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4 CASUÍSTICA E MÉTODOS

5.3 ASPECTOS RELACIONADOS AOS EXAMES COMPLEMENTARES 1 Exames hematológicos

5.3.5 Outros exames de patologia clínica

O exame parasitológico de fezes mostrou-se negativo em 18 (75,0%) pacientes, e positivo em seis (25%). Os seguintes parasitos foram encontrados: Strongyloides

stercoralis, Entamoeba histolytica, Trichocephalus trichiurus, Giardia lamblia e Hymenolepis nana.

A urina foi examinada em todos os casos, quanto aos caracteres gerais, elementos anormais e sedimentoscopia e mostrou-se sem alterações em todos eles.

5.3.6 Métodos de imagem

A telerradiografia de tórax em PA e perfil mostrou-se normal em 23 (95,8%) casos. Um paciente apresentou sinais radiológicos de doença pulmonar obstrutiva crônica, predominando o componente enfisematoso.

O estudo morfológico das alças jejuno-ileais foi exame importante para a suspeita diagnóstica de DIPID e no diagnóstico diferencial com outras doenças primárias do intestino delgado. Dos 24 casos estudados, o trânsito intestinal mostrou-se alterado em todos os pacientes. Dentro do padrão morfológico das alças do intestino delgado, as alterações que se fizeram presentes com maior freqüência, encontram-se detalhadas na Tabela 14, bem como a sua distribuição pelos três estádios da doença.

Tabela 14 – Principais alterações morfológicas observadas ao estudo contrastado do intestino delgado, nos três estádios histológicos da DIPID

Alteração radiográfica A (n=5) n (%) Estádio B (n=5) n (%) C (n=14) n (%) Total (n=24) n (%) Aspecto nodular 5 (100) 5 (100) 14 (100) 24 (100) Alargamento e espessamento das pregas da mucosa 3 (60) 4 (80) 12 (85,7%) 19 (79,2) Irregularidades e espículas na periferia da mucosa 0 2 (40) 8 (57,1) 10 (41,7) Floculação de bário 0 1 (20) 6 (42,8) 7 (29,2) Dilatação de alças 0 2 (40) 4 (28,6) 6 (25,0)

Todas as alterações observadas ao estudo contrastado do intestino delgado demonstraram acometimento difuso, contínuo, por vezes extenso, localizado principalmente no duodeno, jejuno e, mais raramente, no íleo. O conjunto dessas alterações foi responsável pela subversão, às vezes significativa, do padrão morfológico da mucosa intestinal (Figura 8).

A presença de nódulos da mucosa fazendo projeção para o interior do lúmem intestinal foi o aspecto radiológico mais observado nos três estádios da doença, sendo identificado em todos os 24 pacientes. O tamanho dos nódulos variou de pequenas nodulações, que predominaram nos estádios A e B, a nodulações grosseiras, muitas vezes lembrando o aspecto faveolar. Nódulos maiores foram mais freqüentes no estádio C, porém, pacientes nos estádios A e B também apresentaram essa alteração. A distribuição dos nódulos ao longo do intestino delgado se fez de forma difusa, contínua, ocupando principalmente, o duodeno e o jejuno proximal, às vezes, se estendendo por todo o jejuno e, em raras ocasiões, atingindo o íleo. Dois pacientes no estádio C apresentaram pequenos nódulos no íleo distal, sendo que em um deles, as nodulações atingiram o íleo terminal. Esse paciente apresentava tuberculose intestinal associada ao linfoma (Figura 9).

O espessamento das pregas da mucosa foi aspecto observado com freqüência semelhante nos três estádios. Houve uma variação de sua intensidade com espessamentos de discretos a grosseiros. À semelhança do que foi constatado no padrão nodular, o alargamento grosseiro foi mais freqüente no estádio C, porém, alguns pacientes nos estádios A e B também apresentaram essa alteração de forma exuberante.

A presença de irregularidades e espículas na periferia da mucosa intestinal, as quais resultam de ulcerações na mucosa, foi observada apenas nos estádios mais avançados da doença, como demonstrado na Tabela 14 e visibilizado na Figura 10.

A dilatação difusa das alças intestinais esteve presente nos estádios B e C. A floculação de bário só não foi observada no estádio A. Um paciente, no estádio B, além das alterações difusas já descritas, apresentou divertículos localizados em duodeno e jejuno.

Com relação ao tempo do trânsito intestinal, este se mostrou normal em 17 (70,8%) casos, rápido em seis (25,0%) e lento em apenas um (4,2%) paciente do estádio C.

Todos os pacientes se submeteram ao estudo ultra-sonográfico do abdome e este se mostrou sem anormalidades em oito (33,3%) casos. Linfadenomegalia mesentérica foi a alteração mais freqüentemente observada e esteve presente em seis (25%) pacientes: cinco no estádio C e um no B. A linfadenomegalia retroperitoneal pôde ser diagnosticada em três (12,5%) pacientes, um em cada estádio da doença. Já a linfadenomegalia para-aórtica foi vista em apenas um (7,1%) caso, do estádio C.

A dilatação das alças do intestino delgado foi observada em quatro (16,7%) casos, sendo dois no estádio B e dois, no C. O espessamento da parede dessas alças foi descrito em dois (8,3%) pacientes, um no estádio B e o outro, no C.

Algumas alterações hepáticas estiveram presentes nos pacientes desse estudo. Esteatose hepática foi observada em três (12,5%) casos, um em cada estádio da doença. Aumento da ecogenicidade do espaço peri-portal foi descrito em três (12,5%) pacientes, sendo dois no estádio C e um, no B. Esse aspecto ultra-sonográfico sugeriu o parasitismo pelo Schistosoma mansoni, porém em nenhum dos casos, esse diagnóstico foi confirmado por outros métodos propedêuticos. Hepatomegalia inespecífica foi observada em um caso no estádio B e em outro no estádio C.

A tomografia computadorizada de abdome foi realizada em 19 (79,2%) pacientes. Cinco (20,8%) casos, todos pertencentes ao estádio C, não se submeteram a esse exame, porque na época do diagnóstico, este não se encontrava disponível no Setor de Métodos de Imagem do Hospital das Clínicas.

Entre os 19 casos estudados pela tomografia, sete (36,8%) encontravam-se dentro dos limites da normalidade. Dentre as alterações descritas, linfadenomegalia mesentérica esteve presente em sete (36,8%) pacientes, sendo seis casos no estádio C e um, no B. Já a linfadenomegalia retroperitoneal pôde ser identificada em quatro (21,0%) pacientes: três no estádio C e um, no A. A dilatação das alças intestinais foi descrita em cinco (26,3%) casos: um paciente no estádio A; outro, no B; e três, no C. O espessamento da parede das alças do intestino delgado foi observado em dois (10,5%) pacientes no estádio C da doença (Figura 11).