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Marcas distintivas da revelação bíblica

Declarações introdutórias

D. Marcas distintivas da revelação bíblica

Em concordância com o que se acaba de dizer, procedemos em seguida a mencionar algumas das características das escrituras. Estas se dão como um reconhecimento geral da própria Bíblia.

1. A revelação bíblica é histórica e experimental. Isto significa que os indivíduos em Israel e o povo de Israel viveram em relações conscientes com Jeová. Significa também que Jeová deu-se a ser conhecido por eles em sua história individual e nacional. Nada se manifesta mais claramente quanto aos escritores do Antigo Testamento do que sua consciência de Deus. Isto aparece em muitas passagens. Muitos dos salmos são pouco mais que narrações fervorosas do tratamento de Deus com Israel (cf. Dt 26.16; 28.1; SI 44; 105; 107). Os profetas viveram na presença divina. A noção de que Deus estava com eles era parte de sua consciência. Eles declararam uniformemente que Jeová falava neles e por meio deles (cf. Jr 1.4; Ez 2.1; Os 1.1; Mq 1.1; Ag 1.1). O mesmo fato aparece no

Novo Testamento, mas sob condições diferentes. Jesus declara a verdade acerca de Deus, e os que recebem a revelação a narram nos livros do Novo Testamento. A promessa dada a eles é que serão guiados à verdade pelo Espírito Santo (Jo 16.13).

2. A revelação bíblica é regeneradora e moralmente trans­ formadora. Nos primeiros períodos da revelação, as qualidades éticas do povo não brilham como nos posteriores. Mas é claro que um dos objetivos principais da revelação é a transformação moral. Pensar na mera comunicação da verdade sobrenatural como o objeto ou resultado mais importante da revelação é concebê- la incorretamente. Há um crescimento de formas imperfeitas de moralidade no Antigo Testamento para uma moralidade aperfeiçoada no Novo Testamento, que apresenta um contraste notável entre o exterior e o interior, o temporário e o permanente, o particular e o universal, o provisório e o final. O próprio Sermão do Monte dá provas suficientes sobre essa declaração (Mt 5 a 7).

3. A revelação bíblica é genesíaca. Isto quer dizer que as partes se relacionam vitalmente umas com as outras. A revelação procede como o desenvolvimento de um princípio da vida interior: Não achamos que os profetas guerrearam entre si em sentimento e propósito. Cada um renova o elo de ensinamentos no ponto onde seu predecessor o deixou. Edificam um sobre o outro. Essa é a lei fundamental de todo progresso. O tradicionalista adora as formas antigas e não quer mudanças. O radical é tão intolerante ao antigo que quis destruí-lo. Os profetas e os apóstolos evitaram ambos os erros. A continuidade do ensino da Bíblia é uma das características mais notáveis.

4. Outra característica notável da Bíblia: ser gradual e progressiva. O reconhecimento desse fato é um dos resultados mais importantes do moderno estudo crítico da Bíblia. É uma tarefa fácil demonstrar que toda idéia principal da revelação bíblica experimenta mudanças em um sentido de crescimento

e expansão no curso da história. O conceito do próprio Jeová se apresenta primeiro com ênfase no atributo do poder. Pensa- se nele principalmente com respeito a suas relações com Israel. Lentamente se transforma a idéia no esplêndido conceito de Isaías, no qual se retrata Jeová como infinito em todos os seus atributos, não obstante, cheio de condescendência, graça e amor. No Novo Testamento temos a revelação mais excelsa de Deus como o Pai infinito, que envia seu Filho para redimir ao mundo.

O princípio da revelação gradual e progressiva lança luz sobre vários problemas que podem ser mencionados aqui.

(1) Proporciona a chave para a interpretação de certos salmos, e outras passagens do Antigo Testamento, em que Deus parece ser representado como um ser vingativo, que se alegra em seu poder para infligir padecimento, ainda que sobre os inocentes juntamente com os culpados (cf. SI 137.9; 109.5-20). A lei do divórcio do Antigo Testamento não é a mesma que a do Novo Testamento. Certas culpas que a civilização atual não castiga com penas tão severas foram castigadas em Israel com a morte. Pois bem, todos estes fatos podem ser entendidos se pensamos na Bíblia como a história da revelação feita por Deus de si mesmo a um povo incapaz de se desenvolver com mais rapidez. É impossível reconciliá-los com qualquer teoria de inspiração que olha todas as partes da Bíblia como igualmente absolutas e finais. Jesus expressamente descartou essa idéia. Uma grande parte dos escritos de Paulo se opõe a ela. O livro de Hebreus é um elemento elaborado e formal para mostrar que a revelação do Antigo Testamento era antes preparatória que final.

Tudo isto não é senão ilustrativo da divina pedagogia na educação da humanidade. Não houve método moral e espiritual para forçar o procedimento do crescimento.

Necessitava ação livre de parte do homem. O homem devia aprender a obediência. Com freqüência, necessitava disciplina severa para ensiná-la. Mas até que pudessem compreender a verdade, em vão se proclamaria. E assim Jeová conduziu suavemente o povo, suportou suas debi- lidades e sua cegueira moral até que pôde conduzi-lo a uma vida moral e espiritual mais ampla.

(2) O aspecto gradual da revelação lança luz sobre a questão da demora quanto à grandiosa revelação em Cristo. No Novo Testamento, Paulo emprega freqüentemente a expressão "plenitude dos tempos" com relação à vinda de Cristo ao mundo. Houve uma maturidade do propósito divino. Mas também houve uma maturidade da capacidade humana para receber Cristo. Se Cristo tivesse vindo no princípio da revelação, a preparação moral e espiritual de parte do povo não teria existido. Não há dúvida de que ele veio tão logo quanto a encarnação pôde ser efetivada para o fim proposto. A idéia de épocas e economias no tratamento de Deus com os homens está baseada em uma profunda lei do desenvolvimento espiritual do homem. Isto tem de ser lembrado por todos quantos queiram entender a revelação em Cristo.

(3) O aspecto gradual da revelação lança luz sobre o princípio do desenvolvimento, até onde aquele princípio é aplicável às escrituras. Muitos modernos procuraram interpretar a história do Antigo Testamento como uma teoria do desenvolvimento natural que prescinde completamente da necessidade de qualquer presença ou poder sobrenatural de Deus. Como já temos visto, há um princípio, fora de toda dúvida, de crescimento e desenvolvimento na revelação. Em verdade, não há corpo de literatura religiosa na terra que possa ser comparado com as escrituras em progresso constante, desde as perspectivas iniciais até finais. Mas

isto não é evidência contra a direção divina, mas é a ela favorável. É um impressionante sinal da sabedoria divina. Houve escritores de dons variados, separados por longos intervalos de tempo, cercados freqüentemente por incredulidade e hostilidade mortal, anunciando suas mensagens freqüentemente a um terrível custo, com penas e padecimentos. Falavam, às vezes, sob protesto, como no caso de Jeremias, e movidos por uma voz interior que não podiam resistir. O resultado é um corpo de literatura que abrange um período de mil anos, que possui uma unidade maravilhosa, juntamente com um progresso maravilhoso.

Podemos indicar o princípio fundamental de progresso por meio das seguintes declarações: em cada período houve uma comunicação de vida e verdade que era necessária para esse período; a revelação possuía em si mesma o princípio do desenvolvimento para o período seguinte que seria mais elevado; o período futuro, por sua vez, conservava o princípio do período anterior e possuía o germe que deveria ser desenvolvido no subseqüente, todas as linhas de desenvolvimento convergiam para o cumprimento em Jesus Cristo; a revelação excelsa.

Não é necessário trazer aqui os distintos aspectos do desen­ volvimento na revelação progressiva. Basta indicar que é ético; contendo uma apreciação cada vez mais profunda dos mais altos ideais morais; que juntamente com isso há um desenvolvimento notável da consciência de pecado e culpabilidade; que essa cons­ ciência cada vez mais profunda de pecado está acompanhada de um sentido da necessidade de propiciação; que a necessidade de propiciação está unida de maneira maravilhosa com um conceito enriquecido da graça de Deus; que o conceito do próprio Deus se estende lentamente até que chega ao de um ser cujos propósitos abrangem toda a humanidade; que o curso da história converge lentamente naquele que, em sua pessoa e obra, há de transformar

o reino temporal em um espiritual e universal para a redenção do gênero humano. Esses fatos se fazem "notáveis" nas páginas das escrituras.

Necessitamos acrescentar um ponto quanto ao aspecto gradual da revelação. Não queremos dizer com isto que a revelação foi contínua e sem interrupção por todo o período do Antigo Testamento. Houve grandes libertações e realizações de Jeová em períodos especiais, e grandes crises na história de Israel. A libertação da escravidão no Egito e os grandes acontecimentos que seguiram foram algumas destas. A esse período o povo sempre voltava seus olhos com gratidão. No período do exílio houve um grande avivamento de inspiração e poder profético. Os milagres de Jesus, e especialmente sua ressurreição, foram os mais notáveis de todos os grandes fatos da libertação da parte de Deus. O fato especial e a mensagem especial de redenção foram traços notáveis de uma revelação que, observada em todo seu curso e extensão, foi também progressiva e gradual. Devemos recordar ambos os aspectos da verdade.

5. Intrinsecamente relacionado com a idéia dessa revelação gradual e progressiva está o fato de que também é unitária e com propósito. Tanto o que acabamos de dizer quanto o aspecto gradual indicam também a unidade da revelação de Deus e o fato de que esse tem propósito. Só é necessário acrescentar alguns pontos para dar mais clareza a esse assunto. Há ao menos cinco coisas que servem a esse fim. Primeiro, o propósito de Deus é visto em sua eleição de uma nação dentre muitas. Por meio dessa nação, ele alcança todas as nações com sua verdade salvadora. Em segundo lugar, seu propósito se vê na posição geográfica de Israel, que era o centro do mundo habitado naquele período. Assim como levedura em uma massa, a vida de Israel podia transformar lentamente o resto do mundo. Terceiro, seu propósito aparece na direção divina que conduziu a escrever em uma história permanente o tratamento de Deus com seu povo escolhido. Nenhum dos profetas sabia o lugar

que teriam suas palavras na literatura da humanidade. Quarto, se vê o propósito de Deus no papel supremo que teve sua revelação escrita na história real do mundo. Notamos no quinto lugar que se vê o mesmo propósito de Deus nos passos providenciais que conduziram à formação do cânon da Bíblia. Isto se originou não como uma expressão de autoridade eclesiástica; mas foi o resultado de um procedimento vital e de seleção específica. A divindade do conteúdo dos livros da escritura, e não os decretos eclesiásticos, conduziu à sua incorporação um corpo literário.

6. A revelação bíblica, no geral, é congruente com a vida in­ telectual e religiosa do homem. A Bíblia, quando entendida cor­ retamente, não interrompe de maneira alguma a procura da verdade que o homem faz no domínio da ciência, da filosofia e de outras áreas de esforço intelectual. A Bíblia não é um livro de ciência nem de filosofia. É um livro de religião. Só exige que a ciência e a filosofia reconheçam os fatos da vida religiosa do homem que ela sustenta.

A revelação bíblica não nos exige que sustentemos que nenhuma das verdades acerca de Deus fosse conhecida por outras nações fora de Israel. Pois o foram. Muitas das idéias fundamentais da Bíblia se encontram em uma forma imperfeita ou torcida na vida religiosa geral da humanidade. Isto não desacredita, mas confirma a verdade da revelação bíblica. Estas idéias religiosas eram os meios de Deus a fim de preparar ao homem para a revelação em Cristo. Os homens foram debilitados e cegados pelo pecado. Contudo, o impulso religioso nunca pereceu neles. Buscaram a Deus. Os diferentes sistemas de religião são o resultado dessa procura. A revelação especial em Cristo é a clara resposta que Deus lhes deu.

7. A revelação bíblica é sobrenatural. Os profetas do Antigo Testamento afirmavam continuamente que suas palavras tinham autoridade divina. Esse fato de atribuir suas mensagens a Deus ou

ao Espírito de Deus é tão uniforme, tão invariável, que tem todo o aspecto de um fenômeno e uma lei (Nm 11.23; 20.24; Is 55.11; 66.2; Jr 1.12; 4.27; 23.28-30; Mt 24.35; Jo 5.24; 2 Tm 3.16).

Como isso deve ser compreendido por nós? Estes homens haviam se enganado? Estavam loucos? É impossível crer nisto considerando seus ensinos .sublimes, morais e que ocupam uma posição de destaque no mundo atual.

Se os homens objetam que semelhantes revelações são psico­ logicamente impossíveis, podemos contestar chamando a atenção para a influência de nossa consciência e vontade humanas sobre outras consciências e vontades. Misteriosas? Sim. Mas nada é mais misterioso que a ação da nossa vontade. Os profetas souberam, como nós sabemos, o que lhes veio de fora. Toda sua vida pessoal e religiosa foi desenvolvida em reação a Deus e sua vontade, revelada neles e a eles. A consciência deles próprios era a prova de estarem conscientes de Deus. A vontade deles e a vontade de Deus operavam uma sobre a outra sem que se confundissem, sem que sua vontade fosse absorvida na de Deus, ou sem que perdessem a individua­ lidade na substância infinita. Certamente, estas são as conclusões que se nos impõe enquanto lemos o que estes homens nos dizem em suas palavras escritas. Não podemos analisar ou definir com exatidão todos os procedimentos. Os pormenores nos escapam. Mas o grande fato extraordinário está fora de disputa se temos de crer no que nos dizem estes homens acerca de suas experiências.

Jesus Cristo reconheceu claramente o valor único e perma­ nente da revelação de Deus por meio dos escritos do Antigo Tes­ tamento (Mt 21.42; 22.29; Mc 14.49; Lc 24.27; Jo 5.39). Falaram dele. Para Jesus, era comum o fato de que o Antigo Testamento era a revelação que Deus fez de si mesmo.

Os apóstolos também afirmaram que suas mensagens eram de origem divina. Eles foram testemunhas dos fatos da vida de

Jesus. Foram os intérpretes de Cristo para nós. Jesus prometeu dar-lhes o Espírito Santo, que seria o guia deles no futuro.

O apóstolo Paulo fala com especial clareza acerca da influ­ ência do Espírito de Deus em sua obra (1 Co 2.4,5,10-16). Em uma passagem notável, manifesta de modo geral a doutrina da inspi­ ração: "Toda escritura divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente prepa­ rado para toda boa obra" (2 Tm 3.16,17).

Como quer que traduzamos estas palavras, resta o fato im­ portantíssimo de que o apóstolo considerou as escrituras prove­ nientes de homens que foram guiados pelo Espírito de Deus.

Uma oposição geral a todo o sobrenatural por parte de muitos, proíbe, naturalmente, tudo quanto seja sobrenatural ou especial na revelação bíblica. Por ora, só precisamos responder que os fatos como os conhecemos não autorizam um conceito impessoal do ser como um todo, que a personalidade é o fato supremo; e que a personalidade não pode ser limitada com a cadeia das leis físicas; e que seu universo é essencialmente pessoal, e se Deus é um Deus de graça e amor, não pode haver objeção possível, sobre bases teóricas, à idéia de uma revelação sobrenatural.

8. A revelação bíblica é suficiente, certa e autorizada para todos os fins religiosos. Isto quer dizer que a Bíblia satisfaz todos os requisitos da vida religiosa do homem por ser o documento literário inspirado da revelação feita por Deus de si mesmo.

Aqui percebemos dois erros que devem ser evitados. Em primeiro lugar, não devemos imaginar que a revelação bíblica acabe com a necessidade da ação direta do Espírito de Deus sobre os homens. O acesso do homem a Deus é direto. O espírito pode se encontrar com o Espírito. É a presença do Espírito de Deus

no homem o que lhe capacita entender, apreciar e usar bem as escrituras. A Bíblia não está estabelecida pela lei. Não é da natureza de um código legal. É um livro de princípios de vida. Para o homem regenerado, a mais convincente de todas as evidências da origem divina da Bíblia é a semelhança de sua própria vida espiritual com a revelada na Bíblia. O cristão encontra nela um evangelho salvador. A Bíblia é a coleção de escritos que lhe explicam a vida que achou em Cristo. Assim, mantém com a Bíblia uma relação que é independente de todas as teorias em relação a sua estru­ tura literária.

Outro erro que se deve evitar é a aplicação de regras falsas às escrituras. Esse equívoco foi cometido com freqüência. Existi­ ram homens que aplicaram à Bíblia a prova científica ou filosófica e a desprezaram porque não se enquadrava em todos os pontos com suas próprias conclusões. Esse é o erro principal de alguns pesquisadores modernos ao examinar a Bíblia. Os métodos cien­ tíficos modernos são de origem recente. Se as verdades da ciência moderna fossem ensinadas divinamente aos escritores bíblicos e as tivessem anunciado prematuramente, o resultado teria sido o de desacreditar, em vez de recomendar, sua mensagem. Suponhamos, por exemplo, que no Salmo 19, que tem muito a dizer acerca dos corpos celestes, o escritor tivesse anunciado de forma científica a moderna a lei da gravidade: "Os corpos se atraem diretamente quanto à massa e inversamente quanto ao quadrado da distância". Qual teria sido o resultado? A mera suposição demonstra quão estranho teria sido, para os escritores bíblicos, esse ponto de vista científico moderno. O que é a infalibilidade da Bíblia? Como deve ser provada? O doutor Marcus Dodds diz: "Todo assunto depende disto. O que é a infalibilidade que alegamos com relação à Bíblia? E infalibilidade na gramática, em estilo [...], em ciência ou em quê? Sua infalibilidade tem de ser determinada por seu propósito. Se você diz que seu relógio é infalível, está querendo dizer que ele o é na condição de indicador do tempo, não que seja uma caixa perfeita, não que indique o dia do mês, ou que prediga a tempera­

tura do dia seguinte. O marinheiro sabe que seu mapa é infalível como guia que lhe indica o farol, recifes, etc., mas não serve para lhe dar a hora do dia nem para lhe informar os produtos, nem os povos das terras que deve visitar. Um guia pode lhe dirigir infalivelmente por um caminho difícil de encontrar, ainda que ignore toda linguagem que não seja a sua e saiba muito pouco do que acontece além de suas próprias montanhas".

É verdadeiramente estranha a freqüência com que os amigos e inimigos da Bíblia apresentaram questões falsas a respeito dela. Devem deixar que a Bíblia ensine suas próprias lições e não lhe aplicar regras e provas falsas. Mostra-nos a presença de Deus entre seu povo usando homens de diferentes capacidades, e que foram guiados a escolher uma grande variedade de meios para transmitir a verdade; adaptando os meios ao fim que se propunham e à necessidade que tinham de satisfazer; empregando sempre a linguagem da vida comum; às vezes usando formas de representação pictórica e idônea para um povo que estava em sua infância; em outras ocasiões utilizando a sublime eloqüência de Isaías e os majestosos conceitos de um Deus infinito em majestade, poder, graça e verdade; culminando o todo na incomparável revelação de Deus em Cristo. A Bíblia, pois, é um livro de religião, não de ciência. Como tal se mostrou até agora e continuará se mostrando no futuro: o guia suficiente e autorizado do homem.

Em suma, pois, a Bíblia continua em seu lugar de autorida­ de para os cristãos. É uma autoridade essencial e viva, e não um guia mecânico e eclesiástico. E nossa fonte oficial de informações quanto à revelação histórica de Deus em Cristo. É a regra da ex­ periência e da doutrina cristã. É o instrumento do Espírito Santo em suas influências regeneradoras e santificadoras. Como regra e autoridade, ela nos salva do subjetivismo, de um lado, e de um racionalismo mesquinho, do outro. Faz com que nos atenhamos aos grandes fatos salvadores de Deus em Jesus Cristo, o redentor e Senhor. E definitiva para nós em todas as matérias de nossa fé