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3.1 Caracterização da pesquisa

O estudo desta tese de doutorado é classificado como aplicado, descritivo, qualitativo, quantitativo e interpretativo, além de constituir-se como uma pesquisa documental. A sua operacionalização se deu através do estudo de caso, em razão dos objetivos do estudo que buscaram entender o processo de mudança e de adaptação estratégica de uma cooperativa agropecuária. A técnica para coleta dos dados foi através de entrevistas semiestruturadas, com base em formulário previamente construído.

Esta pesquisa se classifica como descritiva pois, segundo Gil (2002, p. 42), este tipo de pesquisa tem como objetivo

[...] primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis [...] uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário, o formulário e observações sistemáticas.

Ainda segundo Oliveira (2000, p. 128),

[...] a pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito do seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há a interferência do investigador, que apenas procura descobrir, com o necessário cuidado, a frequência com que o fenômeno acontece.

O estudo envolveu uma pesquisa qualitativa, pois segundo Maanen (1979, p. 520), [...]a pesquisa qualitativa compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicadores e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação.

O caráter qualitativo do estudo se deve ao fato de o mesmo ser descritivo, interpretativo e contextualizado na história da cooperativa, atribuindo ênfase aos diferentes estilos de gestão adotados durante o período estudado.

Vieira (2004, p.17) ressalta

[...] as análises qualitativas como sendo caracterizadas por serem essencialmente descritivas, utilizando, com freqüência, transcrições de

entrevistas e de depoimentos, e citações que permitam corroborar os resultados e oferecer alguns pontos de vista.

Na opinião de Oliveira (1997, p. 155), “O Método Quantitativo é bastante usado no desenvolvimento de pesquisas nos campos social, de opinião, de comunicação, mercadológico, administrativo e econômico, representando de forma geral a garantia de precisão dos resultados, evitando enganos e distorções na interpretação dos dados”.

O estudo de caso é útil para investigar sobre um determinado objetivo, com destaque para as seguintes características essenciais de um estudo qualitativo: descrição, particularidade, indução e heurística.

Yin (2015, p. 2) destaca as seguintes contribuições do estudo de caso:

•Como método de pesquisa o estudo de caso é usado em muitas

situações, para contribuir ao nosso conhecimento dos fenômenos

individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e

relacionamentos;

•Pode ajudar para o entendimento de fenômenos sociais complexos;

•A realização da pesquisa do estudo de caso permanece um dos

empreendimentos mais desafiadores das ciências sociais;

•Um estudo de caso permite que os investigadores foquem um “caso”

e retenham uma perspectiva holística do mundo real, como no estudo de ciclos individuais da vida, o comportamento dos pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, a mudança de vizinhança, o desempenho escolar;

•Constitui-se em uma maneira adequada a ser utilizada quando

questões do tipo “como” e “por quê”

Para assegurar a condição de cientificidade do Estudo de Caso, Pereira et al. (2009, p. 422) afirmam que “... é fundamental considerar vários aspectos que podem constituir pontos frágeis. Merecem particular atenção: a seleção dos casos, a coleta e o registro de dados, sua análise e a interpretação, bem como o planejamento e o preparo do pesquisador”.

Deve-se, segundo André (2008, p. 62), ter cuidados com relação à generalização dos estudos de caso, pois

[...] considera que os estudos de caso podem fornecer experiência vicária e se tornam assim uma fonte de generalização naturalística que ocorre no âmbito do leitor que, com base nas descrições feitas pelo autor do estudo e na sua própria experiência, fará associações e relações com outros casos, generalizando seus conhecimentos.

O estudo de caso é um método de muita utilidade para compreender fenômenos que ocorrem na sociedade, contudo devem-se ter cuidados especiais para assegurar a sua

condição de cientificidade e frear o desejo de querer fazer generalizações tanto por parte dos autores quanto dos leitores.

A entrevista na pesquisa qualitativa, segundo Minayo (2010, p. 261), “... é acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador, destinada a contribuir com informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e abordagem, pelo entrevistador, de temas igualmente pertinentes tendo em vista este objetivo”.

Nesta pesquisa foi utilizada a técnica de entrevistas semiestruturadas. As temáticas do formulário (ver Apêndice A) são parcialmente estruturadas pelo pesquisador antes de ir a campo, apresentando grande flexibilidade, pois permite aprofundar elementos que podem ir surgindo durante a entrevista.

A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais usada no âmbito das Ciências Sociais. É citada como o método fundamental de investigação nos mais diversos campos e pode-se afirmar que parte importante do desenvolvimento das Ciências Sociais nas últimas décadas foi obtida graças à sua aplicação.

Segundo Gil (2002, p. 212), “... formulário é o contato face a face entre pesquisador e informante, sendo o roteiro de perguntas preenchido pelo pesquisador no momento da entrevista”.

O desenvolvimento da pesquisa adotou a análise horizontal com cortes transversais, tendocomo referências a análise da mudança em termos do seu conteúdo (o que mudou), do contexto (porque mudou) e do processo (como mudou), com base na análise longitudinal com cortes transversais.

Para a coleta e análise dos dados na presente pesquisa foram utilizados os procedimentos propostos pela direct research, concebida por Mintzberg (1978) e Mintzberg e McHugh (1985). A direct research constitui-se, segundo Sausen (2003, p. 62),

[...] em um tipo de pesquisa qualitativa baseada na descrição e indução ao invés de prescrição e dedução implícita e explícita. É caracterizada por uma forma simples e direta de investigação, na qual o pesquisador observa situações e traça o fluxo de decisões de uma organização. Significa avaliar em termos organizacionais reais como as ações e decisões acontecem nas organizações. Este tipo de pesquisa, pela sua natureza, exige do pesquisador um trabalho de abstrair do particular

para o geral, para compreender os dados observados no trabalho de campo.

Neste sentido, Mintzberg (1978) aponta dois passos essenciais na pesquisa indutiva. O primeiro se refere ao trabalho de detetive, com uso de modelos já construídos, visando investigar fenômenos, dando-lhe uma ordem e um sentido de consistência. O segundo passo na indução é o salto criativo em direções relevantes, procurando descrever alguma coisa nova.

A direct research, que utiliza um modo longitudinal de análise, isto é, adotando a evolução da organização ao longo de um determinado período histórico, segue as seguintes etapas (MINTZBERG, 1978; MINTZBERG; MCHUNHG, 1985), após a escolha da organização:

a) Definição do período histórico da realização do Estudo; b) Coleta de dados;

c) Definição dos períodos estratégicos que integram o período histórico; d) Definição dos eventos críticos de cada período estratégico tendo em vista

variáveis relevantes do objeto do estudo, considerando o “que”, “por que” e “como” ocorreram, no contexto interno e externo;

e) Análise teórica dos resultados à luz dos referenciais teóricos;

f) Conclusões e observações finais, evidenciando o atendimento dos objetivos da pesquisa, as suas limitações e a proposição de novos estudos. 3.2 Desenho da pesquisa

O desenho da pesquisa explicita o quadro das abordagens teóricas da pesquisa e a sequência das fases que são desenvolvidas na operacionalização do estudo.

Para Yin (2001, p. 29),

[...] o design da pesquisa é a seqüência lógica que conecta os dados empíricos com as questões de pesquisa iniciais, e finalmente, com suas conclusões. Em outras palavras, é um plano de ação para ir daqui para ali, onde aqui pode ser definido como o conjunto inicial das perguntas e serem respondidas e o ali o conjunto de conclusões (respostas) a respeito daquelas questões.

Ainda, segundo Yin (1990), os principais componentes do design de uma pesquisa são as questões de estudo, suas proposições/objetivos, suas unidades de análise, o elo lógico entre os dados e as proposições e o critério para interpretar as descobertas.

A Figura 6 apresenta as abordagens teóricas que sustentaram esta investigação: Figura 6 – Abordagens Teóricas do Estudo

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

A Figura 6 aponta, de forma integrada, as diversas áreas que fundamentam os referenciais técnicos do estudo.

Tendo como referência os referenciais teóricos a pesquisa é desenvolvida com base no seguinte desenho:

1ª) Contatos diretos com os dirigentes da cooperativa e visitas à sua página eletrônica, visando coletar informações preliminares sobre a organização;

2ª) Elaboração do formulário e sua aplicação junto aos sujeitos da pesquisa relacionados neste projeto de tese, com acompanhamento individualizado do autor desta pesquisa; 3ª) Realização da pesquisa documental e bibliográfica, interagindo com as informações coletadas no processo de concretização das entrevistas;

4ª) Identificação das Boas Práticas de Governança aprovadas pelo Sistema OCB; 5ª) Elaboração do questionário utilizado para levantamento de informações sobre boas práticas efetivamente adotadas pela cooperativa e sua aplicação aos sujeitos da pesquisa pelo autor da pesquisa;

6ª) Definição dos períodos estratégicos da cooperativa dos anos previstos para a realização do estudo;

7ª) Identificação dos incidentes considerados eventos críticos de cada período estratégico que caracterizam as diferentes fases de mudanças que ocorrem através da adaptação estratégica da cooperativa;

8ª) Identificação e descrição dos mecanismos e práticas adotadas pela cooperativa visando a erradicar as causas dos eventos críticos;

Teoria institucional

Cooperativismo

Teoria da Firma

Adaptação Estratégica

9ª) Análise interpretativa, à luz dos referencias teóricos da pesquisa e das Práticas de Governança Cooperativa, dos períodos estratégicos e dos eventos críticos acima mencionados, identificando os mecanismos e as boas práticas de governança institucionalizados pela cooperativa;

10ª) Avaliação da pertinência dos mecanismos e práticas utilizados pela cooperativa à luz do equilíbrio entre as dimensões econômica e social;

11ª) Caracterização do perfil da cooperativa tendo como referência as boas práticas de governança espelhadas em cada um dos cinco princípios de governança cooperativa; 12ª) Considerações finais;

3.3 Operacionalização da Pesquisa

A pesquisa se constitui de cinco partes: a primeira parte consiste na definição do tema, problema, objetivos e justificativa da pesquisa; na segunda parte, são apresentados estudos do campo científico visando a construir a fundamentação teórica, com destaque para a descrição dos modelos de governança cooperativa; a terceira parte trata da metodologia utilizada e do levantamento dos dados junto à cooperativa, quando serão coletadas as informações da Cooperativa Cosuel; na quarta parte, será feita a análise das informações coletadas junto à cooperativa à luz da fundamentação teórica da pesquisa; na 5ª, será feita a redação final da tese.

3.4 Coleta e sistematização dos dados

Nesta parte serão abordados, num primeiro momento, aspectos relacionados com