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Nas “pequenas lutas” a defesa da dignidade e do direito operário

1.1 O cenário em processo de mudança

1.3.4 O espaço físico da União Operária

1.4.1.2 Nas “pequenas lutas” a defesa da dignidade e do direito operário

A

s de suas organizações, pelas questões de moradia, custo de vida,

rianópolis, 12 de novembro de 1931.

ópolis, 28 de junho de 1939. Ofício da União Operária ao governador Irineu 54

O Estado, Flo 55

A Gazeta, Florian

Bornhausen, 15 de outubro de 1953, Arquivo Público, Oficio de diversos para Governadores e Secretário de Interior e Justiça, 1920/1960, Janeiro/Dezembro, 1953. p.411 a 415.

jornada de oito horas, férias, regulamentação do trabalho feminino e do menor,

identificar alguns dos movimentos

continuo aumento dos preços de produtos básicos e os baixos salário

Como resultado do pleito operário, o governador do Estado, Antônio Pereira da Silva Oliveira, designou uma comissão para estudar o assunto e apresentar

etc, tudo isso, como diz Maria Célia Paoli,

(...) pode ser pequeno, descontinuo, fragmentado, mas certamente não é banal... [é possível] ver nestas “pequenas lutas” a classe em formação, na medida em que inaugura um tempo coletivo de elaboração de suas experiências comuns – ou seja, propõe um tempo político onde os trabalhadores podem se ver como sujeitos de uma dominação específica.56

Ao longo da década de 1920, é possível

reivindicatórios dos trabalhadores em Florianópolis, especificamente através do que se lê na imprensa local, nos quais a União Operária se destacou como liderança ou dele participou de forma expressiva. Nesses momentos a minoria organizada que gravitava em torno da União Operária procurou apoio junto ao poder público, mesmo que, muitas vezes, este não tenha atendido de modo satisfatório às demandas destes trabalhadores.

Dentre estes se destaque o que foi denominado de “Movimento pró-povo”, organizado pela União Operária, mais a Liga Operária e a União dos Trabalhadores, em maio de 1924, contra a alta no custo de vida. Promoveram, então, essas associações, uma grande assembléia operária para discutir e propor encaminhamentos para o problema que afligia a classe trabalhadora em Florianópolis. O

s haviam chegado ao limite da tolerância. Da assembléia saíram as seguintes proposições: a) elaborar um memorial a ser entregue ao governo do estado, ao prefeito municipal e ao presidente da associação comercial, solicitando providências urgentes contra o aumento dos preços; b) realizar uma passeata operária pelas ruas da cidade para entregar o memorial às autoridades competentes.57

56

Maria Célia Paoli, op. cit, p. 62. 57

soluções para minorar o sofrimento dos trabalhadores.58 A resposta imediata deste pleito foi à realização de uma reunião dos proprietários das padarias de

nova lei

ssou a ser aplicada em 1932. Em 1927 foi laborado o Código Federal de Menores, que também não foi aplicado.60

Em F operária por

rganização operária da cidade. Dizia:

portável com a

Florianópolis com o governo do estado. Nesta ocasião, o governador solicitou às padarias que baixassem o valor do pão ou aumentassem o peso, para 100 gramas, mantendo o mesmo valor de 100 réis. Apenas uma padaria aceitou a proposta do governador.59

Ao longo da década de 1920 as organizações operárias brasileiras lutaram pela criação de leis sociais e trabalhistas. O Congresso Nacional promulgou, então, as seguintes leis: Lei Eloy Chaves (1923), criando o Conselho Nacional do Trabalho e Fundos de Pensões e Aposentadorias para os ferroviários. A

só entrou em vigor em 1925, quando estendeu o mesmo direito aos portuários. Lei de Férias (Lei Nº 4.982) promulgada em 24 de dezembro de 1925 e regulamentada em 1926, mas que só pa

e

lorianópolis, um jornal local registrou, em 1928, a movimentação direitos trabalhistas, mas não vinculava esta ação com nenhuma o

Continua a grita geral derredor da lei de férias dos empregados do comércio, pela sua quase inaplicabilidade por falta de fiscalização, devido a ter-se o Congresso esquecido, ao votar a lei, conceder verbas precisas para fiscalizar.61

As associações operárias de Florianópolis promoveram, ainda, na década de 1920, outro grande movimento operário na cidade, devido ao agravamento da condição de vida operária a partir de 1927, e que chegou ao nível do insu

crise de 1929. A situação do trabalhador brasileiro ficou tão difícil que

58

O Estado, Florianópolis, 4 de junho de 1924. Faziam parte desta comissão: Fúlvio Aducci (Superintendente Municipal), Abelardo Luz (Presidente do Conselho), Carlos Hoepcke Junior (Presidente da Associação Comercial de Florianópolis), João Guedes (União Operária) e Amadeu Beck (Liga Operária).

59

O Estado, Florianópolis, 5 de junho de 1924. 60

Coleção de Leis da República dos Estados Unidos do Brasil de 1925, Vol. I e II, Atos do Poder

Legislativo, Rio de Janeiro, Imprensa Oficial, 1926. João Alfredo Louzada (org.) Legislação Social- Trabalhista – Coletânea de decretos feitos por determinação do Ministro do Trabalho, Indústria e

Comércio, 2ª ed., Brasília, MTPS, 1990. 61

“mesmo para cobrir as necessidades mínimas, habitação, alimentação, vestuário, os salários operários eram considerados insuficientes. A alimentação absorvia a parte mais significativa do orçamento mensal operário (mais de 50%)”.62

Em Florianópolis, diante da perspectiva de aumento do preço da carne verde para 2$000 o quilo e de aumentos generalizados nos gêneros de primeira necessidade, a União e a Liga Operária convocaram, conjuntamente, uma assembléia dos trabalhadores para debater e encaminhar o grave problema da

garantiu que não haveria

noticiarem esta passeata davam destaque ao gesto de gratidão do operar

carestia de vida operária em Florianópolis. Realizaram duas grandes assembléias, com participação “de expressivo numero de trabalhadores”. Destas assembléias saíram duas propostas de ação: a) realizar um comício operário no dia 25 de maio, e b) elaborar um memorial a ser encaminhado ao governador do estado, Adolfo Konder, por uma comissão operária.63

Na reunião com o governador para entrega do memorial, os trabalhadores apresentaram três reivindicações: a) não permitir o aumento do preço da carne; b) criar uma cooperativa; e c) construir uma vila operária. O governador manifestou- se de imediato contra a criação da cooperativa porque “afetava diretamente a negócios do Estado e ao comércio em geral”, mas,

aumentos do preço da carne e do pão até o final do ano, “e que se empenharia no sentido dos restantes gêneros não sofrerem alterações no respeitante aos preços atuais”. Comprometeu-se, então, o governador a construir uma vila operária, a primeira a ser construída pelo Estado em Santa Catarina, para minorar o grave problema habitacional do trabalhador de Florianópolis.64

Como resultado desta conquista, a União e a Liga Operária promoveram uma grande passeata pelas ruas da cidade, no dia 30 de maio de 1929, a título de agradecimento ao governador por haver atendido suas reivindicações. Os jornais locais ao

iado para com o governador. Mas esta manifestação pode ser também

62

Maria Auxiliadora Guzzo Decca, A Vida fora das fábricas, cotidiano operário em São Paulo

(1920/1934), Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987, p. 26.

63

O Estado, Florianópolis, 28 de maio de 1929. A Comissão operária foi composta por: José Lisboa, Pedro Bráulio de Souza, José Alcino dos Santos, Crispim João da Cruz, Mário Rosa, Euclides Lamego e Floriano Taboas.

64

interpretada como um momento de júbilo, de afirmação do movimento operário. Um momento em que um corpo organizado (constituído de homens, mulheres e crianças) desfilava pelas vias publicas para demonstrar uma identidade social comum.

Os trabalhadores reuniram-se na Praça Cel. Fernando Machado, às 17:00 horas, local onde ouviram um discurso do operário Altamiro Cidade. O cortejo, precedido da bandeira escarlate da União Operária e da bandeira da Liga, carregadas por jovens trabalhadoras, seguido de duas bandas musicais, dirigiu-se

associações operárias. Nesses locais se

erança de nenhum movimento reivindicatório de questões operárias. Sobre

primeiros anos da década de 1930, e na fixação do salário mínimo, em 1939 e 1940. 66

ao palácio do governo, na Praça XV de Novembro. Discursou para o governador o operário João dos Passos Xavier, da União Operária. O governador, Adolfo Konder, agradeceu a manifestação. Do palácio do governo o cortejo dirigiu-se às redações dos jornais e às sedes das

fizeram ouvir novos discursos operários. A passeata se concentrou por fim em frente à sede da União Operária, onde se dispersou.65

A classe trabalhadora festejou suas conquistas, fruto de suas lutas, mas, principalmente, resultado de sua união, da coesão das diferentes associações para alcançar objetivos comuns ao operariado. Era a afirmação de sua dignidade e de sua força na luta por seus direitos.

Na década de 1930, a União Operária não aparece mais, no noticiário local, como lid

reivindicações operárias, especialmente na década de 1930, a imprensa local concentrava sua atenção na defesa de leis trabalhistas em consonância com o discurso emanado do governo federal e estadual. Nesse sentido, a imprensa local deu espaço às reivindicações sobre a jornada de trabalho de oito horas, nos

65

O Estado, Florianópolis, 31 de maio de 1929. 66

Numa tentativa de melhor regular o horário de trabalho em Florianópolis, e com isso fazer cumprir os decretos federais n. 21.186, de 22 de março de 1932, e o de n. 21.364, de 4 de maio de 1932, que regulamentavam o horário de trabalho no comércio e na indústria, respectivamente, o prefeito municipal, Dorval Melquiades de Souza, determinou, em 1933, que ”a hora para o começo, interrupção e finalização do trabalho diário nas casas comerciais, de indústrias e assemelhadas, é regulado pelo relógio da Catedral Metropolitana, e, quando este estiver parado, pelo da Prefeitura Municipal”. A Pátria, Florianópolis, 29 de setembro de 1933. Contudo, o expediente não parece ter

Em 1947, outros tempos, a questão do custo de vida voltava a preocupar o meio operário. Foi então formada uma comissão para discutir o assunto de preços dos gêneros de primeira necessidade. Fazia parte dessa comissão o trabalhador João dos Passos Xavier que, por discordar do aumento de preços, retirou-se da comissão.67 Os tempos são outros, mas as práticas de exploração se mantêm, cabe aos trabalhadores encontrar novas formas de fazer frente à contínua dificuldade de seu dia a dia. A União Operária não participou, enquanto instituição, de qualquer movimento reivindicatório que possa ter havido a partir de 1930, mas

seu a rticipantes dos

indicatos legalizados, continuaram a mobilizar-se para a conquista de direitos e de rec

meira vila operária, por parte do Estado, no bairro da Trinda

Adolfo Konder, de apresentar sugestões para o futuro projeto. O assunto fervilhou

s ssociados, como João dos Passos Xavier, e outros, pa s

onhecimentos mínimos aos trabalhadores.68

• A primeira vila operária – resultado da organização operária

Das reivindicações operárias ao governo do estado, em maio de 1929, resultou a construção da pri

de, em Florianópolis. O terreno adquirido pelo Estado, para a construção dessa vila operária, estava localizado “na Estrada da Trindade, junto ao entroncamento das três pontes e fronteiriço à futura penitenciária”. A construção se deu entre 1929 e 1930.69

A União e a Liga Operária foram encarregadas, pelo governador do Estado,

dado muito certo, tanto que em 1934 os trabalhadores do comércio solicitavam a interferência do Inspetor Regional do Trabalho, Edgar Carneiro, para que se fizesse cumprir o decreto federal. A

Pátria, Florianópolis, 2 de maio de 1934.

67

Diário da Tarde, Florianópolis, 15 de janeiro de 1947. 68

Em Santa Catarina, bem como em todo o país, a intensa ação dos Delegados do Trabalho, a partir de 1931, deslanchou a criação de inúmeros sindicatos por categoria profissional, de acordo com as regras estabelecidas pela Lei Sindical, de 19 de março de 1931. Como resultado da primeira reunião do delegado de trabalho, Agripino Nazareth, com os trabalhadores de Florianópolis, a 5 de dezembro de 1931, foi organizado o Sindicato da Construção Civil, e no dia 8 de dezembro de 1931 foram estruturados os Sindicatos dos trabalhadores em Armazéns e Trapiches e o Sindicato dos Gráficos. República, Florianópolis, 8 de dezembro de 1931. A Federação Regional dos Sindicatos de Florianópolis foi criada a 22 de fevereiro de 1932. A Pátria, Florianópolis, 1 agosto de 1932. No ANEXO Nº 1, apresento uma relação, elaborada a partir da disponibilidade de minhas fontes, dos sindicatos e organizações operárias existentes em Florianópolis nas décadas de 1920 a 1940.

69

no meio operário local. Uma grande assembléia operária foi convocada, pelas duas associações, para o dia 30 de junho de 1929.70 Nessa assembléia foi designada uma comissão para redigir um documento a partir das sugestões ali apresentadas

final:

a das casas aos operários para moradia dos esmos e suas famílias, ficando estes na obrigação de contribuírem com a

A proposta foi alterada, em comum acordo entre governo e trabalhadores, a

mensalidade anos,

findo os quais o operário ficava proprietário do imóvel.73

a preocupação expressa neste documento dizia respeito à distribuição as casas, pois a vila só atenderia vinte famílias e a carência de moradias populares

proposta:

.71 Destaco as seguintes sugestões, apresentadas no documento

I – O governo fará entreg m

quantia de quarenta mil réis, correspondente a amortização e juros do capital empregado. Os juros irão caindo na proporção que for sendo amortizado o capital. Finda a amortização do capital e juros a casa ficará pertencendo ao operário.72

passou para 50$000 a serem pagos num prazo fixo de dez

II – Por falecimento do operário a casa ficará pertencendo aos seus herdeiros, caso continuem a pagar a mensalidade estipulada.

Este item era uma garantia para a família operária. Ele expressa o medo operário com a perda do chefe da família, devido à ausência de previdência e leis sociais.

Outr d

era uma constante na cidade. Pareceu-lhes mais justo fazer a seguinte

IV – A distribuição das casas para os operários ficará a cargo das sociedades, que farão chamadas dos seus associados mais necessitados e depois de todos inscritos procederá ao sorteio entre eles. Este sorteio será efetuado em assembléia geral.

70

O Estado, Florianópolis, 28 de junho de 1929. 71

Folha Nova, Florianópolis, 1 de julho de 1929. A Comissão foi composta por: Clementino Brito, João Bittencourt Machado, Rodolfo Bosco, Lindolfo Souza, Manoel A. Correia e João dos Passos Xavier.

72

Folha Nova, Florianópolis, 11 de julho de 1929. 73

A União e a Liga Operária incorporaram o projeto, que foi uma reivindicação destas associações junto ao governo do estado, e fizeram dele uma bandeira para ampliar seu número de associados, na medida em que delimitavam que somente seus associados poderiam concorrer à aquisição de uma casa nesta vila. Ficava o exemplo para os trabalhadores da cidade, qual seja, o de que deviam associar-se

e euforia do movimento operário em Florianópolis.

Como o problema de moradia na cidade não se resolvia com a construção desta vila, fo

este projeto:

de fundos para a construção de novas vilas.

para terem direitos a benefícios no futuro, e, que somente através das associações se realizariam conquistas efetivas para a classe trabalhadora. Este foi um momento d

i acrescentado no documento um item para garantir a continuidade d

V – O governo depositará as importâncias recebidas para a constituição

Foto nº 3 – Vila Operária Adolfo Konder – Trindade. Rua Agenor Cardoso. Visão geral da rua, com as fachadas das casas já bastante modificadas. Foto: Vera Collaço. (20 de abril de 2002).

Foto Nº 4 - Vila Operária Adolfo Konder – Trindade. Detalhe de um conjunto de duas casas, com estrutura muito próxima da original. Foto: Vera Collaço (20 de abril de 2002).

Mas, o projeto não teve continuidade.74 As casas, da vila da Trindade foram construídas em grupo de duas, com o fundo voltado para o centro do quarteirão, sendo todas idênticas. Cada família dispunha de 52 m2 para sua moradia.

(...) vinte casas projetadas de acordo com os preceitos técnicos e higiênicos exigidos em habitações dessa natureza. Os prédios foram projetados em grupos de dois, contendo cada um, uma sala de visitas, uma sala de jantar, dois quartos, cozinha, banheiro, serviço sanitário, água encanada e luz elétrica. O terreno ocupado por grupo de duas casas, é cercado nos lados e no fundo. Contendo uma área de 112 m2.75

No governo de Antonio Vicente Bulcão Viana (março a outubro de 1930), a

árias eram muito frágeis. Formam, como diz Maria Célia Paoli, ma prática política que tenta ser expressão do existir cotidiano de uma classe e ado das experiências comuns e do reconhecimento mútuo; isto é, propõem a interpretação de sua própria dom

diversas e in se operária que se

constituía nestes pequenos movimentos, e que através deles forjava sua vila recebeu a denominação de Vila Operária Adolfo Konder.76 A obra foi realizada pela construtora Irmãos Corsini, iniciada no dia 8 de junho de 1929. O custo total da obra foi de 100:000$000; “custeada em partes iguais pelo governo do estado e o montepio dos funcionários públicos de Santa Catarina”.77 No dia 21 de setembro de 1930, foi inaugurada a Vila Operária Adolfo Konder. Neste dia também foi inaugurada a penitenciária do Estado de Santa Catarina, na Estrada da Trindade, em frente à nova Vila Operária.

As “pequenas lutas” desencadeadas pelo proletariado devem ser valorizadas como expressão de resistência e criatividade, num tempo em que as organizações oper

“u

propõem, simultaneamente, a dimensão do próprio signific

inação”.78 É preciso, portanto, ver nestas pequenas lutas e nas termitentes mobilizações a formação de uma clas

identidade social.

74

A Gazeta, Florianópolis, 4 de maio de 1942. Somente entre 1941/1942 foi construída uma nova

vila operária em Florianópolis pelo governo do Estado, no bairro Saco dos Limões, com 100 casas. 75

O Estado, Florianópolis, 22 de setembro de 1930. 76

Mensagem à Assembléia Legislativa, em 22 de junho de 1930, pelo Coronel Dr. Antonio Vicente Bulcão Vianna, Presidente da mesma Assembléia, no exercício do cargo de Presidente do estado de Santa Catarina.

77

Decreto Lei - Governo de Santa Catarina – nº 38, de 14 de outubro de 1929. 78

1.4.2 Festas Operárias – Afirmação de sua dignidade

Comemorar é (...) lembrar juntos, relembrar alguns acontecimentos ou vulto passado, coletivamente e de alguma forma ritu

diferentemente do simples ato individual de lembrar.

alizada ou cerimonial,

79

e 17 de Setembro, data de ua fundação – deveriam ser entusiasticamente comemoradas. A primeira com manifesta

era festeja de um se

associação encontrava o momento priv

esejava perene: o reconhecimento e a dignidade operária.

A data que, a partir realizando, d lutarem pelo

Oito horas de trabalho! Oito horas de r cação! A União perária alinhava-se, desse modo, na luta do operariado pela jornada de oito

de Maio. A propagação desta comemoração:

Para a União Operária, duas datas – 1º de Maio s

ções pelas ruas de Florianópolis e a segunda, de caráter mais privado, da em sua sede social. Datas simbólicas que auxiliavam na construção ntimento de coesão e solidariedade operária. Nestas duas festas a

ilegiado para manifestar aquilo que d

1.4.2.1 Nas ruas de Florianópolis – a festa operária

Entre os cerimoniais da classe operária em nível internacional, o 1º de Maio é talvez o mais ambicioso. Nele, vieram desembocar velhas tradições de festas e lutas e uma vasta gama de simbologia: cores, bandeiras, flores, teatros, poesias, musicas, iconografia, etc. O 1º de Maio é o momento em que a classe em ascensão se apresenta a toda a sociedade e deseja demonstrar sua cultura, sua força e, de certa forma, mesmo que de forma ritual, a conquista da poder.80

de 1º de Maio era de tal modo significativa para a União Operária de 1923, escolheu este dia para posse de suas novas diretorias, esta forma, uma operação simbólica de transferência às diretorias de s mesmos ideais que deram origem a este rito operário em 1886 –

epouso! Oito horas de edu O

horas, que foram intensificadas, no Brasil, com a difusão da comemoração do 1º

79

Jaime de Almeida, Festas, Civismo e Memória da República, IN: Revista Catarinense de

História, Ano I, nº 1, Florianópolis, Maio de 1990, p. 95.

80

José Luiz Del Roio, 1º de Maio – Cem Anos de Luta – 1886/1986, São Paulo, Global Ed. e Distribuidora Ltda, 1986, p. 147.

(...) propiciou a introdução de um conjunto de símbolos e alegorias que na Europa eram vinculados à celebração desse dia. Desse modo, em pouco tempo, o caráter internacional do 1º de Maio se firmou não só por consistir m um esmo dia, mas também pela adoção de um arsenal simbólico comum. a bandeira vermelha ou o hino A Internacional, veram no 1º de Maio seu mais poderoso propagador.81

em uma manifestação conjunta dos trabalhadores de todo o mundo e m

Símbolos novos, como ti

A União Operária também incorporou a bandeira vermelha como símbolo