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2 ASPECTOS TEÓRICOS DO TRABALHO

2.3 Tecnologias digitais, educação e cidadania

Quando se fala em inclusão social pressupõe-se a formação para a cidadania. De acordo com Takahashi (2000, p. 45) as tecnologias digitais da informação e da comunicação devem ser empregadas para a democratização dos processos sociais, para promover a transparência nas ações governamentais e para fomentar a mobilização dos cidadãos e a sua atuação nas transformações sociais.

A escola exerce um papel fundamental nas constantes transformações ocorridas na sociedade. Para Kenski (2007, p. 64), a contribuição da escola para essa transformação social não se resume a preparação de consumidores ou ao treinamento de indivíduos capazes de utilizar as novas tecnologias, ela precisa proporcionar aos seus estudantes o desenvolvimento de novas habilidades e atitudes que os permitam conviver e participar dessa transformação. Ainda sobre o papel desempenhado pela escola, Kenski (2007) ressalta que,

A escola precisa assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade do mundo e dos desafios que ele propõe. Preparar cidadãos conscientes, para analisar criticamente o excesso de informações e as transformações sucessivas dos conhecimentos em todas as áreas. (KENSKI, 2007, p. 64).

O acesso as tecnologias digitais no ambiente escolar, deve ser visto não apenas como forma de ensinar conteúdo, mas também como forma de promoção da cidadania.

Para Borba e Penteado (2012, p. 16), “[...] o acesso à informática na educação deve ser visto não apenas como um direito, mas como parte de um projeto coletivo que prevê a democratização de acessos a tecnologias desenvolvidas por essa mesma sociedade.” As alterações sociais causadas pelo uso das tecnologias digitais são enormes, de acordo com Belloni (2009):

O impacto do avanço tecnológico (entendido como um processo social) sobre processos e instituições sociais (educação, comunicação, trabalho, lazer, relações pessoais e familiares, cultura, imaginário e identidades etc.) tem sido muito forte, embora percebido de modos diversos e estudado a partir de diferentes abordagens.

A penetração destas „máquinas inteligentes‟ em todas as esferas da vida social é incontestável: no trabalho e no lazer; nas esferas públicas e privadas. Do cinema mudo às redes telemáticas as principais instituições sociais foram sendo transformadas por estas tecnologias [...] (BELLONI, 2009, p. 7).

As tecnologias digitais estão a cada dia mais presentes em nosso cotidiano: nas instituições financeiras, nos supermercados, no cinema, até mesmo nos serviços de saúde. Os bancos foram um dos pioneiros a oferecer aos seus clientes a opção do autosserviço, que foi bem aceito e incorporada ao cotidiano das pessoas. O autoatendimento está presente até mesmo nos serviços de saúde, os pacientes podem realizar a marcação de consultas e exames por meio da internet; mais do que isso, ao procurar a urgência de um hospital o usuário pode através de máquinas de autoatendimento realizar a identificação biométrica, escolher a especialidade desejada e aguardar o atendimento médico, tudo isso sem necessitar da presença de um funcionário do plano de saúde.

Não se trata de ministrar cursos de informática nas escolas, mas sim permitir que os alunos consigam utilizar as tecnologias digitais disponíveis para realizar suas tarefas diárias. De acordo com Borba e Penteado (2012),

O acesso à informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas públicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma educação que no momento atual inclua, no mínimo, uma “alfabetização tecnológica”. Tal alfabetização deve ser vista não como um Curso de Informática, mas, sim, como um aprender a ler essa nova mídia. Assim, o computador deve estar inserido em atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever, compreender textos, entender gráficos, contar, desenvolver noções espaciais etc. E, nesse sentido, a informática na escola passa a ser parte da resposta a questões ligadas à cidadania. (BORBA; PENTEADO, 2012, p. 17).

É importante que a escola oportunize aos seus alunos o contato com as tecnologias, para que eles consigam utilizá-las durante a realização de suas tarefas cotidianas. Segundo Belloni (2009, p. 10) as tecnologias digitais da informação e comunicação devem ser integradas ao cotidiano escolar de forma crítica, criativa e competente; pois, já podemos perceber a presença e a influência delas em cada uma das esferas da sociedade.

Ao discorrer sobre os desafios da educação em uma sociedade da informação,

Takahashi (2000, p. 45) destaca que, não se trata apenas de ensinar aos alunos como operar as tecnologias da informação e comunicação, para ele:

[...] trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. Trata-se também de formar os indivíduos para “aprender a aprender”, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação da base tecnológica. (TAKAHASHI, 2000, p. 45).

O papel das tecnologias digitais da informação e comunicação em uma sociedade vai além da capacitação tecnológica, elas devem permitir a inclusão e a justiça social. Sobre a formação do cidadão Takahashi (2000) ressalta que formar o cidadão,

Significa capacitar as pessoas para a tomada de decisões e para a escolha informada acerca de todos os aspectos na vida em sociedade que as afetam, o que exige acesso à informação e ao conhecimento e capacidade de processá- los judiciosamente, sem se deixar levar cegamente pelo poder econômico ou político. (TAKAHASHI, 2000, p. 45).

Possuir a capacidade de analisar e buscar informações, realizar escolhas acertadas e conseguir tomar decisões conscientes são habilidades necessárias ao cidadão do século XXI, a falta delas pode gerar danos desastrosos ao sujeito. Kenski (2007) menciona que,

Em todos os países, ricos ou pobre, em alguns mais noutros menos, esses dois grupos – incluídos e excluídos – se apresentam de forma muito semelhante. Desenha-se uma nova geografia, em que já não importa o lugar onde cada um habita, mas as suas condições de acesso às novas realidades tecnológicas. Para Lyotard (1988 e 1993), um grande filósofo francês, o grande desafio da espécie humana na atualidade é a tecnologia. Segundo ele, a única chance que o homem tem para conseguir acompanhar o movimento do mundo é adaptar-se à complexidade que os avanços tecnológicos impõem a todos, indistintamente. (KENSKI, 2007, p. 18).

Ainda segundo a autora, os educadores estão diante de dois grandes desafios: adaptar- se aos avanços tecnológicos e nortear o percurso de todos para a apropriação crítica desses novos meios.

A seguir iniciaremos a apresentação dos aspectos metodológicos de nossa pesquisa, em que destacamos o produto educacional por nós elaborado, assim como o contexto em que ele foi aplicado.