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Rápido D’Oeste fAMÍLIA FELÍCIOJOSE ROBERTO FELÍCIO [in memorian]

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rÁpido d’OESTE

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Meu nome é Neida. Meu pai Fauzio, nascido no Líbano veio para o Brasil com cinco anos de idade e minha mãe Mathilde nascera no Rio de Janeiro. Casaram-se em Cajuru, pequeno município na região metropolitana de Ribeirão Preto, onde se estabilizaram e formaram a família. Eu nasci nessa cidade e meu marido José Roberto Felício, em Mococa. O pai dele, Roque Felício, era comerciante, tinha uma loja de tecidos na cidade onde Roque nascera e na qual viveram por muito tempo. José Roberto chegou a estudar um tempo em Mococa, mas de- pois a família se mudou para Cajuru, onde meu sogro Roque montou uma loja chamada Feira do Lar, que vendia todo tipo de mercadoria.

A residência da família era junto da loja.

Todos os irmãos se formaram em São Paulo. Meu marido estudou no Colégio Arquidiocesano e depois se formou em Direito, na cidade de São José dos Campos. Nessa época em que ele se formou nós já namorávamos. José Roberto costumava passar férias na casa dos avós que moravam em Cajuru numa casa em frente a casa em que eu morava. Nós éramos jovens, estávamos sempre em contato e fo- mos nos apaixonando. No ano de 1954, meu sogro,

Primeiros veículos da empresa de Ribeirão que daria origem à Rápido D´Oeste.

Roque Felício fundou a Viação Danúbio Azul com apenas um ônibus que fazia o percurso, quase todo em estrada de terra, ligando Caju- ru a São Paulo. Ele mesmo dirigia o ônibus. Em 1955, minha sogra, Ana Elias Felício (Anita), faleceu com 37 anos deixando cinco filhos, o mais velho deveria ter mais ou menos 12 ou 13 anos de idade e o José Roberto 11 anos. A mais nova era Ana Rosa uma menina pequenina com apenas um mês de vida.

JOSÉ ROBERTO De acordo com as histórias que ouço falar, meu avô cos-

tumava ir a São Paulo em sua perua Rural Willis fazer compras para abastecer sua loja, a Feira do Lar. Nessas viagens, além da mercadoria sempre tinha alguém que ia e voltava de carona na Rural e certamente ajudava no combustível. Meu avô percebeu que, se tivesse um veículo com maior capacidade, poderia transportar um número maior de pes- soas. Acredito que essas viagens o tenham inspirado a se aventurar no ramo de transporte de passageiros.

Primeiros veículos da empresa de Ribeirão que daria origem a Rápido D´Oeste em frente à fábrica de carrocerias Grassi. Entrevistados: Neida Iasbek Felício e filhos

Família Felício rÁpido d’OESTE

A Viação Danúbio, foi se expandindo, criando outras linhas por onde os ônibus iam passando: Santa Rita do Passa Quatro, Santa Rosa do Viterbo, entre outros municípios, mas tudo era muito precário. O percurso demorava de 10 a 12 horas para chegar.

NEIDA Nós nos casamos no dia 5 de julho de 1969.

No ano de 1976, um pouquinho antes do nasci- mento do meu filho Thiago, José Roberto e os irmãos foram desligados da empresa. Meu sogro deu para meu marido e mais dois irmãos dele uma empresa de ônibus, pequena, bem precária que atendia a região de Arujá. Essa empresa era um setor da Danúbio Azul, e em 1977, passou a se chamar Transdutra. Até hoje ela pertence a nossa família, em sociedade com o meu cunhado José Luís, irmão mais velho do José Roberto. Na época a Transdutra fazia o trajeto Arujá – São Paulo até a Estação da Luz. Meu marido e meu cunhado trabalharam muito, dormiam na empresa, tive- ram que batalhar muito para viabilizar a mesma. Passamos uma fase muito difícil.

JOSÉ ROBERTO A sociedade entre meu pai e meu tio José Luís permanece até

hoje. É a única sociedade que temos, mas nos alegra muito, pois meu pai e meu tio se davam muito bem e nós demos continuidade a esta boa rela- ção. Pouco anos depois, meu pai, ficou sócio da empresa Santos Turismo em Guarulhos, focada em fretamento. Na sequência, também na região

de Guarulhos, ele fundou outra empresa voltada para setor de fretamento chamada Viação Transvida, que veio a substituir a Santos Turismo. Em 1979 meu pai comprou em Taubaté outra empresa de fretamento cha- mada ABC Turismo. Na verdade, durante alguns anos meu pai teve uma atuação muito forte no setor de fretamento. As duas empresas operavam praticamente juntas na região entre Guarulhos e Taubaté para atender a demanda de empresas como Embraer, Volks, Nestlé, entre outras, para o transporte de funcionários. Meu pai tinha garagens em São José dos Cam- pos, Caçapava, Taubaté. Aos poucos ele acabou enxugando o setor de fretamento dando preferência aos setores urbano, rodoviário e suburbano.

NEIDA José Roberto gostava muito de ir para Manaus, na Zona Franca,

onde tudo era novidade. Um primo dele chamado Fuad Nicolau resol- veu morar em Manaus e montou uma fábrica de sorvete chamada Ski Mell. Eles brincavam que, o leite em pó vinha da Holanda e água era do rio Amazonas. José Roberto resolveu então abrir uma fábrica de sorvete Ski Mell em Porto Velho cujo slogan era “Skimel, Ô Sorvete, a delícia que alimenta”.

Um dia, em 1985 meu marido recebe uma ligação dizendo que uma pessoa precisava vender a própria empresa em Ribeirão Preto por- que corria o risco de perder tudo. Meu marido, no primeiro momento disse que não tinha condições de comprar nenhuma empresa, mas in- sistiram e ele decidiu ir até Ribeirão para ver a empresa. Ele sempre foi muito arrojado; um dia meu sogro estava viajando e ele comprou uma empresa que fazia a linha de Santa Rita, sem meu sogro saber, e quan- do ele voltou de viagem, ficou muito bravo pois não tinha autorizado a compra, mas depois, apesar do susto ele adorou, afinal tinha sido um bom negócio.

Meu avô percebeu que,