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CAPÍTULO 2 CAMINHOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

2.3 PERCORRER O CAMINHO: APROXIMAR-SE DA REALIDADE

2.3.2 Natureza das Fontes

Este estudo foi respaldado através de diversas fontes ou instrumentos de pesquisa, como: fontes orais (entrevistas), para as quais foram contatados os atores (atrizes) que sobre qualquer aspecto, tiveram representatividade no projeto, além de fontes documentais – neste caso, alguns relatórios, prontuários e antigos projetos; pôsteres, registros de eventos esportivos e premiações, desde o seu início até o ano 2015.

No que tange à entrevista com alunos do programa, estas foram realizadas com os portadores de diversos tipos de deficiência, incluindo a deficiência intelectual. Glat (1998) nos esclarece que muito das vozes das pessoas com deficiência intelectual foram obliteradas por imposição da própria sociedade:

Raramente é dada às pessoas portadoras de deficiência mental a oportunidade de se expressar e lutar pessoalmente por seus direitos. Não se transmite a eles a ideia de que são capazes de tomar decisões a respeito de seu destino, e assumir a responsabilidade por elas. Muito menos lhes são ensinados os meios para tal (GLAT, 1998, p.12).

Esta autora chama à reflexão, na medida em que enfatiza as condições socioeducacionais como as grandes mediadoras do desenvolvimento dessas pessoas e essas condições serem, muitas vezes, negadas. Percebe-se que a sociedade ainda é a responsável por este processo e sua omissão, no entanto, se apresenta de forma muito constante, frequente.

Partindo desta perspectiva, foram oferecidas oportunidades para os (as) alunos (as) com deficiência intelectual externarem suas representações e memórias a respeito do PRO- NIDE, da mesma forma como foram propiciadas aos outros atores da pesquisa.

2.3.2.1 Entrevista

A entrevista se transformou no ponto crucial para a construção da história do PRO- NIDE, pois já se percebeu sua possibilidade de trazer os subsídios necessários a partir da História Oral nela contida. Szymanski (2004, p. 11) a considera como algo com caráter de interação social, e como tal submete-se “às condições comuns de toda interação face a face, na qual a natureza das relações entre entrevistador/entrevistado influencia tanto o seu curso como o tipo de informação que aparece”.

Na concepção de Neto (2001, p. 57), a entrevista é “o procedimento no qual o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores sociais”. Não é uma simples conversa desprovida de intencionalidade, já que se constitui de um meio de coleta de dados advindos de fatos narrados pelos sujeitos-objeto da pesquisa.

No tocante à análise da entrevista, utilizou-se a técnica da História Oral, ancorada nas bases teórico-metodológicas de Montenegro (2007) e Bosi (2010). Para o registro das informações utilizou-se um gravador de voz digital CXR190, com autofalante integrado, e dois (2) GB de memória interna, da marca COBY.

1ᵃ Entrevista:

Realizada em 12 de julho de 2012, na cidade de Brasília, Distrito Federal, com o Professor Rivaldo Araújo da Silva, pertencente ao Departamento de Esporte de Base e de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, especificamente, da Coordenação-Geral de Esporte de Paraatletas de Alto Rendimento, o qual ocupa o cargo de Coordenador Geral.

2ᵃ Entrevista:

Realizada em 17/09/2012, com o Prof. Luiz Carlos Pereira Laranjeiras, ex- Diretor do Núcleo de Educação Física e Desporto da Universidade Federal de Pernambuco, ex- professor do

Departamento de Educação Física desta mesma Universidade e um dos criadores do Projeto Núcleo de Iniciação ao Desporto Especial – PRO-NIDE, hoje classificado como Programa. A entrevista foi realizada em sua residência, pois o professor Laranjeiras encontra-se aposentado.

As outras entrevistas se materializaram na medida em que os contatos foram obtendo sucesso e os agendamentos efetuados. Em alguns, conseguiu-se a entrevista com facilidade; outros com mais dificuldade. Um contato considerado como dos mais relevantes, apresentou muitos contratempos, por falta de informações nos locais de trabalho.

2.3.2.2 Pareceres Técnicos, Planilhas

Este material foi cedido pelo Professor Rivaldo Araújo da Silva, na ocasião da sua entrevista realizada em Brasília, Distrito Federal. São eles:

Planilha Geral de Processos Atendidos/Manutenção de Núcleo- 1998; Planilha Geral de Processos Atendidos/ Manutenção de Núcleo-1998; Planilha Geral de Processos Atendidos/ Manutenção de Núcleo-1998; Parecer técnico 1999;

Parecer Técnico 2000; Parecer Técnico 2001.

Esclarece-se o acondicionamento deste material; encontra-se na pasta Anexos deste trabalho. É relevante destacar que a respeito dos documentos, assim se pronuncia Le Goff:

[...] se faz hoje a crítica da noção de documento, que não é um material bruto, objetivo e inocente, mas que exprime o poder da sociedade do passado sobre a memória e o futuro: o documento é monumento (Foucault e Le Goff). Ao mesmo tempo ampliou-se a área dos documentos, que a história tradicional reduzia aos textos e aos produtos da arqueologia, de uma arqueologia muitas vezes separada da história. Hoje os documentos chegam a abranger a palavra, o gesto. Constituem-se arquivos orais; são coletados etnotextos17 (LE GOFF, 1924, p. 06).

Com esta mudança de concepção, obriga-se o pesquisador a reformular suas próprias convicções e ampliar sua visão acerca do documento, que por si só constitui, a partir das novas ideias, em algo maior, repleto de nuances, significados e representações. Permeado de

novas interpretações, imprime as emoções, além do contexto histórico-social sob o qual foi construído.

2.3.2.3 Prontuários e documentos diversos

Os prontuários representam a identificação de cada aluno do programa. Cada prontuário recebe um número específico. Constatamos em nossa pesquisa inicial que houve um problema na numeração destes prontuários e que alguns alunos receberam, equivocadamente, a numeração de alunos que saíram do então projeto. Com isto, a numeração ficou prejudicada e o número real de participantes não é o que se apresentou de início.

Estes prontuários constam de uma ficha de avaliação inicial, além de cópias de documentos, tais como Certidão de Nascimento, Laudo Médico com o Código Internacional de Doenças (CID), Cartão de Vacinas, Exame Dermatológico entre outros e, como uma exigência, mas que se apresenta para o programa com um elemento da mais alta relevância, a História de Vida do aluno, escrita pelo seu/sua responsável. Normalmente escrita pela mãe, esta história inicia-se no período de gravidez e vai até o ingresso do aluno no programa, relatando tudo de importante que aconteceu em sua vida.

De posse deste elemento, passa-se a conhecer um pouco melhor o aluno que ingressará no programa, pois seu conteúdo é disponibilizado aos professores/estagiários que trabalharão com o mesmo. Quanto aos documentos, foram pesquisados diversos documentos acumulados na secretaria do programa e vários deles passaram a fazer parte do acervo desta pesquisa. Entre eles destacam-se relatórios, ofícios projetos, planejamentos, entre outros.