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As metodologias autogestionárias estimulam a participação nas atividades de pesquisa-investigação e indagação na geração e sistematização do conhecimento Por

ECONOMIA SOLIDÁRIA

18. As metodologias autogestionárias estimulam a participação nas atividades de pesquisa-investigação e indagação na geração e sistematização do conhecimento Por

meio da pesquisa social e suas técnicas: pesquisa-ação, etnografia-reflexiva, observação participante, avaliação qualitativa, monitoramento, avaliação-participativa e estudos de caso.

19. A construção coletiva de conhecimento requer a produção social na valorização da mística de solidariedade e autogestão como símbolos, trocas e sinergia positiva em diferentes momentos do processo educativo. Portanto, no processo educativo, nunca se “erra”, nunca se “acerta”, mas aprendemos em comunhão.

20. Os processos avaliativos são fundamentos da metodologia de Economia Solidária. A avaliação contextualizada da prática desenvolvida deve possibilitar o aprendizado para os diversos segmentos da Economia Solidária. A avaliação crítica e autocrítica, não são técnicas, mas conteúdo formativo da prática dos atores e atrizes da Economia Solidária.

21. O processo formativo deve criar oportunidades para que os sujeitos da Economia Solidária possam interagir com outros grupos e movimentos sociais, que buscam a construção de uma sociedade justa.

22. Promover a prática da alternância nos processos de educação em Economia Solidária, ou seja, favorecer a participação de todos através de um cronograma mais flexível face à vida dos educandos/formandos. (Ibid., pp. 77-10.) [sic]

v) Público da ação formativa/educativa:

Trabalhadores/as associados/as; novos/as trabalhadores/as ainda não incluídos em grupos/ empreendimentos associativos de trabalho; representantes de instituições e/ou EAF; gestores públicos; movimentos sociais e sociedade em geral.

vi) Espaços de formação:

1. A diferenciação de lugar social de quem faz e fala como mediação dos processos de autoformação, tais como, assessorias, gestores públicos, lideranças, etc, através de oficinas, encontros, redes, feiras, movimentos sociais, fóruns, etc. não pode servir para distanciar os empreendimentos de menor poder de articulação, mas valorizá-los em seu empoderamento da Economia Solidária.

2. Os espaços físicos devem ser diferenciados considerando a metodologia proposta. Deve-se avaliar a adequação da arquitetura para dinâmicas mais igualitárias entre formador e formandos, que facilitem a troca e a participação autogestionada. Priorizar os espaços de trabalho e convívio dos trabalhadores e trabalhadoras nos processos de formação, como por exemplo o chão de fábrica. (Ibid. p. 10) [sic]

vii) Os tempos:

Os tempos estão relacionados aos objetivos e estratégias de formação, bem como ao repertório e a capacidade de apropriação e produção do conhecimento, considerando as condições e a realidade do empreendimento e da comunidade em que se insere a partir de um diagnóstico autogestionário e permitindo a construção e reconstrução dos caminhos metodológicos. (Ibid. pp. 10-11) [sic]

viii) Organização Curricular:

1. A aprendizagem (diagnóstico, planejamento, conteúdos, metodologias, avaliação e sistematização) deve ser construída coletivamente, considerando os diferentes saberes e práticas.

2. Intercâmbio entre empreendimentos como espaço de integração de saberes e práticas. 3. Os conteúdos da prática educativa em Economia Solidária devem valorizar as experiências e lutas dos trabalhadores/as autogestionários e das comunidades, bem como os conhecimentos acumulados considerando o micro e o macro, teoria e prática como elementos interativos na vida social e econômica dos educandos e educadores (Ibid. p. 11) [sic]

ix) Técnicas:

1. Utilização de diferentes técnicas de aprendizagem em várias linguagens – popular e técnico científica – diversos meios (músicas, dvd, vídeos, álbuns seriados, coletâneas, teatro), adequados à realidade de cada sujeito e comunidade;

2. As formações deverão ser realizadas de forma lúdica, prazerosa, utilizando dinâmicas, pesquisas, estudos em grupo, estudo de caso, incorporando as danças, músicas, técnicas de teatro, aula expositivas com utilização de materiais audiovisuais, psicodramas, mapa de risco, rodas de conversa etc;

3. Dinâmicas de interação, apresentação, socialização e outras; 4. Jogos interativos, cooperativos e de trocas. (Ibid.) [sic]

x) Mística da solidariedade e autogestão: “Nossa ciranda ou marca da campanha da Economia Solidária; troca de produtos, cuidados e saberes; fortalecimento da amizade; simbologia dos produtos – trabalho humano; símbolos e gestos humanos que universalizam sentidos de vida.” (Ibid.) [sic]

xi) Conteúdos:

É de salientar que o documento engloba uma larga lista de conteúdos considerados como prioritários na formação15 em Economia Solidária. A seguir, destacamos as linhas

gerais estabelecidas como prioridades e os pontos que julgamos necessários à investigação:

Os conteúdos devem partir e ter como referência a experiência prática e os saberes dos empreendimentos, considerando as diversidades regionais e culturais. Não se pode separar conteúdos de princípios, de metodologia, de sistematização de experiências similares e principalmente da fala e da vivência das pessoas.

Os conteúdos formam o sentido e ganham pertinência quando ancorados na realidade dos educandos e educadores, portanto, a relação dialógica entre sujeitos e culturas, o respeito à fala e a apropriação coletiva de saberes constituem a sistematização coletiva de produção de novos conhecimentos.

Os conteúdos abaixo são indicativos para formulação de cursos tendo por base a temporalidade, procurando oferecer pistas e chave de leitura para construção de uma concepção critica da realidade e produção de uma outra visão de mundo, em que a solidariedade seja resgatada como elemento humanizador e revolucionário da vida em sociedade.

História e perspectivas do trabalho emancipatório no horizonte da construção de outra sociedade:

• As formas sociais, os modos de produção e a luta dos povos, considerando os diversos sujeitos políticos (mulheres, negros, índios), e dos brasileiros em particular, pela superação de sua opressão, incluindo a história das formas organizativas alternativas de produção, como o Cooperativismo, o Socialismo e a Autogestão;

• História da Democracia, da constituição gradual dos direitos sociais e trabalhistas como direitos humanos e da construção de novos direitos;

• As mudanças de paradigmas, possibilitando o estudo crítico da economia capitalista e as condições de sua superação, para entender que as transformações não se dão apenas de um ponto de vista econômico, mas também político, social e cultural;

15 O termo “formação”, utilizado diversas vezes pelo movimento ES e pela autora neste trabalho, surge como sinónimo de educação, num sentido amplo.

• História da Economia Solidária e a Economia Solidária dentro da História;

• Divisão sexual do trabalho como instrumento para compreensão do trabalho produtivo e reprodutivo e como elemento fundante das desigualdades e discriminação das mulheres, bem como, das potencialidades do respeito às relações de gênero;

Processo de constituição do sujeito político. Questões identitárias (gênero, raça, geração e etnia).

• Resgate e valorização da história das comunidades e dos territórios, ressaltando a luta das mulheres, negros e indígenas e dos trabalhadores e trabalhadoras, todos por direitos humanos, econômicos, sociais e culturais.

• Identificação, sistematização e socialização dos saberes produzidos pelos sujeitos.

• Construção e reconhecimento da identidade individual e coletiva na Economia Solidária e na Autogestão.[...]

Autogestão dos Empreendimentos Econômicos Solidários.

As atividades econômicas solidárias buscam ser economicamente viáveis, sustentáveis e ao mesmo tempo emancipatórias, considerando as especificidades e os saberes construídos pelos empreendimentos em consonância com os princípios da Economia Solidária.

• Conceitos de gestão, co-gestão e autogestão. Heterogestão X Autogestão.

• O que é autogestão? Partindo das experiências históricas de autogestão e das praticas cotidianas dos trabalhadores/as, discutir e sistematizar os princípios, os processos e os instrumentos de tomada de decisão coletiva (assembléias, plenárias e reuniões de comissões temáticas/grupos de trabalho)

planejamento participativo, monitoramento e avaliação,

sistematização e registros, captação de recursos e elaboração e gestão de projetos. Editais, fundos e financiamento.

• Questões objetivas e subjetivas nas relações de trabalho como critério de união do grupo para o enfrentamento e superação dos conflitos (relações de poder, relações de gênero/geração/etnia, relações afetivas, divisão de ganhos, autoritarismo, desconfiança, distribuição de tarefas, divisão das tarefas domésticas, etc.).

• Controles contábeis e rotinas administrativas;

• Entendimento da cadeia dos produtos a que os participantes estão envolvidos; […] .(Ibid., pp. 12-14) [sic]

Ao observarmos este recorte inicial, estes começam por elucidar-nos acerca de uma visão de mundo do monumento ES que se pronuncia pela via da Economia Solidária. A educação, neste caso, aparece associada à solidariedade, sendo apontada como um fator de impulso para a transformação de uma cultura dominante, assente em práticas competitivas, para uma cultura de cooperação.

O papel da educação, portanto, está vinculado à possibilidade de impulso à necessária mudança de mentalidade/perspetiva, para construir uma nova proposta de economia. A solidariedade, por sua vez, afirma a dimensão ontológica (entendida pelo movimento ES como condição humana, constitutiva da vida social) deste projeto, em cujas práticas e conceções diversas se manifestam em diferentes espaços e tempos, físicos e subjetivos.

A educação, entretanto necessária a esta mudança, é valorizada a partir das experiências vividas por trabalhadores e trabalhadoras, a partir do exercício do trabalho que, por sua vez, é qualificado como trabalho “emancipado” (construído como contraponto às relações de subordinação ao capital, que está na base da economia capitalista

hegemónica) e “autogestionário”. Esta ideia está vinculada ao facto do próprio processo do trabalho, em que os/as trabalhadores/as estão envolvidos, ser fonte de conhecimentos e de novas práticas sociais transformadoras.

As alterações estruturais desejadas pelo movimento ES surgem como possibilidade pela via das práticas do trabalho emancipado, afirmando que, ao mesmo tempo, este gera conhecimentos, por conta das novas relações socioeconómicas geradas pelos/as trabalhadores/as com o produto do seu trabalho, que se manifesta de variadas formas: pela propriedade deste por parte de quem o produz, individual ou coletivamente; pela democratização dos recursos gerados entre todos/as, pelas relações entre os trabalhadores, entre outros aspetos.

Neste sentido, a autogestão é também apontada como um valor central, em torno do qual os trabalhadores se organizam e ressignificam o trabalho, numa perspetiva de “trabalho- criação”, em que mulheres e homens passam a ter controlo sobre o processo de produção, gestão, distribuição, troca e consumo, de forma ética, crítica e consciente.

Todavia, no nosso entendimento, para além dos elementos trabalho (emancipado) e autogestão salientados, um dos pontos altos do processo educativo anunciado é o espírito de investigação coletivo que se pretende estimular, partindo da própria práxis de autogestão dos trabalhadores e trabalhadoras, já que estimular a curiosidade, a indagação, a pergunta, passa a ser um motor para questionar a realidade em movimento. Este pressuposto é fundamental para que o quotidiano dos trabalhadores seja permeado pela dialética da ação-reflexão-ação, de maneira a que possa tornar-se uma dinâmica efetiva, integradora da realidade dos coletivos.

Para que tal aconteça, entretanto, a tarefa não é singela. É preciso que práticas pedagógicas apropriadas sejam inventadas ou adaptadas, em sintonia com a Educação Popular, de modo a atender às especificidades educativas dos diversos contextos. Além disso, é necessário que os coletivos reconheçam a sua importância e as transforme em práticas sociais e educativas efetivas.

Apesar dos desafios a ultrapassar, os processos educativos, orientados por pedagogias transformadoras, podem vir a possibilitar que a própria educação, para além do trabalho, seja igualmente objeto de autogestão pelos sujeitos trabalhadores, nos seus próprios

coletivos e noutros espaços de formação e partilha de experiências, o que, do nosso ponto de vista, pode significar a possibilidade de novas relações entre saber e poder .

Sendo assim, entendemos que é a partir destes pressupostos político-pedagógicos, que oferecem um norte à Educação Popular em Economia Solidária, que a Pedagogia da Autogestão começa, igualmente, a ganhar os seus contornos. E estes, surgem, exatamente, pela ressignificação do trabalho, que associa a prática da autogestão, pelos sujeitos (trabalhadores e trabalhadoras) do movimento ES, que não só denunciam as bases em que a economia capitalista trata o trabalho, como reivindicam e criam novas formas de lidar com o mesmo, para criar a “outra economia”.

Contudo, apesar de, enquanto investigadora e participante em movimentos sociais, defender e concordar com esta leitura do movimento ES, é verdade que, para compreender o significado que cada uma das “categorias” que emergem do seu repertório (trabalho emancipado; trabalho autogestionário; trabalho criação; autogestão) na prática dos EES, é necessário conhecer como se dá este processo educativo “por dentro”; como os/ trabalhadores/as vivenciam os mesmos; as suas dificuldades e conquistas, avanços e recuos, limitações e oportunidades criadas que, naturalmente, um conjunto de pressupostos não revela.

Mas aquilo que já conseguimos visualizar até este ponto é que existe uma estratégia originada pela via de uma construção coletiva, que parte dos trabalhadores e trabalhadoras do movimento ES, o que indicia uma capacidade dialógica e crítica, que aponta uma identidade em termos de projeto político-pedagógico para a Economia Solidária, com a marca da Educação Popular.

Por isso mesmo, a continuidade do processo de debate do movimento ES que mostramos a seguir, oferece-nos mais pistas para conhecer o terreno em que se dá Pedagogia da Autogestão.

2.3- A validação coletiva da Educação Popular em Economia Solidária: contribuições da IV Plenária nacional

Finalmente, após longo período de preparação, iniciado no segundo semestre de 2006, é realizada a IV Plenária Nacional de Economia Solidária16, em 2008. Nascimento (2010, p.

16 O evento decorreu entre entre 26 e 30 de março de 2008. Segundo a ata divulgada pelo FBES (2008, p. 86) esta resulta de uma extensa mobilização, com a realização de debates em reuniões dos Fóruns

3) ressalta a importância desta IV Plenária Nacional no que se refere ao eixo educação/formação, na qual surgem três “bandeiras” principais: a primeira, considerada “estruturante” e, portanto, central: realizar ações de formação junto aos/às trabalhadores/as da economia solidaria, sendo que duas outras complementam a primeira: articular e fomentar a rede de educadores em Economia Solidária e pelo financiamento público a pesquisas e tecnologias para a melhoria da produção e outras temáticas da economia solidaria.

Enquanto espaço que inclui deliberações do movimento no âmbito nacional, a IV Plenária assinala decisões importantes quanto ao amadurecimento dos seus militantes/ativistas relacionados à tipologia de Educação Popular em Economia Solidária a ser desenvolvida. Sendo assim, extraímos alguns fragmentos reveladores da ata publicada pelo FBES (2008, destaques nossos):

i) Orientações

Queremos uma formação contextualizada, emancipatória e engajada. Que parta das práticas e considere as diversidades de gênero, etnia, raça e geração e promova os direitos humanos. Que tenha um olhar crítico da sociedade e promova transformações nos sujeitos e na realidade, rompendo com as desigualdades, incentivando a participação política e social, e promovendo a difusão de conceitos e terminologias coerentes com os princípios da Economia Solidária.

A formação em Economia Solidária deve fazer parte da educação permanente de todos os sujeitos sociais engajados no movimento desta outra economia.

A formação em Economia Solidária deve estar baseada na concepção da Educação Popular como processo de construção de conhecimento, promovendo a formação continuada dos/as educadores/as, baseada em pedagogias e metodologias emancipatórias voltadas para a autogestão, conforme tematizado na 2º Oficina Nacional de Formação em Economia Solidária. Os processos formativos devem contemplar, valorizar e promover o uso dos recursos da cultura e saberes populares locais, além de trabalhar as diversidades de linguagens e a transversalidade de temas, garantindo que os/as próprios/as trabalhadores/as possam ser também formadores/as, e fazendo a articulação dos conhecimentos científicos e empíricos. As metodologias desenvolvidas devem propiciar vivências que dialoguem com a realidade e linguagens dos grupos produtivos de forma que as pessoas possam associar os exercícios e conceitos ao seu dia-a-dia. A formação deve contemplar todos os segmentos da Economia Solidária.

As práticas formativas em Economia Solidária devem estar articuladas em nível local, regional, territorial e nacional, promovendo o acesso a novas tecnologias com vistas a favorecer o

Estaduais e, no início de 2007 (janeiro e fevereiro), com a realização de Encontros Regionais nas 5 macro-regiões do país, chamados de Encontros Regionais de Reestruturação, cuja fase intitula-se “FBES: Por um novo modelo de organização da Economia Solidária”. Após à realização destes encontros regionais, ocorre a segunda fase que consiste na sistematização dos resultados e no lançamento da IV Plenária durante a VII Reunião da Coordenação Nacional do FBES, em maio de 2007. Nesta reunião delibera-se sobre os conteúdos a serem objeto de debates e deliberações na IV Plenária: i) os eixos prioritários : formação, finanças solidárias, marco legal e produção, comercialização e consumo solidários; ii) eixo agregador: projeto de desenvolvimento; iii) questões conceptuais e de alianças estratégicas do FBES, iv) outras questões.

aprimoramento dos sistemas produtivos, baseados nos princípios do conhecimento livre e da democratização da informação. [...]

[…] A formação técnica deve promover autonomia e emancipação do/a trabalhador/a com vista a superar o trabalho alienado e a divisão sexual do trabalho, fortalecendo cada vez mais suas identidades e incluindo o aumento da escolarização dos/as trabalhadores/as em todos os níveis.

Os processos formativos devem incluir também a sistematização das experiências como uma ferramenta importante na socialização dos conhecimentos produzidos.

As dimensões de gênero, raça e etnia, como estruturantes das desigualdades sociais, culturais, econômicas e políticas, devem ser incorporadas em todos os processos de formação da Economia Solidária. (Ibid., p. 21)

ii) Detalhamento das bandeiras:

A formação em economia solidaria deve ter como prioridade a formação para os trabalhadores de empreendimentos e ser pensada numa linguagem popular, baseada na sua realidade social, sócio-política e econômica, levando em consideração os diferentes processos de aprendizagem e limitações, e devem ocorrer a partir da articulação de redes e cadeias.

Os documentos produzidos nas oficinas de formação realizadas em 2005 e 2007 devem ser considerados como referência.

Ações:

[…] Adotar metodologias adequadas às realidades locais dentro das diferentes redes e cadeias;

Construir um plano político de formação junto aos trabalhadores/as de Economia Solidária com metodologia de Educação Popular em vista da transformação, social, política, cultural, ambiental e econômica;

Promover a troca de experiências e saberes como proposta pedagógica;

Desenvolver processos formativos levando em consideração a Pedagogia da Autogestão; Resgatar e valorizar o conhecimento acumulado em Economia Solidária pelos/as seus/suas diferentes atores e atrizes;

Desenvolver metodologias adequadas para os processo de viabilidade econômica, gestão e qualificação profissional;

Desenvolver metodologias que saibam trabalhar e problematizar a realidade do trabalho, consciência do mundo, de classe e de transformação da realidade;

Contribuir para que o/a trabalhador/a de Economia Solidária se entenda como um/a educador/a consciente de seu papel na sociedade e agente contínuo de transformação; [...]

Desenvolver processos de formação que estimulem a auto organização e emancipação das mulheres;

Desenvolver metodologias emancipatórias que assegurem a superação das desigualdades de gênero, orientação sexual, raça e classe. (Ibid., p. 22)

2.4- Os CFES – como espaços de potencialização da rede de educadores/formadores da Economia Solidária

A IV Plenária também dá conta das primeiras iniciativas para a implementação dos Centros de Formação em Economia Solidária – CFES, cujo edital é divulgado pela SENAES/MTE em setembro de 2007, para a seleção das instituições responsáveis pelo projeto.

Sobre a rede de formadores (que, assim como o próprio movimento ES, tratamos como sinónimo de rede de educadores), criada em 2007 e em fase de constituição, é referida a necessidade de definir uma estratégia própria do movimento, sem necessariamente esperar pela implementação de políticas públicas nesta área, apesar de não abandonar o permanente diálogo com as que possam existir.

Desta forma, a partir das indicações obtidas durante a IV Plenária Nacional, o movimento ES entende que estão dadas as condições para avançar no processo de organização desta rede para todos os estados do Brasil. Espera-se, com isto que, uma vez fortalecida e consolidada, possa ter maior poder de influência na construção dos CFES. Neste sentido, a rede de educadores é “a grande estratégia do movimento para troca de saberes, materiais didáticos, metodologias, entre outros e entre os seus membros que trabalham ou participam de formações.” (Ibid., p. 23).

Neste sentido, o processo de elaboração das propostas para os CFES regionais (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), bem como do CFES nacional reflete, segundo o FBES (Ibid.), a confluência das ações de formação/educação em Economia Solidária, em que aproximadamente cem entidades estaduais dialogam para encaminhar propostas regionais conjuntas, bem como entidades nacionais constroem conjuntamente o projeto para o CFES nacional.

No ano seguinte, em 2009, é consolidada a proposta de Política Nacional de Formação em Economia Solidária pelo Comitê Temático de Formação e Assistência Técnica (CTFAT)17, sendo criado o “Termo de Referência sobre Formação em Economia

17 O CTFAT é instituído pelo CNES através da Resolução nº 1, de 07 de Dezembro de 2006/GM, cuja