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TREINO DE EXERCÍCIO NA DIABETES

1. TREINO DE EXERCÍCIO NA DIABETES 2 BIBLIOGRAFIA

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1. TREINO DE EXERCÍCIO NA DIABETES

O quarto Jornal de Aprendizagem é referente ao período de 23 a 27 de outubro de 2017. Marques-Vieira & Sousa (2016) afirmam que “o movimento é vital à saúde dos seres humanos.” (p.227). Monteiro (1997) num artigo de revisão sistemática da literatura reconhece ser consensual a necessidade de realizar treino da força muscular para a melhoria da aptidão física, uma vez que é um dos seus principais componentes e está diretamente relacionado com a capacidade de autocuidado. Carvalho & Soares (2004) ressalvam, no entanto que, este só é benéfico se orientado por profissionais, nos quais o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER) está incluído pelas competências que lhe são atribuídas, pois de outro modo poderá ser prejudicial ao nível dos sistemas cardiovascular e locomotor.

Durante o decorrer desta semana a minha Enfermeira Orientadora informou-me acerca a intervenção da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Cuidar + no Dia Mundial da Diabetes comemorado anualmente 14 de novembro. Nesse âmbito, e tendo em conta que o grande enfoque da Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) são os cuidados de Enfermagem de Reabilitação (ER), a equipa de Enfermagem propôs-se a construir um treino de exercício, dirigido a um grupo de participantes diabéticos inscritos no ACES Lisboa Ocidental e Oeiras, com o objetivo de prevenir as complicações associadas a esta doença crónica, potencialmente incapacitante pelas complicações inerentes. De salientar que apesar de os utentes ainda não estarem definidos serão seguramente idosos, pela caracterização da população abrangida pela ECCI Cuidar + apresentada no Jornal de Aprendizagem (JA) 1.

Face aos dados que apresentarei de seguida, esta ação assume um enorme impacto no que respeita à qualidade de vida e prevenção de complicações relacionadas com a Diabetes dos indivíduos alvo da aula.

Estima-se que a nível mundial em 2040 o número das pessoas com diabetes subirá dos 415 milhões de 2015 para 642 milhões (Observatório da Diabetes, 2016). Se conseguirmos que pelo menos alguns dos membros deste grupo adiram e mantenham a atividade física regular estamos a potenciar a redução dos custos em saúde e a melhorar a saúde na sua globalidade.

Este JA funcionará com um espaço de recolha dos conhecimentos necessários à construção do plano de treino de exercício que será apresentado posteriormente no Relatório Final.

Primeiramente debrucei-me sobre a importância do Dia Mundial da Diabetes, pois na verdade não estava familiarizada com a sua existência.

3 Este dia foi criado pela Organização Mundial da Saúde em 1991 como resposta ao aumento do número de indivíduos diabéticos e à crescente ameaça para a saúde global que a Diabetes acarreta. Só se tornou, no entanto, oficial em 2006 pela Nações Unidas, no âmbito do movimento Unidos pela Diabetes. (Direção-Geral da Saúde [DGS], 2016)

Nesse dia são desenvolvidas ações, atividades e eventos, em todo o mundo, que têm como objetivo sensibilizar a população de que a Diabetes tipo 2 pode ser prevenida e as complicações podem ser evitadas, e a tipo 1 quando bem gerida ser mantida a qualidade de vida. Este dia é amplamente difundido pelos meios de comunicação social, que ajudam em grande medida a difundir a mensagem pretendida. (Sociedade Portuguesa de Diabetologia, 2016; Internacional Diabets Federation, 2017,)

Em Portugal a DGS, através do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes (DGS, 2008), assinala todos os anos o dia 14 de novembro com a definição de uma temática. Este Programa considera que a promoção da atividade física, na pessoa com o diagnóstico de Diabetes, deve ser utilizada como estratégia de atuação pelos profissionais de saúde. Descreve ainda que o estilo de vida sedentário é um fator de risco acrescido de desenvolvimento de Diabetes. (DGS, 2008)

A perda de força muscular ocorre mais acentuadamente a partir dos 65 anos de idade e é mais acentuada nos grupos musculares dos membros inferiores, comparativamente com os membros superiores, o que provoca maior compromisso funcional (Murray et al., 1985, Jette, et al., 1990, Spirduso, 1995, citados por Monteiro, 1997). Ainda a força dinâmica e as atividades que necessitam de contração concêntrica são as que apresentam maior redução de capacidade.

Este enfraquecimento muscular leva a alterações da mobilidade, aumento do risco de queda (com fraturas consequentes) e reduz a capacidade para a autonomia e autocuidado para execução das atividades de vida diária, como por exemplo subir e descer escadas, realizar transferências e carregar pesos, entre outras. (Carvalho & Soares, 2004)

Na pessoa idosa não é necessário aumento substancial da força para que ocorra aumento da capacidade funcional diária. Carvalho & Soares (2004) diz-nos que “uma pequena activação muscular é provavelmente suficiente para reduzir a fragilidade muscular típica do idoso.” (p.83). Através dos programas de treino de exercício é aumentada a coordenação neuromuscular, a flexibilidade articular, o equilíbrio e a marcha (Carvalho & Soares, 2004), o que irá potenciar a capacidade para a execução das Atividades de Vida Diária.

Como futura EEER devo ter em consideração que a pessoa idosa é mais suscetível à possibilidade de lesões, pelo que devo tomar precauções especiais no que se refere à intensidade

4 e carga de esforço. Ainda na escolha dos exercícios para o treino deverei evitar que sejam monótonas, de modo a favorecer a adesão. (Monteiro, 1997)

De acordo com os últimos dados do relatório anual do Observatório Nacional da Diabetes em 2015 mais de 1 milhão de portugueses no grupo etário entre os 20 e os 79 anos tem Diabetes, que corresponde a uma prevalência da Diabetes total de 13,3% (Observatório da Diabetes, 2016).

Mais gritante ainda é constatar que mais de um quarto das pessoas entre os 60 e os 79 anos tem Diabetes e que em 2014 a Diabetes em Portugal representou um custo estimado entre 1.300 a 1.550 milhões de euros, o que representa 0,7 a 0,9% do Produto Interno Bruto português em 2015, e 8 a 10% da despesa em Saúde em 2015 (Observatório da Diabetes, 2016).

A pessoa diabética apresenta diminuição da força muscular e da sua capacidade aeróbica, pelas alterações metabólicas e vasculares que reduzem a nutrição das células músculo- esqueléticas. A prática de exercício físico regular diminui a resistência à insulina, facilitando o seu transporte para as células. (Sanz, Gautier & Hanaire, 2010)

Os exercícios aeróbios e os de fortalecimento muscular promovem a qualidade de vida e controlam a Diabetes tipo 2, pois a manutenção da força muscular previne a perda das fibras que utilizam a glicose para obter energia (fibras tipo 2), que são então essenciais no controlo da glicose no sangue (Ciolac & Guimarães, 2004). Ainda durante o exercício físico aumenta o consumo de glicose pelos músculos, reduzindo a sua acumulação no sangue (Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, 2017).

Para que o controlo metabólico seja eficaz a atividade física deverá ser efetuada pelo menos a cada dois dias, de intensidade moderada, em series de 2 a 3, com 8 a 10 repetições. Dado o antecedente pessoal dos indivíduos deverei certificar-me que existiu ingestão de alimentos antes do início do treino, e que existe ao seu dispor durante a aula alimentos ricos em hidratos de carbono de absorção rápida.

Considero ser uma mais-valia colaborar na composição dos exercícios do plano de treino, pois está atividade vai de encontro aos objetivos que me propus atingir neste Estágio. Está ainda diretamente relacionada com o desenvolvimento das competências J1 e J3 que discriminam, respetivamente, os seguintes critérios de avaliação “implementa planos de intervenção para a redução do risco de alterações aos níveis motor, sensorial, cognitivo, cardio- respiratório, da alimentação, da eliminação e da sexualidade.” (p. 3, Ordem dos Enfermeiros [OE], 2010) e “concebe sessões de treino com vista à promoção da saúde (…)” (p. 4, OE, 2010).

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BIBLIOGRAFIA

Carvalho, J. & Soares, J. (2004). Envelhecimento e força muscular - breve revisão. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 4 (3), 79-93.

Ciolac E., Guimarães G. (2004). Exercício Físico e Síndrome Metabólica. Revista Brasileira de Medicina e Esporte. 10 (4). 319 - 324

Direção-Geral da Saúde (2008). Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes. Lisboa: Direção-Geral da Saúde.

Internacional Diabets Federation (2017). Word Diabets Day. Acedido em: http://www.worlddiabetesday.org/about-wdd.html.

Marques-Vieira, C. & Sousa, L. (2016). Cuidados de Enfermagem de Reabilitação à pessoa ao longo da vida. Loures: Lusodidacta.

Monteiro, W. D. (1997). Força muscular: uma abordagem fisiológica em função do sexo, idade e treinamento. Revista Brasileira de Actividade Física & Saúde, 2 (2), 50-66. Acedido a: 30-10-2017. Disponível em: http://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/1122/1306 Ordem dos Enfermeiros (2010). Regulamento das competências específicas do Enfermeiro

Especialista em Enfermagem de Reabilitação. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros. Santos, A. P. A. S. (2015). Associação entre Atividade Física, Aptidão Física e Qualidade de

Vida em Pessoas Idosas com Diabetes Mellitus Tipo 2. Dissertação de mestrado. Universidade de Évora, Escola de Ciências e Tecnologia, Évora.

Sanz, C., Gautier, J. F. & Hanaire, H. (2010). Physical exercise for the prevention and treatment of type 2 diabetes. Elsevier. 2010, 5 (36), 346-351. Doi: 0.1016/j.diabet.2010.06.001. Sociedade Portuguesa de Diabetologia (2016). Diabetes factos e números. O ano de 2015.

Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes 12/2016. Acedido em: https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2017/03/OND-2017_Anexo2.pdf.

Mestrado em Enfermagem

Área de Especialização de Enfermagem de Reabilitação

Unidade Curricular Estágio com Relatório

Jornal de Aprendizagem 5