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91 (melaço) sempre disponível na produção industrial de sacarose [Tereos (2006)] Essa hortali-

No documento Livro bioetanol da cana de açucar (páginas 91-93)

Produção de bioetanol

91 (melaço) sempre disponível na produção industrial de sacarose [Tereos (2006)] Essa hortali-

ça tem uma raiz tuberosa, na qual acumula quantidades elevadas de açúcar, apresentando produtividade entre 50 e 100 toneladas por hectare e teores de sacarose da ordem de 18% [RIRDC (2007)], podendo alcançar índices de produtividade agroindustriais bastante eleva- dos, da ordem de 7.500 litros de bioetanol por hectare cultivado, similares à cana. O proces- samento industrial da beterraba se inicia com sua limpeza e fracionamento em fatias finas, que seguem para um difusor, no qual são, sucessivamente, lavadas em água quente, cedendo seu açúcar. O líquido resultante dessa operação contém aproximadamente 16% de sólidos solúveis extraídos da beterraba, sendo então processado de forma análoga ao caldo de cana, para açúcar ou para bioetanol. Com uma tonelada de tubérculos, são produzidos 86 litros de bioetanol e 51 kg de uma torta fibrosa que pode ser utilizada para alimentação animal [El Sayed et al. (2005)]. Observe-se que, apesar de apresentar elevada produtividade, a beterra- ba depende de energia externa (eletricidade e combustível) para seu processamento. Embora ainda não exista uma produção significativa de bioetanol com base no sorgo sacarino (Sorghum bicolor (L.) Moench), esse cultivo tem sido freqüentemente proposto como uma potencial fonte de matéria-prima. Em particular, a utilização do sorgo para a fabricação de bioetanol poderia ser integrada à agroindústria canavieira, estendendo o período usual de safra com um cultivo mais rústico que a cana e com diversas semelhanças quanto ao proces- samento. Os colmos de sorgo doce podem ser processados em moendas, produzindo um caldo açucarado, com um conteúdo de sacarose inferior ao caldo de cana, que pode, por sua vez, ser submetido a um processo industrial similar para produzir méis e bioetanol.

Considerando uma produtividade industrial de 40 litros de bioetanol por tonelada de sor- go processado [Icrisat (2004)] e os valores de produtividade agrícola de 50 toneladas por hectare, observados em áreas plantadas com o cultivar BR 505, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo, visando à produção de bioetanol [Teixeira et al. (1997)], tem-se uma produtividade agroindustrial de 2.500 litros de bioetanol por hectare. Não obstante, o emprego do sorgo ainda apresenta dificuldades que precisam ser superadas antes de sua efetiva adoção, prin- cipalmente sua reduzida resistência à degradação após a colheita, a limitada base de germo- plasma, a pouca adaptabilidade ambiental e a baixa resistência a pragas e doenças [Venturi e Venturi (2003)]. Com efeito, experimentos em usinas paulistas com sorgo, mesmo consorcia- do à cana, não produziram resultados motivadores [Leal (2008)].

Tendo em vista a possível viabilização, em médio prazo, de rotas inovadoras para a produção de bioetanol, especialmente mediante a hidrólise de materiais celulósicos, além das espé- cies silviculturais como o eucalipto e algumas leguminosas arbóreas (em particular, Leucaena

spp.), cresce o interesse em gramíneas de rápido crescimento e alta produtividade, como o

capim-elefante (Pennisetum purpureum), normalmente utilizado como forrageira no Brasil, e o switchgrass (Panicum virgatum), espécie nativa na América do Norte, que poderiam pro- duzir vários cortes anuais, além do capim alto do gênero Miscanthus, de maior interesse na Europa como fonte de biomassa celulósica.

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Na seleção de um cultivo como fonte de matéria-prima para a fabricação de bioetanol, é imperativo considerar os pressupostos de eficiência, em um sentido amplo. Assim, cabe priorizar os cultivos que minimizem os requerimentos de terra, água e aportes externos de agroquímicos, entre outros aspectos. Além disso (e igualmente relevante), a viabilidade eco- nômica deve ser levada em conta, havendo pouco sentido em propor o uso de cultivos nobres e de bom valor de mercado como fonte de bioenergia. A matéria-prima representa entre 60% e 70% do custo final do bioetanol e a busca de alternativas de baixo custo é fundamental. A existência de co-produtos e subprodutos, de valor alimentício, industrial ou energético, é importante, na medida em que pode conferir uma desejável flexibilidade na produção bioenergética, associando a disponibilidade de biocombustíveis a outras fontes de valor econômico.

Outro ponto absolutamente relevante para a adequada seleção de biomassas com potencial para produção de bioetanol é o balanço energético de cada uma delas, ou seja, a relação entre a energia produzida e a demanda de energia direta e indireta para produzir tal ener- gia, sendo mais interessantes os cultivos de alta produtividade e baixa demanda de insumos energéticos exógenos. Esse assunto será tratado no próximo tópico.

Desse modo, apesar das perspectivas interessantes de alguns cultivos não-convencionais para produção de bioetanol, é importante ter claro seu caráter inovador e a necessidade de es- tudos agronômicos mais densos para ter seu emprego recomendado de forma extensiva, em boa parte das alternativas. Não obstante a cautela necessária, à medida que avance o conhecimento sobre tais cultivos, a diversificação na oferta de matéria-prima para produ- ção de bioetanol poderá ocorrer em bases consistentes e sustentáveis, eventualmente em nichos particulares de alto interesse, contemplando, por exemplo, cultivos em solos salinos e com baixa exigência de água. Para qualquer cenário, deve ser reiterado que a produção de bioetanol não pode ser considerada substituta da produção agrícola atual, mas uma nova atividade, destinada a utilizar terras marginais em um processo de expansão e diversificação das práticas agrícolas.

3.5 Produtividade, emissões e balanços energéticos

Independentemente da biomassa utilizada para sua produção, o principal objetivo do uso do bioetanol como combustível é a substituição de derivados de petróleo, o que permite di- minuir a dependência por tais recursos fósseis e mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Contudo, a extensão em que um biocombustível pode substituir um combustível fóssil depende, essencialmente, da maneira pela qual ele é produzido. Como todas as tecnologias de produção envolvem (direta ou indiretamente) o uso de recursos fósseis, o benefício asso- ciado ao uso de um biocombustível depende da economia efetiva de energia não-renovável que ele proporciona quando comparado ao seu equivalente fóssil. Para o adequado cômputo

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