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nas noites que se seguiram, foi precisamente assim que os objetos apareceram (resultados observados).

No documento MOISÉS DAVID DAS NEVES (páginas 56-59)

Portanto... a hipótese das luas orbitando Júpiter é sustentada (conclusão).

No mesmo artigo, Lawson (2002) apresenta uma série de outras descobertas científicas históricas, recriando o ciclo de raciocínio hipotético-dedutivo que cada pesquisador pode ter seguido, conforme o modelo usado para o pensamento de Galileu. As demais pesquisas analisadas foram as seguintes:

• Marcello Malpighi: identificação do curso do sangue no corpo (1661); • John Dalton: matéria formada por átomos indivisíveis (1810);

• Charles Lyell: causa da atual diversidade de espécies (1854);

• Gregor Mendel: transmissão das características genéticas de pais para filhos (1866);

• Ernest Rutherford: identificação do núcleo atômico (1907).

Lawson investigou também um caso mais recente, baseado no livro T. rex e

a Cratera do Extermínio25, de Walter Alvarez, de 1997. O livro apresenta,

cronologicamente, os vários passos que o pesquisador e sua equipe seguiram, em quase 20 anos, para explicar a extinção dos dinossauros, fornecendo excelente oportunidade de analisar o padrão de pensamento científico a partir de uma fonte mais detalhada. Para cada etapa da descoberta de Alvarez e sua equipe, Lawson modelou um ciclo de raciocínio (LAWSON, 2004).

O primeiro começa com a pergunta sobre o que teria causado a deformação nas montanhas Apeninos. Na época, Alvarez era geólogo de uma companhia petrolífera na Líbia e Itália e se interessava pela geologia da região. Ele e o colega Bill Lowrie imaginaram que a deformação poderia ter sido resultado de um movimento de rotação na placa continental italiana. A hipótese poderia ser testada a partir da análise dos grãos magnéticos das rochas minerais, que registram o sentido original da placa, funcionando como “bússolas fósseis”. Eles encontraram alguns pontos indicando que houve rotação, mas não puderam mapear este movimento por causa de ruptura nos leitos locais. Este primeiro aspecto da pesquisa Lawson modelou da seguinte maneira:

Ciclo de raciocínio 1: o que causou a deformação dos Apeninos italianos? Se... a rotação da crosta terrestre causou a deformação dos Apeninos,

e... rochas contendo grãos de minerais magnéticos são coletadas a partir de vários locais nos Apeninos,

então... uma rotação progressiva dos grãos magnéticos deve ser encontrada, com a “bússola fóssil” dos mais velhos virada mais para longe do norte do que a dos mais jovens.

Mas... apesar de Alvarez e Lowrie descobrirem “bússolas fósseis” geralmente apontando a noroeste, interrupções nos leitos locais impossibilitaram separar esses movimentos locais da rotação da placa.

Portanto... não se pode dizer se a rotação da crosta terrestre causou, de fato, a deformação dos Apeninos.

Entretanto, enquanto buscavam reversões magnéticas em outras camadas, Alvarez e o colega fizeram uma observação intrigante: descobriram que foraminíferos26 que apareciam de forma abundante nos leitos superiores das camadas geológicas do Cretáceo, como grandes grãos de areia, desapareciam de forma abrupta nas primeiras camadas do Terciário, restando alguns pequeninos como se fossem sobreviventes, sugerindo uma rápida extinção.

O repentino desaparecimento de foraminíferos na fronteira KT (fronteira entre o Cretáceo e o Terciário) contradizia a doutrina de que as mudanças geológicas e biológicas ocorrem gradual e lentamente, levando Alvarez a se perguntar: o que teria causado o quase sumiço dos foraminíferos na fronteira KT e por que tão abruptamente?

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Uma possível explicação para este fato surgiu quando eles observaram uma camada de argila de mais ou menos um centímetro com menos fósseis nessa fronteira. Em conversa informal com outro geólogo, Alvarez ficou sabendo que a datação daquele leito geológico correspondia com o período de desaparecimento dos dinossauros. Uma luz se acendeu na sua mente: ele viu que tinha algo na fronteira KT que poderia ser de grande relevância científica para explicar a extinção dessas criaturas gigantes e decidiu mergulhar nesta pesquisa. O ano era 1976.

Alvarez começou a procurar uma causa catastrófica para o desaparecimento de espécies na fronteira KT. Ele não sabia, porém, como testar essa hipótese e recebeu uma dica de seu pai – Luiz Alvarez, ganhador de um prêmio Nobel em Física. Considerando que os meteoros normalmente deixam cair uma pequena fração de pó de irídio sobre a Terra, ao medir a quantidade desse elemento químico na camada de argila encontrada na fronteira KT, seria possível determinar o tempo que esta levou para ser formada, se foi de maneira lenta ou repentina: quanto maior a quantidade, maior seria o tempo de deposição. Para a hipótese deste leito ter se formado rapidamente, o esperado seria encontrar uma média de 0,1 ppb de irídio, mas Alvarez encontrou uma concentração de 9 ppb. A descoberta foi feita num sítio próximo à cidade italiana de Gubbio, em 1978.

Com base nessas informações, Lawson (2004) modelou o raciocínio hipotético-dedutivo da equipe da seguinte maneira:

Ciclo 2: Um evento catastrófico extinguiu espécies na fronteira KT?

Se... a extinção de muitas espécies de foraminíferos, e possivelmente também dos dinossauros, foi causada por um evento catastrófico,

e... medirmos a quantidade de irídio na camada de argila localizada na fronteira KT de Gubbio,

então... uma quantidade relativamente pequena de irídio deve estar presente, isto é, cerca de 0,1 ppb.

Mas... um enorme valor, de 9 ppb, foi detectado.

Portanto... a extinção de muitas espécies de foraminíferos, e possivelmente dos dinossauros, não foi causada por um evento catastrófico; ou talvez o evento catastrófico em si tenha depositado a quantidade extraordinariamente grande de irídio.

Só havia um outro sítio de fronteria KT conhecido até então, localizado em Stevns Klint, na Dinamarca. Alvarez e sua equipe quiseram saber se este sítio

também teria a mesma quantidade incomum de irídio, o que indicaria a possibilidade de um fenômeno global. Para esta nova etapa da pesquisa, Lawson (2004) modelou o seguinte raciocínio:

Ciclo 3: Alta taxa de irídio também é econtrada em outro sítio?

Se... a quantidade excepcionalmente grande de irídio na camada de argila do Gubbio (Itália) foi causada por um evento catastrófico global,

e... medirmos a quantidade de irídio em outra camada de argila da fronteira KT, em Stevns Klint (Dinamarca),

então ... um nível anormalmente elevado de irídio também deve ser encontrado nesta camada.

E... a camada KT de Stevns Klint continha uma quantidade excepcionalmente

No documento MOISÉS DAVID DAS NEVES (páginas 56-59)

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