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Material Estruturado do MAISPAIC para o 1º ano

No documento denisepedrosodemoraes (páginas 49-54)

2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ALFABETIZAÇÃO: DO ÂMBITO NACIONAL

2.4 MATERIAIS DIDÁTICOS DISPONÍVEIS PARA O PROFESSOR DAS REDES

2.4.2 Material Estruturado do MAISPAIC para o 1º ano

O material didático destinado ao 1º ano do Ensino Fundamental, como já citado anteriormente, foi elaborado no início do programa, como uma forma de atender à demanda dos professores por material didático adequado à alfabetização das crianças no “tempo certo”.

O processo de elaboração desse material estruturado foi conduzido pela professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Amália Simonetti. A princípio, foi elaborado material estruturado apenas para o 1º ano do ensino fundamental e, só em 2014, houve investimento para a produção do material do 2º ano. Como material estruturado, então, é composto pela “Proposta Didática para Alfabetizar Letrando (PDAL)”, “Caderno de atividades”, livro de leitura e kit de materiais didáticos (conjunto de 18 cartazes para exposição na sala de aula e jogos de fichas e cartelas para os alunos) (SEDUC, 2012, p. 127).

A proposta é que a rotina didática, da qual tratamos mais à frente (página 45), seja organizada em uma hora e meia para o desenvolvimento das atividades do MAISPAIC em três dias da semana. As demais disciplinas do currículo e o livro do PNLD devem ser utilizados no restante do tempo, frisando que o professor deve manter um alinhamento entre os materiais e propostas. A orientação é que o material estruturado do MAISPAIC para 1º e 2º anos seja o principal e outros sejam utilizados nos tempos restantes, como complementares à proposta. Nesse espaço destinado às atividades do MAISPAIC, devem ser realizados três momentos diários em que os estudantes são envolvidos nas contações de histórias, expressam seus sentimentos e/ou impressões oralmente, leem e escrevem: “Tempo de ler para gostar de ler”, “Tempo de leitura e oralidade” e “Tempo de aquisição da escrita”.

O “Tempo de ler para gostar de ler” é um momento que deve acontecer todos os dias com os estudantes e tem a finalidade de promover a leitura “como prática social do cotidiano da sala de aula”, tendo como mediador o professor que, de maneira intencional, insere as crianças na cultura letrada. Assim, não basta ter um “cantinho da leitura” na sala de aula ou livros disponibilizados em caixas, prateleiras e baús, mas é preciso que, com intencionalidade didática e criatividade do professor, esse momento seja conduzido, para que os alunos aprendam a apreciar a leitura e, principalmente, que essa prática seja significativa para as crianças. “A inserção das crianças, como leitoras, na cultura escrita exige a mediação e a intencionalidade didática do professor, como, por exemplo, proporcionar a interação constante e significativa dos alunos com os diferentes suportes e gêneros textuais nas práticas de leitura” (CEARÁ, 2018, p. 23).

O “Tempo de leitura e oralidade” é o momento em que são desenvolvidas diversas atividades que envolvem oralidade e aquisição da leitura, o que inclui produção de textos orais, pronúncia de palavras, reflexão sobre o significado das palavras, conhecimento e apropriação de textos de gêneros variados. Algumas atividades estão previstas no material estruturado, no caderno do aluno, no tópico intitulado “Lendo e compreendendo”; outras, são sugeridas na

proposta didática para que o professor realize utilizando outros suportes. São objetivos de aprendizagem em leitura:

• Ler e compreender textos não verbais

• Ler e compreender textos verbais de diferentes gêneros e em diferentes suportes.

• Compreender textos lidos por outras pessoas com diferentes propósitos. • Antecipar sentidos e ativar conhecimentos prévios relativos aos textos de diferentes gêneros, lidos pelo professor ou outro leitor experiente.

• Reconhecer a finalidade de textos lidos pelo professor ou outro leitor experiente.

• Localizar informações explícitas em textos de diferentes gêneros e temáticas, lidos com autonomia.

• Realizar inferências em textos de diferentes gêneros e temáticas, lidos com autonomia.

• Apreender assuntos/temas de textos.

• Interpretar frases e expressões em textos de diferentes gêneros. • Estabelecer relações de intertextualidade entre textos.

• Estabelecer relações entre textos verbais e não verbais, construindo sentidos.

• Estabelecer relações lógicas entre partes de textos.

• Pesquisar no dicionário os significados de palavras e a acepção mais adequada ao contexto em uso. (CEARÁ, 2018, p. 26)

Dessa forma, o trabalho realizado pelo professor nesse momento de leitura visa ao desenvolvimento de diversas habilidades dos estudantes que envolvem leitura, compreensão, interpretação, inferência, significação de palavras e também desenvolvimento da oralidade, como se pode perceber pelos objetivos das aprendizagens em oralidade abaixo relacionados:

• Participar de interações orais em sala de aula, questionando, sugerindo, argumentando e respeitando os turnos de fala.

• Reconhecer a diversidade linguística, valorizando as diferenças culturais entre variantes regionais, sociais, de faixa etária, de gênero dentre outas. • Participar da produção oral dos colegas de forma atenta e respeitosa. • Planejar e produzir texto oral adequado à situação de comunicação. • Valorizar textos de tradição oral, reconhecendo-os como

manifestações culturais.

• Usar adequadamente recursos corporais para potencializar a comunicação.

• Relacionar fala e escrita, tendo em vista a apropriação do sistema de escrita, as variantes linguísticas e os diferentes gêneros textuais. (CEARÁ, 2018, p. 27)

Assim, o aluno é envolvido em uma série de situações comunicativas, tendo contato com diferentes gêneros textuais para que circule com autonomia nos diversos ambientes que for exposto em convívio social, considerando os conhecimentos prévios dos alunos, que são

sempre mobilizados no momento incial de leitura de um texto, quando se faz a predição da leitura, o que está de acordo com o pensamento de Kleiman (2013, p. 15):

É mediante a interação de diversos níveis de conhecimentos, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. É porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor, não haverá a compreensão.

O “Tempo de Escrita” é o momento didático destinado à apropriação da escrita no qual os alunos do 1º ano são envolvidos em situações de produção de palavras, frases, textos, escrita e reescrita de histórias de diversos gêneros e reflexão do que escreveu. No caderno de atividades do aluno, há dois tópicos para o desenvolvimento de habilidades da escrita: “Aquisição da escrita” e “Escrevendo do seu jeito”. Na proposta didática, são objetivos relacionados ao “Tempo de escrita”:

• Planejar a escrita de textos considerando as condições de produção: organizar roteiros, planos gerais para atender as diferentes finalidades, com a ajuda de um escriba.

• Produzir textos de diferentes gêneros, atendendo a diferentes finalidades, por meio de um escriba.

• Produzir textos de diferentes gêneros, atendendo a diferentes finalidades, com autonomia.

• Gerar e organizar o conteúdo textual, estruturando os períodos e utilizando elementos coesivos para articular fatos e ideias.

• Organizar o texto, dividindo-o em tópicos e parágrafos. • Pontuar os textos, favorecendo a compreensão.

• Revisar coletivamente os textos durante o processo de escrita em que professor é escriba.

• Revisar autonomamente os textos durante o processo de escrita. • Reescrever textos. (CEARÁ, 2018, p. 27)

Dessa forma, esses três momentos didáticos acima descritos – “Tempo de ler para gostar de ler”, “Tempo de leitura e oralidade” e “Tempo de escrita” – estão planejados na Proposta Didática de Alfabetizar Letrando (PDAL). Esse é um material rico em informações e orientações úteis aos professores para a implementação do MAISPAIC. Nas 252 páginas da PDAL, é possível conferir: o histórico do programa MAISPAIC no Ceará, boas-vindas da autora dessa proposta aos professores; apresentação da proposta didática e dos materiais didáticos do MAISPAIC; uma parte com os trava-línguas e adivinhações também presentes no material dos estudantes; letras das músicas do CD “Parece... mas não é”; e, por fim, a proposta didática para cada mês, contendo as unidades, conteúdos, objetivos didáticos para cada eixo (leitura, oralidade e escrita), materiais necessários, textos, sugestões de jogos e as rotinas

didáticas para cada dia letivo, com o passo a passo para ser desenvolvido em sala de aula, no tempo destinado ao uso do material estruturado do 1º ano.

Segundo Simonetti (2018), em apresentação ao material do aluno,

[...] esta proposta didática para alfabetizar-letrando propõe situações didáticas (projetos didáticos e sequências didáticas), para que o aprendiz descubra e se aproprie, com compreensão, do sistema de escrita da língua portuguesa e da cultura escrita da língua portuguesa, ingressando na escrita e em suas culturas, usando a escrita para apreender a escrita com sentido (ler, falar e escrever com compreensão). Ou seja, situações didáticas para o (a) professor (a) em ensino- reflexivo possibilitar, didaticamente, a criança ler e escrever com compreensão, com sentido, com sentimento, com criação, imerso na cultura das práticas socioculturais de oralidade, leitura e escrita. (CEARÁ, 2018, p. 11)

O Caderno de Atividades de 1º ano para o aluno, intitulado “Vamos passear pela escrita”, traz como objetivo fundamental o trabalho da leitura, escrita e compreensão textual de forma indissociável. Esses cadernos são organizados em quatro volumes que correspondem às etapas/períodos letivos e são divididas por semanas e dias. Cada caderno é composto por 4 partes: trava-línguas, adivinhações, atividades de leitura e escrita e “plug”. A primeira parte dos cadernos de atividades, que contém trava-línguas, tem como finalidade desenvolver a consciência fonológica das crianças. O 1º caderno, por exemplo, contém trava-línguas que auxiliam na aprendizagem das letras A, B, C e D. São 26 trava-línguas de A a Z para serem trabalhados durante todo o ano letivo, inseridos na rotina didática, conforme a necessidade de cada turma. No caderno da 1ª etapa, podemos encontrar este, por exemplo: “VENDEM-SE BARATO: BOTAS, BORDADOS BONITOS, BELAS BONECAS. VENDEM-SE BEM: BOLOS, BOLAS, BISCOITOS, BILROS, BILBOQUÊ. VENDEM-SE BASTANTE: BATOM, BATATAS E BARCOS BEM BACANAS” (CEARÁ, 2018, p. 08).

A seguir, outra parte do caderno contém adivinhações, cujo comando é que os alunos descubram a palavra que responde à charada e desenhem no espaço existente no próprio caderno. No caderno da 1ª etapa, há adivinhações que trabalham com as letras A, B, C, D, E e F; por exemplo, “Tem escama e não é peixe, tem coroa, mas não é rei”. A resposta esperada é “abacaxi”, portanto, é solicitado que o aluno brinque com essas adivinhações, faça os desenhos e interaja com os colegas.

A parte mais volumosa do caderno do aluno é a terceira, que contém atividades para todos os dias letivos de cada período. Essas atividades partem sempre de um texto-base e envolvem a utilização de outros materiais disponibilizados pelo PAIC para o professor, como cartazes, músicas, fichas, o livro de leitura. A quarta parte do caderno “Vamos passear pela

escrita” é o “Plug”, composta por jogos para fixar a aprendizagem dos alunos nos conteúdos trabalhados ao longo da etapa.

No documento denisepedrosodemoraes (páginas 49-54)