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O imposto sobre doações

GRÁFICO 3 ISENÇÃO DO ITCMD CONFORME ÁREA DE ATUAÇÃO DA OSC ÁREAS CONTEMPLADAS POR ISENÇÃO ITCMD DOAÇÕES

3.11. MUDANÇAS LEGISLATIVAS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS

Por fim, foram investigadas mudanças legislativas recentes relativas a dois temas da tributação de doações para OSC: majoração/ redução de alíquotas e criação e novas hipóteses de isenção. Quanto ao primeiro caso, 16 estados tiveram alguma alteração no regime de alíquotas nos últimos cinco anos. Alguns mudaram a lei para criar fai- xas de progressividade, o que antes era inexistente. Verificou-se que, na maior parte dos casos em que isso ocorreu, a mudança destinou-se a aumentar a alíquota incidente sobre grandes heranças. Os casos serão relatados em seguida.

No tocante às isenções, cinco estados (Amazonas, Mato Gros- so, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Sergipe) modificaram suas leis para criar ou ampliar a isenção relacionada ao valor da transmissão. Es- pecificamente sobre as OSCs, nos últimos cinco anos, apenas três esta- dos (Acre, Paraná e Rio de Janeiro) criaram novas hipóteses de isenções beneficiando-as. Na sequência, as alterações específicas verificadas em cada estado e no Distrito Federal são apresentadas individualmente.

Em Alagoas, uma alteração do Código Tributário Estadual, em 2017, eliminou a progressividade das alíquotas e segregou as alíquotas de doação e de sucessão (antes se estabelecia uma única alíquota, com regras idênticas de progressividade). Na prática, a alíquota sobre doa- ções diminuiu porque ficou fixa em 2% (antes era de 4% para doações em geral e de 2% apenas para doações feitas entre parentes de até se- gundo grau). No caso da sucessão, o efeito foi oposto: fixou-se a alíquo- ta em 4%. Na prática, a tributação aumentou, pois foi eliminada a regra de alíquota de 2% para transmissão entre parentes de até segundo grau.

O estado do Amazonas, em 2013, alterou a Lei Complemen- tar Estadual nº 112/2012, isentando doações cujo tributo fosse de até R$ 50,00. Em termos práticos, esse dispositivo significou isenção a doações de até R$ 2.500,00.

Já no Ceará, com a nova lei do ITCMD (Lei Estadual nº 15.812/2015), a alíquota para doação aumentou. Foram criadas novas faixas de tributação: 6% e 8% (até 2015, o limite era de 4%). No caso de sucessão, a lei mudou as faixas de tributação, ampliando o valor teto das alíquotas. Portanto, esse estado aumentou a alíquota para doação e diminuiu a de sucessão (ainda que esta continue sendo mais tributada do que a doação, em razão de suas faixas-limite menores).

No Distrito Federal (DF) e em Goiás (GO), a alíquota de tribu- tação para doações era fixa em 4%. Em ambos os casos, foram recente- mente criadas faixas de progressão (em 2015 e 2016, respectivamente). No DF, as faixas foram de 5% e 6% e, em GO, de 6% e 8%. Aumentou-se, portanto, a tributação das doações.

No Maranhão, em 2015, também foram criadas novas faixas de progressividade da alíquota. No entanto, para as doações a alteração legislativa implicou redução, pois a alíquota, que era fixa em 2%, passou a ter faixas de 1% e 1,5%. Para o caso da sucessão, houve uma medida inversa: as novas faixas criaram hipóteses de aumento da alíquota, que antes era fixa em 4% e passou a variar entre 3% e 7%.

No Mato Grosso do Sul, a Lei Estadual nº 4.759, de 16 de no- vembro de 2015, aumentou significativamente o valor teto para doa- ções isentas e estendeu essa modalidade de isenção (por valor) tam- bém para sucessões. A mesma lei aumentou as alíquotas da tributação. No caso de sucessão, subiu de 4% para 6%; e de doação, de 2% para 3%. O mesmo se deu no Mato Grosso. Nesse estado, a Lei Estadual nº 10.488/2016 (com efeitos a partir de 1º de abril de 2017) ampliou o valor teto de isenção para doações e sucessões, ao mesmo tempo que aumen- tou as alíquotas, que, em ambos os casos, variavam de 2% a 4% e passa- ram a variar de 2% a 8%.

A Paraíba, com a Lei nº 10.507/2015 (vigência a partir de 1º de janeiro de 2016), foi mais um estado que recentemente criou faixas progressivas de alíquotas, de 2% a 8%, diferenciando a tributação de sucessão e doação. Antes, havia uma única alíquota de 4% aplicável a todas as operações. Por essa alteração, a sucessão passou a ser mais tributada que a doação.

Pernambuco, por sua vez, a partir da Lei Estadual nº 15.601/2015, ampliou o teto da isenção por valor das doações, de R$ 5.000,00 para R$ 50.000,00. Além disso, a partir de 2016, o estado

passou a ter quatro faixas de progressividade da alíquota (2% a 8%, para sucessão e doação). Anteriormente, a alíquota tributária de su- cessão era fixa em 5%, e a de doação, em 2%. Portanto, na prática, a tributação das doações foi ampliada.

O Piauí também passou a adotar a progressividade (com a Lei Estadual nº 6.744, de 23 de dezembro de 2015), mas somente para su- cessão (com faixas de 2% a 6%). A alíquota de doações, por outro lado, foi mantida em 4%. A medida implicou situações como esta: doações de até R$ 20.000,00 pagam 4% de imposto, ao passo que heranças de mesmo valor pagam apenas 2%.

O Rio Grande do Norte (RN) e o Rio Grande do Sul (RS) tam- bém adotaram faixas de progressividade tributária e, com isso, majora- ram as alíquotas incidentes sobre as doações. Em ambos os estados, a alíquota era fixa em 3% para doações. No RN, a Lei Estadual nº 9.993, de 29 de outubro de 2015, instituiu faixas de progressividade de 3% a 6%. Já no RS, a Lei Estadual nº 14.741, de 24 de setembro de 2015, criou faixa nova para 4% de imposto.

O mesmo se deu em Tocantins, onde a Lei Estadual nº 3.019/2015 criou novas faixas de incidência do imposto, de 2% a 8%, an- tes fixo em 4%. A mesma lei criou uma faixa de isenção até o valor teto de R$ 25.000,00. Em Sergipe, a Lei Estadual nº 8.044/2015 criou faixas progressivas de alíquotas, mas somente em relação à herança, manten- do a alíquota de doação em 4%. Essa lei também aumentou o teto para isenção por valor.

Por fim, em três estados houve criação de novas hipóteses de isenções que beneficiam diretamente as OSCs. No Paraná, a Lei Estadu- al nº 18.573/2015 isentou de ITCMD as doações para OSCs atuantes em apoio a vítimas de calamidade pública ou emergência.

No Acre, a Lei Complementar Estadual nº 271/2013 incorporou as hipóteses constitucionais de não incidência de tributos para enti- dades de educação e assistência social. Ao fazê-lo, contudo, ampliou o texto para alcançar também as entidades esportivas e culturais, crian- do novas hipóteses de isenção.

Finalmente, no Rio de Janeiro, a Lei Estadual nº 7.786/2017 ins- tituiu isenção de ITCMD para OSC em diversas áreas de atuação, alte- rando a lei anterior (Lei Estadual nº 7.174/2015), que não previa nenhum tipo de isenção direta para OSC. Quanto às alíquotas, ainda em 2015, a

Lei Estadual nº 7.174/2015 já havia majorado de 4% para 5% o imposto incidente nas sucessões e doações. A nova lei também majora alíquotas, que agora chegam a 8%.