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O método desenvolvido no Japão sob a designação QC Story, a partir da fábrica da Komatsu Awatsu no início dos anos 60 (CORTADA, 2005), como desdobramento do então chamado Ciclo Deming ou PDCA (Plan-Do-Check-Action) ficou posteriormente conhecido no Brasil como MASP – Método de Análise e Solução de Problemas.

Planejar (plan) significa determinar analítica e quantitativamente quais são os

problemas-chave num processo ou atividades existentes e como eles podem ser corrigidos;

executar (do) é implementar um plano para isso; verificar (check) confirmar analítica e

quantitativamente que o plano adotado funciona e resulta num melhor desempenho. Finalmente, atuar (act) representa modificar o processo anterior adequadamente, documentá-lo e utilizá-lo.

O ciclo PDCA, que permite reconhecer um problema, identificar as suas causas e adotar medidas para eliminá-las, está ilustrado na Figura 2.12.

Figura 2.12 – Ciclo PDCA de controle de processos (Fonte: CAMPOS, 1992)

Ilha (1993) sintetiza a aplicação do ciclo PDCA aos SPHS defectivos ao apontar que, uma vez detectados os problemas e identificadas as suas causas, deve-se estabelecer as prioridades a serem atacadas, definindo-se as metas a serem atingidas e os métodos para atingi-las. Na sequência, efetua-se o treinamento dos recursos humanos envolvidos para a execução da tarefa proposta, verificando-se os resultados alcançados com a medida corretiva. Se o desempenho dos SPHS com relação ao problema foi satisfatório (ou seja, se as medidas corretivas foram eficientes) passa-se à abordagem dos demais problemas, reiniciando-se o processo (conforme sugere a Figura 2.12), visando o aumento da qualidade ou melhoramento contínuo do sistema.

O PDCA, portanto, simboliza o princípio da iteração na resolução de problemas ao indicar a implementação de correções e melhorias por etapas e a repetição do ciclo várias vezes. O MASP constitui peça fundamental para que o controle de qualidade possa ser exercido. “Rodar o PDCA” significa empregar este ciclo, sucessivamente, nos processos de resolução de problemas, planejamento da melhoria, execução, verificação e padronização ou atuação das atividades, levando a um ganho de qualidade (CAMPOS, 1992). Este processo está esquematizado na Figura 2.13.

Figura 2.13 – Melhoramento contínuo baseado em seqüências de aplicação do PDCA (Fonte: CAMPOS, 1992) O MASP, como processo de controle da qualidade via ciclo PDCA, propicia a utilização das ferramentas da qualidade de forma ordenada e lógica, facilitando a análise de problemas, determinação de suas causas e elaboração de planos de ação para eliminação dessas causas. Em programas de qualidade das organizações, os métodos de análise e solução de problemas constituem ferramentas indispensáveis, uma vez que formam a base para eliminação de defeitos e desperdícios (CORTADA, 2005).

Entre os benefícios do emprego do MASP está o aumento da eficiência das empresas em suas atividades de melhoria da qualidade, entre as quais a resolução de problemas através de procedimentos cientificamente comprovados para encontrar as suas verdadeiras causas, aumentando a probabilidade de se resolver satisfatoriamente uma situação que abriga um dado problema. Além disso, o MASP está em plena sintonia com o método de controle e gerenciamento de processos utilizado no TQC (Controle da Qualidade Total), o ciclo PDCA.

Para Campos (1992), a grande importância do MASP está no fato dele alimentar com fatos e dados as decisões que, de outra forma, seriam tomadas apenas com base em bom senso ou “feeling”. Segundo este autor, decisões baseadas exclusivamente em bom senso, experiência ou intuição levam a soluções frequentemente erradas ou extremamente dispendiosas, o que poderia ser evitado com o uso de um processo de análise adequado para resolver o problema.

Ele aponta que o MASP é justamente a maneira de fazer os dados e fatos serem considerados na busca da solução de um problema. Além disto, ressalta a diferença entre método e ferramenta, ao explicar que o método é a seqüência lógica para se atingir a meta desejada, ao passo que a ferramenta é o recurso a ser utilizado no método. Para ele, de nada adianta conhecer ferramentas se o método não é dominado. Em síntese, o que soluciona um problema não são as ferramentas, mas a aplicação do método. Portanto, o MASP-PDCA é uma sequência lógica para a solução de problemas, ao passo que as ferramentas do controle da qualidade são os recursos a serem utilizados na aplicação da solução de problemas (SCHOBA, 2003).

Malgrado se observe na já farta literatura disponível denominações diversas para o MASP, diferentes quantidades de etapas e até mesmo de procedimentos, Cortada (2005) ressalta que a essência do processo é sempre a mesma, apesar das variações na ênfase em um ou mais passos.

O método parte de uma situação detectada, cuja descrição identifica um problema, primeiramente avaliado de modo a representar um desvio de desempenho ou uma oportunidade de melhoria. Tratando-se de uma situação insatisfatória, a análise é essencialmente voltada para a descoberta das causas do desvio, com o levantamento do histórico do processo e determinação dos fatores que afetaram eventos ocorridos cujos efeitos ainda perdurem no presente (MOREIRA, 2004).

Aguiar (2002) enfatiza que o objetivo da análise de um desvio é sua correção, enquanto o da análise de uma oportunidade é a obtenção de uma melhoria pretendida. Segundo Moreira (2004), em princípio, o primeiro objetivo busca a recuperação de uma situação anterior ao desvio, conhecida e controlada, cuja decisão associada ocorre sob condições de certeza, ao passo que no segundo caso tem-se uma situação de incerteza, sujeita a riscos de avaliação.

O requisito essencial para se postular ou investigar alternativas de ação na solução de um problema é estabelecer objetivos para ela. As alternativas são estratégias possíveis para a consecução desses objetivos. Elas podem tomar forma de providências imediatas e sumárias, de planos de ação relativamente simples ou de verdadeiros projetos de investimento.

Ainda segundo o autor citado, a solução deverá ser não apenas a mais conveniente, adequada ou eficaz, mas principalmente a mais oportuna e viável para a empresa como um

todo (ARIOLI, 1998 apud MOREIRA, 2002)3.

O processo encerra com medidas preventivas mitigadoras das probabilidades de reincidência do problema. Isto ocorre principalmente mediante o estabelecimento de padrões e procedimentos adequados e pelo treinamento de pessoal, sob caráter sistêmico, portanto, aberto e permanente. Ele se retroalimenta com as informações geradas pelo controle da ação empreendida, gerando novos níveis de correção e de melhoria, de prevenção aos desvios e de antecipação às oportunidades. Campos (1992) oferece uma síntese associando as etapas do MASP ao ciclo PDCA reproduzida no Quadro 2.2.

Quadro 2.2 – Etapas do MASP associado ao PDCA (Fonte: CAMPOS, 1992).