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169 de petróleo com 35 mil barris diários de capacidade de processamento, ou seja, uma magni-

No documento Livro bioetanol da cana de açucar (páginas 169-171)

Bioetanol de cana-de-açúcar no Brasil

169 de petróleo com 35 mil barris diários de capacidade de processamento, ou seja, uma magni-

tude bem inferior à observada na atual indústria petrolífera.

Nas páginas finais deste trabalho, encontram-se anexos com séries históricas de dados para a pro- dução de bioetanol (anidro e hidratado), produção e área colhida de cana (inclusive para os principais estados produtores) e preços pagos aos produtores de bioetanol.

6.3 Pesquisa e desenvolvimento tecnológico

Na expansão da produção de bioetanol pelas usinas brasileiras, apresentada no tópico an- terior, a incorporação de processos inovadores e o desenvolvimento tecnológico cumpriram um papel essencial, com incremento da eficiência na produção e progressiva redução dos impactos ambientais. Do mesmo modo, as novas possibilidades de produção bioenergética com base na cana, com o emprego de subprodutos lignocelulósicos na produção de bioetanol e eletricidade, dependem sobremaneira de processos ainda em fase de desenvolvimento. Nesse sentido, foi e é importante a existência de instituições públicas, federais e estaduais, bem como empresas privadas voltadas para a agregação de conhecimento à cadeia pro- dutiva do bioetanol de cana-de-açúcar, em particular na etapa agrícola, envolvendo me- lhoramento genético, mecanização agrícola, gerenciamento, controle biológico de pragas, reciclagem de efluentes e práticas agrícolas conservacionistas de maior desempenho [CGEE (2005)]. Essas instituições estão localizadas, em sua maioria, no Estado de São Paulo, onde também é produzida e processada a maior parte da cana-de-açúcar no Brasil e onde se si- tua o mais expressivo parque universitário brasileiro, responsável por cerca de metade dos trabalhos científicos anualmente produzidos no país. Dá-se assim, no mesmo espaço, uma interessante sinergia entre necessidades de suporte tecnológico e as disponibilidades de recursos humanos capacitados para seu enfrentamento, na qual o governo estadual paulista e o setor privado atuam como os maiores promotores da geração e da introdução de inova- ções na agroindústria.

Como exemplos de institutos paulistas ativos em tecnologia de produção agroindustrial e uso de bioetanol de cana-de-açúcar, mantidos pelo governo estadual, podem ser citados os seguintes: Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), Instituto Biológico, além das três universidades estaduais – a Universi- dade de São Paulo (USP), onde se localiza a Escola de Agronomia Luiz de Queiroz (ESALQ), tradicionalmente ativa em tecnologia canavieira, a Universidade Estadual de Campinas (Uni- camp) e a Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp), com vários cursos e grupos de pesquisas voltados para a bioenergia da cana-de-açúcar.

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A mais antiga dessas instituições, o Instituto Agronômico de Campinas, com estações expe- rimentais nas regiões do estado, começou a atuar em cana ainda em 1892. Em tempos mais recentes, revigorando sua presença nessa cultura e em associação com empresas privadas, com quem divide um custo anual de R$ 2 milhões, o IAC desenvolve desde 1994 um ativo programa de melhoramento genético de variedades de cana, o ProCana, que lança perio- dicamente novas variedades e introduz novos métodos de manejo dos canaviais [Landell (2003)]. Esse programa introduziu com bons resultados práticas inovadoras e eficientes na gestão de suas atividades, que apresentam um impacto econômico 13 vezes superior aos investimentos [Hasegawa e Furtado (2006)].

No setor privado, destaca-se o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), criado em 1970 como Centro de Tecnologia Copersucar e, a partir de 2005, desmembrado dessa cooperativa de produtores de açúcar e bioetanol, passando a constituir uma associação civil de direito pri- vado, sem fins lucrativos. O CTC conta atualmente com 174 usinas e associações de forne- cedores de canas como seus associados, responsáveis por 60% da cana produzida no Brasil, que lhe tem permitido executar um orçamento anual de R$ 45 milhões, com um corpo de mais de 300 pesquisadores [Furtado et al. (2008)]. Embora atualmente tenham mais visibili- dade seus trabalhos na área agrícola, com mais de 70 variedades de cana lançadas (canas SP e CTC), cultivadas em mais de 50% da área em cana no país, o CTC atua em toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, em temas como administração rural, melhoramento de varie- dades, fitossanidade, sistemas de plantio e colheita, processos de extração e fermentação e sistemas de energia para as usinas de açúcar e bioetanol, tendo sido a principal base de ino- vações para as usinas paulistas e importante suporte técnico em temas agrícolas e industriais. No âmbito da biotecnologia da cana, o CTC desenvolve pesquisas desde 1990. Pioneiro no Brasil na criação de variedades transgênicas de cana-de-açúcar, em 1997, liderou a consti- tuição do Consórcio Internacional de Biotecnologia de Cana-de-açúcar (ICSB), entidade que hoje congrega 17 instituições de 12 países produtores de cana. Recentemente, foram instala- das unidades de pesquisa do CTC em Pernambuco e Alagoas, dedicadas ao desenvolvimento de variedades para esses contextos [CTC (2008)]. Em síntese, o CTC foi o líder na introdução de inovações na agroindústria sucroalcooleira e o maior responsável pelo notável ganho de eficiência na produção de bioetanol observado nas últimas décadas.

No quadro das instituições estaduais, cabe ressaltar a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que tem cumprido um papel muito importante no fomento às atividades de pesquisa e desenvolvimento no âmbito da agroindústria canavieira, com um volume expressivo de recursos aplicados em mais de uma centena de estudos e pesquisas envolvendo a comunidade acadêmica e as empresas do setor, em temas básicos e aplicados [Fapesp (2007)]. Como exemplo de recentes iniciativas da Fapesp com empresas privadas, que aportam metade dos recursos disponibilizados para o desenvolvimento de estudos pela comunidade científica, os convênios firmados com a Dedini Indústrias de Base e Braskem prevêem, respectivamente, R$ 100 milhões para projetos de pesquisa voltados para tecno- logias de fabricação de bioetanol e R$ 50 milhões para áreas de processos de síntese com base em matérias-primas renováveis, derivadas de açúcares, bioetanol e outros produtos da

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