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3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1.HISTÓRICO

3.5 DIAGNÓSTICO

3.5.4 Métodos de imagem

Os métodos de imagem auxiliam, mas não se constituem em exames diagnósticos, uma vez que não existem alterações consideradas patognomônicas da DIPID.

O estudo morfológico da alças do intestino delgado encontra-se alterado em praticamente todos os pacientes, embora um exame normal não afasta o diagnóstico. As alterações são geralmente extensas, difusas e contínuas, localizadas principalmente no duodeno, jejuno e íleo proximal, com o restante do íleo sendo acometido em raras ocasiões2,4,6,38,74,99,138,152,162,168,211,221,227,266.

O tempo de trânsito do bário pelo intestino delgado, normalmente é lento, com períodos que podem variar de três a oito horas e meia, com média de quatro horas e meia, conforme dados publicados por Vessal et al.266. Nas radiografias panorâmicas, pode-se observar que as alças estão uniformemente dispostas, mais separadas, às vezes deixando áreas livres, o que pode se justificar pelo processo infiltrativo que estende à serosa do intestino delgado ou pela compressão extrínseca causada pelos linfonodos mesentéricos aumentados6,208,211.

As alterações radiológicas mais comuns descritas na DIPID são4,6,17,74,99,131,138,

162,168,208, 211,222,227,266,274

:

a) segmentação e floculação de bário, que traduz a presença de líquido estagnado no interior das alças intestinais. Esse dado é encontrado com maior freqüência nos pacientes que apresentam dilatação de segmentos intestinais;

b) alargamento e espessamento das pregas da mucosa é observado em graus que variam de discreta intensidade a pregueamento grosseiro, simétrico e difuso, que confere aspecto bem transversal às pregas da mucosa, característica que é facilmente observada na presença de dilatação das alças intestinais;

c) aspecto nodular é conseqüência da infiltração linfoplasmocitária da lâmina própria, fazendo projeção para o lúmem intestinal. Os nódulos podem variar de 2-3mm, a nodulações grosseiras de 8-10mm, configurando o aspecto polipóide. Os nódulos podem ocasionar grandes distorções do padrão mucoso do intestino delgado;

d) irregularidades e espiculações na periferia da mucosa intestinal, conferem à alça aspecto rendilhado, tipo “papel rasgado”, semelhante ao observado na retocolite ulcerativa. Esse aspecto denuncia a presença de ulcerações;

e) segmentos estenosados, podem ser transitórios ou mais raro, permanentes. Quando permanentes, geralmente são mais observados nas fases avançadas da

doença e se localizam preferencialmente no duodeno, onde o acometimento dos linfonodos da cabeça do pâncreas, associado à posição retroperitoneal da alça intestinal, determina a tendência à estenose.

f) dilatação segmentar, às vezes conferindo aspecto aneurismático aos segmentos intestinais, também pode ser transitória ou permanente, tem sido referida por alguns autores e surge habitualmente como resultado de infiltração maciça da submucosa intestinal;

g) pseudo-divertículos, usualmente encontrados nas porções média e distal do intestino delgado são raros.

A gravidade das alterações radiológicas, habitualmente está relacionada à intensidade do infiltrado celular da parede intestinal. Alguns autores acreditam, que os nódulos e espessamento da mucosa são provavelmente, conseqüência da infiltração celular da mucosa e submucosa intestinal, vista nos estádios A e B da doença, enquanto os pseudopólipos, estenoses e dilatações podem traduzir a infiltração maciça das outras camadas da parede intestinal, presente no estádio mais avançado da doença. No entanto, são relatadas discrepâncias entre os aspectos radiológicos e histológicos2,74,99,138,168,211,227,266.

A presença de nodulações grosseiras, serrilhamento periférico e espiculações das alças intestinais são, talvez, os aspectos radiológicos mais característicos da DIPID74,159,166,168,211. Esses achados associados ao quadro clínico e epidemiológico constituem-se em forte evidência diagnóstica. Entretanto, é importante ressaltar que o estudo radiológico sem alteraçoes do intestino delgado, não afasta completamente a doença, bem como, alterações semelhantes às descritas, podem ser vistas em outras doenças difusas do intestino delgado4,74,159,166,168,211.

No único caso de DCGP com comprometimento primário do intestino delgado, descreve-se o trânsito intestinal com comprometimento difuso de todo o delgado, marcado por acentuado espessamento e irregularidade das pregas da mucosa, associada à dilatação difusa das alças intestinais28.

Poucas são as descrições das alterações radiológicas do estômago na DIPID. As existentes chamam a atenção para o antro gástrico infiltrado, rígido, estenosado e com áreas de defeito de enchimento, tipo polipóide, na região do piloro117,264.

3.5.4.2 Ultra-sonografia e tomografia computadorizada de abdome

Ultra-songrafia e tomografia computadorizada de abdome são métodos que auxiliam a pesquisa de linfadenomegalias mesentéricas e/ou retroperitoneais, bem como, podem evidenciar a presença de múltiplas massas intestinais; entretanto, apresentam pouco valor no estadiamento final da doença6,17,167,199,243,276.

3.5.4.3 Outros métodos de imagem

Radiografia simples de abdome em ortostatismo pode revelar múltiplos níveis hidroaéreos nas alças do intestino delgado e mais raramente nos cólons. O quadro radiológico é semelhante ao observado no íleo adinâmico; no entanto, o exame físico desses pacientes revela presença de peristaltismo intestinal74,203.

Alterações radiológicas de outros sistemas são excepcionais. A radiografia dos ossos pode mostrar lesões osteolíticas, que acompanham os linfomas. Nesses casos, os pacientes queixam-se de dor no local do tecido ósseo acometido. A osteoartropatia hipertrófica foi descrita em associação ao baqueteamento digital e a osteoporose, responsável por fraturas patológicas, foi observada em raros casos. A avaliação da idade óssea, nos pacientes jovens, pode mostrar-se inferior à idade cronológica74,274,276.

Nas formas pulmonares da DCAP, a radiografia de tórax revela aumento dos linfonodos mediastinais, associado a infiltrado pulmonar intersticial. Em um caso, foram descritos fibrose intersticial difusa e derrame pleural87.

Imagens obtidas por meio da cintilografia abdominal feita com o citrato de gálio 67, mostraram atividade abdominal difusa, semelhante ao que é observado nas peritonites bacteriana e tuberculosa, pouco contribuindo para o diagnóstico da DIPID138–140,167.

Os resultados da linfografia abdominal não são uniformes e variam de normais à demonstração de aglomerados de linfonodos com enchimento irregular, o que também, acrescenta pouco ao estudo da doença102,104,256,264,274.