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Conhecimento cristão e outras formas de conhecimento

F. Opiniões modernas sobre o mundo

Agora podemos examinar brevemente alguns dos sistemas filosóficos que reclamam atenção especial da teologia.

1. Começamos com o agnosticismo, que nega a possibilidade de conhecimento da realidade essencial. Em sua forma moderna, o agnosticismo se alicerça na distinção de Kant entre fenômenos e números ou a aparência e a coisa em si. A idéia é que podemos observar e conhecer as aparências, mas não as realidades que existem por trás delas. Estas estão totalmente escondidas do nosso olhar. Não se nega que haja semelhantes realidades, mas que estão além de nossas faculdades e poderes. A atitude agnóstica é adotada algumas vezes no próprio interesse da religião, às vezes no interesse da ciência natural, que a tem como a única esfera de genuíno conhecimento. Mas em ambos aspectos é uma atitude insustentável e perigosa.

As objeções ao agnosticismo, brevemente manifestadas, são as seguintes. Em primeiro lugar, não há razão para assumir que a realidade fundamental ou essencial não tenha relação com nossos poderes finitos de conhecimento. Em todos os nossos raciocínios damos por certo que há uma correspondência ou um consentimento entre nosso conhecimento ou os objetos conhecidos. A verdadeira prova está no que realmente sabemos, não em alguma teoria do que podemos ou não podemos conhecer.

Em segundo lugar, o agnosticismo em suas declarações afirma muito em relação a nossa incapacidade de conhecer e aos

objetos de nosso conhecimento. Afirmar que há um incognoscível que não se pode conhecer é contraditório em si mesmo. Sabem que existe, é conhecimento importante, e saber que não podemos conhecê-lo implica um conhecimento quase infinito acerca de nossa mente, assim como dos objetos de que se ocupa.

Em terceiro lugar, o agnosticismo se contradiz em sua opinião de nossa capacidade de saber e das limitações de nosso conhecimento. Sua conclusão em relação à realidade essencial ou final é em si mesma um objeto de conhecimento. Assim, pois, a pedra fundamental de todo conhecimento se destrói juntamente com o edifício alicerçado sobre ela, de acordo com a opinião agnóstica do mundo.

Em quarto lugar, o agnosticismo se fundamenta sobre uma mesquinha opinião do conhecimento humano. Huxley ditou a palavra corrente em tempos recentes, e limitou o conhecimento e a prova a fórmulas matemáticas e as leis da natureza. Essa limitação é agora uma opinião muito desacreditada do conhecimento. O mundo moral e espiritual também contêm objetos de conhecimento. Isso deve ser levado em consideração. Nossa teoria do conhecimento deve conformar-se com os fatos. O agnosticismo desconsidera alguns dos fatos.

Em quinto lugar, o agnosticismo destrói nossos valores morais e espirituais. Afirmar a incapacidade do homem para conhecer a Deus é eliminar o maior incentivo moral e espiritual.

Por último, o agnosticismo está construído sobre uma teo­ ria parcial e abstrata do mundo da experiência. Não conhecemos a natureza e suas leis, como se estivéssemos separados e inde­ pendentes de nossa consciência. Todos os fatos da vida moral e espiritual dos homens devem ser incluídos em qualquer teoria de conhecimento que possa sustentar-se na filosofia. Assim, é mera abstração levar em consideração somente o mundo físico em

detrimento do mundo espiritual. Em outras palavras, conhecemos muitas formas da atividade mental que não pertencem de maneira alguma ao mundo dos fenômenos. No entanto, são completamente reais, na verdade são as mais reais de todas as formas de realidade que conhecemos. Já que os fatos exigem, que incluamos em nossa teoria de conhecimento não apenas as aparências, as coisas que vemos, ouvimos e sentimos, mas também todas as coisas invisíveis da mente e do espírito.

2. O materialismo afirma que a matéria é a chave do universo. Dados da matéria, da energia, do movimento, como são encontradas na natureza, podem explicar todas as coisas, segundo o materialismo. Diz que os estados da consciência são o produto dos estados cerebrais. O materialismo se vale da lei de conservação de energia para provar sua declaração. Todos os fenômenos mentais ou físicos, todas as atividades morais e espirituais dos homens são claramente aspectos da transformação da energia. As objeções ao materialismo são evidentes:

(1) O fundamento em que repousa o materialismo é muito débil diante da consideração dos fatos da natureza e do mundo da experiência humana. A lei da transformação de energia é limitada em sua aplicação. Não explica a vida. O que é vivo não resulta do que não é. Pelo menos, a ciência não demonstrou que seja assim. Os estados mentais não tem nada em comum com os estados do cérebro. Eles nunca se misturam. Há, na verdade, um estreito paralelismo entre eles, mas um grande abismo os separam.

(2) A consciência e a vontade têm qualidades que superam o físico. O homem pode fazer de si mesmo um objeto do pensamento. Não há nada na matéria que corresponda a esse poder. A vontade humana é uma causa verdadeira. Pode originar movimento. A matéria é sempre um efeito.

Não origina nada. O poder de escolha que o homem tem, sua liberdade, sua capacidade de concentração são as características que o colocam muito acima do mundo da matéria. A personalidade humana transcende sobre a natureza humana. A vida moral e religiosa do homem está muito acima da esfera meramente física. O homem emprega a matéria para efetuar seus fins. A natureza tornar-se seu instrumento. Assim observamos a superio­ ridade do homem sobre a natureza.

(3) A evidência de que há um propósito ou plano na natureza é sólida e clara. Podemos entender isso se fizermos re­ ferência a um espírito pessoal que governa, mas não podemos de maneira nenhuma compreendê-lo caso o mundo não seja nada senão matéria, energia e movimento. O materialismo ignora toda moralidade e religiosidade. É ineficaz sempre que procura explicá-los. Contudo, esses fatores são os mais significativos de toda a experiência humana.

Nossa conclusão é a de que o materialismo não explica a consciência, a vontade nem o espírito. Apenas se desfaz deles. Cancela uma categoria de fatos a fim de exaltar outra. Não considera a experiência como nos é apresentada. Pelo contrário, altera a experiência para conformá-la à sua própria imagem e semelhança. É um sistema abstrato. Procura unificar os fatos do ser. Deve-se, pois, descartar o materialismo sem vacilar.

3. O idealismo toma o próprio pensamento como princí­ pio de sua explicação. Assim, em seu significado essencial, é o contrário do materialismo. Há muitas variações do idealismo. Tratamos aqui apenas seus elementos essenciais. O idealismo começa com a declaração de que o único mundo que conhecemos é o do pensamento. Isto não quer dizer que nossos pensamentos individuais e pessoais sejam as únicas realidades. Não é necessário

que nos detenhamos nessa forma de materialismo. O idealismo afirma, ao contrário, que o verdadeiro mundo objetivo de coisas é conhecido por nós apenas pelos pensamentos que temos dele. Quando tais coisas nos são apresentadas, pensamos em suas cores, suas formas, seus sons, em todas as suas qualidades e atributos. Estes objetos, à parte de nossos pensamentos acerca deles mesmos, não têm existência para nós. Porque as coisas são essencialmente pensamentos. Mas é indubitável que fora de nossa consciência há coisas que nunca se passaram em nossos pensamentos, contudo deve haver outra consciência para a qual elas existem. A menos que as coisas existam em alguma parte para alguma consciência, não podemos concebê-las como existentes de maneira nenhuma. Se as coisas em algum lugar, em algum tempo não se relacionam com o pensamento, deixam de ter algum sentido. Tornam-se totalmente incapazes de serem conhecidas, o que eqüivale dizer que não existem.

O idealismo generaliza essa opinião fazendo dela uma filosofia da natureza do ser como um todo. Essa filosofia afirma a pedra fundamental de toda a nossa experiência humana é o pensamento, não a matéria. Esse fato fundamental é a chave da significação do mundo. O mundo é uma consciência universal. Deus é o grande pensador. Está se auto-realizando em nós e na natureza, pensando-nos. Somos parte dele. Nossos pensamentos imperfeitos, nosso desejo de mais conhecimento não existem sem que a mente infinita se expresse em nossas mentes finitas. Assim o mundo é unificado pelo conceito de que os pensamentos e as coisas são uma, e que todos os pensamentos finitos são aspectos ou fases do pensamento do pensador infinito. O idealismo é assim um sistema monístico. O viver é reduzido, fundamentalmente, a um só elemento.

(1) Notamos brevemente até onde é sustentável e até onde é insustentável. O idealismo tem razão em afirmar que todas as coisas são organizadas no pensamento e para

o pensamento. Não podemos evitar está convicção se refletirmos um pouco no assunto. O idealismo também tem razão quando nega a realidade independente da matéria. A única matéria que conhecemos, ou podemos conhecer, é a matéria relacionada com o pensamento, dependente do pensamento. Assim, o idealismo também está correto quando passa de coisas exteriores à consciência para encontrar a verdadeiro significado da realidade última ou fundamental. O idealismo segue um método correto ao alicerçar sua opinião do mundo nos fatos de nossa experiência.

(2) Por outro lado, deve ser dito que o idealismo não explica plenamente a diferença entre pensamentos e coisas. As coisas têm extensão, os pensamentos, não. Também é até certo ponto abstrato porque separa o pensamento de outros elementos da consciência. A vontade e a emoção, impulsos morais e espirituais estão ali, assim como o pensamento. Também o idealismo faz com que, de maneiras difíceis de entender, seres finitos sejam partes do infinito. Se nós, como seres pensantes, não somos senão partes do pensador infinito, não é fácil entender como ele, o infinito, pode ser onisciente em si mesmo cometendo os diversos erros e pecados que predominam nas partes finitas de si mesmo. Há também grande tendência no idealismo de cancelar a liberdade e personalidade humana. Uma opinião monista do universo, que declara supremas as operações do pensamento, encontra uma dificuldade imensa para cuidar dos interesses da vontade moral e espiritual que há no homem. O idealismo é preferível ao materialismo, e, em algumas de suas mais recentes perspectivas, dá mais atenção aos interesses mencionados. Mas em suas formas abstratas pode conduzir a resultados pouco ou nada melhores que o do materialismo ou do fatalismo.

4. O personalismo é outro tipo do pensamento filosófico. É decididamente superior ao idealismo abstrato. Observa-se clara­ mente que a vida é mais que pensamentos, mais que as represen­ tações e as idéias. O personalismo ressalta a unidade sintética da consciência. Reconhece todos os fatores da consciência, incluindo a vontade e os sentimentos, bem como a inteligência. Enfatiza o crescimento do homem em conhecimento e experiência. Considera o homem em todas as suas relações: com a natureza, com outras pessoas na sociedade e com Deus. Reconhece as experiências co­ muns dos homens e a lei da razão pela qual se compreendem uns com os outros, conscientes de suas próprias experiências.

Sobre estes fatos fundamentais, reconhecidos e admitidos por todos os pensadores de todas as escolas, o personalismo edi- fica sua idéia geral do mundo. Suas conclusões são que a última, fundamental ou essencial realidade é uma Pessoa; que nós somos, pela criação de suas mãos, verdadeiras pessoas; que estamos dota­ dos de livre-arbítrio; que a Pessoa divina está levando a cabo um propósito na sociedade; e que o objeto da história é uma sociedade perfeita de homens e mulheres em comunhão com Deus.

Mas o que diz respeito à natureza física, o personalismo concorda com o idealismo na opinião de que a natureza, em todas as suas partes, está constituída no pensamento e para o pensamento; que o tempo e o espaço são formas de pensamento pelos quais compreendemos o mundo melhor de que realidades independentes. Sustenta também que a Pessoa infinita, Deus, contém em si mesma toda a existência finita. O infinito está re­ lacionado com o finito e está em comunicação verdadeira com ele, em vez de estar separado dele por um abismo intransponível. O personalismo sustenta que a chave para a significado da natureza física é o propósito divino que o permeia; que a coroa e a meta da natureza é seu resultado mais sublime, o próprio homem; que devemos entender o princípio à luz do resultado, e não procurar cancelar os elementos mais elevados no resultado. Isto se faz

quando assumimos algum elemento primário do ser, como a matéria, a energia, ou movimento, ou ainda o pensamento abstrato, e em seguida reduzir todos os elementos mais sublimes a esse.

As considerações apresentadas para sustentar essa opinião são muitas e convincentes. Em primeiro lugar, o personalismo é uma filosofia edificada sobre um amplo fundamento de fato e experiência. Um método da filosofia é separar a matéria do pensamento para chegar à conclusão materialista. Outro, é separar o próprio pensamento de seu contexto em nossa vida humana pessoal e chegar à conclusão do idealismo abstrato. O personalismo evita ambas abstrações. Considera a realidade como a encontra. O homem é um sujeito. Pensa. O mundo é objeto para os pensamentos do homem. A realidade, como a conhecemos, inclui a relação de sujeito-objeto. Mas o objeto não é meramente um ser pensante. É uma pessoa que age e tem vontade, plano, propósito e um ideal a alcançar. Assim, o personalismo reconhece tudo o que implica o conceito de personalidade e a emprega com o "fenômeno-típico" para explicar o mundo.

Em segundo lugar, o personalismo é vigoroso em sua explicação das causas primeiras e finais. A idéia da causalidade é muito difícil. Não podemos falar dela aqui, senão para ensinar um ou dois fatos importantes. A ciência física não conhece nenhuma causa primeira. Todas as causas naturais são, antes de tudo, efeitos de causas prévias. Assim não há senão um regresso infinito de causas, todas as quais estão situadas no nível físico: a causa b; b causa c; e c causa d; e assim indefinidamente. Nenhuma causa primeira, isto é, nenhuma causa verdadeira, será encontrada alguma vez por esse método. O personalismo afirma que a vontade humana é, pelo menos em sentido relativo, uma causa primária. Dela derivamos nosso conceito primeiro e fundamental da causalidade. É uma causa sobre o nível mais alto. Assim o personalismo chega à idéia da vontade divina sobre uma base experimental. A vontade de

Deus é a causa eficiente que move todas as coisas, às quais operam para conduzir até um fim divino.

Em terceiro lugar, o personalismo é vigoroso porque leva em consideração o conhecimento humano. Reconhecendo que os homens se comunicam entre si, não oferece nenhuma dificuldade em aceitar que os pensamentos de alguém podem ser conhecidos por outros, e por isso mesmo aceitar que Deus possa dar a conhecer o conteúdo de seu pensamento. Reconhecendo também que todas coisas objetivas construídas são constituídas em e para o pensamento, não é difícil fazer a transição para a idéia de que o mundo que nos rodeia é Deus falando a nós. Assim como a linguagem exige, para que se entenda, que haja inteligência naquele que fala e naquele que ouve, assim o mundo criado como uma linguagem inteligível para nós implica inteligência no poder que o produz e que o mantém. E por essa razão que nossa inteligência é a resposta à inteligência divina, e dá a entender que o universo é um todo coerente e harmonioso. Não vivemos em um caos, mas no mundo em que a parte corresponde ao todo, e o todo pode comunicar-se com a parte.

Em quarto lugar, o personalismo também considera o livre- arbítrio, colocando-o acima dos conceitos que se tem do mundo. Assim como o mundo é o resultado da ação de Deus, ao se im- partir (o ser divino), a sua criação, assim o homem é, em sentido mais elevado, Deus se impartindo a sua criatura. Há pequena distância entre isto e a doutrina do livre-arbítrio humano. Deus é o mais livre de todos os seres e, ao fazer o homem a sua própria imagem, o fez livre. Pertence à mesma essência da imagem divina no homem que este [o ser] seja livre. Assim o personalismo evita o resultado panteísta que resulta da negação da personalidade de Deus. Se Deus é meramente uma substância impessoal idêntica à totalidade da existência, então o homem não pode ser uma pes­ soa livre. Então, não é senão uma fase passageira, transitória da substância eterna.

Em quinto lugar, o personalismo é vigoroso na interpretação do significado da natureza física. Temos que notar os seguintes pontos:

(1) Sendo a natureza constituída no e para o pensamento, é uma parte da revelação de Deus aos homens;

(2) visto que a única natureza que conhecemos é a natureza que encontramos em nossa experiência humana (a natu­ reza relacionada com a personalidade), somos compeli­ dos a considerar a natureza em sua relação com a Pessoa infinita como seu significado mais profundo;

(3) visto que o homem é o coroamento da natureza, devemos assumir que seja seu alvo e motivo;

(4) visto que o homem emprega a natureza de mil maneiras diferentes para seus fins, temos de deduzir que a perso­ nalidade é superior ao físico e que cumpre completamente os fins divinos;

(5) ao interpretar a natureza como um sistema de leis, e sob a operação de causalidade no sentido físico, não estamos autorizados a tomá-la como se existisse independente de todas as relações pessoais. Nossa idéia de natureza deve incluir os mais imediatos e insistentes de todos os fatos que conhecemos dela, isto é, sua relação com os seres pessoais. Isto evitará a tendência perigosa que se observa com tanta freqüência: a de permitir que a natureza física imponha suas leis no mundo pessoal mais elevado. Não devemos, segundo as palavras de Tennyson (usadas em outro contexto), "Colocar os pés em cima do cérebro e jurar que o cérebro está nos pés".

Em sexto lugar, o personalismo estabelece algumas recomen­ dações em seu ensino referente à relação de Deus com o universo.

(1) Insiste na unidade da natureza, do homem e de Deus. Interpreta o universo como espírito. O tempo e o espaço são formas de nossa apreensão do mundo objetivo. Isto, no entanto, não é mesma coisa que a unidade panteísta, a qual identifica Deus com a natureza e faz com que a matéria seja coeterna com Deus. O mundo é criação de Deus. É a esfera em que cumpre seus propósitos. O princípio monístico do personalismo que dizer simplesmente que não existe nenhum dualismo irreconciliável entre Deus e a natureza. Recusa-se a declarar que a natureza seja Deus, mas insiste em que foi criada por Deus, e está sujeita à mão criadora dele.

(2) O personalismo insiste na imanência de Deus no mundo. Mas também não se trata da mesma imanência panteísta, que afirma ser a realidade uma substância impessoal de dois lados: o pensamento e a extensão. O personalismo se opõe fortemente ao panteísmo neste ponto. Mas o per­ sonalismo afirma a presença de Deus na ordem natural, sua ação dentro dela e seu movimento através dela como o rumo de sua meta.

(3) O personalismo ressalta a transcendência de Deus as­ sim como sua imanência. Mas aqui também não é uma transcendência no sentido deísta. O mundo não é uma máquina que Deus criou e, em seguida, abandonou à própria sorte. Deve está realmente sobre o mundo, mas separado dele. Sua transcendência significa superioridade em relação ao universo criado. Significa que o mundo não pode conter Deus. Deus é mais que todas as coisas criadas.

(4) O personalismo insiste também na presença de Deus na história humana. Assim como a personalidade é o fator mais significativo, o mais sublime do ser que conhecemos,

o personalismo sustenta a opinião, muito coerente em suas premissas, que o desenvolvimento e o aprimoramento de uma sociedade é o alvo principal da história, a meta divina no progresso do mundo.

Em relação com a presença de Deus na história, encontramos alguns dos alicerces mais claros e vigorosos do personalismo. Cada parte do esforço humano chega a ser irradiado de luz divina quando o consideramos dessa perspectiva. Todos convergem sobre a verdade central da personalidade como a chave do significado do mundo. Consideremos brevemente os principais setores da atividade humana.

(1) Em primeiro lugar, consideremos a ciência física. As proezas do homem neste setor e seu desejo de adquirir sempre mais conhecimento são os sinais da presença divina no homem, que essa se esforçando para alcançar a meta do reino universal da verdade. Além disso, a resposta da criação aos esforços humanos, os segredos que ela revela como prêmio para as investigações, são sinais de que a criação foi constituída para a procura da verdade, que por trás dela está um ser superior que é a verdade infinita. O desejo insaciável do homem de alcançar mais e mais conhecimentos da natureza, e a reposta da natureza e suas investigações são ambas testemunhos poderosos da existência de Deus, e, além disso, de sua presença em todas as partes da criação. Assim, a consciência científica tem implicitamente em si mesma a consciência de Deus. A consciência do estudante finito é a que busca a satisfação no infinito.

(2) Consideremos em segundo lugar a moralidade. Desde a época de Immanuel Kant, a presença de um imperativo moral no homem é dada por certa no pensamento filosófico. O que significa a presença daquele imperativo? Significa