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Meditação Responsos, Aclamações e Refrãos meditativos

No documento Maria da Gloria Melo de Souza (páginas 162-166)

7. Elementos de Inculturação

2.2. Aplicação do instrumental de análise

2.2.1. Análise crítica do Ofício Divino das Comunidades em sua estrutura e

2.2.1.8. Meditação Responsos, Aclamações e Refrãos meditativos

Já falamos, na primeira parte do presente trabalho, sobre a importância deste momento de meditação na celebração do Ofício Divino. Após a leitura bíblica é proposto um tempo de silêncio, que propicia a escuta do Espírito. Sim, para que a Palavra germine e crie raízes, é preciso que haja espaços de silêncio.

O ODC sugere, portanto, um momento de silêncio, de meditação, após a leitura bíblica. É o “silêncio sagrado” de que fala a IGLH (cf n.201). Este silêncio facilita a plena ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e une mais estreitamente a oração pessoal com a Palavra de Deus e com a voz pública da Igreja324. O ODC propõe que após certo tempo de meditação silenciosa, partilhe-se entre os irmãos e irmãs sentimentos, impressões, apelos que a Palavra de Deus fez surgir nos corações. Há uma recomendação: evite-se debate ou discussão neste momento; trata-se de acolher a Palavra viva e atual do Senhor. E continua: um refrão repetido (tipo responsório ou mantra) ligado à leitura, poderá ajudar a recordar a Palavra de Deus. Se a leitura for do evangelho, sugere-se cantar uma aclamação, antes e depois325.

O ODC propõe uma série de responsos, aclamações e refrãos contemplativos (que preferimos chamar refrãos meditativos) para os diversos tempos do ano litúrgico326.

Os responsos (ou reponsórios) – originariamente ligados ao culto judaico – são uma interpretação lírica da Palavra da Escritura apresentada no Ofício. Os responsórios podem ser longos (Ofício de Leituras) e breves (Laudes, Vésperas e Completas). Os responsórios

breves podem-se substituir por outros cantos, homilia ou silêncio (IGLH 202), ou também podem ser omitidos se parecer conveniente.

Passamos a elencar os responsos, aclamações e refrãos contemplativos que se encontram no ODC para os diversos tempos do ano litúrgico:

Responsos para o Tempo Comum327

Quero cantar

Assim falou o Senhor Provem e vejam

A vos de Deus se espalha

324 Cf IGLH n.202 325 Cf ODC p. 13. 326 Ibid. p. 419-448.

327 Ibid. p.411-424. n. 294-308. As partituras dos Responsos, Aclamações ao Evangelho e Refrãos meditativos encontram-se em:

OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES – II; Aberturas, hinos, refrãos meditativos, aclamações, respostas às preces, Paulus, 2005, p. 259-371.

Livra-me, Senhor Nós te louvamos Um canto novo Eu sou a videira Em silêncio abandona-te Ó morte

Não sou eu que vivo E todos repartiam

Com amor eterno eu te amei A Palavra do Pai do céu Senhor, que a tua Palavra

Aclamações para o Tempo Comum328 O Evangelho é a boa nova

Aclamação afro-brasileira Vai falar o Evangelho Ale-Aleluiá

Buscai primeiro

Aleluia, aleluia, como o Pai

Glória, aleluia – diversas estrofes à escolha Aleluia, tudo é festa

Eu vim para escutar Anúncio da ressurreição Aleluia, quem ama a Deus Glória a ti, Senhor

A Palavra de Deus já chegou A palavra de Deus é luz

Há vinte e nove refrãos contemplativos (meditativos) para o Tempo Comum329. Seguem os Responsos para o Tempo do Advento330

Abre as portas Maravilhas Como o sol nasce

328 Ibid. p. 424-428. n. 309- 322. 329 Ibid. p. 428-431. n. 323-351. 330 Ibid. p.432-433. n. 352- 356.

Vem, vem, Senhor Jesus Muito suspira por ti

Aclamações ao Evangelho para o Tempo do Advento331

Aleluia (estrofe própria para cada semana)

Há dez refrãos contemplativos (meditativos) para o Tempo do Advento332.

Responsos para o Tempo do Natal333

O Senhor me disse – Sl 2 Terra toda - Sl 98 (97)

Que Deus nos dê a sua graça – Sl 67 (66) Vimos a sua estrela – Sl 2

Aclamações ao Evangelho para o Tempo do Natal334

Aleluia, alaluia, aleluia, aleluia! Aleluia, aleluia, glória a Deus Uma mãe gerou uma criança

Responsos para o Tempo da Quaresma335

O Senhor mandou seus anjos Salvador do mundo

Aclamações ao Evangelho para o Tempo da Quaresma336 Honra, glória

Hosana hey

Responsos para o Tríduo Pascal337

Nós somos muitos

Eu vos dou um novo mandamento

Salve, ó Cristo obediente (Cântico de Filipenses 2,6-11) Cristo, Cristo, Cristo (Tropário)

Creio que o meu Criador vive

Há sete refrãos contemplativos (meditativos) para o Tríduo Pascal 338 331 Ibid. p.435-436. n. 357-360. 332 Ibid. p. 435-436. n. 361-370. 333 Ibid. p.436-437. n. 371-374. 334 Ibid. p.437. n. 375-377. 335 Ibid. p.438. n. 378-379. 336 Ibid. p.439. n. 380-381 337 Ibid. p.439-441. n. 382-386.

Responsos para o Tempo Pascal339

Aleluia, eis o dia – Sl 118 (117)

No domingo, Maria Madalena (para o Domingo da Ressurreição) Este é o dia

Aclamações para o Tempo Pascal340 Ressuscitou, ô, ô

Ele vem chegando Hei! Aleluia!

Aleluia, alegria (diversas estrofes à escolha)

Um refrão contemplativo (meditativo) é proposto para o Tempo Pascal341.

Para as festas marianas342

Responsos: Saudação angélica (Angelus) Alegra-te (Tempo Pascal)

Aclamações: Aleluia, aleluia

Ó Mulher, eis o teu Filho (Quaresma e Paixão).

Responsos para o Ofício dos Falecidos343

É preciosa aos olhos do Senhor Para Deus todo canto e louvor

Observamos, portanto, que o ODC não propõe apenas responsos como resposta meditativa à leitura bíblica, mas também aclamações e refrãos meditativos. Não há muita preocupação com o gênero literário do responso. Por sua repetição, o responso parece ser quase o único elemento popular que a Igreja conservou na Liturgia das Horas.

Notamos que mesmo as peças que o ODC designa como responsos não são rigorosamente, em sua maioria, verdadeiros responsos: um responso é uma peça musical, cantada, na qual um ou mais cantores se alternam com toda a assembléia, como resposta à leitura bíblica. O primeiro verso, entoado pelo(s) salmista(s), é repetido por inteiro por todos. Cada um dos versos seguintes entoados pelo(s) salmista(s) retoma a primeira parte da melodia do primeiro verso; a assembleia repete somente a última parte do primeiro verso. Em seguida, 338 Ibid. p.441-442. n. 387-393. 339 Ibid. p.442-443. n. 394-396. 340 Ibid. p. 443-446. n. 397-404. 341 Ibid. p.446. n. 405. 342 Ibid. p.447-448. n. 406-409. 343 Ibid. p.448. n. 410-411.

o(s) salmista(s) canta o Glória ao Pai. Consideramos, no entanto, que não importa que as peças que o ODC tenha sugerido como resposta meditativa à Palavra de Deus não sejam, a rigor,

responsos; o importante é que tais cantos ajudem a criar um clima de meditação da leitura proclamada.

Já falamos acima do caráter lírico do responso. Aliás, o caráter lírico, poético musical vale para o Ofício Divino ou Liturgia das Horas, mais do que para outras celebrações. Predomina a gratuidade do estar juntos simplesmente, da confiança recíproca entre o Senhor e o seu povo, da mútua admiração, da contemplação. Não se trata de refletir, de analisar; trata-se de conviver. Esta característica aparece de modo eminente, como dissemos, no responso, que é cantado após a leitura do Ofício da manhã e da tarde.

O texto do responso é quase sempre tirado de, ou inspirado em um dos cento e cinquenta Salmos da Bíblia, o que é, provavelmente, um resquício do salmo responsorial da missa. No livro da Liturgia das Horas, encontramos catorze textos diferentes para as Laudes e outros catorze para as Vésperas do Tempo Comum. Os mesmos textos se repetem na primeira e na terceira semana, assim como na segunda e quarta. Mesmo não tendo exatamente esta estrutura, as peças que no ODC fazem as vezes de responso correspondem à sua função de resposta meditada à Palavra de Deus.

No documento Maria da Gloria Melo de Souza (páginas 162-166)