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Modelo conceitual para o GCS proposto por Barratt (2004)

Barratt (2004) propôs um modelo para o GCS baseado na colaboração. O termo colaboração entre os diversos atores da cadeia de suprimentos significa o compartilhamento dos riscos e das recompensas. Porém, a colaboração é difícil de ser implementada, requer a confiança entre os atores e um ponto fundamental é a escolha dos atores envolvidos no processo de colaboração.

Em relação à colaboração entre os atores da cadeia de suprimentos, as seguintes questões são importantes:

a) As razões para as empresas colaborarem;

b) Os atores envolvidos no processo de colaboração; c) Os elementos da colaboração.

a) As razões para as empresas colaborarem

Nos últimos anos, as empresas têm melhorado a eficiência dos seus processos internos relacionados com a cadeia de suprimentos, ou seja, as atividades de compra, logística e fabricação. O resultado é a distribuição dos custos e estoques entre os diversos atores da cadeia de suprimentos.

As razões para as empresas colaborarem estão listadas abaixo:

¾ Cada empresa da cadeia de suprimentos possui seu próprio planejamento da produção. Caso estes planos não sejam integrados haverá um acúmulo de materiais ao longo da cadeia. Desta forma, a troca de informações sobre o planejamento da produção minimizará os estoques e os custos associados à manutenção destes;

¾ Para que ocorra o desenvolvimento de um novo produto é imprescindível que haja comunicação interna e com os fornecedores dos componentes do mesmo;

¾ Os processos externos impactam nos processos internos da organização. A percepção deste impacto pode não ser clara, porque, geralmente, as empresas têm dificuldade de entender os seus processos internos e a relação entre os processos internos e externos é bastante complexa;

¾ É aconselhável que as empresas adotem as mesmas medidas para quantificar o desempenho dos fornecedores ao longo da cadeia de suprimentos. A consequência é que cada empresa conhece o critério de seleção e avaliação que está sendo utilizado para julgá-la. Além disso, o mesmo rigor que a empresa utiliza para

avaliar seus fornecedores é usado para avaliá-la. A adoção de medidas diferentes de desempenho entre os diferentes atores ocasionará em conflitos ao longo da cadeia.

Amaral (1997) também sintetizou algumas razões para o aumento da colaboração entre as empresas, estas são: o aumento da concorrência, a diminuição dos custos de comunicação e transporte, o aumento da rapidez do desenvolvimento tecnológico e o aumento dos custos relacionados com o desenvolvimento de novos produtos.

b) Os atores envolvidos no processo de colaboração

Barratt (2004) considera que a colaboração interna ocorre entre as diversas funções da empresa, como compras, produção, marketing, logística, entre outras. Por outro lado, a abrangência da colaboração externa pode ser dividida em duas categorias. A primeira é a vertical que compreende a colaboração com os fornecedores e clientes. A segunda é a horizontal que está relacionada com a colaboração com outras empresas e concorrentes. A Figura 2.6 ilustra a abrangência da colaboração.

Fonte: Adaptado de BARRATT (2004, p.32). FIGURA 2.6: Colaboração horizontal e vertical.

Colaboração Externa (Fornecedores) Colaboração Interna

Compras produção marketing Logística Colaboração Externa (Clientes) Colaboração Externa (Concorrentes) Colaboração Externa (Outras Empresas) Colaboração vertical Colaboração horizontal

A colaboração interna deve estar alinhada com as diretrizes da cadeia de suprimentos, a fim de proporcionar o desenvolvimento de relacionamentos estáveis e duradouros, a integração de processos e o compartilhamento de informações entre os clientes e os fornecedores.

O foco deste trabalho é a colaboração vertical, ilustrada na Figura 2.6. A questão fundamental é quais devem ser as empresas envolvidas no processo de colaboração da cadeia? As empresas devem se integrar com um pequeno número de fornecedores e clientes importantes para o seu sucesso.

À medida que as empresas buscam a diferenciação de produto para atender a um determinado mercado, elas também devem procurar parcerias com fornecedores que lhes ofereçam um produto e um nível de serviço condizente com a camada de mercado que a organização deseja atuar.

c) Os elementos da colaboração

O principal elemento para que haja colaboração entre os atores da cadeia de suprimentos é a cultura para colaboração. Outros elementos que também podem ser citados são: a confiança interna e externa, a mutualidade, a troca de informações e a comunicação.

Muitas empresas estão divididas por departamentos e adotam medidas de desempenho para cada função. Desta forma, é difícil perceber a importância da colaboração interna e o quanto a integração entre os departamentos pode maximizar o desempenho da organização. A cultura de colaboração externa envolve a integração interna e é complementada com as parcerias com os fornecedores.

Barratt (2004) cita que há um consenso na literatura de que o relacionamento de confiança contribui para a estabilidade de longo prazo da organização. Lembrando sempre que as atitudes baseadas na confiança devem ocorrer internamente, entre as funções da organização, e externamente, com seus fornecedores.

Em relação à mutualidade, tem-se o compartilhamento dos riscos e benefícios entre os atores da cadeia de suprimentos.

O compartilhamento de informações e a comunicação suportaram o processo de desenvolvimento de produtos através de parcerias entre clientes e

fornecedores. Bem como, a operacionalização da compra e venda de materiais ao longo da cadeia de suprimentos.

Barratt (2004) também descreve algumas mudanças gerenciais que suportem a colaboração interna e ao longo da cadeia de suprimentos, estas são: as mudanças gerenciais, as atividades entre as funções da organização, a integração dos processos, as decisões integradas e as medidas de desempenho da cadeia.

O apoio gerencial é imprescindível para que a cultura de colaboração seja implementada tanto interna como externamente. A empresa deve promover atividades que motivem a colaboração entre os funcionários e as organizações da cadeia de suprimentos.

Quanto às atividades entre as funções, têm-se que os limites de compartilhamento de informações entre as funções da organização e entre as empresas da cadeia devem ser claramente definidos.

As organizações devem focar a integração de seus processos internos, superando as barreiras funcionais e, posteriormente, objetivar a integração entre os processos das empresas que compõe a cadeia de suprimentos, para tanto é necessário o apoio da alta administração.

Geralmente, as organizações realizam a previsão de demanda baseadas nos pedidos dos clientes e nos seus históricos de dados. Com isto, há um acúmulo de erros ao longo da cadeia de suprimentos. A integração de informações e das decisões do controle de produção pode minimizar os erros e os desperdícios causados pelos altos estoques.

A adoção de medidas de desempenho comuns entre os membros da cadeia possibilita a identificação dos membros com maior dificuldade em atender o padrão de desempenho da cadeia e, consequentemente, auxilia na adoção de ações corretivas.

Por outro lado, Amaral (1997) utilizou três conceitos para explicar a colaboração entre o cliente e o fornecedor. Estes são:

¾ Inovação tecnológica: preocupa-se em estudar o mecanismo e os condicionantes do processo que propicia a inovação tecnológica. Neste contexto, o fornecedor pode ser uma fonte de transferência tecnológica para o cliente;

¾ Colaboração estratégica: é a união de esforços entre as empresas para obter vantagens competitivas. É possível listar alguns tipos de parcerias, como: consórcio (quando empresas do mesmo setor se unem para realizar um investimento dispendioso que não conseguiriam sozinhas), joint ventures (quando empresas de diferentes setores complementares se unem objetivando algo comum), parcerias ao longo da cadeia de suprimentos (união entre empresas de diferentes tecnologias inseridas em uma cadeia produtiva);

¾ Relacionamento entre o cliente e o fornecedor: preocupa-se em entender a dinâmica do relacionamento entre os clientes e os fornecedores, definindo relacionamento como o sistema que determina as transações comerciais entre duas empresas.