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O atual projeto pedagógico do curso de Bacharelado em Biblioteconomia da

2. REVISÃO DE LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Breve histórico sobre a formação em Biblioteconomia

2.1.3 O atual projeto pedagógico do curso de Bacharelado em Biblioteconomia da

No primeiro semestre de 2009, o projeto pedagógico10 implantado propunha a

reestruturação curricular do “Curso de Bacharelado em Biblioteconomia”, cujo nome viria a ser, a princípio, alterado para “Biblioteconomia e Gestão da Informação”. Embora tal projeto tenha sido aprovado pela Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD) da UFMG, por meio da Câmara de Graduação, a alteração do nome não foi apoiada por esta instância, deixando de prevalecer.

Tal projeto, cuja elaboração ocorreu durante as negociações e a consequente adesão da UFMG ao REUNI, foi concebido, de acordo com o texto do documento, no cerne de um projeto pedagógico que abrigaria também a criação dos cursos de Arquivologia e de Museologia, englobando, assim, as três áreas vinculadas ao grupo da Ciência da Informação.11

A proposta, além de refletir as normas da UFMG quanto à flexibilização curricular, possibilitava a atualização dos conteúdos curriculares do curso na época, a fim de ajustá-lo às novas tendências profissionais. Esperava-se adequar o curso às novas demandas e contextos de trabalho advindos da denominada “Sociedade da Informação”, que carregava consigo novos conhecimentos e, principalmente, novas tecnologias, que exigiam conhecimento em diferentes métodos de trabalho para lidar com a informação. Conforme foi explicado no projeto:

A profissão de bibliotecário vem sendo repensada na tentativa de atender a novas demandas e novos procedimentos de organização e recuperação de informações. Isso implica no aprendizado de novas metodologias para organização, recuperação e uso da informação, não só nos contextos tradicionais, mas também nos diferentes tipos de bibliotecas e centros de informação contemporâneos (ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2008, p. 5).

Segundo o projeto, a alteração proposta no nome do curso, que acabou não se concretizando, também se justificava pelas mudanças por que a área vinha atravessando. Além disso, a inserção do termo informação no nome do curso possibilitaria mais

10 O projeto pedagógico em questão está no site da ECI, disponível em: <http://colgradbiblio.eci.ufmg.br/o-curso/projeto-pedagogico-1/view>. Acesso em: 25 abr. 2019.

11 Ressalta-se que na tabela de áreas do conhecimento da CAPES, atualizada em 31/01/2017, dentro da área das Ciências Sociais Aplicadas, a subárea Museologia está separada da subárea Ciência da Informação, que engloba a Biblioteconomia e a Arquivologia. Disponível em:<https://www.capes.gov.br/pt/avaliacao/instrumentos-de-apoio/tabela-de-areas-do-conhecimento- avaliacao>. Acesso em: 19 jun. 2019.

entendimento quanto à atuação dos profissionais e à atividade de informação em bibliotecas e outros contextos.

Com base nessas discussões que fundamentaram a referida proposta pedagógica, um conjunto de “competências, habilidades e atitudes”, segundo o próprio documento, foi elencado para alicerçar a reformulação curricular do curso:

a) ter domínio teórico e técnico dos processos de produção, seleção, registro, organização e disseminação da informação em diferentes suportes;

b) possuir habilidades de comunicação, de pesquisa, de gestão e de promoção de competência informacional do usuário;

c) conhecer os aspectos culturais, políticos e sociais relativos à informação e ao conhecimento (ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2008, p. 10).

Ainda de acordo com o projeto, essas competências foram desmembradas em quatro grupos de competências específicas, que se relacionavam às áreas de formação e aos principais eixos estruturantes do curso:

a) Competências técnico-científicas:

• entender o usuário (contextualizar, interpretar necessidades informacionais);

• criar e selecionar informação (gerar, adquirir, analisar, sistematizar, avaliar); • organizar e prover acesso à informação (representar, sistematizar, recuperar, armazenar, preservar);

• disseminar informação (produtos e serviços). b) Competências gerenciais:

• elaborar políticas de informação para sistemas, serviços, unidades / instituições de informação;

• administrar planos, projetos, equipes, sistemas, serviços, produtos em unidades / instituições de informação.

c) Competências sociais e políticas:

• compreender e participar de contextos sociais e políticos;

• participar, assessorar e intervir na formulação de políticas de informação em contextos específicos e governamentais;

• atuar de forma coletiva com seus pares no âmbito das instituições sociais, com o objetivo da promoção e defesa da profissão e do meio social.

d) Competências formativas e atitudes intelectuais:

• desenvolver atitudes, relacionadas às conjunturas informacional e estrutural, de ética, de espírito investigativo;

• exercer liderança e promover a comunicação;

• promover parcerias, auxiliar e tomar decisões e atuar de forma empreendedora (ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2008, p. 10).

Essas competências, concebidas para alicerçar a proposta pedagógica do curso, contemplavam aquelas de natureza técnica, informacional, gerencial, social e intelectual. Pontua-se isso porque na seção de análise dos dados da pesquisa empírica esse assunto será retomado, uma vez que há um questionamento aos egressos sobre essas competências.

De posse desses conceitos, a estrutura proposta para o curso de Bacharelado em Biblioteconomia, que aboliu as ênfases do currículo anterior, manteve a duração de oito semestres letivos para a integralização curricular padrão, em ambos os turnos, com uma carga horária total de 2.400 horas/aula, podendo ser distribuídas em diferentes atividades geradoras de créditos12, como, disciplinas, seminários, participação em eventos e projetos, oficinas,

publicações, monografia, visita orientada, iniciação à pesquisa, docência e extensão, estágio curricular e vivência profissional complementar. Como requerido nas diretrizes de flexibilização curricular da UFMG, o projeto pedagógico contemplou também as opções de formação complementar e de formação livre, cujo objetivo era permitir que o aluno fosse igualmente responsável pela construção do seu percurso acadêmico, “conquistando assim não somente uma formação teórico-prática generalizada, mas também aprofundando-se um pouco mais em áreas de seu maior interesse” (ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2008, p. 12).

O projeto pedagógico, inicialmente, propunha que a estrutura do curso fosse pensada considerando a criação dos cursos de graduação em Arquivologia e Museologia. Assim, foram sugeridos dois troncos de disciplinas, distribuídas nos seis primeiros semestres, que perfaziam 1.650 horas/aula: um comum da Ciência da Informação, com atividades acadêmicas obrigatórias comuns aos três cursos (960 horas/aula); e um de atividades específicas obrigatórias de Biblioteconomia e Gestão da Informação (690 horas/aula), nome até então dado ao curso. Embora houvesse atividades acadêmicas de caráter teórico e de caráter prático em ambos os troncos do curso,

[...] a proposta curricular buscou uma maior integração entre essas duas dimensões da formação acadêmica, optando por um formato em que, dentro de uma mesma disciplina, estivesse prevista uma carga horária teórica e outra prática — em lugar de optar por atividades acadêmicas exclusivamente teóricas e outras exclusivamente práticas (ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2008, p. 14).

Além das atividades obrigatórias, estavam previstas 510 horas/aula de atividades a serem preenchidas por meio de optativas e/ou de formação complementar (livre ou preestabelecida) ou, ainda, de formação livre. Destaca-se que o projeto previa a possibilidade de o aluno cumprir a carga de 510 horas/aula dentro do próprio curso, que deveria, ainda, oferecer um amplo leque de atividades acadêmicas optativas em ambos os troncos. Completando a carga horária total, foram sugeridas as atividades de Estágio Supervisionado,

12 Conforme Resolução Complementar número 01/98, de 10 de dezembro de 1998, do Conselho de

divididas em duas disciplinas, no 7º e no 8º período do curso, ficando a carga horária total com 240 horas/aula.

Em suma, esses foram os conceitos e fundamentos que embasaram o projeto pedagógico do curso de Bacharelado em Biblioteconomia, implantado no primeiro semestre de 2009. Todavia, deve-se esclarecer que algumas das propostas não foram implementadas, como o caso já citado do nome do curso. A opção do tronco comum da Ciência da Informação também não se consolidou totalmente. Atualmente, existem algumas disciplinas na grade curricular comuns aos três cursos – Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia −, porém não totalizam as 960 horas/aulas previstas. Sobre essa questão, o trabalho de Prudencio e Rodrigues (2015), contemplando a comparação entre os Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e da ECI/UFMG, merece ser destacado. Em suas considerações finais, as autoras concluíram que a UFMG inovou ao criar um núcleo comum de disciplinas que serviriam aos três cursos da ECI e ao possibilitar ao aluno optar pela realização do percurso curricular pela via da formação complementar e da formação livre. Ainda sobre a formação complementar, o percurso curricular atual possibilita a Formação Complementar em Preservação de Bens Culturais e Artes, a Formação Complementar em Psicologia e duas formações complementares abertas. Contudo, segundo informações do Colegiado de Graduação em Biblioteconomia, são pouquíssimos os estudantes que optam por esses percursos acadêmicos. Sobre o Estágio Supervisionado, o que mudou foi que ele se concentrou em apenas um semestre; ou seja, passou a ser oferecido somente no 8º período. Atualmente, para que o aluno complete os requisitos obrigatórios para a integralização dos créditos, exige-se uma carga mínima de 60 horas/aula de formação livre. Segundo informações repassadas pelo Colegiado do curso, um novo projeto pedagógico está sendo concebido para ser remetido à PROGRAD, para apreciação ainda em 2019.

No Anexo A deste trabalho, pode-se consultar a grade curricular atual do curso de Biblioteconomia fornecida pela Seção de Ensino do curso.