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3.3 Modelos de Aquisição, Elicitação e Representação do Conhecimento

3.3.1 Mapas de Conhecimento, Mapas Conceituais e Mentais

Os mapas de conhecimento são utilizados pelas organizações como uma maneira de estruturar, organizar e representar o conhecimento (EPPLER, 2008), pois permitem visualizar os ativos do conhecimento, para colaborar na execução de atividades específicas, já que as organizações dão importância ao conhecimento e reconhecem como, quando e como acessar (BALAID et al., 2016).

Eppler (2008), destaca que o termo mapa do conhecimento tem sido aplicado em diferentes áreas, como: a) estudos educacionais; b) estudos organizacionais e na engenharia de requisitos; c) análise decisória para catalogar informações; d) recuperação de informações; e) sistemas de apoio a decisão; f) inteligência artificial; e g) Gestão do Conhecimento.

Balaid et al. (2016), em um estudo de revisão na literatura sobre pesquisas com uso de mapas de conhecimento, identificaram sete categorias temáticas de mapas relacionadas: a) benefícios e utilizações, b) classificação, c) adoção e d) revisões gerais. Com isso, as técnicas/ferramentas e os respectivos tipos de mapas identificados nos trabalhos investigados pelos autores foram:

1. Mapa conceitual: é uma técnica formada por conceitos e seus relacionamentos que foca na visualização das relações entre os conceitos. Pode ser utilizada para exteriorizar o conhecimento de uma pessoa sobre um assunto;

2. Mapa mental: é uma técnica/ferramenta cuja estrutura representa uma imagem no centro conectado com várias informações;

3. Diagrama de círculo de conceito: é formado por círculos indicando o relacionamento exclusivo ou de sobreposição com os conceitos. Pode ser utilizado para agrupar ideias e apresentar suas relações por temas, departamentos e organizações;

4. Mapa semântico: é representado pelo mapa conceitual e mental aplicado no desenvolvimento de aplicações automáticas na área de inteligência artificial; 5. Mapa cognitivo: é utilizado para representar o pensamento humano sobre um

determinado assunto e favorecer a aprendizagem. É utilizado com referência a um modelo mental para sua contextualização;

6. Mapa do processo: essa técnica é formada por blocos de atividades representados de modo sequencial para atingir um objetivo de modo lógico.

Pode ser utilizado para identificar uma sequência de atividades ou etapas; 7. Mapa de fluxo de conhecimento: representa um modelo de conhecimento

utilizado para mapear o conhecimento e medir a conexão das equipes, grupos e departamentos;

8. Mapa causal: representa um gráfico com ligações para representar um conjunto de relacionamentos dentro de um sistema. Pode ser aplicado para estabelecer as relações de causa e efeito entre os relacionamentos;

9. Mapa social da confusão: é utilizado para agrupar o entendimento de um dado grupo sobre um problema. Pode ser utilizado para resumir o conhecimento de uma equipe;

10. Ontologia: representa a ilustração de conceitos e suas relações de um agente, sendo dos tipos a) orientada a tarefas, b) orientada a domínios e c) genérico. Utilizada como uma ferramenta para localizar informações sobre um tópico especifico;

11. Rede de petri: representa uma técnica formal abstrata que representa um modelo de fluxo de conhecimento, formada por transições, arcos (ligações) e lugares. Pode ser utilizada em busca simples com apoio de métodos de análise para mostrar o fluxo de informação;

12. Diagrama de cluster Vee: tem o formato de um gráfico V, o qual representa um roteiro para mostrar o conhecimento referente do passado para o futuro. Pode ser utilizado para orientar os alunos na construção do conhecimento sem que exista ambiguidades,

13. Thesauri: é formado por um conjunto de conceitos descrito por sinônimo e suas relações e geralmente aplicado em sistema de recuperação;

14. Rede de pensamento visual: representa uma estratégia de representação do conhecimento, a qual combina vários modos de pensar representados na forma de conceito de imagem. Pode ser utilizada para organizar, corrigir e representar o conhecimento de uma pessoa por meio da vinculação e agrupamento de símbolos;

15. Mapa de tópicos: representa o caminho para uma informação, formado por conceitos no formato de índice de livros e aplicado para organizar grande quantidade de informações; e

incompreensível de uma pesquisa. Também utilizado na área comercial para mostrar a percepção de clientes ou potenciais clientes.

O Mapa Conceitual foi desenvolvido na década de 70 por Joseph Novak, com base na teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel. A teoria de aprendizagem significativa surgiu na década de 60 e evidencia a ponte entre o conhecimento prévio relevante e o novo conhecimento, no processo de assimilação do conhecimento (AUSUBEL, 2003). A aprendizagem significativa valoriza o conhecimento prévio existente para o aprendizado de novos conceitos e proposições, de acordo com a estrutura cognitiva do aluno, justificando o uso de mapa conceitual em sala de aula.

Em um mapa conceitual, os principais conceitos pretendem demonstrar estruturas hierárquicas em um dado contexto (MOREIRA, 2012). Os conceitos são conjuntos de informações que se inter-relacionam formando um significado (LIPMAN, 2001). Assim, uma proposição em mapa conceitual é a união entre dois ou mais conceitos conectados por palavras de ligação ou frases, formando uma afirmação com sentido, que mostra uma parte do conhecimento (NOVAK; CAÑAS, 2010).

Os conceitos em um mapa são apresentados em retângulos e os relacionamentos entre os retângulos são indicados por uma linha. Na ligação entre os conceitos, utilizam-se palavras que são dispostas nas linhas gerando as proposições, dando significado aos conceitos. Outro ponto extremamente importante sobre a construção de um mapa conceitual é o uso de uma questão focal para determinar o assunto. A resposta para essa questão estará representada na rede proposicional, com as definições e ligações dos conceitos. A Figura 13 mostra um esquema da proposição a qual é constituída pelos conceitos e termo de ligação.

Figura 13 - Estrutura de uma proposição

Fonte: Gomes et al. (2018).

Um mapa conceitual pode ser elaborado pelo professor para demonstrar, por exemplo, o conteúdo de uma aula e servir como conhecimento prévio para os alunos. Quando elaborado por estes, pode ser utilizado para demonstrar seu conhecimento sobre a questão focal, representada em uma rede proposicional. A Figura 14 mostra as características de um mapa

conceitual de acordo com Novak e Cañas (2010): o topo da figura apresenta o conceito mais geral “Mapas Conceituais” e nos níveis abaixo, os conceitos intermediários “Conhecimento Organizado” e os mais específicos “Proposições” relacionadas”.

Figura 14 - Características dos mapas conceituais

Fonte: Novak e Cañas (2010).

Um ponto interessante é que os mapas conceituais podem ser elaborados a partir da compreensão de textos, com a transformação de palavras, sentenças e parágrafos em proposi- ções, formando uma estrutura conceitual (topologia). Essa estrutura conceitual representa o co- nhecimento sobre o domínio e pode ter os formatos (BESTERFIELD et al., 2004): a) linear, que representa uma sequência linear de conceitos (sem ramificação); b) hub (radial), em que todos os aspectos relacionados ao assunto estão ligados diretamente ao conceito principal, mas não diretamente ligados entre si, c) árvore, que representa uma cadeia linear com ramos anexos; d) circular, o qual representa conceitos com as extremidades unidas; e) rede, que representa um conjunto altamente integrado, complexo, interligado de proposições.

Além dessas estruturas, os mapas conceituais também podem possuir a estrutura cíclica (circular), cujos relacionamentos são considerados dinâmicos, pois cada conceito pro- porciona mudanças no conceito anterior e no próximo, formando um ciclo de conceitos (SA- FAYENI; DERBENTSEVA; CAÑAS, 2005). Para Kinchin, Hay e Adams (2000), quando um aluno aprende de maneira significativa, seu mapa tem a estrutura conceitual de uma rede. A Figura 15 mostra as estruturas conceituais dos diferentes tipos de topologia (a, b, c, d, e) se- gundo Besterfield et al. (2004), conforme descrito anteriormente.

Figura 15 - Tipos de topologias de mapas conceituais

Fonte: adaptado de Besterfield et al. (2004).

Mapa mental foi desenvolvido por Buzan, cujo objetivo foi estruturar ideias para conceber soluções que facilitassem o aprendizado (BUZAN, 2005). As conexões em um mapa mental formam uma rede de conceitos e afins e seu mapeamento pode estar conectado a qualquer outro conceito de maneira criativa (DAVIES, 2011).

Para a elaboração de um mapa mental, Buzan (2005) descreveu um roteiro a ser seguido: a) iniciar no centro do papel ou da tela do computador por meio de uma imagem ou palavra; b) utilizar cores durante o processo para destacar as ligações; d) conectar os ramos principais à imagem central e aos ramos secundário e os terciários aos primários e secundários; e) desenhar ramos curvos e não uma linha reta pois são mais chamativos; e f) escrever de forma legível para facilitar a leitura do mapa.

Dessa maneira, observa-se que um mapa mental é uma ferramenta gráfica que

possibilita organizar o conhecimento de modo dinâmico. Para Davies (2011), ele não exige regras para sua construção, nem uma estrutura ou formato considerado padrão e não possui restrições. No entanto, o autor relata uma desvantagem nas conexões de um mapa mental, pois a maioria dos mapas não representa conexões claras em suas ligações.

Comparado a um mapa conceitual, Moreira (2012) relata que um mapa mental é uma ferramenta gráfica livre de ideias e de representações de elementos entre os conceitos. Com isso, o mapa mental é menos formal e estruturado em relação à construção de um mapa conceitual. Um exemplo desse tipo de representação é apresentado na Figura 16 que ilustra o uso e características de mapa mental.

Figura 16 - Exemplo de Mapa Mental

Fonte: Elaborado pela autora (2017).