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Modelo conceitual para o GSC proposto por Lambert e Cooper (2000)

O modelo conceitual proposto por Lambert e Cooper (2000) para o GCS consiste de três elementos que se relacionam. Estes elementos são:

a) Os processos de negócios da cadeia de suprimentos; b) A estrutura da cadeia de suprimentos;

c) Os componentes gerenciais da cadeia de suprimentos.

A Figura 2.2 ilustra os elementos do GCS propostos por Lambert e Cooper (2000).

Fonte: LAMBERT e COOPER (2000, p.70). FIGURA 2.2: Elementos do GCS.

Em seguida, tem-se o detalhamento de cada um destes elementos.

a) Processos de negócios da CS

De acordo com Lambert e Cooper (2000), o sucesso do GCS está na mudança do gerenciamento das funções individuais de cada organização para a integração dos processos-chave da cadeia de suprimentos. Os processos-chave são:

¾ Gerenciamento das relações com os consumidores: identificar quais são os principais consumidores da organização. Determinar os requisitos dos produtos que serão adquiridos por um grupo específico de consumidores;

¾ Gerenciamento do serviço prestado ao consumidor: é uma fonte de informação para os consumidores;

¾ Gerenciamento da demanda: o estoque pode ser uma consequência da variabilidade de processo, dos fornecimentos de produtos ou das ordens de compra. O gerenciamento da demanda terá forte impacto na redução dos estoques;

¾ Ordens de compra: a cadeia de suprimentos deve trabalhar integrada a fim de informar as organizações sobre as previsões de compra, evitando atrasos na entrega dos produtos.

Os processos de negócios da cadeia de suprimentos A estrutura da cadeia de suprimentos Os componentes gerenciais da cadeia de suprimentos

Quais processos deveriam estar conectados com cada um dos membros-chave da cadeia de suprimentos?

Quem são os membros- chave da cadeia de suprimentos?

Qual é o nível de

integração e gerenciamento que deveria

ser estabelecido com cada processo?

¾ Gerenciamento do fluxo da manufatura: nos sistemas de produção tradicionais, as empresas fabricam seus produtos e os estocam até que a venda ocorra, desta forma, é comum dizer que os produtos são “empurrados” de uma organização para outra. Porém, para minimizar os estoques, convém que a ordem de fabricação somente seja disparada após o consumidor ter interesse em comprar o produto, nesta situação, os produtos são “puxados” pelos consumidores;

¾ Processo de aquisição: os fornecedores que possuem uma importância estratégica no desenvolvimento de novos produtos devem ser acompanhados com bastante intensidade pela organização. Aconselha-se a realização de alianças de longo prazo com estes fornecedores. Zsidisin e Ellram (2001) também destacam a importância do processo de compras para o estabelecimento de alianças estratégicas ao longo da cadeia de suprimentos. Para estes autores é essencial o estabelecimento de objetivos para o processo de compras e a divulgação destes para os funcionários da empresa e também para os fornecedores;

¾ Desenvolvimento de produto e comercialização: as alianças com os fornecedores são extremamente importante para as organizações que desenvolvem produtos que possuem um curto ciclo de vida. Estas empresas devem trabalhar em conjunto com os fornecedores de matérias-primas e componentes durante o desenvolvimento de novos produtos;

¾ Retornos: o gerenciamento dos retornos financeiros proporciona a organização a identificar oportunidades de melhoria da produtividade. A análise das estruturas de custeio dos atores da cadeia pode ser considerada como uma das atividades do GCS. O ideal é que estes atores adotem estruturas de custeio semelhantes e que periodicamente se reuniam para debater quais são as principais causas dos custos significativos. Em seguida, recomenda-se a formação de grupos com funcionários dos clientes e dos fornecedores que trabalhem para minimizar estes custos. Porém, este tema é extremamente complexo. Por exemplo, caso a empresa com maior representatividade na cadeia, conhecendo os custos de seus fornecedores, comece a pressioná-los quanto à diminuição dos custos e dos lucros, esta parceria certamente fracassará, pois futuramente os fornecedores não terão mais confiança neste relacionamento (ZSIDISIN; ELLRAM, 2001).

A Figura 2.3 ilustra os processos-chave rompendo os limites das organizações e integrando a cadeia de suprimentos.

Fonte: LAMBERT e COOPER (2000, p. 67).

FIGURA 2.3: Integração e gerenciamento dos processos de negócios da CS.

b) Estrutura da cadeia de suprimentos

A estrutura da cadeia de suprimentos é dada pelos membros da cadeia, pela dimensão estrutural da rede e pelas conexões entre os membros (LAMBERT; COOPER, 2000).

A cadeia de suprimentos é composta por todas as empresas que fornecem algum tipo de bem ou serviço, desde a extração de matérias-primas até a fabricação do

Fluxo de Informação Fornecedor de Primeira Camada Fornecedor de Segunda Camada Consumidor Final Consumidor Produtor

Compras Logística Vendas

Produção P&D Finanças

Gerenciamento das relações com os consumidores Gerenciamento do serviço prestado ao consumidor

Gerenciamento da demanda Ordens de compra

Gerenciamento do fluxo da manufatura Processo de aquisição

Desenvolvimento de produto e comercialização Retornos

produto final. O quanto desta cadeia necessita ser gerenciada depende da complexidade do produto, do número de fornecedores e da disponibilidade de matérias-primas.

Desta forma, a identificação dos elos da cadeia que necessitam ser gerenciados não é uma tarefa fácil. A classificação dos membros da cadeia de suprimentos em primários e suporte pode auxiliar nesta decisão.

Os membros primários são as empresas autônomas ou as unidades estratégicas de negócios que realizam atividades que adicionam valor (operacional ou gerencial) aos processos de negócios que produzem um resultado específico para um consumidor particular. Já, os membros de suporte são as empresas que fornecem recursos ou conhecimento para os membros primários. Por exemplo, os bancos que fornecem recursos financeiros às empresas, os proprietários de estabelecimentos industriais, os fornecedores de equipamentos em geral, estes fornecedores servem de suporte para os membros primários que são os responsáveis pela fabricação do produto.

O GCS deve focar os membros primários, ou seja, os membros que são críticos para o sucesso da organização e da cadeia de suprimentos.

Por outro lado, a dimensão estrutural da cadeia de suprimentos pode ser classificada como horizontal ou vertical. A estrutura horizontal é compreendida pelo número de conexões entre as organizações ao longo da cadeia de suprimentos e a estrutura vertical se refere ao número de fornecedores representado por uma conexão.

Em relação às conexões entre os membros da cadeia de suprimentos, tem-se:

¾ Conexões que necessitam ser gerenciadas: correspondem aos fornecedores e clientes que são críticos para o bom desempenho da organização, geralmente, são representados pelos fornecedores e clientes diretos da organização;

¾ Conexões que necessitam ser monitoradas: são os fornecedores e clientes que não interferem diretamente no bom desempenho da organização, mas que por algum motivo, é conveniente que haja uma integração entre a organização em questão e estes elos da cadeia;

¾ Conexões que não necessitam ser gerenciadas: são as empresas que não estão diretamente envolvidas com a organização e também não fornecem nenhum recurso crítico. Desta forma, a organização pode confiar o gerenciamento destas empresas a outros elos da cadeia.

¾ Membros que não pertencem a cadeia: são as empresas que não pertencem a cadeia de suprimentos que está sendo analisada, porém, por algum motivo, podem interferir no comportamento da cadeia.

c) Componentes gerenciais da cadeia de suprimentos

Lambert e Cooper (2000) identificaram nove componentes gerenciais que contribuem para o sucesso do GCS, estes são os seguintes:

¾ Planejamento e controle das operações: é o componente central para que a cadeia de suprimentos atinja a direção desejada. O processo de controle será melhor operacionalizado quanto mais precisa forem as medições dos indicadores de desempenho;

¾ A estrutura de trabalho: indica o desempenho das tarefas ou atividades realizadas na empresa;

¾ Estrutura organizacional: sugere a utilização de times de trabalho entre as organizações que compõem a cadeia de suprimentos;

¾ Estrutura para facilitar o fluxo de produtos: refere-se à estrutura para fabricar e distribuir os produtos ao longo da cadeia. A atenção que será dada a este componente gerencial terá reflexos significativos na quantidade de estoques ao longo da cadeia.

¾ Estrutura para facilitar o fluxo de informação: quanto melhor a exatidão das informações transmitidas entre as empresas, melhor será a eficiência do GCS;

¾ Métodos de gerenciamento: refere-se à filosofia organizacional e aos métodos gerenciais adotados pelas organizações ao longo da cadeia de suprimentos;

¾ Estrutura de liderança: geralmente, todas as cadeias de suprimento possuem uma organização que irá liderá-la. Ao exercer o seu poder, a empresa líder influenciará a saída ou a entrada de outras organizações ao longo da cadeia;

¾ Compartilhamento dos riscos e recompensas: este componente gerencial ocasionará em parcerias duradouras ao longo da cadeia;

¾ Aspectos culturais: incluem como os funcionários são valorizados e como eles são incorporados no gerenciamento da empresa. A compatibilidade ou a

associação da cultura de cada organização ao longo da cadeia certamente ocasionará em resultados positivos.

Analisando os componentes gerenciais, observa-se que estes podem ser divididos em dois grupos. O primeiro grupo se refere aos componentes gerenciais técnicos e físicos, englobando os aspectos de planejamento e controle das operações, a estrutura de trabalho, a estrutura organizacional, a estrutura para facilitar o fluxo de produtos e a estrutura para facilitar o fluxo de informação. O segundo grupo é caracterizado pelos componentes gerenciais comportamentais, referindo-se aos métodos de gerenciamento, à estrutura de liderança, ao compartilhamento dos riscos e recompensas e aos aspectos culturais.