• Nenhum resultado encontrado

Meu avô percebeu que, se tivesse um veículo com

maior capacidade, poderia

transportar um número

maior de pessoas. Acredito

que essas viagens o tenham

inspirado a se aventurar

no ramo de transporte de

passageiros.

135 134

Família Felício rÁpido d’OESTE

Ônibus da Rápido D’Oeste que opera no setor rodoviário.

Eu sempre confiei nele. Uma vez, em 2004, visitando a obra da nova garagem da Vila Galvão, na Via Dutra, nós subimos de elevador para ver a obra do alto da caixa d’água e o Joãozinho, cola- borador que sempre acompanhava o meu marido nessas construções, lá de cima falou: “o doutor enxerga atrás da montanha”.

Em relação a empresa de Ribeirão Preto, ele perguntou o que eu achava. Eu disse a ele: “você não vai dar um passo maior que a perna, vá até lá ao menos para ver”. José Roberto era um homem muito precavido. Podia pedir dinheiro para o pai, mas nunca pediu, era muito honesto, muito correto. Ele então decidiu ir até Ribeirão, mas antes ligou para dois amigos que gostavam muito dele, o João Saad e senhor Raul Saddi, e disse que ia ver uma empresa e que talvez precisasse de ajuda, ambos concordaram que o ajudariam caso ele precisas- se. Com o apoio desses amigos ele tinha segurança para fazer negócio caso assim o decidisse. Ele foi e ficou três dias trancado na empresa de Ribeirão Preto, com os corretores, amigos nossos que insistiram para que ele fosse ver a empresa, e os donos da empresa. Durante esses três dias ele estudou, analisou a situação da empresa e acabou fechando negócio sem precisar da ajuda financeira dos amigos. Era uma empresa fundada em 1940 para transporte rodoviário intermunicipal e interestadual, que em 2020 comple- tará 80 anos de atividades, a Viação Rápido D´Oeste.

JOSÉ ROBERTO Foram muitos anos para o meu pai reestruturar a empresa de

Ribeirão, e deu muito trabalho para atingir o patamar de uma empresa saudável. Depois de alguns anos a situação estava estabilizada e ele tinha muita vontade de voltar para São Paulo, ele entendia que São Paulo, ca- pital, era o lugar onde as coisas aconteciam, as informações, as novidades, os negócios e, como nessa fase ele continuava cuidando da Transdutra, ele e minha mãe, mesmo morando em Ribeirão, mas vinham toda semana

para acompanhar a empresa, vinham sempre na quarta e voltavam na sexta. Pegavam a Rodovia Dom Pedro e seguiam direto para Arujá. A compra de uma empresa em São Paulo foi idealizada pelo meu pai. Ele queria uma empresa que atuasse na região metropolitana de São Paulo.

Um marco muito importante, um divisor de águas na vida em- presarial do meu pai foi a compra da Rápido D’Oeste, de Ribeirão Preto, hoje sob a responsabilidade do meu irmão Roque Felício Netto. De todas as nossas empresas, a que tem maior predominância no setor rodoviário, dentro do estado de São Paulo é a Rápido D’Oeste.

NEIDA Na época da Transvida, meu marido comprou no Rio de Janeiro

uma empresa de ônibus urbano chamada Auto Viação Leblon. Durou pouco com a gente, mas foi uma empresa que ajudou muita gente e que depois foi vendida para uns empresários portugueses do Rio. Nessa épo- ca, ele ficava muito tempo fora, em Manaus, no Rio e eu ficava sozinha com os 4 filhos pequenos, nascidos em intervalos muito curtos, em 1974, 1976, 1978, 1979. Em 1985, quando comprou a Rápido D’Oeste, nós

Garagem da empresa Rápido D´Oeste.

Ônibus urbano da Rápido D´Oeste.

Família Felício rÁpido d’OESTE

morávamos no Condomínio Ilhas do Sul, no Alto de Pinheiros. Ele ia e voltava de Ribeirão, onde morava num hotelzinho. Era muito difícil vi- ver assim separados, ele lá, e eu e as crianças aqui. Decidimos então que todos iriamos para Ribeirão. A ousadia e inquietação de José Roberto levou-o a comprar, em 1989, no Maranhão, a empresa de fretamento Cisne Branco Transporte e Turismo. Ele ficava muito tempo no Mara- nhão e eu ia junto. As crianças iam só nas férias. Mas o José Roberto achava que deveríamos ter um apoio aqui em São Paulo. A oportuni- dade surgiu em 2001, quando o amigo João Antônio Setti Braga nos ofereceu a Empresa de Ônibus Vila Galvão.

JOSÉ ROBERTO A compra da Vila Galvão, o retorno para São Paulo, foi

outro marco na vida empresarial do meu pai. Minha família continuou morando em Ribeirão e a rotina de vir toda semana para São Paulo con- tinuou. Quando ele comprou a Vila Galvão, sai de Ribeirão e vim para São Paulo para ajudar a cuidar da empresa. Em 2002, pouco tempo de- pois de ter comprado a Vila Galvão, surgiu outro negócio, em Taubaté, a compra da ABC Transportes que fazia o transporte urbano na cidade de Taubaté, e operava linhas intermunicipais ligando cidades vizinhas como Caçapava, Pindamonhangaba e Tremembé. Meu irmão Thiago foi então morar em Taubaté para administrar a empresa, empresa essa que não tem nada a ver com a ABC Turismo e Transporte de 1979.

NEIDA Todos os filhos fizeram faculdade e

começaram a trabalhar cedo nas empre- sas, como cobrador, manobrista, lavador, às vezes na oficina e até contando passes, que na época eram de papel. O intensivo traba- lho ao longo dos anos acabou por ocasionar problemas cardíacos ao meu marido. Em 1991 fez a primeira cirurgia, duas safenas e duas mamarias, e em 1995 ele abriu nova- mente o peito para refazer uma mamaria e trocar a válvula mitral que estava obstruída.

JOSÉ ROBERTO Quando começamos a trabalhar nas empresas, ele nos

dava autonomia para acertar ou errar, enfim para decidir. Na época foi difícil porque achávamos que ele iria nos ensinar todos os afazeres, e quando perguntávamos demais, ele nos dizia: decidam, façam o que acharem melhor

NEIDA Nessa trajetória tivemos alguns episódios que merecem ser rela-

tados: enchente, vendaval... A Rápido D´Oeste localizava-se na parte baixa da cidade de Ribeirão e quando tinha enchente virava um mar. Na primeira enchente fomos até lá, a água batia no joelho, água suja com óleo diesel, perdemos documentos, fotografias. Resolvemos então fazer um seguro e transferir o escritório para a parte de cima, solução

Todos os filhos fizeram