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DEMOCRÁTICO MULTIPARTIDÁRIO

6. Estrutura e função dos órgãos de soberania

6.3. A Assembleia Nacional

6.4.4. O Conselho de Ministros

O Conselho de Ministro é um órgão colegial(99) constituído pela reunião de todos os Ministros sob orientação do PR ou do PM. É preciso não esquecer que na CRDSTP de 1990, o PR, nos termos do art.º 76.º, al. i) tinha a faculdade de presidir ao Conselho de Ministros sempre que entendesse e sendo assim, quando PR usasse de tal faculdade o Conselho de Ministro era por si presidido.

Eram exercidas em Conselho de Ministro as competências do Governo previstas na alíneas a), c), d), f), h) e i do art.º 99.º da CRDSTP – 1990. Sendo assim nos termos do art.º 100.º da CRDSTP-1990, conjugado com as alíneas frisadas do art.º 99.º da CRDSTP-1990, podemos

(98) Como vimos esta área é bastante difícil de estabelecer fronteiras com os poderes do PR no âmbito das

relações internacionais, mas ainda assim existe uma margem onde podemos dizer que o Governo intervém sem interferência.

(99) Órgãos colegiais - são órgãos compostos por dois ou mais titulares (AMARAL, Freitas do - Curso de

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dizer que o Conselho de Ministro tinha as seguintes competências: Organizar e dirigir a execução das atividades políticas, económicas, culturais, científicas, sociais, de defesa e segurança, inscrita no seu programa; legislar, por decreto, sobre matéria respeitante à sua própria organização e funcionamento; fazer decretos-lei em matéria reservada à AN mediante autorização desta; exercer iniciativa legislativa perante AN; propor a nomeação do Procurador-Geral da República; Nomear os titulares de altos cargos civis e militares do Estado.

6.4.5. Tribunais

Os Tribunais na CRDSTP de 1990 eram órgãos de soberania(100) com competência para administrar a justiça em nome do povo (art.º 103.º, n.º 1 da CRDSTP-1990), incumbindo-lhe assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos, dirimir os conflitos de interesse públicos e privados e reprimir a violação das leis (art.º 103.º, n.º 2 da CRDSTP-1990).

Como princípios norteadores consagrados na Lei Fundamental, há que salientar a independência dos Tribunais e a sua subordinação à lei (art.º 104.º da CRDSTP-1990), a fundamentação das decisões (art.º 105.º, n.º 1 da CRDSTP-1990), a irresponsabilidade dos juízes pelas suas decisões judiciais e a inamovibilidade (art.º 108.º, n.º 1 e 2 da CRDSTP- 1990).

Em São Tomé e Príncipe, na altura em que vigorava a CRDSTP de 1990, existiram o Supremo Tribunal de Justiça, os Tribunais de 1.ª Instância, e mais tarde surgiu o Tribunal de Contas.

Para uma melhor compreensão analisaremos cada uma destas realidades:

Supremo Tribunal de Justiça (STJ) – Era nos termos do art.º 109.º da CRDSTP de 1990, a instância Judicial Suprema, e funcionava como Tribunal de recurso das ações apreciadas no

(100) Os tribunais eram e são constitucionalmente considerados como órgãos de soberania, tal como PR, AN e o

Governo (Cf. art. 67.º da CRDSTP e art. 68.º da CRDSTP de 2003). Todavia, têm um estatuto constitucional distinto, visto que não integram, como aqueles, o sistema de Governo, não participando, portanto, nas funções de definição e direção política do Estado (Cf. CANOTILHO, J.J. Gomes; MOREIRA, Vital - Fundamentos da Constituição. Coimbra: Coimbra Editora, 1991, pp. 222 e 223.)

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Tribunal de 1ª instância. O STJ podia funcionar em termos singulares (um juiz conselheiro) ou em pleno (três juízes conselheiros)(101). Convém aqui, antes de mais, fazer a seguinte distinção: das decisões proferidas em ações que seguiam a forma sumária e em processos correcionais, recorria-se para o Supremo Tribunal de justiça, sendo o processo distribuído a um juiz conselheiro, e cabendo em segundo recurso para o Pleno, se o Supremo Tribunal de Justiça proferisse duas decisões contraditórias no domínio da mesma legislação, relativamente à mesma questão fundamental de direito com a finalidade de ser proferida assento pelo pleno (artigos 10.º, n.ºs 1, 2 e 4 da Lei Base do Sistema Judiciário – Lei n.º 8/91 de 9 de Dezembro); das decisões proferidas em ações que seguissem a forma ordinária, e em processos de querelas, recorria-se diretamente para o Pleno do Supremo Tribunal de Justiça. O Supremo era composto por três juízes conselheiros, e um deles era o seu Presidente (artigos 12.º e 13.º, n.º 1 da Lei Base do Sistema Judiciário – Lei n.º 8/91 de 9 de Dezembro). Como já fora visto, o STJ tanto podia funcionar singularmente, sendo nestes casos as causas distribuídas entre qualquer dos juízes conselheiros, ou como Tribunal pleno. Ao juiz singular competia: a) reapreciação dos recursos interpostos das decisões proferidas em ações que seguiam a forma sumária e em processos correcionais (artigos 15.º, n.º 1, al. a) e 10.º, n.º 2 da Lei Base do Sistema Judiciário); b) exercer as funções de inspetor (artigos 15.º, n.º 1, al. b) da Lei Base do Sistema Judiciário); c) Emitir parecer sobre a constitucionalidade das leis dirigido a AN para os fins do art.º 111.º da CRDSTP (artigos 15.º, n.º 1, al. b) da Lei Base do Sistema Judiciário). Em relação as alíneas b) e c) a que referir que estavam atribuídas competências com relação aos juízes conselheiros que não exerciam a presidência (artigos 15.º, n.º 2 da Lei Base do Sistema Judiciário). Em relação à competência do STJ reunido em pleno, cabia: a) confirmar o parecer emitido pelo juiz conselheiro sobre a constitucionalidade das leis (artigos 15.º, n.º 3, al. a) da Lei Base do Sistema Judiciário); b) reapreciação dos recursos das decisões proferidas em ações que seguiam a forma ordinária, em processos de querela e das decisões proferidas pelo STJ contraditórias no domínio da mesma legislação e relativamente à mesma questão fundamental de direito (art.º 10.º, n.ºs 3 e 4 e art.º 15.º, n.º 3, al. b) da Lei Base do Sistema Judiciário). Para finalizar, convém frisar, que era ao STJ que competia apreciar questões em matérias administrativas. Cabia ao juiz singular julgar os recursos contenciosos interpostos das decisões dos órgãos dos serviços personalizados do Estado. Era, porém, ao tribunal pleno que competia julgar os recursos das decisões proferidas pelos ministros. O STJ funcionava

(101) GUEDES, Armando Marques [et al] - Litígios e Legitimação: Estado, Sociedade Civil e Direito em S.

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ainda, como Tribunal de Contas, mas isto aconteceu até 1999, ano em que surge o Tribunal de Contas.

Tribunais de 1.ª instância – Existiam três Tribunais de 1.ª Instância: um situado em São Tomé (a cidade capital), outro situado na cidade das Neves, e um terceiro situado no Príncipe. Os dois últimos, não sediados na capital, tinham a designação de Tribunais Regionais (art.º 5.º, n.º 2 da Lei Base do Sistema Judiciário). Estes Tribunais, quanto à categoria, podiam funcionar singularmente com um juiz ou em coletivo de três juízes (art.º 5.º, n.º 3 da Lei Base do Sistema Judiciário).

Quanto ao valor os Tribunais de 1.ª Instância eram competentes para julgar as causas cujo valor não excedesse a sua alçada, que era de cem mil dobras. Isto com relação a matéria cível, uma vez que em matéria crime não havia alçada.

Relativamente à competência material dos Tribunais, convém frisar que em causas que não fossem atribuídas a outra ordem jurisdicional, eram da competência do tribunal de jurisdição Comum(102) (Art.º 6.º, n.º 1 da Lei Base do Sistema Judiciário). Nos Tribunais de jurisdição Comum poderiam ser criados, em função das matérias, tribunais de competência especializada, mistos ou arbitrais (art.º 6.º, n.º 2 da Lei Base do Sistema Judiciário).

Tribunal de Contas - Este tribunal foi criado em 1999, com sede na cidade de S. Tomé, com jurisdição e controlo financeiros no âmbito de toda a ordem jurídica da República Democrática de S. Tomé e Príncipe, tanto em território nacional como no estrangeiro, neste caso abarcando os serviços, organismos e representações no estrangeiro (art.º 1.º, n.º 1 da Lei Orgânica do Tribunal de Contas de S. Tomé e Príncipe – Lei n.º 3/99, de 6 de Maio de 1999).