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Medeiro Vaz

No documento filipegabrielribeirofranca (páginas 53-57)

como se deu o meu encontro com esse professor eu explicarei mais adiante.

O meu contato com @s professor@s aconteceu por quatro caminhos distintos: e-mail (Compadre Quelemém e Ricardão), Facebook (Otacília),

telefone (Zé Bebelo e Hermógenes) e pessoalmente (Joca Ramiro e Medeiro Vaz). Posso dizer que nos contatos feitos por telefone e pessoalmente eu consegui agendar de forma mais rápida a entrevista com os professores. Já nos contatos feitos via e-mail e Facebook, esse processo foi mais lento, pois, muitas vezes @s professor@s estavam sem acesso à internet e/ou quando viam as mensagens deixavam para responder posteriormente e acabavam se esquecendo de me retornar. Isso me conduzia a enviar novas mensagens para @s professor@s e nessas novas mensagens eu solicitava um número de telefone em que eu pudesse estabelecer contato com el@s mais rapidamente. Nesse primeiro contato eu explicava de que se tratava a pesquisa e seus objetivos de forma mais aprofundada, uma vez que o professor que @ indicou já havia conversado minimamente com el@ sobre o meu trabalho. Após essa explicação eu perguntava para @s professor@s se el@s estavam dispost@s a participarem da pesquisa, deixando clara a possibilidade del@s não toparem em contribuir. Fui muito feliz nas indicações de possíveis coautor@s que foram feitas, pois, não obtive nenhuma recusa, tod@s aceitaram participar da pesquisa.

O próximo passo foi o agendamento da entrevista. Deixei que @s professor@s escolhessem os dias, horários e locais que fossem melhores para el@s. Essa liberdade de escolha por parte d@s professor@s exigiu que eu me adequasse às disponibilidades em suas agendas para a realização das entrevistas. As entrevistas ocorreram em diversos horários, algumas de manhã, muitas à tarde e algumas à noite. Também deixei que @s professor@s definissem os locais das nossas conversas. Quase todos os encontros aconteceram na minha casa. Alguns encontros ocorreram na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora, um encontro ocorreu em um café e os encontros com o professor Hermógenes aconteceram na escola em que ele trabalha.

Após as entrevistas me envolvi no processo de transcrição das conversas. Procurei transcrever o mais breve possível, aproveitando os momentos de afetação nos quais eu mergulhava depois de cada conversa. Essa etapa não foi uma etapa tranquila. Foi uma etapa extremamente cansativa para o pensamento. Em média as entrevistas tinham duração de aproximadamente duas horas e essas duas horas transformavam-se em seis,

sete e até oito horas dedicadas à transcrição dependendo da maneira que @ entrevistad@ se expressava, falando mais rápido ou pausadamente. Nesses meus momentos de transcrição eu tive que desligar-me de tudo que pudesse me distrair, como por exemplo, televisão, internet e telefone, pois, esse processo exigia e merecia total atenção para que eu conseguisse passar para a tela do computador o máximo de sentimentos que eu pudesse absorver das falas d@s professor@s. Essa fase não foi atravessada por períodos de calmaria, muito pelo contrário, foi uma fase em que eu mergulhei em inquietações e desassossegos. Era impossível não me envolver com aquelas narrativas.

Dormia pouco, com esforços. Nessas horas da noite, em que eu restava acordado, minha cabeça estava cheia de ideias. Eu pensava, como pensava, como o quem-quem remexe no esterco das vacas. Tudo o que me vinha, era só entreter um planejado. Feito num traslo copiado de sonho, eu preparava os distritos daquilo, que, no começo achei que era fantasia; mas que, com o seguido dos dias, se encorpava, e ia tomando conta do meu juízo: aquele projeto queria ser e ação! E, o que era, eu ainda não digo, mais retardo a relatar. Coisa cravada. Nela eu pensava, ansiado ou em brando, como a água das beiras do rio finge que volta para trás, como a baba do boi cai em tantos sete fios (ROSA, 2001, p. 502-503).

Muitas vezes as histórias contadas pel@s professor@s se assemelhavam e/ou se misturavam às minhas. Euforia, pensamento agitado e noites mal dormidas eram resultados desses momentos de imersão no campo. Ouvir e transcrever as narrativas d@s professor@s foi como

submergir num abismo em que acreditamos ter descoberto objetos maravilhosos. Quando voltamos à superfície, só trazemos pedras comuns e pedaços de vidro e algo assim como uma inquietude nova no olhar. O escrito (e o lido) não é senão um traço visível e sempre decepcionante de uma aventura que, enfim, se revelou impossível. E, no entanto, voltamos transformados. Nossos olhos apreenderam uma nova insatisfação e não se acostumaram mais à falta de brilho e de mistério daquilo que se nos oferece à luz do dia. E algo em nosso peito nos diz que, na profundidade, ainda resplandece, imutável e desconhecido, o tesouro (LARROSA, 2007, p. 156).

Com as entrevistas já transcritas, a próxima etapa que estava por vir era o envio para @s professor@s. Adotei esse procedimento para que @s

coautor@s pudessem ler tudo o que disseram na entrevista e caso achassem necessário, pudessem mudar alguma fala ou algum trecho. Em geral, @s professor@s fizeram apenas alterações que visavam contribuir para uma melhor compreensão do texto por parte do leitor, ou seja, as alterações feitas não prejudicaram os sentidos das narrativas expostos durante a entrevista.

Após essa etapa, eu retomei o contato com @s professor@s para que pudéssemos conversar sobre as impressões que el@s tiveram ao lerem as transcrições das entrevistas. Além disso, aproveitei esse novo encontro para retomar certas questões que ficaram pendentes com alguns professores durante a primeira conversa. O interessante nesse novo encontro foi poder escutar novos relatos trazidos pel@s professor@s. El@s acabaram fazendo uma associação entre os fatos que aconteciam com el@s na docência relacionados às relações de gênero e sexualidades com a minha pesquisa e isso foi muito produtivo. Ao final desses segundos encontros eu apresentava à el@s o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que pudéssemos oficializar a participação del@s nessa pesquisa.

Vejo esse trabalho como sendo caracterizado pela multiplicidade de sujeitos que o compõem. El@s possuem suas aproximações, seus distanciamentos e suas inquietações. Revelam diferentes trajetórias de vida e trajetórias docentes. Narram distintas formas de constituição das suas sexualidades e os tensionamentos de vivenciar sexualidades que se distanciam da norma heterossexual. Compartilham das particularidades de serem professor@s homossexuais na escola e nos conduzem a pensar e problematizar as relações de poder entre os sujeitos, o ambiente escolar e a pluralidade sexual.

A seguir trago um esquema que resume como se deu o meu processo de contato com @s professor@s:

TCLE

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