em instruções da Receita Federal.

Como se verifica, o crédito tomado sobre depreciação causa ônus ao contribuinte, pois ele sofre o desembolso imediato de caixa do valor das contribuições incidentes na aquisição do bem, sendo que esse encargo tributário somente será recomposto ao longo do tempo de depreciação dos mesmos.

Com a edição da Lei nº 10865/2003, o legislador ordinário, reconhecendo o efeito adverso do crédito calculado pelo tempo da depreciação contábil, na forma acima referida, conferiu ao contribuinte do PIS e da COFINS, no regime ora tratado, a opção de tomar os créditos das contribuições sobre o valor de aquisição dos bens, possibilitando a recuperação do ônus desses tributos em 48 meses146.

A Lei nº 11051/2004, de seu turno, em seu art. 2º, permitiu que, em relação a certas máquinas e equipamentos, listados em Decretos Federais, adquiridos para utilização no processo industrial do contribuinte, o crédito poderá ser tomado em 24 meses, sobre o valor de aquisição dos bens.

145 Vide art. 307, do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto Federal nº 3000/99 – RIR/99). 146

Vide § 14, do art. 3º, da Lei 10833/2003, introduzido pela Lei nº 10865/2004, com efeitos a partir de 1º de maio de 2004.

Outra alteração legislativa foi levada a efeito por meio da Lei nº 11196/2005, publicada em 22 de novembro de 2005. De acordo com seus ditames, do valor apurado da contribuição para o PIS e da COFINS no regime da não-cumulatividade, além das hipóteses já previstas no art. 3º, da Lei nº 10833/2003, as pessoas jurídicas poderão descontar créditos em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, mas fabricados para locação a terceiros. Dispôs, adicionalmente, a lei citada que não integram a base de cálculo dos créditos o valor das máquinas, dos equipamentos e de outros bens fabricados para incorporação ao ativo imobilizado, os custos que não sofreram a incidência das contribuições quando de suas aquisições e o valor da mão-de-obra paga a pessoa física.

Observe-se que de todas as metodologias de cálculo de créditos admitidas em lei, a opção pelo crédito sobre depreciação é a mais desvantajosa para o contribuinte, porquanto, regra geral, os bens (máquinas e equipamentos) que compõem o ativo fixo levam muitos anos para serem depreciados, em virtude de seu prazo de vida útil, tornando também mais longa a recuperação do PIS e da COFINS pagos integralmente por ocasião da aquisição dos bens. Nas outras modalidades, as contribuições serão recuperadas em quatro ou dois anos, o que resulta menor prejuízo para o contribuinte, em termos de fluxo de caixa.

A última novidade foi introduzida pela Lei n° 11.529/2007147, possibilitando a tomada de crédito das contribuições, de forma imediata, em seu montante integral, na aquisição de bens de capital destinados à produção de partes e peças para veículos, bem como de equipamentos agrícolas, materiais da indústria têxtil, obras em couro, veículos auto- propulsados, entre outros.

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Outras modificações foram sendo introduzidas restritivas do direito de crédito do PIS e da COFINS sobre as aquisições de bens do ativo. Na redação original do art. 3º, inciso VI, da Lei nº 10637/2002, era permitido o crédito de PIS sobre a aquisição de todas as máquinas e equipamentos destinados ao ativo fixo de qualquer empresa148. Após a edição da Lei nº 10833/2003, o referido crédito restrito aos bens destinados à utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. A nova restrição, válida para a apuração do PIS e da COFINS, afetou todas as empresas que atuam no comércio varejista, uma vez que, na acepção das leis citadas, elas não são fabricantes ou prestadoras de serviços e, portanto, ficaram impedidas de tomar créditos sobre a aquisição de imobilizado necessário a seu ramo de atividade.

Esse cipoal de normas regentes dos créditos do PIS e da COFINS, sobre a aquisição de bens do ativo imobilizado, impõe ao contribuinte um custo adicional de tecnologia e de pessoal para o controle e manutenção de sistema de contabilização de ativos, de forma individualizada, a fim de controlar e segregar149:

a) todos os bens de ativo cuja aquisição conferiu crédito até fevereiro de 2004;

b) os bens adquiridos e destinados exclusivamente à produção de bens e à prestação de serviços;

c) os bens em que o crédito é calculado sobre o valor da depreciação;

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A redação era a seguinte: “VI – máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado.”

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Esse procedimento é determinado pela própria Secretaria da Receita Federal do Brasil. Disciplinando a matéria, a Instrução Normativa nº 457/2004, da Secretaria da Receita Federal, dispõe, em seu art. 9º que as pessoas jurídicas devem manter durante dez anos, em boa guarda, os registros contábeis ou planilhas que permitam a comprovação da utilização dos créditos, acrescentando que, na hipótese de o contribuinte não adotar o mesmo critério de apuração de créditos das contribuições para todos os bens do seu ativo imobilizado, deverá manter registros contábeis ou planilhas em separado para cada critério.

d) os bens em que se optou pela tomada de créditos em 48 meses sobre o valor de aquisição;

e) os bens listados em Decreto Federal em relação aos quais se admite o crédito do PIS e de COFINS em 24 meses sobre o valor de aquisição;

f) os bens que darão direito a crédito imediato em face do tipo de bem do ativo adquirido.

Tal quadro evidencia que a sistemática não cumulativa, além de impor ao contribuinte uma carga tributária elevada pela quase triplicação das alíquotas, causa ainda um alto custo de administração dessas contribuições, quando se pensa nas horas incorridas para o acompanhamento das mudanças na legislação, a apuração e o recolhimento das contribuições150.