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3 Orientações e Prospecção

3.4 Mobilidade real

O alargamento e desenvolvimento sustentável da mobilidade real, implica uma optimização do sector dos transportes. A modernidade deve ser em concordância com a sustentabilidade, tanto do ponto de vista económico como social e ambiental.

O modo de vida e de consumo dos europeus, alterou-se fruto da redução significativa dos preços dos transportes aliada à melhoria da qualidade de serviço e aumento da escolha. A mobilidade das pessoas, passou de 17 km por dia em 1970 para 35 km em 1998, sendo hoje considerada um dado adquirido e mesmo um direito.

O desenvolvimento da interoperabilidade a nível europeu é uma realidade. Através dos programas quadro, que financiam projectos de I&D, são já quase realidade projectos como a rede transeuropeia de comboios de alta velocidade e navegação por satélite – Galileu. Contudo, é admitido no livro branco da EU que a modernização da gestão das empresas, em especial as ferroviárias, não acompanharam a modernização da técnica e das infra-estruturas. Os fenómenos de congestionamento de determinadas regiões e eixos têm-se acentuado pondo em riso a competitividade económica. Paradoxalmente, a congestão do centro tem significado um isolamento gradual das regiões periféricas, que dependem da qualidade das ligações aos mercados centrais.

O espaço para a construção de infra-estruturas, sobretudo estradas, tem-se tornado escasso, pelo que governos, operadores e autoridades públicas estão a virar-se para as soluções de transporte inteligente para combater o congestionamento. Ramp metering, gestão de tráfego, detecção de incidentes e sinalização com mensagens variáveis estão já em funcionamento pela Europa fora.

Outras tecnologias e projectos têm despoletado entusiasmo tendo em vista as melhorias futuras dos sistemas operação e gestão da mobilidade real.

Rádio-Frequency Identification

Uma das tecnologias de elevado potencial é o Radio-Frequency IDentification (RFID). O valor de mercado para RFID é esperado que cresça cinco vezes até 2018 com a promessa de aplicações inovadoras na área dos transportes, sendo a Europa a região líder em investigação relacionada. Representando uma potencial vantagem competitiva europeia, o seu desenvolvimento e aplicabilidade deve ser seguido atentamente.

Sistema de Transporte Inteligente

O projecto Inteligent Transport Systems2 (ITS) tem como uma das principais metas usar tecnologia para reduzir congestionamento e acidentes em conjugação com o aumento da segurança das redes de transporte e redução do impacto no meio ambiente.

O ITS poderá servir de base para restringir acessos à cidade, e o seu desenvolvimento definirá os standards europeus que serão um elemento chave nas soluções preferenciais de economias emergentes.

O mercado de infra-estruturas da linha férrea para equipamento ITS está distribuído de acordo com a Figura 19. A nível de sinalização, a tendência é para redução do equipamento ao longo das linhas.

Os condutores de veículos farão uso de sistemas on board que comunicam com as infra- estruturas ou outros veículos mantendo os condutores informado sobre a forma mais segura e eficiente de atingir o destino pretendido. Os operadores de frete terão informação em tempo real sobre toda a cadeia logística, dotando-os da possibilidade de escolha da rota mais eficiente e segura para as remessas.

Implementação de soluções de informação aos passageiros a bordo demonstram que o tempo de viagem percebido pelo utente é menor, que os passageiros valorizam o facto de estarem mais seguros e menos expostos ao erro relativamente às paragens e às mudanças de linha, especialmente em zonas desconhecidas. Os passageiros seguem atentamente a informação da rota e tomam atenção à publicidade que preenche os displays, intercalando com a informação estrategicamente posicionada aquando da sua visualização. As empresas que usam este tipo de publicidade são consideradas inovadoras. Os turistas e pessoas que utilizam o serviço pela primeira vez são os grupos com maior benefício, mas os utentes regulares manifestam interesse pela informação adicional para além da rota e posição no mapa. O modelo de financiamento através da publicidade é considerado particularmente inovador.

Green Mobility

O projecto SMILE é parte do grupo de projectos CIVITAS (CIty-VITAlity-Sustainability) que lida com medidas para melhorar o ambiente urbano. O projecto está integrado no 6ºFP (framework program) e tem por objectivos melhorar a qualidade do ar urbano, criação de um sistema de tráfego sustentável, seguro e flexível que contribua para o aumento da qualidade de vida nas cidades (Transport Research Knowledge Center, 2006).

O projecto tem por objectivo alterar a tendência de aumento do uso de carro próprio promovendo alternativas adequadas e estimulando a eficiência em logística.

No longo prazo o programa é tido como capaz de criar uma transferência dos utentes do Figura 19: Mercado de infra-estruturas da linha ferroviária

objectivos do tratado de Kyoto através do tráfego urbano sustentável e inteligente baseado na interoperabilidade. Algumas das medidas segundo a politica do programa Civitas são:

• Frota Municipal “limpa”; • Biogás na rede;

• Marketing sobre veículos “limpos” através de parques subsidiados; • Integração do uso de bicicletas com o TP;

• Gestão de tráfego baseada em satélite para PMEs; • Ferramenta de internet para planeamento de viagem; • Sistema bus priority;

• Condução ecológica;

• Transporte ecológico de bens;

• Frotas alternativas às de combustão fóssil; • Introdução de uma zona de baixas emissões;

• Introdução de restrição de acessos controlado por tempo;

• Influenciar a escolha de veículos pequenos e energeticamente eficientes; • rail station interchange;

• Postos de bilhética nas ruas;

• Relacionar o transporte individual com consultas médicas; • Desenvolvimento de um clube de partilha de carro.

Os objectivos das medidas são:

• Estimular os bio-combustíveis e veículos limpos através de medidas técnicas e politicas endereçadas a carros e Veículos pesados;

• Melhorar a eficiência logística pela gestão do transporte e soluções inovadoras; • Estimular o transporte público, partilha de carro e uso de bicicleta através de

intermodalidade entre estes modos de transporte, implementando sistemas de prioridade, novos serviços avançados de tecnologias de informação e infra- estruturas de interacção TP/bicicleta;

• Acesso prioritário a veículos “verdes”; • Interpostos urbanos;

• Entrega de produtos/compras nos locais de estacionamento; • Planeamento de deslocação;

• Assistência individual de viagem;

• Serviço de informação de viagem para operadores de frete; • Disponibilização de informação ao passageiro em tempo real; • Sistema de transporte de resposta à procura;

O projecto é tido como uma experiência piloto a ser replicada em outras cidades europeias de acordo com o seu grau de sucesso e ensinamentos adquiridos.

Incentivos financeiros serão desbloqueados para promover a compatibilidade ambiental dos modos de transporte e apoiar a sua eficaz utilização intermodal(Transport Research Knowledge Center, 2006). Daqui resultam imensas oportunidades no âmbito de ferramentas de avaliação, medição e diagnóstico de indicadores energéticos e ambientais que fomentam a sustentabilidade.

Resumo das tendências para a mobilidade real

• Congestionamento do transporte de mercadorias e passageiros tanto rodoviário como ferroviário;

• Redução de sinistralidade através de assistência ao condutor ou utilização de transportes alternativos;

• Sustentabilidade do sector através de critérios energéticos e ambientais (tendem a favorecer o comboio);

• Prioridade para o frete de mercadorias;

• Liberalização do mercado de transporte de mercadorias (ex. Mota Engil); • Internalização de custos externos (integração da informação);

• Libertação de rede ferroviária com o avanço da alta velocidade; • Coordenação de corredores de transporte;

• Intermodalidade de forma a potenciar a optimização de cada meio de transporte (custo/eficiência/flexibilidade);

• Orientação para o utente e eficácia na gestão integrada de modos de transporte e infra-estruturas;

• Ameaça do terrorismo (protecção de colaboradores e utentes);

• Auto estradas do mar (transporte combinado) implicando eficiência no transbordo e ligações aos portos;

• Pontos de acesso único para todos os meios de transporte; • Navegação por satélite (avaliar interoperabilidade);

• Evitar tráfego descontínuo no transporte de mercadorias (consome tempo e energia);

• Taxas de circulação interoperáveis para eficiência de transporte; • Investimentos nas vias navegáveis interiores;

• Busways e tráfego prioritário; • Informação em tempo real;

• Comunicações veículo - infra-estrutura (sistemas on board transparentes); • Bilhética transparente e inteligente (NFC – Near Field Communications); • Planeamento de viagem;

• Zonas de baixas emissões; • Restrição de acessos;

• Sistemas de transporte de resposta à procura;

• Ferramentas de medição e análise de consumos energéticos na rede e supply chain; • Vídeo Inteligente para automatizar operações do centro de comando.

Os desafios a nível macroeconómico prendem-se com dissociar a taxa de crescimento económico do crescimento da mobilidade sem que seja necessário restringir a mobilidade das pessoas e mercadorias. Implicará inevitavelmente investimentos em acessibilidades e melhoria de infra-estruturas, dada a saturação dos principais eixos.

A sociedade exige cada vez mais mobilidade e é cada vez menos permissiva com atrasos crónicos e qualidade de serviço insuficiente.

Já em 1993, o livro branco Crescimento, Competitividade e Emprego virava atenção para a importância das limitações dos transportes: “Existem pontos de estrangulamento, faltam elos na cadeia das infra-estruturas, falta interoperabilidade entre os modos e os sistemas. As redes são o sistema circulatório do grande mercado. As suas falhas sufocam a competitividade e

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