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1. Caracterização dos contextos na Educação Pré-Escolar e no º Ciclo do Ensino Básico

1.2 Meio Envolvente

Ter conhecimento do meio social envolvente em que se localiza a instituição, bem como a sua inserção geográfica é extremamente importante, pois influencia o modo como as crianças/alunos aprendem, revelando-se assim crucial em todo o processo de ensino e aprendizagem. O Educador/Professor deve ter em conta o contexto onde estes estão inseridos, isto é, o mundo onde vivem, crescem e aprendem, de modo a favorecer o sentimento de identidade cultural e de cidadania. Ao termos conhecimento do meio, poderemos tirar partido dos vários recursos que este proporciona, vivenciando trocas de experiências entre a comunidade educativa e permitindo o desenvolvimento de certas competências que algumas áreas assim o exigem. Neste contexto e segundo o que é proferido por Drouet (1997: 149) “só utilizando os recursos que a comunidade oferece é que a escola conseguirá tornar-se num ambiente propício à educação das crianças dessa mesma comunidade”. É importante que os Educadores/Professores usufruam dos recursos disponíveis na comunidade não só para haver uma forte relação entre o Jardim de Infância/Escola e o meio, mas também para que haja uma familiarização por parte das crianças/alunos com o Jardim de Infância/Escola.

As crianças/alunos crescem e desenvolvem-se num meio e vão-se socializando pouco a pouco através de interações com o mesmo e é este processo de socialização que

faz com que eles progridam enquanto cidadãos, contribuindo assim, para a sua autonomia e integração. As permutas que as crianças/alunos fazem com o meio podem também proporcionar um maior auto e heteroconhecimento, não só entre eles, mas também com o Educador/Professor. Neste contexto torna-se crucial falar não só do conhecimento a nível do meio natural mas também a nível humano, uma vez que tudo aquilo que a criança/aluno aprendeu antes de entrar para o Jardim de Infância ou para a Escola, foi através da relação com o seu meio e da interação com os pais e adultos. Assim, o conhecimento do meio natural e humano é fundamental para uma adequada integração, participação e intervenção por parte do Educador/Professor. Esta relação entre o Jardim de Infância/Escola e o meio é importante, pois: “cria situações de empatia que beneficiam as interacções alunos-professores e pais-professores [e] permite um melhor conhecimento dos docentes da realidade social, económica e cultural do meio, tornando-os mais capazes de identificarem e localizarem as dificuldades de aprendizagem” (Marques, 1983: 67). Depois de abordar de forma breve a importância do conhecimento do meio onde se inserem os contextos educativos faremos agora uma caracterização do meio envolvente dos mesmos. Os contextos educativos onde foram realizados ambos os Estágios encontram-se situados em freguesias pertencentes ao concelho e distrito de Vila Real – Estágio I (Torgueda - Arrabães) e Estágio II (Nossa Senhora da Conceição). Antes de falarmos propriamente das freguesias em si, faremos primeiramente referência à cidade de Vila Real, destacando algumas das suas características e recursos educativos disponíveis que podem ser rentabilizados na prática educativa.

Assim sendo, Vila Real faz parte da província de Trás-os-Montes e Alto Douro e está situada no interior norte de Portugal a cerca de 450 metros de altitude sobre as margens do Rio Corgo, um dos afluentes do Douro. Enquadrada numa extensa paisagem natural, podemos dizer que dois tipos de paisagem dominam: uma mais montanhosa, onde se realçam as serras do Marão e do Alvão e uma mais voltada para os vinhedos em socalco. Vila Real é sede de concelho e capital do distrito, constituída por 20 freguesias, que rondam os 52000 habitantes, para uma área aproximadamente de 370 Km2.

Vila Real e sem prejuízo da sua forma urbana, apresenta-se maioritariamente como sendo rural, pois as pessoas deste concelho e distrito dedicam-se principalmente à agricultura, ao comércio e à criação de gado. No que concerne às condições atmosféricas deste meio e devido à situação geográfica podemos dizer que as temperaturas no inverno

são muito baixas e no verão muito altas. Por vezes, no inverno chega a nevar não havendo acesso à aldeia, o que faz com que o Jardim de Infância feche, uma vez que a Educadora é da cidade, impedindo deste modo o seu acesso.

Como já foi referido, estamos perante um meio rural, que possui recursos interessantes para o desenvolvimento de competências nas crianças/alunos que são exemplo, o Arquivo Municipal, o Museu de Vila Velha, o Museu de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Museu Etnográfico, o Museu do Som e Imagem, o Teatro, a Biblioteca Municipal, o Instituto Português da Juventude (IPJ), o Parque Florestal, a Escola Fixa de Trânsito, o Hospital Veterinário de Trás-os-Montes, o Jardim da Carreira, a Estação dos Correios, o Tribunal, os Bombeiros Voluntários, o Complexo Recreativo de Codessais, o Parque Corgo, a Piscina Municipal, o Pavilhão dos Desportos entre outros.14

Focamo-nos agora nos contextos educativos onde foram realizados os Estágios. O primeiro Estágio foi realizado na freguesia de Torgueda, mais concretamente no Jardim de Infância de Arrabães e o segundo Estágio na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, mais precisamente no Centro Escolar do Bairro de São Vicente de Paula.

A freguesia de Torgueda tem uma área aproximada de 13,72 Km²e uma densidade populacional de 114,8 habitantes/Km². Pelos últimos censos a freguesia conta com uma população residente de cerca de 1 583 indivíduos e com uma população presente de sensivelmente 1 800 indivíduos. A população de Arrabães, local onde foi realizado o Estágio I, dedica-se essencialmente, à agricultura, à pecuária e ao artesanato alimentar (pão, doces, enchidos), sendo sem dúvida a localidade mais populacional da freguesia de Torgueda. Ainda se podem encontrar muitas profissões de outrora, que se foram perpetuando até aos dias de hoje. Como é o caso do tradicional Ferreiro, do Tanoeiro, do Moleiro e de muitas outras artes que, aos poucos, vão desaparecendo. Podemos concluir, através destas áreas profissionais que a freguesia de Torgueda é essencialmente um meio rural. Sendo um meio rural, a sua taxa de analfabetismo tende a ser, por norma, mais elevada do que as das zonas urbanas. Deste modo, e segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), confirma-se esta ideia se compararmos as duas freguesias onde se realizaram os Estágios: a freguesia de Torgueda que apresenta uma taxa de analfabetismo

de 5,4% e a freguesia da Nossa Senhora da Conceição (juntamente com S. Pedro e S. Dinis) que por sua vez apresenta uma taxa de 2,4%.

A freguesia da Nossa Senhora da Conceição é uma freguesia urbana que tem uma área aproximada de 3,40 km²e uma densidade populacional de 2613,2 habitantes/km². Pelos últimos censos a freguesia conta com uma população residente de cerca de 8885 indivíduos.15 Esta população, ao contrário da população de Torgueda, trabalha em

diferentes setores de economia, sendo o setor terciário o predominante. É uma freguesia que tem as suas infraestruturas básicas bastante desenvolvidas e onde podemos encontrar importantes instituições públicas e equipamentos sociais. Estas infraestruturas atribuem- lhe algum estatuto e contribuem para uma melhor qualidade de vida dos seus habitantes bem como dos restantes habitantes das freguesias envolventes.

Apesar das duas instituições se situarem em localidades bem distintas, existem espaços exteriores comuns às duas que poderão ser visitados com intenções pedagógicas. Assim, o Jardim de Infância de Arrabães e o Centro Escolar do Bairro de São Vicente de Paula não podem ser vistos como um mundo à parte por pertencerem a diferentes zonas, mas como partes integrantes da cidade onde estão inseridos. E neste âmbito, o desenvolvimento das crianças/alunos constitui um processo dinâmico de relação com o meio, uma vez que estes não só são influenciados pelo meio, mas também influenciam o meio em que vivem. (Ministério da Educação, 1997a).