CAPÍTULO IV: AS PARCERIAS NO CENTRO PAULA SOUZA: UM OLHAR
4.1. O Campo de Investigação – Lócus da Pesquisa
A investigação se deu em uma instituição de ensino profissional, caracterizado como Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, que é uma autarquia de regime especial, mantida pelo governo do Estado de São Paulo, “vinculada e associada à Universidade Estadual Paulista“ Julio de Mesquita Filho – UNESP. Foi criada pelo governo do estado de São Paulo, por Decreto-Lei de 06/10/69, e instalada em 1970. Na sua criação foram explicitadas as seguintes diretrizes:
“incentivar ou ministrar cursos de especialidades correspondentes às necessidades e características dos mercados de trabalho nacional e regional, promovendo experiências e novas modalidades educacionais, pedagógicas e didáticas e o seu entrosamento com o trabalho; e formar pessoal docente destinado ao ensino técnico, em seus vários ramos e graus, em cooperação com universidades de graduação de professores; desenvolver outras atividades que possam contribuir para a consecução de seus objetivos” (MOTOYAMA:1995:468).
Nascido num momento em que o país e, mais particularmente, o Estado de são Paulo já contava com amplo e relativamente bem equipado parque industrial e numa conjuntura de crescimento econômico nacional, o Centro Paula Souza, inicialmente denominado Centro de Educação Tecnológica de São Paulo (CEET), tinha como atribuição oferecer programas e cursos regulares visando a qualificação e aperfeiçoamento de profissionais e trabalhadores voltados para as novas demandas do mercado e da indústria Assim, ao lado dos cursos regulares, foram organizados alguns programas não seriados viando possibilitar a trabalhadores de qualquer idade, ensejo para seu aperfeiçoamento profissional.
Na fase de instalação na capital de São Paulo (1970) a instituição passou a ministrar três cursos na área da construção civil e dois na área de mecânica. Em 1971 foi posta em funcionamento a FATEC de Sorocaba e, em 1973, foi organizada a FATEC de São Paulo. Com essas duas unidades passou a denominar-se Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula
Souza” em homenagem a um dos fundadores da Escola Politécnica de São Paulo, Antonio Francisco de Paula Souza.
Em 1976, com a criação da Unesp, o Centro Paula Souza -CPS transformou-se em uma “entidade associada à Unesp, vinculada para fins administrativos e associada para fins de ensino e pesquisa”. A partir de então, o reitor da Unesp passou a designar o conselho deliberativo e o diretor- superintendente passou a ser designado pelo governador com base em uma lista tríplice enviada pelo reitor. No entanto, o CPS, na sua origem, não era responsável por cursos técnicos de 2º grau, estando sob sua jurisdição apenas as Faculdades de Tecnologia. Essa responsabilidade foi assumida gradativamente pela instituição face a dificuldade encontrada pela Secretaria da Educação para continuar administrando a rede de ensino técnico existente no estado após os sucessivos percalços desencadeados pela vigência da Lei nº 5692/71.
Assim, o Centro Paula Souza, assumiu, inicialmente, um grupo restrito de 18 escolas técnicas. Nos anos 90, a Secretaria da Educação abre mão da gestão das restantes escolas da rede estadual de ensino técnico, que passam a fazer parte do quadro da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. Desde essa época a supervisão e gerenciamento das 99 escolas técnicas estaduais, então existentes, passou a ser realizada pelo CPS, todas elas funcionando de acordo com as determinações da LDB então vigente.
MOTOYAMA nos ajuda a esclarecer isso:
“O Centro foi criado em 1969 para formar técnicos e tecnólogos, sendo esta sua primeira atribuição; formar professores para o ensino técnico, a segunda e a terceira, dar as formações possíveis e imaginárias na área do trabalho. Ele já nasceu com essa idéia e realmente mostrou que era competente para isso, quando em 1981 recebeu seis escolas, e mais seis em 1982. Nessa ocasião, estava tudo pronto para receber as outras- com a mudança de governo isto não se concretizou. Depois, o Centro gerou duas escolas, mostrando, enfim, uma vocação pública também para o ensino 2º grau. As 82 escolas estavam em situação indefinida, saíram da rede da
Secretaria da Educação e foram para uma secretaria que não tinha afinidade com ensino, ficando sem a devida atenção” (MOTOYAMA:1995: 434).
Atualmente a instituição está presente em noventa municípios paulistas, mantém cento e vinte e quatro Escolas Técnicas Estaduais, conta com o apoio de oito mil funcionários e atende cerca de noventa mil alunos em cursos regulares e aproximadamente forma em torno de quarenta mil alunos por ano em cursos de qualificação profissional. Ela mantém uma rede pública de ensino técnico e tecnológico de nível superior, considerada por diferentes análises e documentos, como de boa qualidade. Portanto, o CPS caracteriza-se por políticas diferenciadas de atendimento, tendo em vista as várias regiões do Estado de São Paulo em que se faz presente, assim atualmente a instituição mantém:
• Ações em 112 municípios • 30 classes descentralizadas • 15 áreas profissionais • 60 habilitações profissionais • Supletivo de Ensino Médio • 14 habilitações Básicas.
A quantidade e diversidade de cursos mantidos na instituição pode ser compreendida quando observamos a diversidade de qualificações oferecidas, como por exemplo: Mecatrônica e Florestal ou Nutrição e Dietética e Operação Rodoviária, ou ainda Logística e Mineração. Outras habilitações, implantadas há algum tempo são conseqüência da diversidade e mobilidade do mercado de trabalho e da necessidade de atender à formação de profissionais para essas atividades, como administração rural, design de interiores, automobilística, agricultura familiar, recursos hídricos, gestão de pequenos negócios, automação predial e processamento de carnes.
Os dados estatísticos da Instituição revelam que há um expressivo crescimento de matrículas no ensino médio, por ser considerado de excelente qualidade, mas revela também que a instituição é predominantemente mantenedora de Educação Profissional. Do total de alunos matriculados, os do ensino técnico representam nos últimos três anos, sempre acima de 70% do total. Há alunos que cursam simultaneamente ensino médio e ensino técnico
na instituição. No segundo semestre de 2005, de um total de vinte e dois mil, setecentos e sessenta e cinco alunos, cinco mil, quinhentos e quarenta e seis alunos, fazem concomitantemente ensino médio e técnico (CPS-2005).