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Município e rádio comunitária como bens públicos: o desafio da formação do

PARTE III. ENQUADRAMENTO TEÓRICO, CONCEPTUAL E CONTEXTUAL

4. Comunicação pública: uma estratégia para a comunicação Municipal

4.8. Município e rádio comunitária como bens públicos: o desafio da formação do

Nas parcerias entre rádios comunitárias e Municípios, as comunidades devem conhecer os seus deveres, direitos e as formas de participação na gestão de bens públicos. Só uma comunidade que conhece seus direitos e deveres na gestão dos bens públicos pode produzir programas de educação para a cidadania autárquica e difundi-los através das rádios comunitárias, por outro lado, só uma comunidade conhecedora dos seus deveres e direitos será o fiscalizador do poder autárquico e buscará participar na gestão

compartilhada domunicípio e da rádio comunitária56. Tanto rádio comunitária, como

                                                                                                               

55Vide em anexo a lista da ONG’s a actuarem em Moçambique.

56De acordo com o Artigo 45 da Constituição da República de Moçambique no relacionamento entre os cidadãos e a comunidade, o cidadão dever ser capaz:

a) Servir a comunidade nacional, pondo ao seu serviço as suas capacidades físicas e intelectuais; b) Trabalhar na medida das suas possibilidades e capacidades;

município pela sua concepção se configuram como bens públicos e prestadores de serviço público.

De acordo com Mateus (2011:11), a palavra “público” tem sua raiz etimológica em duas tradições próximas. A Grega e a Latina. Na tradição Grega, público (to koinon) aponta para aquilo que é comum, abarcando todas as actividades que devem ser partilhadas e que não são exclusivos de ninguém na medida em que elas encerram uma dimensão de cidadania na qual é preciso que todos participem. Na versão latina, público (publicus) significa o que é de todos, o trivial ou o relativo ao povo. Nesta acepção, publicus está associado a publicum denotando o domínio do Estado. Para Mateus (2011), se distinguem cinco usos do adjetivo “público”, quais sejam:

1. “As pessoas ou actividades relativas ao Estado; 2. A condição de abertura e acessibilidade; 3. Que pode ou deve ser partilhada e comum;

4. Tudo aquilo que não pertence aos assuntos domésticos e

5. Toda a opinião e conhecimento que resulta dos fluxos comunicacionais”, (MATEUS 2011:11).

Numa outra perspectiva, Mateus (2011:11) advoga que o “público”, enquanto substantivo, refere-se a uma forma de sociabilidade assente no fluxo comunicacional com vista à proposta, discussão e vinculação da opinião a assuntos derivados de afinidades eletivas consideradas preponderantes e de importância societal consensual. Acrescenta o autor que o facto de o público se diferenciar da esfera doméstica e dizer respeito àquilo que pertence a todos acrescenta o significado de notável, sendo o uso da palavra público sinónimo de notoriedade e prestígio, dois dos mais correntes significados hodiernos (...).Partindo da visão de Mateus(2011) sobre a definição de público pode verificar-se que tanto rádio comunitária, como município são bens públicos, porque devem ser acessíveis                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

d) Zelar, nas suas relações com a comunidade pela preservação dos valores culturais, pelo espírito de tolerância, de diálogo e, de uma maneira geral, contribuir para a promoção e educação cívicas;

e) Defender e promover a saúde pública; f) Defender e conservar o ambiente;

g) Defender e conservar o bem público e comunitário. Disponível em:

http://www.minec.gov.mz/index.php/documentos/legislacao/1-constituicao-da-republica-de-mocambique/file. Acessado, 17 de Agosto de 2017.  

a todos, são um lugar do compartilhamento do comum e, sobre tudo, um lugar onde se abrem fluxos de comunicação com vista a transformação de informações em conhecimento para o desenvolvimento comunitário. No público reina a democracia e a abertura a participação de todos na definição de políticas públicas sobre a gestão tanto da rádio comunitária, como do município enquanto entes públicos.

Na mesma ordem de ideias, Mateus Toro & Werneck (2004:32) entendem por público tudo o que convém a todos, como resultado de uma racionalidade genuinamente colectiva.

Na perspectiva de Arendt (1997:59-60), o termo “público” remete-nos a dois fenómenos distintos, embora correlacionados. Em primeiro lugar, “público” centra-se na ideia de acessibilidade: tudo o que vem a público está acessível a todos - pode ser visto e ouvido por todos. Quando divulgamos um pensamento ou um sentimento através de uma estória, bem como quando divulgamos experiências artísticas individuais, o privado torna-se de acesso público. A garantia deste fenómeno depende de uma condição essencial: os outros têm de partilhar a realidade do mundo e de nós mesmos. Em segundo lugar, o termo “público” centra-se na ideia de comum. A realidade do mundo tem um bem comum ou interesse comum do artefacto e dos negócios humanos, na medida em que é partilhado por indivíduos que se relacionam entre si.

Henriques (2010:90-91) retoma a visão de Arendt(1997) e afirma que a forma comum de definir o que é público se dá pela oposição ao que é privado e acrescenta que um bem público é todo aquele cuja propriedade não seja definida como particular nem restrita a uma pessoa ou um grupo identificável. Mas aponta também que o sentido de público se estende para além disso, englobando tudo aquilo que se opõe ao segredo, ou seja, tudo ao que damos publicidade. Nesse sentido, publicidade se refere à visibilidade. Quando falamos de uma questão ou problema público estamos nos referindo a algo que pode ser reconhecido por todos porque, ao menos potencialmente, é algo visível ou afeta a todos.

Historicamente, de acordo com Pietro (2014:742), os bens públicos têm como origem Roma. Esses bens eram subdivididos em res nullius, como coisas extra commercium, dentre as quais se incluíam as res communes (mares, portos, estuários, rios, insuscetíveis de apropriação privada), as res publicae (terras, escravos, de propriedade de todos e subtraídas ao comércio jurídico) e res universitatis (fórum, ruas, praças públicas).

Acrescenta a autora que os bens da primeira classe eram aqueles utilizados por todos (res communes), os segundos (res publicae) eram aqueles adquiridos no mercado jurídico e os terceiros (res universitatis) eram aqueles destinados e utilizados por toda a colectividade.

Sob uma perspectiva normativa e institucional, Medauar (2005: 273-276) define que bens públicos é expressão que designa os bens pertencentes a entes estatais, para que sirvam de meio ao atendimento imediato e mediato do interesse público e sobre os quais incidem normas especiais, diferentes das normas que regem os bens privados. Os bens públicos são importantes a medida que são mais utilizados para atendimento dos fins do Estado e por serem elementos fundamentais para a vida em colectividade. Nesta mesma linha, Mello (2005, p.837) aponta que os bens públicos são aqueles que pertencem às pessoas jurídicas do direito público, isto é, à União, ao Distrito Federal, ao Município,

aos respectivos municípios, às províncias, aos distritos, às localidades57e a fundações de

direito público (estas últimas, aliás, não passam de municípios designados pela base estrutural que possuem), bem como os que, embora não pertencentes a tais pessoas, estejam afeitos à prestação de um serviço público. Esse conjunto de bens públicos, de acordo com o autor, forma o que se designa por “domínio público”. Acrescenta ainda que o serviço público é toda actividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da colectividade em geral, mas gerido singularmente pelos administradores, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça as vezes, sob regime de direito público, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais- instituído em favor dos interesses definidos como públicos no sistema normativo (MELLO, 2005: 628).

Filho (2012: 1035-1036) retoma as definições dos autores anteriores para afirmar que bens públicos são os bens jurídicos atribuídos à titularidade do Estado, submetidos a regime jurídico de direito público, necessários ao desempenho das funções públicas ou merecedores de proteção especial. Acrescenta o autor que o primeiro fundamento para a qualificação do bem como público é a sua instrumentalidade para o desempenho da                                                                                                                

57 Grifo nosso: Na divisão administrativa Moçambicana existem Províncias, Municípios, Distritos e Localidades.

função pública (administrativa ou não). O exercício das funções estatais exige uma infraestrutura material, composta por bens imóveis, móveis, direitos e assim por diante.

Na mesma perspectiva, Furtado (2013: 661) define bens públicos como sendo todos aqueles que são utilizados para satisfazer qualquer actividade pública e, assim sendo, esses bens serão de domínio público. Acrescenta o autor que dois parâmetros definem o que são bens de domínio público, nomeadamente: (a) o parâmetro da titularidade e (b) o parâmetro da destinação. De acordo com este, o parâmetro da titularidade atribui natureza pública aos bens pertencentes às pessoas jurídicas de Direito Público, enquanto o segundo toma como parâmetro a finalidade a que se destinam os bens. Se sua utilização estiver vinculada ao desempenho de qualquer actividade estatal, ou se forem destinados ao uso directamente pela população, compreenderiam esses bens o domínio público.

Moçambique (2004), no seu artigo 98 (Propriedade do Estado e domínio público), no seu número 3, regula o regime jurídico dos bens do domínio público, bem como a sua gestão e conservação, diferenciando os que integram o domínio público do Estado, o domínio público dos municípios locais e o domínio público comunitário, com respeito pelos princípios da imprescritibilidade e impenhorabilidade. Já no seu artigo 99 (Sectores de propriedade dos meios de produção), no seu número 2, define como sector público aquele que é constituído pelos meios de produção cuja propriedade e gestão pertence ao Estado ou a outras entidades públicas. Enquanto no número 4 define o sector cooperativo e social como aquele que compreende especificamente:

a) “Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por comunidades locais;

b) Os meios de produção destinados à exploração colectiva por trabalhadores; c) Os meios de produção possuídos e geridos por pessoas colectivas, sem carácter

lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade social, designadamente, entidades de natureza mutualista” (MOÇAMBIQUE, 2004).

A existência do público está condicionada a existência da publicidade, e esta é condicionada pela existência da comunicação.Nesta linha de pensamento, Dewey referenciado por Progrebinschi (2005:141) afirma que não pode haver público sem que haja publicidade. Advoga o autor que é preciso que todas as consequências relativas às actividades levadas a cabo na comunidade sejam publicitadas, se tornem do domínio da

opinião pública. Esta opinião pública, corre o risco de ser distorcida ou limitada por qualquer coisa que venha a obstruir ou restringir a publicidade e, como consequência, prejudicar o discernimento das questões relativas à comunidade. Deste modo, é preciso que haja difusão e disseminação absolutas dos assuntos comunitários. Dewey afirma que um facto da vida da comunidade que não seja espalhado de modo a ser uma possessão comum é uma contradição em termos. É preciso que as informações comunais sejam distribuídas extensa e intensamente, porém não de forma aleatória; elas precisam germinar, criar raízes e dar frutos para a própria comunidade, com o compartilhamento de suas próprias actividades e consequências. O meio que possibilita a publicitação e a disseminação das informações comunitárias é, afinal, a comunicação.

Festenstein citado por Progrebinschi (2005:141-142) reforça a ideia de Mead afirmando que a vida da comunidade se sustenta através do processo de comunicação. Mais do que meramente distribuir informações, a comunicação envolve a realização de experiências compartilhadas através da acção cooperativa que permeia os encontros verbais e práticos entre os membros da comunidade. Ademais, a comunicação tem ainda o papel de harmonizar os interesses dos indivíduos com aqueles da comunidade; ao se tornar consciente das actividades comunitárias, o indivíduo passa a ter a possibilidade de identificar os seus interesses pessoais com os interesses da comunidade, em suma, tais interesses passam a ser, portanto, interesses comuns (PROGREBINSCHI 2005:141).

Neste sentido pode se aferir que os municípios são bens do domínio público local, enquanto entidades geridas localmente mais tuteladas pelo Estado, mas também podem ser tidos como bens pertencentes ao sector cooperativo e social uma vez que os seus meios de produção são do domínio comunitário e geridos pelas comunidades municipais. Por outro lado, algumas rádios comunitárias se enquadram nos bens de domínio público, como a rádio comunitária de Sussundenga, que foi criada pelo Estado e o seu património pertence ao Estado e não pode ser penhorado, mas também enquadra-se no sector cooperativo uma vez que é gerida pela comunidade local de Sussundenga. Numa outra vertente,está a rádio Comunitária GESOM que foi criada por iniciativa de Organizações não-governamentais e entregue à comunidade, esta não é do domínio público mas oferece um serviço público e enquadra-se no sector cooperativo já que para a sua sobrevivência necessita dos meios de produção comunitários e é gerida pela comunidade local, e é uma

rádio sem fins lucrativos e gerida colectivamente com vista a oferecer informações às comunidades.

Partindo das abordagens dos autores sobre o que é público, pode-se perceber que estes apresentam características comuns, na medida em que há palavras-chave que transpassam todas as abordagens. Os autores recorrem a expressões como: “o público e

comum58”, “o público é acessível a todos”, “o público se dá por meio da visibilidade

(notoriedade) ”, “o público opõe-se ao privado (doméstico) ”, “o público deve ser compartilhado por todos”, “o público deve ser conhecido por todos”, “o público é regido pelo direito público” (mesmo em situações em que a gestão desse bem é comunitário ou municipal). Nesta perspectiva, pode-se considerar os municípios e as rádios comunitárias como bens públicos. Para além de que para a existência do público é necessário a existência da publicidade para que este seja do domínio de todos e todos possam participar na sua gestão, isto revela que a comunicação pública autárquica e as rádios comunitárias desempenham um papel importante na medida em que são responsáveis em dar visibilidade tanto ao município como aos problemas comunitários.

4.8.1. O desafio da formação do interesse público na gestão de bens públicos

Um dos grandes problemas no relacionamento entre as comunidades municipais e os bens públicos é a sua gestão, por um lado há uma falta de conhecimento dos cidadãos do que são bens públicos, por outro aqueles que detêm o poder político fazem barreiras de acesso a esses bens com fins de satisfazer necessidades próprias ou políticas. A falta de educação para a gestão de bens públicos tem sido outro elemento que mina a gestão participativa destes e a acessibilidade.

Nesta perspectiva, Carbone (2000: 97-111) advoga que as organizações públicas apresentam características que as tornam únicas e de difícil mutação, quais sejam: (1)                                                                                                                

58Para SOUZA (1978: 19-20), bem comum é o conjunto de condições sociais necessárias (meios, oportunidades, recursos) para a realização integral da Pessoa humana, e é dever do Estado proporcionar às pessoas que elas próprias se possam realizar. Essas condições podem ser classificadas em duas espécies: as genéricas e as específicas. As genéricas são aquelas que atendem indistintamente e no mesmo grau a todos os membros da comunidade política, funcionam como fator de coesão e unidade social, acima dos interesses específicos que dividem no interior da sociedade. As especificas são aquelas que atingem, em grau diferente, os diversos sectores da sociedade política, beneficiando mais a uns do que a outros. Essas condições são ilimitadas em número, formam o que se pode chamar de objetivos atuais dos governos.

burocratismo- excessivo controlo de procedimento gerando uma administração engessada, complicada e desfocada das necessidades do país e do contribuinte; (2) autoritarismo/ centralização-excessiva verticalização da estrutura hierárquica e centralização do processo decisório; (3) aversão aos empreendedores- ausência de comportamento empreendedor para modificar e se opor ao modelo de produção vigente; (4) Paternalismo- alto controlo da movimentação do pessoal e da distribuição de empregos, cargos e comissões, dentro da lógica dos interesses políticos dominantes; (5) levar vantagens- constante promoção da punição àqueles indivíduos injustos, obtendo vantagens dos negócios do Estado; e (6) reformismo- desconsideração dos avanços, descontinuidade administrativo, perda de tecnologias e desconfiança generalizada. Corporativismo como obstáculo à mudança e mecanismo de proteção à tecnocracia (CARBONE 2000: 97-111).

Na mesma perspectiva, Shephud & Valência (1996: 103-128) apresentam situações que dificultam a administração das organizações públicas: (1) as organizações públicas oferecem, principalmente, serviços dos quais detém o monopólio o que propicia que sejam produzidas de maneira ineficiente; (2) o controlo dos eleitores sobre políticas é normalmente imperfeito, sendo que as organizações políticas destinadas a representar os eleitores dificilmente trabalham sem atrito; e (3) a dificuldade dos políticos em controlar os funcionários, definir e medir com exatidão os resultados da administração pública.

Neste sentido, pode se aferir que os municípios, por serem entidades públicas, têm o desafio de criar uma administração que eduque as comunidades municipais na gestão dos bens públicos, por outro lado, há uma necessidade de abertura para uma gestão compartilhada desses bens.

A questão da gestão das rádios comunitárias como bens públicos também abre espaço para a existência de relações de poder, seja pela posse,quer pela gestão como advoga Gisbert (2009:11);

“La propiedad de los medios es un posicionamiento de éstos ante la sociedad. La propiedad empresarial, la propiedad religiosa, la propiedad sindical, la propiedad militar, la propiedad académica, trato de dar un ejemplo, establece de hecho una relación medios-sociedad que elimina la posibilidad de lo neutro, ya no para hacer noticia sino para posicionarse política, ideológicamente,

frente a la realidad, a la sociedad, frente o desde el Estado.”

(GISEBERT2009:11).

Por outro lado Gisbert (2009:11) afirma que;

“(…) el Estado representado por los gobiernos que administran ese Estado y que tienen poder, es también propietario directo o indirecto de medios de comunicación. En consecuencia, este ambiente del que comencé hablando, esa agua democrática y esos navegantes de la democracia que son los medios de comunicación tienen banderas preestablecidas, intereses concretos que defender o intereses concretos que atacar. Y eso estaba vinculado a lo fundamental: quién hace y construye la argamasa de la comunicación: las y los periodistas”(GISEBERT2009:11).

Neste sentido, pode-se afirmar que a questão da gestão das rádios comunitárias também sofre influências da comunidade onde estão inseridas, seja pela questão da propriedade, seja pela questão da participação, seja pela influência política dos governos do dia. Os meios comunitários acabam que sendo de alguma forma influenciados na sua programação pelos elementos acima indicados.

Para finalizar, pode-se dizer que a questão da gestão dos bens públicos desafia os gestores, as comunidades, a sociedade civil e os governos a procurarem estratégias de educação das comunidades para a necessidade da sua participação na gestão desses bens, tendo em conta a premissa de que estes bens a todos pertencem e todos devem participar na sua gestão.

Um município, uma rádio só podem ser um espaço de gestão compartilhada se dirigentes e dirigidos estão cientes de que estes bens não podem ser geridos individualmente e a participação serve como elemento para a integração.