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CAPÍTULO 3: ABERTURA FINANCEIRA E CRISES FINANCEIRAS: EVIDÊNCIAS

3.2 Revisão da Literatura Empírica

3.2.2 Modelos de Incidência da Crise Financeira Global

Blanchard et al. (2010) estimam modelo de incidência de crise, utilizando como metodologia econométrica regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). A amostra é constituída por 29 países de economias emergentes no período 1995-2009. Os resultados sugerem que: há evidência que a crise incidiu de forma mais severa em países que apresentaram maior crescimento inesperado dos parceiros comerciais e dívida de curto prazo. Como medida de abertura financeira foi utilizado o total dos passivos externos como percentagem do PIB em 2007, não há relação estatisticamente significativa entre abertura financeira a incidência da crises financeira.

Rose e Spiegel (2012) desenvolvem modelo de incidência de crise financeira, utilizando como metodologia econométrica, o método de múltiplas causas e múltiplos indicadores (MIMIC) para dados em cross-section para 107 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período 1990-2009. Os resultados indicaram que: há evidências que a crise incidiu de forma mais severa nos países com maior PIB per capita e aumento no mercado de ações anteriores à crise. Há também alguma evidência que a crise incidiu de forma mais severa países com vínculos comerciais maiores com os Estados Unidos.

Rose e Spiegel (2011) estimam modelo de incidência de crise financeira, utilizando como metodologia econométrica regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para 107 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período 1990-2009. Os resultados sugerem que: há evidências de que a crise incidiu de forma mais severa nos países com maior PIB per capita, déficits em conta corrente, maior nível de regulação do mercado de crédito e aumento crédito bancário anteriores à crise

Frankel e Saravelos (2012) estimam modelo de incidência de crise financeira, utilizando como metodologia econométrica regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) e regressão probit com técnica de estimação de máxima verossimilhança para 156 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período de 1998-2007. Os resultados sugerem que a crise incidiu de forma mais severa em países com taxas de câmbio real mais apreciadas. Há evidências também a crise incidiu de forma menos severa em países com maiores níveis de reservas internacionais. Como medida de abertura financeira foi utilizado o índice de jure de KAOPEN, não há relação estatisticamente significativa do índice de abertura financeira com a incidência da crise financeira.

Berkmen et al. (2012) estimam modelo de incidência de crise financeira, utilizando como metodologia econométrica regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para 40 países em desenvolvimento no período 2003-2009. Os resultados sugerem que: há evidências de que , a crise incidiu de forma mais severa nos países que apresentaram maiores níveis de crédito bancário em relação ao depósito, maiores dívidas de curto prazo, crescimento do crédito - anterior à crise – e adotam regime de de câmbio fixo. A medida de abertura financeira utilizada foi o índice de jure de SCHINDLER, não há relação estatisticamente significativa entre abertura financeira e a incidência da crise.

Lane e Milesi-Ferretti (2010) estimam modelo de incidência de crise financeira, utilizando como metodologia econométrica regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para 142 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período 1990-2009. Os resultados sugerem que a crise incidiu de forma mais severa nos países com maiores níveis de PIB per capita, crescimento do crédito e déficits em conta corrente. A medida de abertura financeira utilizada foi o índice de facto LMF, não há relação estatisticamente significativa entre abertura financeira e a incidência da crise financeira.

Claessens et al. (2010) estimam modelo de incidência de crise financeira, utilizando como metodologia econométrica regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para 58 países desenvolvidos e emergentes no período 2003-2009. Os resultados sugerem que a crise incidiu de forma mais severa nos países que apresentaram aumento nos preços das habitações, maior nível de crescimento do crédito bancário e déficit em conta corrente.

Giannone et al. (2009) estimam modelo de incidência de crise, utilizando regressões múltiplas com dados em cross-section estimados pelos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para 102 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período 2002-2009. Os resultados reportados indicam que a crise incidiu de forma mais severa nos países com maiores níveis de PIB per capita, regulação dos mercados de crédito, qualidade regulatória e déficit em conta corrente. A medida de abertura financeira utilizada foi o índice de abertura financeira de facto LMF. Não há evidência de relação estatisticamente significativa entre a abertura financeira e a incidência da crise financeira.

Ostry et al. (2010) estimam modelos de incidência de crise financeira, utilizando como metodologias econométricas regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) e regressões múltiplas probit com técnica de estimação de máxima verossimilhança para amostra de 37 economias de mercados emergentes no período 2003-2009. Os resultados sugerem que a crise incidiu de forma mais severa em países com maiores fluxos de dívidas de curto prazo. Há evidências que crise incidiu de forma menos severa em países que apresentaram maiores fluxos de Investimento Externo Direto. Há evidências que países que possuem controle de capitais principalmente dos fluxos de dívida tiveram melhor resiliência em relação à crise.

Berglof et al. (2009) estimam modelo de incidência de crise, utilizando regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para amostra de 170 economias avançadas e mercados emergentes no

período 1999-2008. Os resultados sugerem que a crise incidiu de forma mais severa nos países que apresentaram maiores níveis de empréstimos em relação ao depósito, crescimento médio do PIB, PIB per capita e crescimento do crédito anterior à crise. A medida de abertura financeira utilizada foi o índice de abertura financeira de facto de LMF. Não há evidência de relação estatisticamente significativa entre a abertura financeira e a incidência da crise financeira.

Didier et al. (2011) estimam modelo de incidência de crise, utilizando regressões múltiplas para dados em cross-section com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para 170 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período de 2003- 2010. Os resultados sugerem que a crise incidiu de forma mais severa nos países com maiores níveis de PIB per capita, abertura comercial, déficits em conta corrente e maior taxa de crescimento do crédito. O índice de abertura financeira utilizado foi o de facto de LMF. Não há evidência de relação estatisticamente significativa entre a abertura financeira e a incidência da crise financeira.

Llaudes et al. (2010) estimam modelo de incidência de crise, utilizando como metodologia econométrica regressões múltiplas com dados em cross-section, com técnica de estimação dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), para 50 economias de mercado emergentes no período 2003-2009. Os resultados sugerem que a crise incidiu de forma mais severa nos países com maior dependência em relação à demanda das economias avançadas, maior exposição às reivindicações de créditos bancários estrangeiros e crescimento do crédito.

Em síntese, os resultados reportados pela literatura indicam que os índices de jure e de facto não apresentam evidências de relação estatisticamente significativas com a crise financeira. No entanto, foi constatado que as variáveis PIB per capita e o boom do crédito anterior à crise, são as variáveis que apresentaram maior significância estatística nos estudos realizados.