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Metodologia do dispositivo de Validation des Acquis Professionnells

PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO DA INVESTIGAÇÃO

3. OS DISPOSITIVOS DE RECONHECIMENTO E VALIDAÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM

3.1.4. Duração, Metodologia, Processos do Balanço de Competências

3.2.1.2. Metodologia do dispositivo de Validation des Acquis Professionnells

pessoa que exerceu durante 5 anos uma actividade profissional em relação com o objecto do seu pedido, pode solicitar a validação das aprendizagens/experiência profissional que podem ser considerados para justificar uma parte dos conhecimentos e das atitudes exigidas para a obtenção de um diploma do ensino […]”. Esta determina que a validação produz os mesmos efeitos que aprovação nos exames a que o candidato foi dispensado, tendo assim diploma o mesmo valor que aquele que obteve pela via tradicional.

3.2.1. VALIDATION DES ACQUIS PROFESSIONNELS NO ENSINO SUPERIOR

3.2.1.1. Enquadramento legal

No âmbito do Ensino Superior existem quatro textos legais que organizam e estruturam a validação dos adquiridos: decreto de 23 de Agosto de 1985, a lei de 20 de Julho de 1992, o decreto de 27 de Março 1993 e a portaria de 27 de Março de 1993 (Feurtrie, 1997). No entanto, e ainda, segundo este autor, importa salientar que o que torna especifico o Ensino Superior é o facto do decreto de 1985 e de 1993 reenviarem- nos para duas orientações diferentes, mas complementares, respeitantes à validação dos adquiridos.

3.2.1.2.Metodologia do dispositivo de Validation des Acquis Professionnells

No Ensino Superior, os estabelecimentos possuem autonomia própria, não existindo um modelo único de aplicação dos textos legais do dispositivo VAP. No entanto, em 1994, o Ministério propôs uma estratégia de validação ao nível do ensino superior que compreende quatro etapas (Feurtrie, 1997, p.25):

A etapa 1 - fase de entrevista, a qual tem como objectivo examinar o pedido e as possibilidades de validação, apresentar a estratégia ao candidato e finalizar o

pedido de validação. Esta etapa é da responsabilidade de um conselheiro especialista.

A etapa 2 - fase de constituição do dossier para perspectivar as funções, as missões e responsabilidades e competências desenvolvidas pelo candidato com os conteúdos de formação, e a identificação dos pedidos de dispensa; esta fase é realizada com o respectivo conselheiro especialista, assistido (eventualmente) por professores dos domínios de formação em questão;

Estas duas fases poderão ser interactivas .

A etapa 3 - fase de instrução do dossier em que o júri aprecia a candidatura apresentada pelo candidato, nomeadamente os documentos produzidos e analisa-os em relação aos objectivos e conteúdos das unidades de valor do diploma solicitado pelo mesmo. É ainda nesta fase que o júri poderá, eventualmente, solicitar um encontro com candidato com vista a ter acesso a outros elementos complementares, considerados pertinentes e necessários para emissão das respectivas unidades a que será dispensado.

A etapa 4 - fase de tomada de decisão na qual o júri determina quais são os conhecimentos considerados adquiridos pelo candidato e transmite a sua decisão mediante sua apreciação ao responsável do estabelecimento, o qual por sua vez, informa o júri e o candidato competente para se proceder à entrega do diploma (Feurtrie, 1997, p.25).

Um estudo recente levado a cabo pelo Ministério e realizado pela Universidade da Ciências e Tecnologias de Lille, demonstrou que é possível identificar nas Universidades Francesas, três modelos de validação dos adquiridos profissionais (Feurtrie, 1997, p.27):

o modelo da organização centralizada; modelo de uma organização deslocalizada ou centralizada e o modelo de uma organização administrativa.

1. O modelo da organização centralizada caracteriza-se pela criação de uma comissão central ou de um único júri, adoptando-se um procedimento global aplicável a toda a universidade em que existe numa estrutura ou departamento que é responsável pelo dispositivo de validação. A condução do dispositivo é atribuída ao responsável da formação contínua. Este serviço é o motor do processo, desde acolhimento do candidato até à sua inserção na formação, bem como o seu acompanhamento na instituição. Este modelo de validação assenta-se numa lógica de formação permanente, favorecendo o retorno à universidade dos adultos activos, valorizando o seu percurso pessoal, e encurtando o seu percurso académico.

2. O modelo de uma organização deslocalizada baseia-se na decisão isolada dos professores relativamente à dispensa dos módulos ou unidades de valor, na decisão dos responsáveis de diploma em relação à política das dispensas. Cada departamento define as suas próprias regras de funcionamento, não promovendo neste modelo um fluxo de informação para o nível central. As práticas de validação inscrevem-se no prolongamento das equivalências das admissões para a formação inicial. Apoiam-se em comissões específicas para cada Unidade de Formação da Universidade, que acompanham o dossier do candidato desde o pedido até sua inserção na formação. Os dossiers são constituídos de forma diversificada, não existindo homogeneidade ao nível de critérios de validação (depende das áreas e dos decisores em cada uma delas). Feurtrie (1997) refere que na generalidade não existe um acompanhamento, nem um sistema de apoio ao candidato. São os professores que acompanham os candidatos ao longo do processo no qual não há intervenção do conselheiro. Este modelo, baseado na acção dos professores, possui duas lógicas não convergentes – os professores actores a nível individual, e actores a nível do

campo das suas componentes, que procuram uma certa independência de funcionamento como territórios distintos nas universidades.

3. O modelo de organização administrativa caracteriza-se a partir de uma gestão do processo feita pelos serviços que prestam apoio aos estudantes. Este serviço constitui o dossier e transmite-o às comissões das áreas em questão ou às comissões de validação, ou aos departamentos em causa. Este modelo, cujo motor são os serviços de escolaridade, envia para uma lógica de conformidade, em que administração da universidade tem a vontade mas não possui os meios necessários para aplicação do dispositivo.

3.2.1.3. Objecto de Validation des Acquis Professionnells

O decreto de 23 de Agosto de 1985 permite aceder a dois níveis diferentes de formação post-baccalaureat, para quem não possuir o diploma normalmente exigido ou fazer a candidatura a um curso controlado por via legislativa ou regulamentar, que possua um procedimento de selecção, sem ser titular do diploma de nível inferior. Torna- se possível a dispensa do candidato a determinados conteúdos do ensino, com base na sua aprendizagem/experiência profissional. Encontram-se consignados neste decreto todos os diplomas e títulos nacionais de estabelecimentos de ensino no âmbito do Ministério do Ensino Superior. Para aceder a este dispositivo é necessário ter-se interrompido os estudos pelos menos durante dois anos ou três anos, baseado numa reprovação, e possuir pelo menos 20 anos de idade.

O decreto-lei de 1993 permite a aquisição parcial de um diploma (unidades de valor, módulos, créditos), mas nunca o diploma completo, pois o limite é todas as unidades menos uma. O candidato deve ter exercido uma actividade profissional relacionada com o objecto de pedido, de forma contínua ou não, por um período mínimo de 5 anos (cf. Feurtrie, 1997).