O contexto da aplicação da sequência didática proposta

A sequência de atividades propostas nesse trabalho foi aplicada na Escola Estadual Nestor Lima, localizada na Av. São José, s/n, no bairro de Lagoa Nova na cidade de Natal (RN). Ela atende a alunos do Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio, no ano de 2019 em que as atividades foram aplicadas, estavam matriculados 422 alunos nos turnos matutino e vespertino. A escolha do colégio foi realizada levando em consideração alguns fatores que serão elencados a seguir.

Como dito anteriormente, no ano de 2015, durante a organização de um evento denominado Torneio da Matemática na Escola Estadual Nestor Lima pelo PIBID, desenvolvemos junto com outros bolsistas uma atividade que envolvia deslocamento mediante análise de um mapa. A dificuldade apresentada pelos alunos durante a execução da atividade chamou atenção, e decidimos que seria oportuno desenvolver uma nova proposta capaz de auxiliar os alunos a se orientar no espaço. Nossa expectativa era que os alunos que integraram as equipes participantes do evento em 2015 ainda estivessem matriculados naquela

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Essas tragédias ocorreram nos anos de 2019 e 2015 respectivamente, devido ao rompimento de duas barragens utilizadas por empresas do ramo de mineração.

escola e, também, conseguissem participar da aplicação. Infelizmente isso não ocorreu, pois nenhum dos estudantes continuava matriculado na escola.

O bom relacionamento com a direção da escola também favoreceu a escolha do local da aplicação de nosso produto educacional. A professora Vilka Lorena Silva de Oliveira Nogueira, uma das professoras de Matemática do colégio, foi também uma das supervisoras do PIBID com quem tivemos, portanto, a oportunidade de trabalhar. Logo após o ingresso na pós-graduação compartilhamos com ela nossas ideias para a pesquisa de mestrado e, de imediato, ela se dispôs a nos auxiliar. Durante uma de nossas conversas, explicamos a ela que o nosso produto educacional seria uma sequência didática voltada para alunos do Ensino Médio, prontamente a professora colocou a nossa disposição uma de suas turmas da 3ª série. A turma era composta de 22 alunos, segundo a docente em média 18 alunos frequentam as aulas: quantidade oportuna diante do número limitado de computadores disponíveis na escola nos pareceu ser adequada.

A utilização dos smartphones pessoais dos discentes para a realização das atividades não seria indicada devido a grande quantidade de recursos exibidos na tela, durante as construções realizadas na segunda parte das atividades, causando uma aglomeração de recursos na tela, o que torna o computador o meio mais indicado. A professora Tatiany Ferreira de Vasconcelos Melo, responsável pelo laboratório de informática, sempre nos atendeu muito bem e também se dispôs a nos ajudar durante nossas muitas visitas ao laboratório. Ela sempre nos trazia informações atualizadas sobre a situação de funcionamento das máquinas, na tentativa de garantir o maior número possível de equipamentos em funcionamento.

Utilizamos o Google Maps para explorar a região entorno da escola e identificar as características de ruas e quarteirões daquela área. Foi observado que a região da cidade em que a escola está localizada possui a presença de amplo comércio, agências bancárias, empresas, hipermercados, algumas instituições de ensino e um shopping, além de avenidas importantes da cidade se cruzarem naquela região. Devido a toda essa conjuntura existe um grande número de linhas de transporte coletivo que passam nas proximidades da escola, o que, por sua vez, também facilita o acesso de estudantes residentes em outras regiões da cidade até a escola. Durante nossas conversas com a professora Vilka Lorena, fomos informados que não são raros os casos de alunos matriculados no colégio que residem em regiões periféricas da cidade, e até mesmo em cidades da região metropolitana de Natal, fazendo com que alguns deles realizem grandes trajetos.

O elevado número de pessoas circulando por essa parte da cidade ocasiona alguns problemas que geralmente ocorrem em horários de pico. Alguns deles são: congestionamentos e pontos de lentidão no trânsito, dificuldade para encontrar vaga de estacionamento e superlotação do transporte coletivo. Os problemas anteriormente mencionados foram constatados com o auxílio de um recurso do Google Maps que apresenta informações sobre o trânsito (em tempo real e também em dias e horários específicos) e por meio de observações

im loco. O intenso tráfego de pessoas e veículos no entorno da escola nos fez perceber que os

educandos, em seu cotidiano, já estavam expostos a situações que poderiam ser analisadas e simuladas com a utilização do Google Maps, o que também foi levado em consideração para a escolha daquele colégio para a aplicação do produto educacional.

Durante as visitas à escola e nossas passagens pela região que circunda o colégio, fizemos uso de um importante instrumento para a coleta de dados: o diário de campo. Nele registramos informações importantes para nossa pesquisa obtidas durante nossas conversas (presenciais e por meio de aplicativos de mensagem) e encontros com as professoras Tatiany Ferreira e Vilka Lorena. Várias visitas foram realizadas na escola, algumas delas tinham por objetivo conhecer a estrutura física da escola, o laboratório de informática e dialogar com as professoras sobre nossa pesquisa.

Outra razão para a seleção da escola foi que ela dispunha de um laboratório de informática com uma estrutura que permitia a execução de nossa proposta. O espaço de funcionamento do laboratório de informática é uma sala bem ampla, capaz de acomodar uma turma com aproximadamente 30 alunos. Segundo a professora Tatiany Ferreira, o laboratório de informática passou por uma pequena reforma no final do ano de 2018 que se estendeu até o início de 2019 e após sua conclusão a escola recebeu 11 novos computadores que não foram imediatamente instalados, situação que nos preocupava, pois comprometia a aplicação das atividades naquela escola. Após a conclusão da reforma e a instalação dos novos computadores o laboratório possuía 28 computadores, sendo aproximadamente 20 deles em funcionamento; as máquinas novas adquiridas pela escola são equipadas com o sistema operacional Windows, as outras 17 máquinas equipadas com o sistema operacional Linux

Educacional (que foram recebidos pelo colégio ainda no ano de 2011). Vejamos adiante uma

Figura 9 – Laboratório de informática da escola

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Ao iniciar os testes no laboratório descobrimos que os computadores com sistema operacional Linux não eram capazes de abrir a página do Google Maps. Seria necessário instalar uma atualização do sistema para que o mesmo conseguisse abrir a página. Prontamente comunicamos a descoberta com a professora Tatiany Ferreira que solicitou a presença dos técnicos da Secretaria Estadual de Educação. Mas o pedido não foi atendido. Realizamos algumas tentativas para instalação das atualizações necessárias, mas não obtivemos êxito, tendo em vista que as máquinas solicitavam uma senha que era desconhecida de todos da escola, e que provavelmente era de conhecimento apenas dos técnicos responsáveis. Das 11 máquinas novas recebidas pelo colégio, duas delas estavam fora de funcionamento, restando apenas nove máquinas disponíveis. Diante disso, expomos a situação à professora Vilka Lorena, e cogitamos outras possibilidades como, por exemplo, levar os alunos até o laboratório de informática da UFRN para realizar a aplicação da atividade, mas a docente sugeriu que a atividade fosse realizada na própria escola, com os alunos em duplas usando os computadores que estivessem aptos. Diante do número reduzido de computadores decidimos disponibilizar dois notbooks para serem utilizados durante a realização das atividades.

Uma de nossas preocupações era com a qualidade da conexão de internet do colégio. Durante as visitas realizadas, percebemos que o acesso à rede mundial de computadores ocorria normalmente e com uma velocidade razoável, o que nos deixou bastante satisfeitos. As limitações apresentadas pela sala de informática da escola podem parecer suficientes para inviabilizar a realização das atividades por nós propostas, mas durante conversas informais com amigos que são professores de Matemática da rede estadual de ensino, percebemos que muitos laboratórios de informática estão em situações piores, com poucos computadores em funcionamento e quase sempre sem acesso à internet. Essas conversas vieram ao encontro do que já havia sido relatado pela professora Tatiany Ferreira durante uma de nossas visitas ao laboratório. Ela mencionou que mesmo com todas as restrições apresentadas pela sala de informática do colégio, o laboratório de informática da escola ainda era um dos melhores da rede estadual de ensino na cidade de Natal.

Ante todos os motivos mencionados antes verificamos ser possível e conveniente realizar a aplicação da sequência didática por nós desenvolvida na Escola Estadual Nestor Lima. Cientes de que docentes que se propõem a desenvolver em sala de aula atividades que utilizem as tecnologias digitais enfrentam dificuldades similares as que foram por nós encontradas no laboratório da escola, optamos por nos precaver e procurar soluções que permitissem a aplicação de nossa proposta.

Iniciamos junto com a professora Vilka Lorena conversas para a definição da melhor data e horário para aplicação das atividades. As datas escolhidas para a realização das atividades foram os dias 21 e 24 de outubro de 2019, as aulas ocorreriam no quarto e quinto horários. Conforme havíamos combinado com a professora Vilka Lorena, dias antes da realização das atividades nos dirigimos até o colégio, onde verificamos o funcionamento dos equipamentos que seriam utilizados para a ministração das aulas e combinamos os últimos detalhes com os docentes envolvidos. Ao chegar à escola no dia 21 pela manhã, conforme havíamos combinado, percebemos certa inquietação por parte dos alunos e professores, seguimos para a sala de informática para iniciar a preparação dos equipamentos, onde fomos recebidos pela professora Tatiany Ferreira. Ela nos informou que seguindo orientações da Secretaria Estadual de Educação, a escola deveria aplicar naquele dia, a Prova Brasil (uma avaliação desenvolvida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, para avaliar o sistema educacional brasileiro) e tal fato mudou completamente a rotina e horários da escola. Inicialmente acreditamos que a aplicação das atividades não seria comprometida, tendo em vista que ocorreria apenas nos dois últimos

horários de aula da manhã. Sendo assim, continuamos com a montagem dos equipamentos e ficamos aguardando a chegada da turma para início das atividades. Depois de alguns minutos fomos informados pela professora Vilka Lorena que, devido à mudança inesperada dos horários da escola naquele dia, a turma com a qual iriamos realizar as atividades só estaria disponível para iniciarmos nossa programação às dez horas e trinta minutos. Assim sendo, constatamos a impossibilidade da ministração da aula naquele dia. Mas ainda naquela manhã, conversamos com a docente sobre a possibilidade de outra data para a realização das atividades, chegamos à conclusão que existiam duas possibilidades: a primeira delas seria concentrar a ministração das aulas apenas no dia 24, para o qual já estava agendado o segundo dia de aplicação das atividades (que ocorreriam apenas no quarto e quinto horários), para tanto utilizaríamos o segundo e o terceiro horários para aplicar a primeira parte da sequência didática, e o quarto e quinto horários para a segunda parte da aplicação. A segunda possibilidade seria aplicar a primeira parte de nossa proposta no dia 24, que já estava previamente agendado, e aplicar a segunda parte apenas uma semana depois. Após refletirmos sobre os fatos antes descritos, decidimos que seria mais interessante concentrar a realização das atividades em um único dia, alguns dos motivos que nos conduziram a essa escolha foram: o intervalo de tempo de sete dias entre a aplicação da primeira e da segunda parte da sequência de atividades poderia causar a perda de conexões importantes entre as duas partes da sequência didática; outro motivo foi o risco de causar um adiamento ainda maior ao cronograma e mais uma vez sermos surpreendidos por alguma eventualidade.

Dias antes da aplicação das atividades realizamos uma visita a escola com a finalidade de conversarmos com a turma sobre o que ocorreria durante a realização das atividades. Iniciamos o encontro nos apresentando para a turma e explicando sobre o que tratava nossa pesquisa, ainda nessa oportunidade pedimos aos alunos que informassem alguns dados (nome, número de telefone, endereço de e-mail, etc.) em uma relação (APÊNDICE C) previamente preparada por nós. Realizamos a entrega a cada um dos alunos presentes de um comunicado (APÊNDICE D) com maiores informações que deveria ser entregue aos seus respectivos responsáveis; além disso informamos aos mesmo que seria criado um grupo de WhatsApp com os alunos da turma, com o objetivo de agilizar a comunicação, o grupo foi importante para que a turma conseguisse retirar algumas dúvidas e para que as informações circulassem com maior rapidez.

Propusemos à professora Vilka Lorena que a aplicação das atividades ocorresse com a condução dela, pois mesmo conhecendo nossa proposta, ela não participou da elaboração das

atividades, o que a deixa em uma condição mais próxima da realidade daqueles professores que pudessem se interessar pelas atividades por nós desenvolvidas. Além disso, como não éramos os docentes da turma, acreditamos que a professora Vilka Lorena poderia motivar e conduzir a aula de maneira mais eficiente já que conhecia bem seus alunos. Assim, a professora Vilka Lorena recebeu a sequência de atividades (versão destinada aos professores) e também um arquivo com os slides sugeridos duas semanas antes da aplicação das atividades, nos colocamos a disposição para qualquer dúvida sobre o material e também para realizar a preparação do laboratório de informática para a aula. É importante mencionar o comprometimento e o esforço da docente durante todo o processo (da apresentação de nossa proposta até a análise dos resultados). Nossas conversas e encontros com a professora Vilka Lorena não tiveram como objetivo interferir na maneira como as atividades seriam conduzidas por ela, mas sim prestar a mesma a assistência necessária a aplicação do produto educacional, tendo em vista a escassez de máquinas e recursos humanos da escola.