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Na parte correspondente às normas de recursos hídricos – item 7.1- foram realizados dois tipos de avaliação: entre as políticas de recursos hídricos (nacional e estaduais) e a respeito do conteúdo dos planos estaduais e de bacias.

5.1.1 - Análise comparativa das normas das unidades da federação

Esta avaliação foi realizada através de análise comparativa direta ente as políticas de recursos hídricos vigentes no Brasil. A referência adotada foi a Política Nacional de Recursos Hídricos, procedendo-se à análise de cada Política Estadual de Recursos Hídricos e do Distrito Federal, nos aspectos relativos ao planejamento de recursos hídricos. Também foram incluídos pontos de interesse específicos dos Estados, não detalhados na Política Nacional, como fatores pertinentes ao Plano Estadual de Recursos Hídricos.

Os resultados foram tabulados por unidade da federação para cada aspecto analisado. Dessa forma, tanto é possível avaliar a freqüência com que os aspectos da Lei Federal foram observados ou não pelas unidades da federação em suas legislações, quanto verificar quais unidades da federação guardam maior semelhança com a Lei Federal.

5.1.2 - Avaliação dos planos em relação à norma brasileira vigente

Esta avaliação contempla uma análise prática da observância dos critérios estabelecidos nas normas brasileiras pelos planos de recursos hídricos, tomando-se o estudo de caso da bacia hidrográfica do rio São Francisco e os respectivos planos de recursos hídricos existentes na mencionada bacia.

Trata-se de uma análise comparativa indireta, uma vez que são atribuídos graus aos aspectos avaliados, o que permite verificar os planos em maior ou menor sintonia com as normas vigentes, embora a grande parte dos documentos avaliados tenha sido elaborado em data anterior ao estabelecimento das referidas normas.

As normas federais brasileiras vigentes relativas ao planejamento de recursos hídricos no Brasil são apresentadas no capítulo 5. A Resolução no 17/01 do CNRH estabelece diretrizes complementares à Lei Federal no 9.433/97 (art. 8º) para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas e seu conteúdo mínimo. Observando-se os aspectos previstos na referida Resolução, foi criada uma tabela padrão para avaliar o conteúdo dos planos de recursos hídricos, onde as linhas correspondem aos aspectos avaliados e as colunas, ao planos.

A análise do conteúdo dos planos foi dividida em quatro partes, conforme descrito a seguir.

I - Diagnóstico e prognóstico:

a) avaliação quantitativa e qualitativa da disponibilidade hídrica da bacia hidrográfica, de forma a subsidiar o gerenciamento dos recursos hídricos, em especial o enquadramento dos corpos de água, as prioridades para outorga de direito de uso e a definição de diretrizes e critérios para a cobrança;

b) avaliação do quadro atual e potencial de demanda hídrica da bacia, em função da análise das necessidades relativas aos diferentes usos setoriais e das perspectivas de evolução dessas demandas, estimadas com base na análise das políticas, planos ou intenções setoriais de uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;

c) avaliação ambiental e sócio-econômica da bacia, identificando e integrando os elementos básicos que permitirão a compreensão da estrutura de organização da sociedade e a identificação dos atores e segmentos setoriais estratégicos, os quais deverão ser envolvidos no processo de mobilização social para a elaboração do Plano e na gestão dos recursos hídricos.

II - Alternativas de compatibilização: a) prioridades de uso dos recursos hídricos;

b) disponibilidades e demandas hídricas da bacia, associando alternativas de intervenção e de mitigação dos problemas, de forma a serem estabelecidos os possíveis cenários; c) alternativas técnicas e institucionais para articulação dos interesses internos com os externos à bacia, visando minimizar possíveis conflitos de interesse.

a) identificação de prioridades das ações, possíveis órgãos ou entidades executoras ou intervenientes, avaliação de custos, fontes de recursos e estabelecimento de prazos de execução;

b) proposta para adequação e/ou estruturação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos da bacia.

IV - Programas para implementação dos instrumentos de gestão: a) os limites e critérios de outorga para os usos dos recursos hídricos; b) as diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso da água;

c) a proposta de enquadramento dos corpos d’água;

d) a sistemática de implementação do Sistema de Informações da bacia; d) ações de educação ambiental.

Dessa forma é possível realizar um exercício de avaliação dos planos de recursos hídricos, atribuindo pesos diferenciados aos diversos itens do conteúdo analisado admitindo-se, por exemplo, que a parte de diagnóstico e prognóstico tenha um peso menor e os instrumentos de gestão tenham um peso maior.

Os critérios gerais adotados na análise do conteúdo dos planos de recursos hídricos são descritos a seguir, no quadro 5.1.

Quadro 5.1 - Critérios de atendimento dos planos à norma brasileira vigente.

Índice Critério

1- atendido plenamente Todos os aspectos contidos no plano

2 – suficiente aspectos principais contidos no plano

3 – atendido parcialmente alguns aspectos principais contidos no plano

4 – insuficiente aspectos principais não contidos no plano

5 – não atendido nenhum aspecto contido no plano

Para alguns aspectos analisados dos planos de recursos hídricos, houve necessidade de realizar um detalhamento específico nos critérios considerados na avaliação dos planos, conforme descrito a seguir.

Prioridades de uso dos recursos hídricos

1- atendido plenamente: definição de prioridades de todos os usos por sub-bacias. 2 – suficiente: definição de prioridades de uso para áreas de potenciais conflitos.

3 – atendido parcialmente: definição de prioridades de finalidades de uso em áreas

específicas da bacia.

4 – insuficiente: indicações de prioridades de finalidades de uso em geral na bacia. 5 – não atendido: não há definição de prioridades de uso dos recursos hídricos.

Identificação de prioridades das ações

2 – suficiente: classificação do grau de prioridade de ações com maior detalhe do que

curto, médio e longo prazo, por exemplo, através de cronograma físico-financeiro.

3 – atendido parcialmente: classificação em ações de curto, médio e longo prazo. 4 – insuficiente: indicação de algumas ações prioritárias, sem classificação de grau de

prioridade.

5 – não atendido: ausência de prioridade das ações

Identificação de possíveis órgãos ou entidades executoras ou intervenientes,

1- atendido plenamente: identificação de possíveis executores para todas as ações

propostas.

2 – suficiente: identificação de possíveis executores para maioria das ações propostas. 3 – atendido parcialmente: identificação de possíveis executores para grupos de ações

propostas.

4 – insuficiente: identificação de possíveis executores para algumas ações específicas. 5 – não atendido: ausência de identificação.

Avaliação de custos e fontes de recursos

1- atendido plenamente: avaliação de custos de todas as ações e identificação de fontes

de recursos específicas para as ações.

2 – suficiente: avaliação de custos de todas as ações e identificação de fontes de

recursos gerais para as ações

3 – atendido parcialmente: avaliação de custos de todas as ações e ausência de

identificação de fontes de recursos gerais para as ações.

4 – insuficiente: avaliação de custos de parte das ações e ausência de identificação de

fontes de recursos.

5 – não atendido: ausência de avaliação de custos das ações e identificação de fontes de

recursos.

Estabelecimento de prazos de execução

1- atendido plenamente: indicação de prazos específicos de execução para cada ação

proposta.

2 – suficiente: indicação de prazos de execução específicos por grupos de ações

propostas.

3 – atendido parcialmente: indicação de prazos de execução das ações propostas em

horizontes de curto, médio e longo prazo.

4 – insuficiente: indicação de prazos de execução de parte das ações propostas. 5 – não atendido: ausência de prazos de execução das ações propostas.

Proposta para adequação e/ou estruturação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos da bacia

1- atendido plenamente: proposta específica para criação/adequação do SGRH na

bacia e articulação entre os entes do SGRH.

2 – suficiente: proposta geral sobre o SGRH na bacia tratando, além do comitê de bacia,

dos demais entes que atuarão na bacia.

3 – atendido parcialmente: proposta de criação/adequação de comitê na bacia. 4 – insuficiente: proposta sobre o SGRH na bacia, sem tratar de comitê de bacia. 5 – não atendido: não há proposta.

Conforme abordado no capítulo relativo ao planejamento de recursos hídricos do Brasil, houve veto ao conteúdo dos planos previsto na Lei Federal nº 9.433/97 (art. 7º, VI e VII), no tocante à responsabilidade para execução das medidas, programas e projetos; cronograma de execução e programação orçamentário-financeira associados aos mesmos. Freqüentemente há dificuldade em detalhar a fonte de recursos financeiros das ações nos planos de recursos hídricos, por questões conjunturais.

Embora a Resolução nº 17/01 do CNRH tenha sido elaborada para disciplinar especificamente os planos de bacia, incluiu-se na análise os PERH’s existentes na bacia do rio São Francisco, uma vez que não há norma própria para os planos estaduais, que também devem contemplar os principais aspectos previstos nos planos de bacia, porém em caráter mais amplo.

5.2 – ANÁLISE COMPARATIVA DAS PROPOSTAS DOS PLANOS DE