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O Conselho de Direitos da Mulher: violência, empoderamento e questões identitárias

CAPÍTULO II A sedução do campo, a formação das associações e os esboços

2. O desenho preliminar das associações: contextos de atuação, conformação das agencias e

2.1 O Conselho de Direitos da Mulher: violência, empoderamento e questões identitárias

Aproveitei para estar presente na primeira reunião do ano de 2014 do CDM, momento onde as conselheiras apresentaram o plano de ação dos seus trabalhos e discutiram possíveis reformulações. As reuniões do CDM acontecem na Casa dos Conselhos da cidade. A casa, que fica situada no centro comercial de Petrolina, em uma rua secundária, porém extremamente movimentada, é um local simples e, como pode ser observado logo de início, se mostra como um rearranjo de uma casa de moradia. Notei, com os anos de pesquisa e domicílio nesta cidade, que é uma prática comum aproveitar casas de antigas moradias no centro para que sirvam de espaço de funcionamento de algum órgão vinculado à prefeitura, ou até ao Governo do estado. Assim funcionam setores da Secretaria de Saúde, da Secretaria de Cidadania, a Estação do Governo Presente, do Governo do estado, o órgão da Secretaria de Educação voltado para a administração das creches municipais, entre outros. No que se refere à Casa dos Conselhos, podemos ver que na sala principal da casa funciona a recepção, com uma escrivaninha e algumas cadeiras para aqueles que precisam aguardar alguém. Depois dessa sala há um corredor com outras salas que ficam permanentemente fechadas, exceto pela sala da secretária, que tem por função administrar os documentos, reuniões e demandas em geral dos demais conselhos que lá funcionam78. Além desses espaços, uma sala de reunião do lado de um pequeno banheiro era um dos lugares mais movimentados da casa, haja vista que servia de espaço para reuniões de todos os conselhos que funcionavam na cidade.

Quando cheguei à sala de reuniões a presidente do conselho, que é servidora da Secretaria de Saúde, já havia chegado, assim como a vice-presidente, que é servidora da Secretaria de Acessibilidade, uma representante da Secretaria de Educação e uma representante da Associação das Mulheres Rendeiras79. A presidente do Conselho se mostrou muito organizada com a proposta de pauta, divulgando um papel com informes e as propostas de discussões daquela manhã. Sua preocupação com a ordem das falas, com o horário, e até

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Na Casa dos Conselhos de Petrolina funcionam, além do Conselho de Direitos da Mulher, o Conselho de Segurança Alimentar, o Conselho do Idoso, o Conselho da Pessoa com Deficiência, o Conselho da Criança e do Adolescente e o Conselho de Assistência Social.

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com suas vestimentas e modo de portar, que com o tempo percebi estarem sempre impecáveis, me fez sentir uma atmosfera com um mínimo de pretensão de ordem. Esta pretensão, é importante salientar, repousou plácida na mera formalidade dos procedimentos. Depois de participar assiduamente das reuniões do CDM constatei, para a infelicidade do meu transtorno obsessivo com organização e ordem, que a vontade da presidente jazia em um esforço infrutífero de tentar levar a cabo pequenas pautas em longos tempos de conversas. Os debates, quase sempre, versavam sobre os mais variados temas que, apesar de pertinentes, acabavam por findar na postergação dos mais importantes assuntos.

Neste dia não foi diferente. Com o carnaval se aproximando e o mês de março (o mês da mulher) próximo, as falas das conselheiras giraram em torno dos eventos que alguns grupos iriam realizar. No carnaval de Petrolina sempre acontece a saída do bloco “Quem disse que a gente não vinha” que tem por objetivo problematizar a violência contra a mulher em meio à dança e música de cantoras convidadas. A problemática da violência contra a mulher tem sido pauta bastante cara dos movimentos de mulheres e feministas desde o seu nascedouro, como vimos no capítulo primeiro deste trabalho. Este foco tem balizado grande parte das propostas de lutas e demandas por políticas públicas em todo o território nacional já há algum tempo. Assim, não poderia ser diferente na cidade de Petrolina. Percebi, neste dia, como a violência contra a mulher orientava não apenas os debates das mulheres engajadas nas lutas para os direitos das mulheres nesta cidade, como também as ações, projetos e políticas públicas encabeçados pelos órgãos governamentais no Sertão do São Francisco como um todo. Este posicionamento se mostrou claro em muitos momentos, como quando a representante da Associação das Mulheres Rendeiras expos o evento de março daquele ano. Elas estavam organizando uma caminhada pela paz e contra a violência contra as mulheres que aconteceria nas ruas centrais do bairro onde a referida Associação possui sede, seguido de um curso sobre direitos humanos e um chá cultural, com apresentações musicais e culturais abertas a quem quisesse expor seu talento.

A Associação das Mulheres Rendeiras surgiu em 1999 a partir da iniciativa de mulheres católicas do bairro José e Maria de Petrolina. Todas as mulheres que se organizaram para fundar a associação sabiam fazer algo relacionado à costura, crochê, tricô e afins. Elas pensaram que podiam ajudar outras mulheres lhes fornecendo cursos nesta área para que além de conseguirem uma renda alternativa com a nova especialização, elas ainda pudessem utilizar a costura como terapia ocupacional. Elas desde sempre aceitaram ajuda dos maridos, filhos ou qualquer homem que quisesse colaborar, mas eram enfáticas: para se associar,

precisavam ser mulheres. O que podemos observar com clareza é que suas atividades extrapolavam, e muito, os cursos na área de corte e costura. Elas estavam sempre engajadas em alguma atividade relacionada ao bem estar das mulheres e à conquista por direitos. Os eventos normalmente eram realizados em sua sede, que foi construída em um espaço doado pela prefeitura no ano de 2009. Entre esses eventos, estive presente tanto como palestrante em um curso sobre gênero no ponto de cultura sediado por elas, chamado “Os Heróis do povo Negro”, como em reuniões para debater a Conferência Municipal da Mulher, feijoadas para angariar fundos, festas juninas e reuniões para debater ações de enfrentamento à violência contra a mulher. Elas também sediavam cursos de violão, percussão, capoeira, teatro e informática. Além dos eventos na sede, elas estavam sempre presentes no Grito dos Excluídos, nos festejos do Sete de Setembro, em cirandas nas ruas para chamarem a atenção para os casos de violência contra a mulher, e em caminhadas, como a pela paz. Ao mencionar o evento, durante os informes, a representante da Associação das Mulheres Rendeiras teve a sua fala complementada com a da professora da UNIVASF, uma de suas parceiras e organizadoras do curso sobre direitos humanos a ser ofertado no dia da mulher. Ela fez questão de salientar que o trabalho realizado era importante para o empoderamento das mulheres80.

Neste dia, a professora que apresentava o referido evento, ainda afirmou sobre a importância do evento e do empoderamento das mulheres para a transformação dos homens. Segundo ela, os homens também precisavam ser tocados para que transformassem suas atitudes, se não a luta não valeria de nada. Este tema veio a se tornar polêmico em outras reuniões em que estive presente, mas neste dia as mulheres não discordaram. Apenas a presidente do conselho mencionou que o foco nos homens deve estar voltado ao abuso de drogas e álcool, para ela condicionantes da maior parte das violências cometidas contra as mulheres.

Este momento, para mim, se tornou crucial para que refletisse o meu posicionamento em campo. Aquela era a primeira reunião do CDM que estava presenciando, mas era sabido de todas que a minha posição ali não era só a de pesquisadora. Quando ela se posicionou com tanta propriedade sobre a relação das drogas e a violência contra as mulheres, tive o impulso de me colocar contra, de expor os dados de pesquisa que provam o contrário e que afirmavam

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Analisarei, com mais vagar, o significado desta concepção (empoderamento) para as propostas feministas e para minhas interlocutoras de campo, no quarto capítulo deste trabalho. O objetivo maior deste capítulo é assinalar as concepções basilares das políticas para as mulheres em Petrolina, para só depois analisa-las com maior profundidade.

que os condicionantes da violência contra as mulheres não estavam relacionados ao uso de drogas, e sim à insistente cultura patriarcal a que estamos todos submetidos. Mas, apesar do ímpeto em intervir, não fiz nada. Permaneci calada e aguardei os demais comentários sobre os informes.

A minha posição de passividade neste momento não refletiu um processo consciente dos modos como acreditava que deveria me posicionar em campo. Muito pelo contrário. Somente ao chegar em casa e refletir sobre o acontecido é que questionei o meu posicionamento sobre como as Antropólogas Feministas pensavam sobre o assunto e se colocavam nas suas pesquisas. Mas, também, não posso afirmar que a partir de então toda vez que saía para me engajar em atividades de pesquisa sabia muito bem como me posicionar. O trabalho engajado de pesquisa envolve tudo, menos certezas. Na verdade, são as certezas que a perspectiva do trabalho de pesquisa feminista deseja não só implodir, como denunciar, até porque elas estão sempre amparadas em discursos de poder (normalmente ocidentais, brancos e masculinos) que amparam as desigualdades sociais. Eliminar as certezas do trabalho científico de modo algum anula sua cientificidade. É apenas um modo sincero de proceder para com nossos interlocutores e com a comunidade científica. Deste dia em diante passei a me colocar em campo. Não em todos os momentos. Tampouco possuo uma cartilha especificando quando ou não deveria me posicionar. Deixei que meus sentimentos me indicassem quando a interferência deveria se mostrar pertinente. E esses sentimentos não são de fácil explicação. Posso apenas afirmar que a relação entre drogas e violência contra a mulher surgiu mais umas duas vezes, e destas fiz questão de colocar outro ponto de vista e expor dados para respaldar meus argumentos, para suscitar entre as mulheres, ao menos, uma breve reflexão, nem tanto imediatista, sobre o que levava os homens a agir de forma agressiva para com as mulheres.

Mas não foi neste dia. Naquela manhã de sexta-feira, por ter sido a primeira vez que tinha estado nas reuniões do CDM de Petrolina, preferi apenas observar, escutar e me fartar com o doce do café que transbordava do meu paladar e me fazia sentir com mais intensidade o ambiente insuportavelmente quente daquela sala. Nessa atmosfera ouvi os intermináveis informes e os instigantes comentários que surgiam lá e cá, entre um comunicado e outro das conselheiras sobre as atividades do mês da mulher. Desde as fofocas sobre conselheiras que falavam demais, mas não participavam das reuniões, sobre uma mulher que superou a violência do marido e ainda conseguiu emagrecer e conseguir um emprego devido ao atendimento do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), até os

problemas relacionados a pouca participação da sociedade civil no Conselho, em contraposição à participação das entidades governamentais81.

Depois de muita conversa, a pauta do dia, que era o Plano de Ação do ano para o CDM, não foi debatida. A presidente apenas informou que ele estava baseado em atividades educativas, formação continuada para mulheres rurais e urbanas, principalmente no que se referia à violência contra a mulher e na programação do mês de março. Ela enfatizou que não era papel delas fazer uma busca ativa das mulheres vítimas de violência, indo para as comunidades para auxiliá-las em casos de violência, que esse era o papel do Núcleo de Prevenção da Violência da Secretaria de Saúde do Município. O objetivo seria muito mais conscientizar as mulheres quanto ao tema da violência.

O modelo de atuação baseado em conscientização se tornou marca registrada das atividades do CDM. Não posso afirmar que suas integrantes protagonizavam todas, ou muitas atividades, neste sentido na cidade. Na verdade, veremos nos demais capítulos que as conselheiras atuavam muito mais como coadjuvantes de outras ações, normalmente ligadas ao empoderamento das mulheres, do que como protagonistas dos eventos. É importante salientar, também, que muitas eram as dificuldades em levar a cabo as ações para as mulheres pelo CDM. Estas iam desde as dificuldades financeiras, àquelas relacionadas à captação de editais. Mas, posso afirmar com serenidade, que uma das dificuldades centrais estava relacionada à desorganização das falas das conselheiras, e o custoso trabalho em fazê-las seguir quaisquer que fossem as pautas.

No entanto, dos poucos assuntos que conseguiam ser encaminhados, aqueles relativos à violência contra a mulher imperavam. Como mencionei mais acima, o tema da violência contra a mulher não começou a se mostrar como o mais importante ou central frente a tantos outros no CDM. O tema veio se mostrando como o único a ser pautado como importante para

81 Era visível a participação mais intensa dos membros do governo em contraposição aos da sociedade civil

organizada no CDM. Na verdade, devido a pouca atuação de movimentos feminista e/ou de mulheres em Petrolina já era de esperar essa pouca participação, haja vista que os membros da sociedade civil que compõem o conselho não estão voltados, especificamente, para as causas de gênero. Neste período, a composição do conselho abarcava as seguintes instituições: Secretaria Executiva da Mulher de Petrolina, Secretaria de Saúde, Secretaria Executiva de Acessibilidade, Secretaria de Planejamento e Orçamento, Secretaria de Educação, Poder Legislativo, Secretaria de Segurança Cidadã, Agência Municipal de Meio ambiente, ONG Lions Club (Assistência Social sem público alvo específico. Mas que nunca frequentou), Federação das Associações do Município de Petrolina, Universidade Federal do Vale do São Francisco, União das Mulheres, Sindicato dos trabalhadores Rurais, Associação dos Agentes Comunitários de Saúde, Associação das Mulheres Rendeiras, União Brasileira de Mulheres (nunca frequentou), União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) (nunca frequentou).

aquelas mulheres. De modo assistemático ele começou a me ser desenhado neste dia. E pude notar sua presença em absolutamente todos os espaços que estive presente no desenvolvimento da minha pesquisa de campo. Ele se apoderava dos lugares, das falas, dos sentimentos. As preocupações quanto a este fenômeno eram constantes. As opiniões sobre como lidar com ele eram diversas. Informações sobre os modos como as mulheres lidavam com o assunto eram riquíssimas. Infelizmente o mesmo não posso afirmar sobre os demais temas que envolviam os direitos das mulheres. Principalmente aquele referente a quem eram as mulheres vítimas de violência.

Salientei, no início deste capítulo, os objetivos centrais que o norteariam. Dentre estes objetivos, destaquei as concepções basilares das políticas para as mulheres que tinha visto surgir no contexto destas práticas. No entanto, se mostra importante ressalvar que o modo como destaquei estas concepções estava relacionado não só à frequência e importância dados aos termos nestes contextos. A invisibilidade e o não lugar concedidos a algumas concepções também foram centrais. Não trazer como importante um assunto ou concepção também evidencia muito a respeito das práticas de políticas públicas. Diz muito sobre os interesses e como os olhares são voltados para um dado problema social. Assim, me foi evidente o modo como as mulheres eram vistas por meio de uma categoria unitária e acrítica. Quando as conselheiras se referiam à violência contra a mulher, esta mulher estava sempre no singular. Não nos levavam estatísticas filtradas por cor, classe, geração ou bairro. Esta multiplicidade de identidades femininas era simplesmente silenciada82.

Assim, ao ver os demais problemas relativos às mulheres, que não aqueles relacionados à violência, silenciados e, ao perceber que as mulheres eram sempre vistas no singular, inicialmente reagi com chateação. Depois de aceitar, meio a contragosto, meus sentimentos iniciais, me engajei no trabalho de compreender os moveis daquela predileção (ou da falta dela) e quais seriam as consequência para a efetivação das políticas públicas para as mulheres na cidade.

Porém, antes de realizar tal empreitada, me engajei em percorrer os caminhos que aquela temática me levaria. Ou, para ser mais latouriana, resolvi seguir as associações daquelas atrizes sociais por meio das teias desenhadas pelo fenômeno da violência contra a mulher. Se, segundo este autor, são os atores sociais os responsáveis por tecer as associações que configuram o que chamamos de social, então devemos imputar a eles, neste caso, a elas, o

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protagonismo de nos revelar seus caminhos e conexões de sentido (LATOUR, 2012, p. 26- 39). Assim, ao invés de listar todos os programas e políticas públicas que estão previstas para a cidade de Petrolina, me predispus a trilhar os caminhos que as próprias agentes destas políticas seguiam em seus cotidianos de atuação. E, com esta disposição inicial, percebi que a forma primordial pela qual elas ordenavam suas interações se referiam às ações, projetos e programas relacionados à violência contra a mulher.

Tomando esta temática central, e as ações a ela relacionadas, como fio condutor da rede de significação tecida pelas minhas interlocutoras de campo, resolvi seguir as conexões que elas estabeleciam. Inicialmente me deixei levar, feito um corpo que flutua leve nas ondas mansas de uma baía, que paira a esmo, sem refletir sobre direções e sentidos. Este vagar me levou a alguns mediadores da teia de relações que começava a se tecer. Farei algumas observações sobre estes mediadores. No entanto, é importante ressalvar que, apesar de coloca- los em uma ordem de sucessão na narrativa, nas nossas experiências práticas não aconteceram assim, de forma tão ordenada. Como teias de aranha, as associações formadas pelas pessoas, e que configuram o social, nada tem de simétricas e racionalmente ordenadas de antemão. Como bem afirma Latour, a ordenação do cosmos não precisa ter o caráter organizado e regular que, ao fim e ao cabo, só terá esta face ao final do trabalho do pesquisador. Este sim responsável por conferir padrões e um ordenamento frouxo às associações. (ibid, p. 31-39).

Tomando a violência contra a mulher como central para rastrear as associações em campo, resolvi aceitar a sugestão da presidente do CDM, quando me falou de uma reunião que aconteceria no início de março sobre a retomada da Rede de Enfrentamento à Violência contra a mulher, no Centro de Referência Especializado em Assistência Social da região do São Francisco (CREAS Regional) com a sua atual coordenadora que era, também, a assistente social do órgão. Nesta reunião do CDM ficou aprovada a minha posição enquanto suplente da cadeira da Universidade que leciono no CDM. A atual suplente era uma professora que nunca havia comparecido, quando necessitado, e as conselheiras e a professora que ora era titular da cadeira, acharam mais adequado me eleger nesta posição. Elas afirmaram que vinham notando o meu interesse pela temática e isso seria o mais importante. Não vou dizer que hesitei ou que tive algum constrangimento em aceitar. De forma alguma, até porque tive interesse em assumir a cadeira desde quando era professora substituta daquela instituição e não podia assumir justamente pelo caráter temporário da minha ocupação. Por isso não refleti sobre nenhum impedimento ético da minha aceitação, até porque isso também era, para mim, um reflexo da minha militância e engajamento na área. Vi apenas como reconhecimento.

Desse modo, como o meu primeiro contato inicial foi o CDM, resolvi considera-lo como um ponto de partida, ou nó de rede. Por ele e suas integrantes consegui ter contato com pessoas e instituições que foram cruciais para o meu trabalho de pesquisa. Além do mais, colocar o CDM nesta posição possui um caráter emblemático, haja vista a importância que os conselhos vêm adquirindo nos últimos dez anos no que diz respeito a elaboração e implementação de políticas públicas no Brasil83. Na região nordeste, Pernambuco vem ocupando lugar de destaque no que diz respeito à tradição participativa na elaboração de políticas públicas, possuindo instâncias de participação, como conselhos, associações e elaboração de orçamentos participativos que nos fazem considera-las como dignas de nota para este trabalho. Apesar de Petrolina ser uma cidade onde esses índices de participação não são tão significativos como nas cidades da região metropolitana, do Agreste e da Zona da