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3.6 Emprego dos métodos de investigação patológica em Engenharia Legal

3.6.5 O método empregado por Pontes adaptado a SPHS

Dentro do rito jurídico descrito supra envolvendo a atuação de profissionais de Engenharia na função de perito e assistentes técnicos, Pontes (2002) propôs um método visando a investigação de defeitos em revestimentos de argamassa, que segue devidamente adaptado ao levantamento de patologias em sistemas prediais hidráulicos e sanitários.

Este método, através do diagnóstico do problema em foco, visa possibilitar que o perito atribua responsabilidade a uma das partes da ação judicial. Para tanto, conta com a sua experiência profissional e o estudo da questão a partir de fontes bibliográficas específicas, sem descuidar do estudo dos autos para prévia seleção dos materiais e equipamentos necessários para a avaliação em campo. Desta forma, o estudo dos autos encabeça a seqüência de etapas que o perito judicial deve seguir até a atribuição de responsabilidades e elaboração final do seu laudo técnico. Segue-se então o trabalho de vistoria de campo, com eventual seleção de equipamentos que deverão ser levados, quando for o caso.

Durante a vistoria de campo é feito o levantamento de manifestações patológicas nas partes expostas (não embutidas ou enterradas) dos SPHS, mediante análise visual das ocorrências, além de superfícies externas de regiões onde correm tubulações embutidas e enterradas. Seguem-se a coleta de informações no local, tomada de depoimentos de moradores, usuários, zelador, síndico e funcionários do edifício responsáveis pela sua manutenção.

Na vistoria o perito deve realizar um mapeamento correto dos defeitos, falhas e ocorrências patológicas correlacionadas com os SPHS. Para tanto, ele pode se valer dos projetos técnicos correspondentes fornecidos pelo empreendedor ou pelo próprio Condomínio, além de croquis elaborados especialmente para esta finalidade. Nestes elementos gráficos devem ser anotadas detalhadamente as suas configurações, acompanhadas de criterioso relatório fotográfico, que será posteriormente incluído no laudo técnico pericial.

Para Pontes (2002), a coleta de testemunhos e depoimentos dos moradores e usuários dos ambientes sanitários do edifício nesta vistoria é importante, uma vez que pode auxiliar decisivamente na identificação dos problemas e facilitar a determinação de suas causas.

Pode também ser relevante para o diagnóstico dos defeitos a solicitação de documentos adicionais até então não fornecidos (outros projetos técnicos, memoriais descritivos, especificações de materiais, cadernos de encargos de execução, cópias de notas fiscais de aquisição de componentes, etc.), referentes à concepção, dimensionamento e instalação desses sistemas prediais, caso já não estejam apensos ao corpo do processo judicial.

Com base em todas essas informações colhidas em campo, o perito poderá caracterizar as patologias presentes, manifestas ou ainda por se manifestar, além das não conformidades normativas, regulatórias e legais, indicando as suas origens e causas prováveis ou comprovadas.

Por vezes a simples análise visual às partes expostas das tubulações, componentes e equipamentos não dá suficientes subsídios para um diagnóstico seguro e determinação comprovada das causas dos problemas e irregularidades constatados na vistoria. Nestes casos o perito, suficientemente fundamentado, poderá solicitar aberturas exploratórias em trechos embutidos e/ou enterrados das tubulações, esgotamento de reservatórios de água para inspeção, e até mesmo realizar testes de estanqueidade ou de detecção de origem de vazamentos com água colorida, ou seja, adicionada de corante dissolvido. Se necessário, também poderá realizar testes laboratoriais e ensaios tecnológicos, sendo-lhe legalmente facultada a extração de amostras para tanto.

Entretanto, na prática, tem havido pouca solicitação de ensaios laboratoriais. Isto ocorre porque, na maioria das vezes, as informações provenientes da análise dos projetos técnicos, a sua confrontação com prescrições normativas, os depoimentos e documentos complementares colhidos na vistoria e correspondente análise visual são suficientes para que o perito possa atribuir as devidas responsabilidades pelas patologias encontradas.

Através dos resultados dos ensaios e estudos até então realizados, o perito já terá condições de determinar as causas e origens das patologias verificadas. Independente de onde se originam essas patologias, o perito deve determinar as correspondentes responsabilidades pelo aparecimento dos defeitos. Consequentemente, todas essas informações serão transpostas para o seu laudo técnico pericial de forma conclusiva.

Em síntese, o método empregado por Pontes (2002), comprovando assertiva anterior, se mostra nada mais do que uma aplicação sintética do método de Lichtenstein (1985). Na fase de estudo dos autos e documentos a ele apensos, toma-se contato com o problema. Segue-se a etapa de levantamento de subsídios, constituída por vistoria de campo para levantamento das manifestações patológicas, anamnese e ensaios de laboratório, quando necessários. A anamnese corresponde ao exame dos projetos técnicos, análise dos registros fotográficos e dos depoimentos colhidos.

Segue-se o diagnóstico, com a determinação das causas e origens das patologias verificadas. Finalmente, a fase de definição da conduta no método de Lichtenstein (1985) se resume à atribuição de responsabilidades no de Pontes. Neste último, evidentemente, não há a contrapartida das alternativas de intervenção, prognóstico e decisão de terapia. Eventualmente, o perito só se pronuncia a respeito se tiver de responder a quesitos específicos formulados pelos assistentes técnicos.

4 MÉTODO DE PESQUISA

O presente capítulo trata do método de pesquisa adotado neste trabalho como estratégia para serem atingidos os objetivos declarados em 1.2, discorrendo sobre a abordagem metodológica empregada, o processo e etapas da pesquisa, meios de coleta e análise dos dados e descrição dos estudos de caso realizados.