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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.8 Tratamento dos dados do questionário

No que tange ao processo de tratamento e análise dos dados coletados por meio da aplicação do questionário eletrônico aos egressos do curso de Biblioteconomia, utilizou-se o software livre R, versão 3.3.2.

Em sua tese, De Toni (2005) sugere a adoção dos seguintes procedimentos de análise: a) univariados: para gerar estatísticas descritivas, tais como, frequências, médias e desvio-padrão;

b) bivariados: para gerar análises cruzadas entre as variáveis demográficas e os indicadores das imagens;

c) multivariados: aplicação da análise fatorial, para verificar as inter-relações mais fortes entre os atributos da imagem.

No caso da análise multivariada, em termos práticos, a análise fatorial propiciará a formação de alguns fatores de satisfação, e isso significa que esses

[...] grupos de atributos mais fortemente ligados entre si, tendo como fator de ligação a consideração de sua importância102, é que, sendo uma imagem mental uma informação holística, cuja característica é exatamente a existência de uma rede de relações entre os vários dados que a compõem, é de se supor que, quando se deseja modificar algo nessa imagem, se tenha que abordá-la também de forma holística, ou seja, dentro de toda a rede de ligações mais próximas com o atributo que se queira modificar (SCHULER; DE TONI, 2015, p. 210-211).

Em uma tabela, apresentou-se o registro de cada valor de “satisfação”103 percebido para

cada atributo, assim como o somatório geral desses valores e a média de “satisfação” de cada atributo, separados pelas categorias estabelecidas na etapa Configuração de Conteúdo. Em outra tabela, os agrupamentos dos atributos da imagem, divididos em fatores de “satisfação”.

102 Neste caso, de sua “satisfação”.

103 Devido à especificidade do objeto que está sendo pesquisado, ponderou-se que seria mais relevante mensurar a “satisfação” dos egressos com relação aos atributos da imagem do curso de Biblioteconomia, em vez de se mensurar a “importância” desses atributos.

Essa análise em que se tem a média de “satisfação”, bem como a separação dos atributos em fatores, é importante para a demonstração dos resultados, que são apresentados no formato de um gráfico e consolidados em um relatório.

3.9 Relatório de resultados

Como parte final dos procedimentos metodológicos, Schuler e De Toni (2015) recomendam a apresentação dos dados gerados em um formato de relatório composto por um Gráfico de Configuração da Imagem (GCI), que favorece uma melhor visão da imagem do objeto pesquisado, além de um quadro, onde se encontram as Sugestões de Ações Estratégicas para a Gestão da Imagem (SAEGIs). Esse relatório contém recomendações de cunho gerencial que poderão subsidiar, se desejado, o gestor do objeto em questão com informações para uma tomada de decisão mais embasada. A Figura 13 mostra um modelo de GCI.

Figura 13 – Modelo de Gráfico de Configuração da Imagem (GCI)

Fonte: Adaptada de SCHULER; DE TONI, 2015, p. 177.

Margem 2ª Periferia 1ª Periferia Imagem Central Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Termo Indutor

Neste modelo de GCI, é possível identificar o conjunto de atributos que compõem a imagem do objeto estudado e sua proximidade com relação ao Termo Indutor. Com base nos critérios adotados para delimitar as imagens, central e periférica, do objeto da pesquisa − a divisão em quartis −, dispõem-se os círculos concêntricos nas diferentes áreas de proximidade. Cada círculo corresponde a um atributo. Eles são dispostos de acordo com sua proximidade em relação ao Termo Indutor. Neste modelo, o gráfico está dividido em quatro fatias, que correspondem aos grupos, isto é, aos fatores de atributos mais fortemente relacionados entre si. A identificação dos fatores é realizada pela análise fatorial, ocorrida na etapa Configuração de Agrupamentos. O tamanho das fatias é determinado pelo valor de explicação de cada fator, o que significa que construtos com maior valor de explicação recebem maior espaço no gráfico. Neste, também se verifica a que tipo de categoria cada atributo pertence, assim como a indicação de satisfação percebida de cada atributo em relação aos respondentes. Os atributos considerados mais satisfatórios são aqueles que apresentaram um valor de satisfação acima da média na mensuração desse quesito. A Figura 14 mostra uma legenda explicativa para o GCI.

Figura 14 – Modelo de legenda para o Gráfico de Configuração da Imagem

Legenda Atributo muito

satisfatório (s/ contorno) Atributo pouco satisfatório (c/ contorno) Cor

Atributo visionário Roxo

Atributo simbólico Azul

Atributo afetivo Verde

Atributo racional Amarelo

Atributo emocional Vermelho

Fonte: Adaptada de SCHULER; DE TONI, 2015, p. 176.

Por meio da visualização dos atributos no GCI, Schuler e De Toni (2015) apontam a possibilidade de proposição de estratégias de ação, levando-se em conta os objetivos dos gestores do objeto em questão. Essas estratégias são inseridas em um quadro e analisadas de acordo com as posições, os valores e as relações encontradas, que estão visualmente contempladas no GCI. No caso desta pesquisa, foram elaborados apenas apontamentos aos

gestores acadêmicos responsáveis pelo curso de Biblioteconomia da UFMG. A título de exemplo, a Figura 15 exibe um modelo de Sugestões de Ações Estratégicas para a Gestão da Imagem (SAEGIs).

Figura 15 − Modelo de Sugestões de Ações Estratégicas para a Gestão da Imagem

Fonte: DE TONI, 2005, p. 169.

A análise do GCI e a da SAEGIs permitem revelar alguns aspectos importantes, segundo De Toni (2005):

a) Quanto mais próximo um atributo estiver do Termo Indutor e quanto maior for sua importância relativa (quando medida) para os respondentes ou a satisfação percebida, possivelmente, maior será a força deste atributo para exercer algum tipo de influência. b) Os atributos que estão situados próximos ao Termo Indutor são mais estáveis e resistentes a mudanças, dependendo essa aproximação da frequência104, recência105

e vivacidade106 com que determinado público percebe o atributo vinculado à imagem

do objeto pesquisado. Logo, os atributos que estão no centro da imagem são aqueles que se conectam a ela de forma mais frequente, mais permanente e com maior impacto.

Presume-se que propor modificações na proximidade dos atributos que pertencem à Imagem Central exige maior investimento em tempo e recursos, visto que esses atributos são mais estáveis e resistentes a mudanças e, por consequência, mais difícil e demorado será o processo de seu afastamento. Isso significa que em determinadas situações, para desvincular um atributo negativo que esteja na Imagem Central de uma organização, uma marca, um produto ou um serviço será preciso contar com importantes operações estratégicas que salientem outros atributos mais favoráveis à construção da imagem que se deseja para o objeto em questão (DE TONI, 2005).

Finalizando a explicação sobre os procedimentos de tratamento e análise dos dados e em face das informações apresentadas, é com tranquilidade que se reitera que a escolha do MCI para esta pesquisa se mostrou pertinente por se tratar de um método que prioriza a percepção de determinado público acerca dos atributos do objeto analisado. O MCI empenha- se em evitar que se deposite na configuração da imagem de determinado objeto o viés de percepção dos gestores que podem destacar os atributos do objeto de modo diferente daqueles percebidos pelos usuários ou clientes − no caso desta pesquisa, pelos egressos do curso de Biblioteconomia da UFMG.

104 Diz respeito ao número de vezes que um dado foi vivenciado ou repetido pelo indivíduo. 105 Diz respeito a quando os dados foram recentemente percebidos na mente do indivíduo. 106 Diz respeito ao impacto causado no indivíduo pela experiência na qual ele percebe os dados.

3.10 Síntese dos procedimentos metodológicos do Método de Configuração de