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Fonte: Hilsenbek Filho; Caribé, 2008.

Inicialmente, os membros do movimento reuniam em seus grupos de origem e escolhiam um representante, que levava as demandas do grupo às reuniões gerais da Coordinadora del Agua y la Vida, onde as decisões eram tomadas de forma participativa e Assembleias Públicas, enfatizando a coordenação coletiva.

Quanto ao estudo de Mendonça e Böhm (2010), diz respeito a movimentos contra-hegemônicos e a luta pelo desenvolvimento rural do Sertão. O modelo hegemônico priorizava a modernização da agricultura, por meio da adoção de tecnologias industriais, já o contra-hegemônico defendia soluções baseadas em pequena escala, mais sustentável, projetos e sua distintiva (des) integração dessas redes globais, centradas em problemas de acesso à terra. Nos movimentos contra hegemônicos, abordaram-se a cultura local e a identidade do sertanejo, com o intuito de reforçar memórias e construções sociais reprimidas em meio a relações politicas de clientelismo e paternalismo, característicos do local.

Na organização da resistência ao referido modelo hegemônico, foi realizada a conscientização das fontes de sua opressão e logo após, vários processos de mobilização se desdobraram. Um dos grandes problemas identificados pelos autores foi a dificuldade que os movimentos apresentavam em situarem-se em um contexto histórico mais amplo de estruturas sócio-econômicas. Mendonça e Böhm (2010) apontaram caracteristicas sobre a análise de elementos como liderança, tomada de decisão e acesso a fundos, por meio do relato da mobilização

inicial, do suporte estrutural e do acesso à informação subsidiados pela ala progressista da Igreja atuante nos 90 com base na Teologia da Libertação, assim como comentam a atuação de organizações não governamentais estrangeiras com o financiamento de atividades e capacitação de lideranças.

Em se tratando do trabalho de Griggs e Howarth (2000), contempla o movimento de resistência à construção de uma segunda pista do aeroporto de Manchester. Ao investigar a organização deste movimento, os autores destacaram os seguintes elementos organizacionais: liderança; empreendedorismo politico; organização em rede; e as formas de comunicação utilizadas, mais especificamente a atuação da mídia na comunicação entre moradores e ambientalistas, com vistas à formação de uma identidade para este movimento de resistência.

Spicer et al (2007), ao relatarem um projeto de pesquisa sobre mídia alternativa e ação pública, reconhecem a importância dos meios de comunicação alternativos para Ação Pública não-Governamental e advogam que mídias alternativas podem favorecer a mobilização de força, de propagação de assuntos de interesse, por meio da conexão de pessoas e campanhas em torno de tais questões. Além disso, pode-se oferecer espaço para alteração de padrões de consumo de mídia, criando assim novas concepções. Ao estudar essa forma de resistência, os autores buscam investigar a história das redes de mídia alternativa, as dinâmicas de redes interorganizacionais de mídia alternativa, as dinâmicas organizacionais das organizações de mídia alternativa, bem como os processos de trabalho envolvidos na produção de mídias alternativos.

Nesta linha de raciocínio, mais tarde, em 2010, juntamente com Sullivan e Böhm, Spicer estuda o caso da Indymedia, em que contrapõe a uma ordem hegemônica de produção de mídia. No que tange ao organizar deste movimento, os autores comentam que se organiza por meio de estratégias organizacionais coletivas e não-hierárquicas, recursos com códigos-fonte abertos e princípios de publicação, trabalho voluntario, colaboração e paixão; o que se contrapõe às lógicas de acomodação, enclausuramento, competição e imparcialidade.

Para complementar esses comentários, o trabalho de Böhm, Dellagnelo e Mendonca (2010), ao analisar estudos empíricos sobre movimentos de resistência baseados na teoria política do discurso, perceberam neste cerne a existência de um leque de possibilidades de investigação de elementos organizacionais, como assuntos referentes ao trabalho e ao funcionamento dos movimentos de resistência, como: a tomada de decisões, o financiamento, a organização da comunicação

interna e externa e disputas internas por poder, bem como outras formas promotoras do funcionamento desses movimentos.

Além disso, Young e Bohm (2007), ao analisarem o projeto de mídia ifiwatchnet como uma alternativa mundial a um modelo hegemônico de mídia, recomendam que se analise, no contexto do organizar dos movimentos de resistência: as formas de constituição da identidade coletiva, a estrutura, as rotinas de trabalho, a tecnologia, a confiança e os meios de financiamento, que para eles são considerados fundamentais e são passíveis de diferenciação diante de um modelo dominante de organização.

Entretanto, nota-se que apesar de muitos autores desenvolverem estudos que relacionem resistência - em movimentos sociais, por exemplo -, e práticas de organizar; os estudos ainda parecem ser dicotômicos, ou seja: em um pólo se situa o interesse ideológico e em outro o organizacional.

Misoczki, Flores e Böhm (2008) instigam um esforço coletivo de enfrentamento dos procedimentos de exclusão que marcam o campo dos estudos organizacionais e buscam como contribuir para evidenciar parte da multiplicidade de mundos organizacionais até então negada pela hegemonia da organização, tudo isso com vistas a contribuir na contestação da hegemonia da organização, que envolve as relações capitalistas globais articuladas em todos os lugares em que se está cotidianamente, e

[...] onde uma forma de organização e de ser da sociedade se naturaliza como fatalidade: gerencialismo nas empresas e governos, guerra, pobreza extrema, cortes neoliberais dos orçamentos sociais, lucros gigantescos das corporações transnacionais, crescentes desigualdades entre os países e entre grupos populacionais nos países, e a lista continua... (MISOCZKI; FLORES; BÖHM, 2008, p.182). Para eles, estudiosos críticos exploram os processos de organização da resistência e das lutas sociais que tendem a serem ignorados pelo discurso organizacional contemporâneo. Misoczki, Flores e Böhm (2008), tal como Böhm (2002), advogam que se deva aproximar intensamente a teoria e prática, por meio do engajamento de pesquisadores com os movimentos populares, reflexões questionadoras e influenciadoras das suas organizações; isso Böhm (2008) chamou de

prática teórica. Tal postura remete à revisão de pressupostos de certezas de se saber fazer e de ter respostas, que muitas vezes não correspondem nem à experiência que se desenvolve na atualidade, nem aos anseios de atores-sujeitos engajados em lutas sociais.

Deste modo, Misoczki, Flores e Böhm (2008) acreditam que os processos de organização da resistência e de lutas sociais que tendem a ser ignorados pelo discurso organizacional contemporâneo possam se tornar mais visíveis e contribuir em maior grau para as reflexões sobre formas alternativas de gestão.

Laclau e Mouffe (1985), no entanto reconhecem a possível importância da conhecer as formas de resistência, os interpretando-as com uma oportunidade de conhecer a dinamicidade das relações sociais e políticas que constituem uma alternativa de organização e para conhecimento analítico, sugerem a adoção da teoria política do discurso. Howarth e Stavrakakis (2000) inspiram-se em Laclau e Mouffe (1985), para conceituar discurso e a análise do discurso nas ciências sociais e humanas, enfatizando a necessidade de operacionalização em estudos empíricos.

De acordo com os autores, teoria do discurso de Laclau e Mouffe, representa uma evolução recente da teoria marxista, do pós- estruturalismo, da teoria pós-analítica e psicanalítica, bem como se sustenta em críticas tecidas à perspectiva puramente positivista. Eles buscam nessas abordagens, certa convergência que possa esclarecer a manifestação dos fenômenos inerentes ao mundo social e político. 2.2 A TEORIA POLÍTICA DO DISCURSO

Ao entender a Teoria Política do Discurso como um alternativo olhar teórico e epistemológico na análise de processos sociais e/ou políticos contemporâneos, torna-se conveniente delinear os seus pressupostos epistemológicos e teóricos, bem como se compreender como se vislumbra tais processos sociais e políticos a partir dela. 2.2.1 As origens e as influências teóricas do pensamento de Ernesto

Laclau

Antes de tudo, cabe destacar que as teorias são modelos explicativos da realidade, que tentam construir representações do Real. A ciência funciona baseada na teoria, na tentativa de construir um modelo se aproxime da realidade, seja ela: política, social, econômica etc. (POPPER, 1975).

Léo Peixoto Rodrigues, em evento realizado na universidade Federal de Santa Catarina, em 2011, comentou que as transformações contemporâneas vêm se disseminando interdisciplinarmente, seja na Antropologia, na Sociologia, na Economia, dentre outras áreas. Segundo ele, a sociedade apresenta cada vez mais um movimento perceptível, ela muda rapidamente, interconecta-se de modo veloz e se complexifica por meio das múltiplas relações recursivas, que geram relações com elementos extremamente fortes de precariedade, contingência e indeterminação.

Neste contexto, hoje, vários estudiosos, tal como Daniel Bell, na década de setenta, mais precisamente 1973, passam a discutir e se inquietar com uma série de adventos inerentes à sociedade pós- industrial.

Bell (1973), no prefácio da sua obra faz uma série de previsões, a partir daquele momento, baseadas em percepções e em função das novas tecnologias, da crise do estruturalismo francês, na tentativa de que as ciências sociais retomassem uma dimensão epistemologia positiva, no sentido de se falar verdadeiramente acerca da realidade quando Levis Strauss constrói o estruturalismo.

Rodrigues comentou que Levi Strauss não construiu o estruturalismo somente em 1958 como muitos pensam, já escreve textos a respeito desde a década de quarenta. O interesse dele era construir uma possibilidade de identificar as relações que se constroem, que são as relações homólogas a todas as diferentes sociedades e todas as manifestações dessas sociedades são inflorescências, de forma sobredeterminada, às leis estruturais. Quando o estruturalismo nasce, nasce com essa matriz, com desejo teórico de apresentar as estruturas subjacentes que constroem todas as realidades sociais.

Ele sintetiza que o estruturalismo entrou em crise em 1968, em função de acontecimentos de Paris e, a partir dos anos setenta, uma série de esforços buscou rearticular sujeito e estrutura, que o estruturalismo fez subsumir. Foucault declara, claramente, na antologia de textos estruturalistas organizada por Coelho (1968?), que realmente o sujeito é um sujeito que nesta dimensão está subsumido.

Mediante este contexto de crise, os próprios estruturalistas referiam-se ao movimento, anunciando que “as estruturas estavam saindo às ruas”, elas nunca se constituíram em estruturas perfeitamente identificáveis, eram estruturas ausentes, como o sistema linguístico proposto por Saussure, quando propõe que a linguagem era um sistema de regras e que estas regras estariam sempre atualizadas no ato da fala.

Foi quando Strauss foi estudar em Nova Iorque, levou isso às ciências sociais e buscou superar o paradigma biologista. (SAUSSURE, 2006).

No cenário da referida crise, nos Estados Unidos, surge o conceito de pós-estruturalismo, onde autores olhando para as obras de Bourdieu, Giddens, Toraine, Luhmann e Laclau, buscam, a partir das décadas de setenta e oitenta, teorias ou a rearticulação de teorias que voltem a contemplar sujeito e ação. Mas o pós-estruturalismo não é só isso, ele se tornou um grande guarda–chuva que abordou uma série de orientações vindas da Linguística, da Filosofia, da Linguística, da Filosofia da Linguagem, de Lyotard, de Deleuze, de Derrida e Laclau estaria neste guarda-chuva.

Laclau assume a sua postura epistemológica de pós-estruturalista e de pós-marxista, e traz essa matriz que tem como fundamento todas as percepções que vão radicalizar um chamado de pós-fundacionalismo. Ela tem uma crítica à visão pós-fundamentacionalista mais conservadora e busca a desfundamentalizar no sentido de que a interpretação, a construção de modelos epistemológicos não podem ser ancorados em nenhum fundamento seguro e permanente, pois existe um espaço para contingência e consequentemente, uma dimensão de precariedade.

Para apresentar o pensamento laclauniano, torna-se conveniente iniciar pela sua crítica ao marxismo, à ideia de antagonismo especificamente na dimensão econômica, ou melhor, na dimensão capital-trabalho. Segundo Laclau, a sociedade contemporânea não teria condições de trazer essa dimensão de antagonismo vinculada exclusivamente a esta dimensão e a partir disso, entende que a sociedade poderia ser reconhecida como um espaço de discursividade. O discurso é uma dimensão significativa da dimensão social e ele conseguiria dar uma explicação, atender a dimensão de movimento, de precariedade e de contingência da sociedade. O discurso para ele não é a fala, a escrita, mas são as práticas discursivas, as ações; e nesta lógica, a discursividade tem a ideia de materialidade. A categoria discurso ganha realce como categoria central, só que o discurso aqui não é um mero conjunto de textos, como muitas vezes se percebe ser interpretado no senso comum. O mesmo representa a união de prática e ações e por isso chama-se de prática discursiva, onde quaisquer ações empreendidas por sujeitos, identidades, grupos sociais são ações significativas. (BÖHM, 2006).

Frente a um embasamento em teóricos mais vinculados à Sociologia, pode-se afirmar que a ação do agente, do sujeito, na concepção de Laclau também é discurso, em que o agir é um agir discursivo. Posto isso, a sociedade é formada e vista por meio das

práticas discursivas que se articulam em um campo da discursividade. (BÖHM, 2006).

Ao seguir essa linha de raciocínio, Böhm (2006) acredita que um aspecto e até mesmo um conceito importante no pensamento de Laclau refere-se à questão da articulação discursiva dessas cadeias articulatórias, em que os discursos no campo da discursividade vão se constituindo em cadeias discursivas em torno de um ponto nodal, que se constitui como tal e consegue aglutinar sentido em torno de uma referência.

No campo da discursividade, há discursos que não estão no campo, demandas que não estão sendo atendidas, mas que em certo momento começam a se sentir representadas, então se constituem as dimensões de significante vazio e de hegemonia.

Então, a noção de hegemonia e de poder são centrais, porque estas práticas articulatórias, discursivas, que conseguem se constituir hegemônicas, vão formando uma nova visão, uma nova estrutura de poder, mas também apresentam um caráter de precariedade, de contingência e consequentemente, de durabilidade no tempo que é imprevisível. O social pode ser compreendido sob a perspectiva da construção de ordens discursivas, em que o poder assume papel central e formador de relações sociais. Assim, pode haver um corte antagônico, que não está atendido no ponto nodal, e se constitui na diferença, na não identidade, no antagonismo, que Laclau chama de falta constitutiva, em função da influência de Lacan. (LACLAU, 1985).

Para Laclau (1985), as identidades não se constituem plenamente, porque não há hegemonia totalizante no campo da discursividade. A realidade social é constituída de múltiplas identidades, que se colocam na dimensão de corte, de antagonismos e não de uma teoria fundacionalista em que não há a ancoragem do olhar de realidade social a essa dimensão da verdade. A partir disso, é inserida a questão do real e da verdade sobre o social, porque este real e esta verdade são as dimensões que se constituem hegemônicas ou identitárias. A construção de um real totalizante não existe e a verdade seria o discurso hegemônico, de acordo com o fundacionalismo.

Mendonça (2009, p. 155) ressalta que

[...] o social, portanto, é um social significativo, hermenêutico. Não aparece como algo a ser simplesmente desvendado, desvelado, mas compreendido, a partir de sua miríade de formas, das várias possibilidades de se alcançar múltiplas

verdades, note-se, sempre contingentes e precárias.

Este autor comenta que, desta maneira, o real como transparente positividade é impossível, haja vista que ele é significado de várias maneiras, a partir de lentes sobredeterminadas dos sujeitos. É nesta linha de raciocínio que Laclau critica o marxismo, evidenciando que seu embasamento em relações sociais a partir de uma determinação evolucionista e econômica em última instância, acaba por simplificar demais a análise do processo político e social. Utilizando a ideia de sobredeterminação, Laclau também defende que o social não possui um sentido finalístico, as possibilidades de significação são infinitas, sempre permeadas por relações que têm essencialmente características precárias e contingentes e assim, constrói a ideia de “impossibilidade da sociedade”, em que não se pode chegar à vitória de um projeto definitivo.

Ou seja, a contingencialidade se contrapõe à concepção teleológica da história, inerente a metarrelatos e/ou tentativas universalizantes de predição social; e a precariedade revela que embora um discurso consiga fazer-se contingentemente hegemônico, esse não o será para todo o sempre, como um “fim da história”. (MENDONÇA, 2009).

Uma manifestação de Laclau também muito relevante é a critica ao fim da historicidade, pois há este movimento contínuo, com uma dimensão de construção e de solução permanente de sentidos. Ele defende a lógica de que a aglutinação em torno de um ponto nodal representa construções de sentidos, construções hermenêuticas. Deste modo, ele traz a ideia, tal como Luhmann, da impossibilidade do social.

Tanto para Luhmann quanto para Laclau, não existe uma sociedade. Embora seja fato que se vive uma sociedade e se atesta a sua existência, a existência do social não é configura um social que permaneça o mesmo em todos os instantes. A ilusão de que há uma sociedade, a de que está se percebendo, em verdade para eles não existe, não há um objeto sociedade em uma situação estática e que possa ser apreendido. (MENDONÇA; RODRIGUES, 2002).

Em suma, a Teoria Política do Discurso foi fortemente influenciada pelo pós-estruturalismo, sua principal fonte inspiradora e, juntamente a esse, a desconstrução de Derrida e a teoria lacaniana foram muito significativas na formulação de abordagem deles sobre hegemonia. (LACLAU; MOUFFE, 2001).

Desta forma, partindo da centralidade do poder e do conceito de discurso, pode-se afirmar que Laclau articula uma série de noções e de conceitos oriundos de várias áreas do conhecimento, como: o marxismo; a filosofia desconstrutivista de Derrida; a psicanálise, em especial a Lacaniana; a linguística; o estruturalismo; o pós-estruturalismo; e constrói um aparato teórico original, pertencente a uma matriz contemporânea, pós-estruturalista, que contempla a contingência, a precariedade, a indeterminação e o paradoxo como dimensões ontológicas do social. (MENDONÇA, 2009).

Porém, a teoria política do discurso não se foca apenas no aspecto de transcendência das relações sociais, sendo que Laclau, em seus trabalhos, têm buscado abordar a questão do político, que envolve a constituição antagônica das identidades, a relação entre as diferenças, entre o universalismo e particularismo, a revitalização da noção de hegemonia e a sua centralidade na esfera política, além da teoria do populismo.

2.2.2 A trajetória de estudos de Laclau e construção da Teoria Política do Discurso

A teoria política do discurso advém do pensamento filosófico e político de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. Ernesto Laclau é um teórico político nascido em Buenos Aires, em 1935, que trabalhou na sua juventude junto a um dos fundadores da Sociologia argentina. Ele teve a sua formação política intelectual formada sob os alicerces de discussões no Centro de Estudantes e da militância socialista influenciada pelo peronismo da época. Laclau foi militar militante da esquerda nacional, dirigida por Ramos, que se aproxima do Peronismo nos anos cinquenta.

A primeira visão política de sua esquerda intelectual surgiu nos debates da Revista Izquierda Nacional y Lucha Obrera e dos periódicos do Partido Socialista de Esquerda Nacional, que ele dirigia no início dos anos sessenta.

Em 1969, Laclau foi convidado e incentivado pelo historiador britânico Eric Hobsbawm, a continuar seus estudos na Inglaterra, onde se erradicou e constituiu sua carreira. Hoje, é professor aposentado de Teoria Política da Universidade de Essex e outras mais universidades do mundo.

Entre as obras de Ernesto Laclau, podem-se destacar as seguintes como bastantes significativas no desenvolvimento de suas unidades teóricas e temáticas.

No ano de 1977, ele publica Politics and ideology in Marxist theory: capitalism, fascism, populism; traduzido, em 1978, para o português. Este texto é chave na sua produção, e usa um neologismo, onde ele utiliza o termo “pré-pós-estruturalista”, para não o designar estruturalista, por julgar ser complicado. Esta obra teve uma influência forte de Louis Althusser.

Em 1985, em parceria com Chantal Mouffe, de origem belga, publicou Hegemony and Socialist Strategy: Towards a Radical Democratic Politics, considerada a mais expressiva obra que subsidia a Análise do Discurso da Escola de Essex e também pela sua redefinição da política de Esquerda em termos de democracia radical. Esta obra foi traduzida para o espanhol, mas nunca o foi para o português, o que acarreta algumas inquietações sobre a tradução do seu subtítulo.