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3.1 Campo de Estudo

O nosso campo de estudo é constituído por 16 atletas de 4 clubes diferentes do escalão Juniores A: o Académico de Viseu Futebol Clube, o Clube Desportivo de Tondela, o Grupo Desportivo de Oliveira de Frades e o Sport Clube Beira-Mar.

Participaram 4 atletas de cada clube e todos eles frequentam o Ensino Secundário. A idade dos nossos entrevistados varia entre os 17 e 18 anos.

A escolha destes clubes deve-se ao facto dos seus escalões de Juniores A participarem nos campeonatos nacionais, nomeadamente o Beira-Mar na 1ª Divisão do Nacional de Juniores A e o Académico de Viseu, o Oliveira de Frades e o Tondela na 2ª Divisão do Nacional de Juniores A.

Todos estes clubes são da região centro do país e pareceu-nos importante realizar um estudo envolvendo clubes desta região, uma vez que não encontrámos qualquer estudo que tivesse esse objetivo.

3.2 Instrumento de Pesquisa

3.2.1 Entrevista

O instrumento de pesquisa que utilizámos foi a entrevista.

Bourdieu (1999) indica que a escolha do método não deve ser rígida mas sim rigorosa. O pesquisador não necessita de seguir um método só com rigidez, mas qualquer método ou conjunto de métodos que forem utilizados devem ser aplicados com rigor. O objetivo do pesquisador é conseguir informações, ou coletar dados que não seriam possíveis somente através da pesquisa bibliográfica e da observação. Uma das formas que complementariam estas recolhas de dados seria a entrevista.

A entrevista é definida por Haguette (1997, p. 86) como um “processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”.

A entrevista de investigação é um diálogo, geralmente iniciado pelo entrevistador, com o propósito de obter informações relevantes para a investigação; deve focar os objetivos da investigação, sejam a descrição, a predição ou explicação sistemáticas. Esta pode ser individual ou em grupo (Fontana & Frey, 1994).

Em comparação com outros instrumentos de recolha de dados, como o questionário, permite uma maior profundidade, uma vez que, permite aceder e clarificar o pensamento dos

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sujeitos: conhecimento, informação, preferências, atitudes; especialmente adequada para sujeitos com pouca escolaridade (Cohen & Manion, 2002).

Existem três tipos de entrevistas: não-estruturada, semi-estruturada ou estruturada (Fontana & Frey, 1994).

3.2.2 Entrevista Semi-Estruturada

A entrevista semi-estruturada foi a técnica por nós escolhida porque pensamos que é aquela que se adequa ao nosso trabalho.

É um instrumento aberto em que apresenta maior flexibilidade e liberdade. Estas entrevistas são particularmente adequadas a estudos de natureza essencialmente qualitativo (Bogdan & Biklen, 1994).

Neste tipo de entrevista, o investigador estabelece antecipadamente um guião com questões abertas e flexíveis que submete ao entrevistado durante uma conversa que se pretende amigável e o mais possível informal (Quivy & Campenhoudt, 2003)

O conteúdo, a sequência e a redação das questões estão nas mãos do entrevistador, que deve adaptá-las ao entrevistado, ao contexto e ao decorrer do diálogo (Bogdan & Biklen, 1994).

Fontana e Frey (1994) mencionam que este tipo de entrevistas são adequadas para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos do mundo.

Bogdan e Biklen (1994) referem que apesar da sua abertura, implica uma planificação cuidada, de forma a ir de encontro aos objetivos da investigação. Deve-se evitar colocar questões que convidem a uma resposta fechada, tipo “sim” ou “não”. A questão “Era bom aluno na Escola Primária?” pode ser respondida com uma só palavra, mas a questão “Diga- me que tipo de aluno era quando andava na Escola Primária?” exige uma resposta mais minuciosa.

Pode-se recorrer a objetos, trabalhos, fotografias, etc, para desenvolver a entrevista (Bogdan & Biklen, 1994).

A partir da análise de algumas referências bibliográficas (Araújo, 1997; Araújo, 2009; Gluch, 1997; Gould et al., 2001; Janssen e Dale, 2002; Maia, 2010; Orlick, 2000; Pereira, 2001; Pereira, 2003; Pereira, 2011) e tendo em conta o objetivo do nosso estudo, foi construída a primeira versão do guião da entrevista.

Esta primeira versão foi submetida a um corpo de peritos. Depois de eles terem sugerido fazer algumas alterações, aplicámos a entrevista teste a um atleta do escalão de Juniores A do Académico de Viseu Futebol Clube.

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Após a análise da entrevista teste, entendemos que o guião estava concluído, surgindo assim o guião final da entrevista (Anexo I).

3.3 Procedimentos

Para a realização das entrevistas foram contactados por telemóvel e por e-mail os coordenadores da formação e os treinadores dos clubes onde lhes foi explicado o objetivo do nosso estudo.

O modo de seleção dos atletas foi efetuado pelos próprios treinadores em que como único critério, os atletas teriam que frequentar o Ensino Secundário.

As entrevistas foram realizadas em Junho, Julho e Setembro de 2013 nos locais de treino dos clubes e decorreram num ambiente agradável e de extrema cordialidade.

Estas conversas foram gravadas e transcritas de modo a permitir uma análise minuciosa e consistente das informações recolhidas.

3.4 Técnica da Análise de Dados

A técnica de tratamento da informação que utilizámos foi a "Análise de Conteúdo" (Bardin, 2008). Esta técnica consiste na análise sistemática de um texto e tem como objetivo identificar os temas mais repetidos e as associações mentais a que pretendem dar origem (Ferrarotti, 1986). Usada frequentemente em estudos assentes no método das "Histórias de Vida" (Poirier, Clapier-Valladon & Raybaut, 1995) e no quadro de uma metodologia qualitativa, procura destacar a presença ou ausência de índices prefixados ou a fixar no decurso da análise (Bardin, 2008). Ou seja, avaliar o tipo de caraterísticas expressas (Quvy & Campenhoudt, 2003), elementos e aspetos significativos (Mucchielli, 1978) nos textos a estudar.

Esta técnica apresenta uma dimensão descritiva, que visa dar conta do que é revelado nos dados obtidos e uma dimensão interpretativa que decorre das interrogações do investigador face ao objeto em estudo (Guerra, 2006).

Incide sobre mensagens tão variadas como: obras literárias, artigos de jornais, documentos oficiais, programas audiovisuais, atas de reuniões, entrevistas, etc (Quivy & Campenhoudt, 2003)

Tal como em qualquer outra técnica de investigação, para a utilização da Análise de Conteúdo é necessário que sejam definidos, previamente, os objetivos e os referentes teóricos que vão enquadrar a investigação. Sendo assim é fundamental que se proceda à categorização que é um processo que tem a ver com o agrupamento de dados de acordo com caraterísticas comuns (Bogdan & Birklen, 1994).

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Este tipo de atividade expressa de uma forma muito simples o processo que o investigador tem que desenvolver para organizar os dados disponíveis: à medida que vai lendo os dados, repetem-se ou destacam-se certas palavras, frases, padrões de comportamentos ou acontecimentos; deste modo, as categorias constituem um meio de classificar os dados obtidos contidos num determinado tópico, para que possa ser fisicamente separado dos outros dados (Bogdan & Birklen, 1994).

A categoria é geralmente composta por um termo chave que indica o significado central do conceito que se quer aprender e de outros indicadores que descrevem o campo semântico do conceito. Assim, a inclusão de um segmento do texto numa categoria pressupõe a deteção dos indicadores relativos a essa categoria (Vala, 1986).

A definição do sistema de categorias pode ser feita a priori ou a posterior, ou ainda através da combinação destes dois processos. A priori – são formuladas hipóteses e o investigador pretende verificá-las, tendo assim definido antecipadamente as categorias de análise. A posterior – as categorias não são definidas antecipadamente (Bardin, 2008).

A nossa opção no presente estudo foi pela elaboração de categorias a posterior. As categorias deverão apresentar as seguintes caraterísticas (Bardin, 2008): exaustivas - todo o conteúdo a classificar deve ser integralmente incluído nas categorias consideradas; exclusivas – cada elemento deve pertencer a uma e não a várias categorias; objetivas – as caraterísticas de cada categoria devem ser explicitadas e de forma bem clara, não apresentando ambiguidades; pertinentes - as categorias devem refletir os objetivos da investigação e as caraterísticas do conteúdo que está a ser classificado. Importa ainda referir que as categorias não devem ser numerosas, nem serem insuficientes e nem demasiado englobantes.

Depois de efetuado o trabalho de definição de categorias, é conveniente analisar a entrevista. Para tal são tomadas em consideração três tipos de unidades: Unidade de registo, de contexto e de numeração. No campo da análise das entrevistas as unidades de registo podem ser, por exemplo, as frases; as unidades de contexto correspondentes podem ser, por exemplo, os parágrafos. Quanto à unidade de numeração, esta será aritmética e servirá para contar o número de vezes que se repete a unidade de registo (Vala, 1986).

Para garantir o rigor e qualidade dos dados recolhidos e das conclusões da investigação, é necessário que esta possua duas caraterísticas fundamentais: a validade e a fidelidade (Tuckman, 2000).

A validade refere-se ao facto de que o investigador deve assegurar-se se mediu efetivamente o que pretendia medir. Pode ser definida como a adequação entre os objetivos e os fins, sem distorção dos factos (Carmo & Ferreira, 1998).

A fidelidade está ligada ao processo de codificação e refere-se à necessidade de garantir que diferentes codificadores cheguem a resultados idênticos (fidelidade

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intercodificadores), e que um mesmo codificador, ao longo do trabalho, aplique de forma igual os critérios de codificação (fidelidade intracodificadores) (Carmo & Ferreira, 1998).

De acordo com as normas metodológicas tivemos em atenção neste estudo o processo de fidelidade e validade.

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