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CAPÍTULO 4 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: ORIGEM, SIGNIFICADO E

4.3 O RECONHECIMENTO ACADÊMICO E SOCIAL DA PRÓ-REITORIA DE

É de conhecimento geral no meio acadêmico que as pesquisas impulsionam o desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento, nas diversas ciências abordadas. Com isso, as Pró-Reitorias de pesquisa adquiriram um elevado status em suas respectivas universidades ao longo dos anos. O olhar desatento não percebe, no seio da universidade e, especificamente, no âmbito dos projetos e programas de extensão a sua responsabilidade em fazer chegar o conhecimento às comunidades e à sociedade em geral.

A interação da área extensionista permite não só a experimentação do conhecimento, mas sua validação. Os programas e projetos extensionistas se constituem em excelentes mediadores para desenvolvimento destas pesquisas, por ser parte integrante do pilar ambicionado pelas universidades, que é a efetivação da tríade indissociável: ensino-pesquisa- extensão.

Seus projetos e programas contemplam essa interação em muitas áreas, favorecendo as comunidades atendidas e valorando o conhecimento em suas aplicações. No entanto, o

eficiente resultado deste trabalho não transparece, prejudicando assim a obtenção do reconhecimento na área acadêmica.

O histórico da criação das Pro-Reitorias de extensão nas Universidades, traz informações interessantes ligadas às funções desta última, como se vê:

O ensino foi sua função primeira, passando, posteriormente, para a pesquisa e, somente nos últimos tempos, foi-lhe acrescentada a função de extensão. Isto é, se o ensino é algo "sui generis" e se a pesquisa representa uma identidade conquistada para uma instituição produtora de conhecimentos, portanto, com seu caráter especifico, compreende-se agora, que estas duas funções devam apresentar capacidades de serem estendidas a um público que se encontra além de seus muros. É a este "lado comunicativo" do saber presente no ensino e na pesquisa que se pode, idealmente, chamar de extensão universitária. (FRANTZ e SILVA. s/d, p. 155).

A partir desta afirmação, emerge a situação histórica como promotora da situação diferenciada entre as Pro-Reitorias, no tocante à posição ocupada em seu viés de status acadêmico, o que clareia de certa forma, o obscurantismo da realidade vivenciada. Seria o período de existência ou criação sedimentando as diferenciações e as relações de poder no âmbito das Pró-Reitorias.

Tal como preconizou Elias (2000), em “Os Estabelecidos e os Outsiders”; teremos, neste caso específico, uma Pro-Reitoria menos provida de prestígio, recursos, reconhecimento acadêmico e social em relação à outra, mais antiga, constituída e considerada superior em relação àquela mais nova, ou seja, o reconhecimento valorativo das Pro-Reitorias de Pesquisa em detrimento às Pro-Reitorias de Extensão Universitária.

É pertinente destacar que Fávero (2000), em seu livro “Universidade do Brasil: das origens à construção”, reforça esse contexto, a partir do fato em dedica um capítulo à criação e institucionalização do ensino e da pesquisa; a extensão sequer é mencionada.

Dadas às condições acima citadas, pode-se supor a árdua tarefa dos Pró-reitores (as) e suas equipes de trabalho em buscar a representatividade adequada aos serviços prestados pelas ações extensionistas, especialmente por intermédio de seus programas e projetos, o reconhecimento a que merecem pelos resultados que estes proporcionam.

A Pro-Reitoria de Extensão igualmente gerencia órgãos de diversas abrangências que incrementam suas ações: o Centro Cultural Benfica, que preserva a construção histórica em consonância com o presente, com acervo permanente de obras de arte, sala de documentação, galeria de arte para exposições, teatro de bolso, auditório e área para espetáculos.

Igualmente fazem parte a CECINE (Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste), provedora de várias ações, como a formação continuada, educação científica, interiorização e difusão de Tecnologias, além de divulgação e popularização da ciência; o Instituto de Arte Contemporânea (IAC), o qual realiza e divulga projetos de arte contemporânea, apoiando os artistas; e o Memorial da Medicina em Pernambuco, multifacetado, atualmente considerado o mais relevante centro de cultura médica de Pernambuco.

Através do detalhamento relatado das suas ações, e a criação de diversas novas ações, percebe-se que a Pro-Reitoria de Extensão da UFPE vem se firmando de maneira ascendente como órgão de acentuada relevância no âmbito desta Universidade.

O XXVI Encontro FORPROEXT realizado em 2009 na cidade do Rio de Janeiro apresentou a Política Nacional de Extensão Universitária, elaborada pelo Fórum de Pró- reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileira. Em maio de 2012, esta política foi aprovada, no XXXI Encontro Nacional, realizado em Manaus. Entre seus vários objetivos, publicados (FORPROEXT, 2013, p. 14 e 15) destacam-se: “1. Reafirmar a extensão universitária como processo acadêmico definido e efetivado em função das exigências da realidade, indispensável na formação do estudante, na qualificação do professor e no intercâmbio com a universidade”. Outro objetivo relevante vem logo em seguida: “2. Conquistar o reconhecimento, por parte do poder público e da sociedade, para a Extensão Universitária como dimensão relevante da atuação da Universidade integrada a uma nova concepção de universidade e a seu projeto político institucional”.

Aponta-se, nesse momento, um objetivo essencial a esse trabalho, porém carecedor de ressalva: “6. Criar as condições para a participação da universidade na elaboração das políticas públicas voltadas para a maioria da população, bem como para se constituir em organismo legítimo para acompanhar e avaliar a implantação das mesmas”. Adverte-se, no entanto que a maior carência de políticas públicas não se reporta à maioria da população brasileira, e sim, às suas minorias, as quais necessitam da influência e poder de instituições como as universidades brasileiras para a garantia de seus direitos e cidadania.

Deve-se evidenciar que esse mesmo documento apresenta, na página 59, o seguinte texto que reforça a ressalva acima: “A Universidade deve participar dos movimentos sociais, priorizando ações que visem à superação das desigualdades e da exclusão social existentes no Brasil”.

O termo participar subestima a força política de uma instituição como a Universidade; na realidade, como já mencionado, ela deveria fazer parte das políticas que anulariam as

situações excludentes em nosso país. Sua representatividade e respeitabilidade no cenário nacional já são suficientes para se tornar protagonista, e não apenas partícipe. Ocorre que os seus segmentos (docentes, discente e funcionários) precisam estar mais atentos, buscando informação, entrosamento e comunicação permanentes no sentido de referendar as ações que são desenvolvidas em seu âmbito e desconhecidas por muitos.

O XXVI FORPROEXT também apresenta um conceito de Extensão bastante pertinente:

A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade (FORPROEXT, 2013, p.42).

A abrangência desse conceito também referenda o cenário acima descrito a respeito da posição da Universidade; a interação transformadora dessa instituição é força propulsora relevante na sociedade. A intercomunicação entre saberes, já destacada nesse trabalho, é um dos pontos fortes da ação extensionista.

Na atualidade, a Pro-Reitoria de Extensão da UFPE, vem colhendo os resultados destes esforços. Combater desigualdades sociais e favorecer mudanças em seu seio se tornaram prioridades adotadas a partir de 1999, segundo os relatórios da PROEXT.

Na gestão iniciada em 2004, a meta também se pautava na relevante interação entre Universidade e sociedade. Com as crescentes parcerias firmadas com empresas, vem alcançando autonomia financeira em relação à própria UFPE. Desse modo, a PROEXT amplia o financiamento de bolsas a estudantes, projetos e programas, assim como incentiva outras ações.

Pautada no pilar ensino-pesquisa-extensão, oportuniza a geração, transmissão e permuta de conhecimentos, favorecendo os setores que se mesclam e interagem, na busca da transformação social.

Arrematando, neste capítulo abordaram-se a história da extensão universitária, sua trajetória na UFPE, relevância e reconhecimento acadêmico. No próximo capítulo a abordagem teve como foco a história do público central desta pesquisa: as pessoas com deficiência e as atitudes sociais exercidas para com elas ao longo do tempo.

CAPÍTULO 5 – A VISÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AO