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MOTIVAR PARA MAXIMIZAR A FUNCIONALIDADE 2 BIBLIOGRAFIA

MOTIVAR PARA MAXIMIZAR A FUNCIONALIDADE

1. MOTIVAR PARA MAXIMIZAR A FUNCIONALIDADE 2 BIBLIOGRAFIA

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1. MOTIVAR PARA MAXIMIZAR A FUNCIONALIDADE

O terceiro Jornal de Aprendizagem é referente ao período de 16 a 21 de outubro de 2017. Como futura Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabitação (EEER) tenho de ter presente que uma das competências específicas que me será atribuída prende-se com maximizar a funcionalidade da pessoa após um processo de doença ou acidente (Ordem dos Enfermeiros [OE], 2010a).

Identificar, educar, executar, supervisionar e monitorizar são verbos que fazem parte do dia-a-dia dos EEER. Estes prendem-se com os objetivos que foram definidos para, e com, a pessoa alvo de cuidados.

A motivação reside internamente no indivíduo e é um dos fatores preditivos para que se atinja a maximização da funcionalidade estabelecida no plano individual de cuidados de Enfermagem de Reabilitação (ER). Sem ela o conhecimento, mesmo que seja adquirido pelo utente não passa para o plano da ação que permite desenvolver as suas capacidades.

Marques-Vieira & Sousa (2016) justificam esta premissa quando afirmam que exercer a capacitação é “um processo que envolve domínios cognitivo, físico e material.” (p.57) da pessoa alvo de cuidados. Deste modo compreende-se que, tal como dizem Singh & Singh (2013), a motivação é o catalisador para o desempenho de uma determinada tarefa.

A situação que entendi merecer reflexão crítica prende-se com uma utente que será denominada Sr.ª L. ao longo do documento. É seguida pela Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) Cuidar + desde há 3 meses após ter sido submetida a artroplastia total do joelho (ATJ) esquerdo por osteoartrose.

A Sr.ª L. tem 59 anos e está atualmente em licença para incapacidade de trabalho temporária na sequência da referida cirurgia. Iniciou o processo de reabilitação na ECCI Cuidar + logo após a alta, com os objetivos de readquirir a amplitude articular (que é o principal indicador de sucesso), aliviar a dor e fortalecer, entre outros, mas essencialmente, os músculos dos quadricípites e músculos extensores e abdutores da articulação coxofemoral (Marques- Vieira & Sousa, 2016). Ainda executar treino de marcha, que neste momento é com canadianas.

Desde que iniciei o Estágio tive oportunidade de participar no Plano Individual de ER estabelecido para a Sr.ª L. em três visitas domiciliárias. Em todas elas foi necessário instruir ou reforçar acerca da maioria das técnicas dos exercícios de reabilitação funcional motora estabelecidos pelo EEER gestor do caso.

3 Com sorriso fácil e bastante comunicativa, tenta frequentemente desviar o foco de atenção para outras atividades que não as intervenções propostas, o que se reflete na necessidade constante de estímulo para terminar o número de sequências dos exercícios propostos. Refere que os exercícios são difíceis de executar por provocarem cansaço. Ainda nos exercícios ativos do joelho esquerdo e no treino de subir e descer escadas necessita sempre de correção.

Demostra de uma forma global desmotivação face às intervenções do plano traçado, o que está a impedir a recuperação da independência nas atividades de vida diária.

Os exercícios propostos, não sendo inatingíveis face à sua capacidade funcional, estão mesmo assim a tornar-se impossíveis de concretizar pela falta de motivação intrínseca, que segundo Murphy (2006) está relacionada com fatores pessoais que fazem o individuo querer ou não aprender.

Compreendo que efetivamente têm de ser adotadas estratégias de motivação que permitam à Sr.ª L. recuperar e maximizar a sua funcionalidade. Por essa razão ao invés de sugerir simplesmente reduzir a intensidade do treino para aumentar a sua tolerância, irei durante a próxima semana propor enriquecer o Plano de Intervenção Individual com as ações que descrevo de seguida.

O primeiro passo do meu plano de ação, já foi dado, e prende-se com a identificação da fonte do cansaço. Em equipa compreendeu-se que a incapacidade de concretizar os exercícios estava relacionada com o jejum prolongado, que consequentemente originava cansaço durante a atividade física.

Foi explorado o motivo do jejum, e após ter sido esclarecido que se não prendia com fatores económicos, compreendeu-se que deriva de hábitos de vida desde os tempos de juventude. Refere ainda que o facto de se encontrar em casa incapacitada de exercer a sua atividade profissional contribui para a falta de apetite. Assim, e tendo em conta as características individuais da Sr.ª L., foi estabelecido um plano alimentar prévio ao início do treino, que se prende com ingestão de hidratos de complexos com baixo índice glicémico (pão integral ou cereais integrais), alimentos fonte de proteína (iogurte, queijo) e vitaminas (fruta).

É necessário ainda sensibilizar a Sr.ª L. sobre em que medida os exercícios propostos vão trazer ganhos para a atividade de vida e reduzir as complicações à ATJ. O objetivo será que tome consciência de que só ela poderá ser o agente de mudança no seu processo de reabilitação.

Proponho assim três estratégias: explicar quais os benefícios práticos de cada exercício proposto, instruir a execução dos exercícios em forma de jogo ou dança (escolher de acordo com o que constatarei ser mais eficaz) e dar feedback positivo no final de cada treino valorizando apenas as intervenções corretamente executadas.

4 Uma vez que reside num quarto andar sem elevador a capacidade para subir e descer escadas é imprescindível para pode ir à rua. Seguindo este requisito para o autocuidado um exemplo da primeira estratégia descrita será explicar que o objetivo dos exercícios de agachamentos e flexão ativa do joelho e coxofemoral prendem-se com o aumento da amplitude articular, que se encontra reduzida pela intervenção cirúrgica, para pelo menos 90 graus, explicando que para subir escadas é necessário pelo menos um flexão do joelho de 83 graus e para descer entre 90 e 100 graus.

A importância de explorar as questões motivacionais que levam a não adesão do programa de reabilitação são efetivamente imprescindíveis, e neste caso considero que se vão traduzir em ganhos de saúde e melhoria da qualidade de vida.

A bibliografia colocada explícita que a importância de capacitar se prende com permitir à pessoa retomar as suas atividades de vida, reduzir o risco de complicações e prevenir novas incapacidades. Diz ainda que o desenvolvimento pessoal, qualidade de vida e bem-estar físico, emocional e social do utente estão diretamente ligados à satisfação das exigências necessárias ao autocuidado, residindo aqui a importância do EEER que é dotado dos conhecimentos necessários para estabelecer esse percurso. (OE, 2010a, OE, 2010b)

A situação exposta é familiar no quotidiano profissional dos EEER. Este processo reflexivo permitiu-me estabelecer novas estratégias de intervenção para a Sr.ª L., e afirmar que aquando a monitorização do plano de ER a avaliação da motivação, em cumprir o processo de reabilitação, deve ser parte integrante.

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BIBLIOGRAFIA

Marques-Vieira, C. & Sousa, L. (2016). Cuidados de Enfermagem de Reabilitação à pessoa ao longo da vida. Loures: Lusodidacta.

Murphy, F. (2006). Motivation in nurse education practice: a case study approach. British Journal of Nursing. 15(20), 1132- 1135. Medline with full Text.

Ordem dos Enfermeiros (2010a). Regulamento das competências específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros. Ordem dos Enfermeiros (2010b). Regulamento dos Padrões de Qualidade dos Cuidados

Especializados em Enfermagem de Reabilitação. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros. Singh, C. & Singh, R. (2013). A literature review on motivation. Glob Bus Perspect, (1), 471–

Mestrado em Enfermagem

Área de Especialização de Enfermagem de Reabilitação

Unidade Curricular Estágio com Relatório

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