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CAPÍTULO 3: ABERTURA FINANCEIRA E CRISES FINANCEIRAS: EVIDÊNCIAS

3.2 Revisão da Literatura Empírica

3.2.1 Os modelos paramétricos e não-paramétricos

Frankel e Rose (1996) estimam modelo de probabilidade de ocorrência de crise cambial para amostra de 105 países em desenvolvimento no período 1971-1992. A metodologia econométrica utilizada é probit para dados em painel com método de estimação de máxima verossimilhança. Os resultados do trabalho indicam que: as crises cambiais tendem a ocorrer quando há redução das entradas de investimento direto, diminuição das reservas, aumento do crédito doméstico, aumento nas taxas de juros dos países desenvolvidos e apreciação elevada da taxa de câmbio real. Não há evidências que a conta corrente e os déficits orçamentários do governo contribuem para ocorrência da crise cambial.

Bussière e Fratzscher (2006) estimam modelo de probabilidade de ocorrência de crise cambial para amostra de 20 economias emergentes no período 1993-2001. A metodologia econométrica utilizada é probit multinomial para dados em painel com efeitos aleatórios. Os resultados sugerem que: a apreciação da taxa de câmbio real efetiva, o aumento do crédito ao setor privado, um alto índice de dívida de curto prazo em relação às reservas, o déficit em conta corrente, desaceleração do crescimento e o contágio financeiro de países mais integrados aumentam a probabilidade de ocorrência da crise.

Dermiguç-kunt e Detragiache (1998) desenvolvem modelo de probabilidade de ocorrência de crise bancária para amostra de 65 países desenvolvidos e em desenvolvimento

no período de 1980-1994. A metodologia econométrica utilizada é logit para dados em painel com efeitos aleatórios. Os resultados apontam que: o menor crescimento do PIB, altos níveis de inflação e de taxas de juros reais estão relacionadas ao aumentam a probabilidade de ocorrência da crise bancária. Os autores encontram alguma evidência de que a proxy para liberalização financeira, mudança no crédito real, aumenta a probabilidade de ocorrência de crises bancárias.

Catão e Milesi-Ferretti (2013) desenvolvem modelo de probabilidade de ocorrência de crise utilizando como medida da crise a taxa do passivo externo líquido em relação ao PIB para amostra de 70 economias desenvolvidas e em desenvolvimento no período 1970-2011. A metodologia econométrica utilizada é probit para dados em painel com efeitos fixos e aleatórios. Os resultados sugerem que: a dívida líquida, o saldo em conta corrente, e o PIB per capita são fatores fundamentais para a probabilidade de ocorrência de crise. Os autores encontram alguma evidência que a acumulação de reservas internacionais auxiliam na prevenção das crises.

Comelli (2014) desenvolve modelo de probabilidade de ocorrência de crise cambial para comparar modelos paramétricos e não paramétricos para 28 economias emergentes no período de Janeiro de 1995 a Dezembro de 2011. A metodologia econométrica utilizada é de regressão logit para dados em painel com efeitos fixos. Os resultados sugerem que: i) para a abordagem EWS paramétrica, o crescimento do PIB real, as reservas internacionais como proporção da dívida externa de curto prazo, a taxa de crescimento do estoque de reservas e o saldo da conta corrente apresentam significância estatística e são negativamente relacionados com a incidência de crise; ii) para a abordagem não paramétrica o saldo da conta corrente e o estoque de reservas internacionais e a dívida externa de curto prazo são os dois indicadores mais confiáveis na emissão de sinais de crise.

Bordo et al. (2001) estimam modelo de probabilidade de ocorrência de crises cambiais e bancárias. A metodologia econométrica utilizada é pooled logit para uma amostra de 21 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período 1880-1997. As evidências apresentadas pelo estudo foram que: os controle de capitais reduz a probabilidade de ocorrência de crise bancária e aumenta a probabilidade de ocorrência de crise cambial.

Glick e Hutchison (2005) desenvolvem modelo de probabilidade de ocorrência de crises cambiais. A metodologia econométrica utilizada é de regressão pooled probit para uma amostra de 69 países em desenvolvimento no período de 1975-1997. Os autores constroem uma medida para mensurar o nível de controle nas contas capitais e financeiras baseado no Annual Report on Exchange Arrangements and Exchange Restrictions (AEAER) do FMI.Os

resultados sugerem que: os países que não apresentaram controles de capital possuem maior estabilidade cambial e menos ataques especulativos, portanto, menores níveis de abertura financeira, aumentam a probabilidade de ocorrência de crises cambiais nos países em desenvolvimento.

Frost e Saiki (2014) desenvolvem modelo de probabilidade de ocorrência de crises cambiais. A metodologia econométrica utilizada é de regressão probit para dados em painel com efeito aleatório para amostra de 46 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período de frequência trimestral 1975T1-2011T4, como medida de abertura financeira foi utilizado um índice de jure KAOPEN. Os resultados do estudo apontam que: para a amostra total dos países e para amostra dos países desenvolvidos, há evidências que a abertura financeira reduz a probabilidade de ocorrência de crises cambiais, no entanto, para os países em desenvolvimento não foram encontradas evidências que a abertura financeira e a probabilidade de ocorrência de crises cambiais.

Qin e Luo (2014) estimam modelo de probabilidade de ocorrência de crises bancárias. A metodologia econométrica é de regressão probit para dados em painel com efeitos aleatórios, para amostra de países desenvolvidos e em desenvolvimento do G20 no período 1989-2010, como medida de abertura financeira foi utilizado o índice de jure KAOPEN. Os resultados do estudo sugerem que: para os países em desenvolvimento a abertura financeira diminui a probabilidade de ocorrência de crises bancárias. Em contrapartida, para os países desenvolvidos há evidências que maior abertura financeira aumentam a probabilidade de ocorrência de crises bancárias.

Hamdi e Jlassi (2014) desenvolvem modelo de probabilidade de ocorrência de crises bancárias. A metodologia é de regressão logit para dados em painel com efeitos fixos para amostra de 58 países em desenvolvimento no período 1984-2007. Foram utilizadas duas medidas de abertura financeira, o índice de jure de KAOPEN e o índice de facto LMF. Os resultados do trabalho sugerem que: não há relação estatisticamente significativa entre os índices de abertura financeira e a probabilidade de ocorrência de crises bancárias.

Fielding e Rewilak (2015) estimam modelo de probabilidade de ocorrência para crises bancárias. A metodologia econométrica é de regressão probit para dados em painel dinâmico para amostra de 121 países desenvolvidos e em desenvolvimento no período 1999-2011, como medida da abertura financeira foi utilizado índice de jure KAOPEN. Os resultados do estudo apontam: que há alguma evidência que a combinação entre o índice de fragilidade financeira dos bancos e o crescimento do crédito são importantes indicadores de probabilidade de ocorrência de crise bancária.

Caballero (2014) estima modelo de probabilidade de ocorrência para crises bancárias. As metodologias econométricas é de dados em painel com efeitos aleatórios Mundlak e logit condicional com efeitos fixos, para amostra de 59 países no período 1973-2008, como medida de abertura financeira foi utilizada uma variável binária para eliminação dos controles de taxa de juros em relação aos cinco anos anteriores. Os resultados sugerem que os boom nas entradas capitais, líquidos e brutos, aumentam a probabilidade de ocorrência de crise bancária, assim como as saídas inesperadas dos fluxos portfolio equity também aumentam probabilidade da crise.

Damasceno e Baptista (2016) estimam modelo de probabilidade de ocorrência de crises cambiais, bancárias e dívidas soberanas. As metodologias econométricas utilizadas são pooled probit, probit efeitos aleatórios e probit efeitos aleatórios Mundlak para amostra de 160 países desenvolvidos e em desenvolvimento para o período de 1970 a 2011, como medida de abertura financeira foram utilizados dois índices: o de jure KAOPEN e o índice de facto de LMF. Os resultados sugerem que para a amostra total há evidências de que aumento da abertura financeira diminui a probabilidade de ocorrência de crise cambial e da dívida soberana. O aumento da abertura financeira tendo como base o índice de facto, indicou aumento da probabilidade de ocorrência de crise bancária. Para os países desenvolvidos o aumento da abertura financeira diminui a probabilidade de ocorrência de crise cambial e não foram encontradas evidências de relação estatística significativa entre a abertura financeira e probabilidade de ocorrência de crise bancária. Para os países em desenvolvimento não foram encontradas evidências entre abertura financeira e a probabilidade de ocorrência de crise cambial, bancária e da dívida soberana