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DIREÇÃO PARTIDÁRIA E CONTROLE DAS REGRAS ORGANIZATIVAS 1 Introdução

3. Coalizão dominante e direção partidária

3.2 O controle das regras organizativas: o estatuto

O controle das regras organizativas é um dos recursos que a direção política (coalizão dominante) precisa comandar, buscando assegurar as zonas de incerteza. Nesse sentido, Panebianco (2005) indica que a definição e manipulação das regras formais demarcam “o terreno em que ocorrerão os confrontos, as negociações e os jogos de poder com outros agentes organizativos”. Aponta que na interpretação das regras, a coalizão dominante tem uma vantagem frente aos outros agentes organizativos. No entanto, Panebianco (2005) também adverte que o estatuto é “pouco mais do que um ponto de partida para a análise organizativa de um partido político”; isto pelo caráter impreciso e inconstante das regras, as quais podem ser mudadas dependendo do conflito e do contexto em que estas se desenvolvam. Justamente essa imprevisibilidade oferece a possibilidade de modificar a regra e manuseá-la de acordo com os interesses da direção partidária.

As modificações no estatuto assinalam uma necessidade e interesse especial em mudar condições já dadas. Em outras palavras, ao contextualizar as mudanças, é visível que se precisam mudar determinados artigos, justamente pelo interesse especial que tinham as autoridades do partido. Caso se apresente a necessidade de modificar o estatuto, as modificações são feitas por meio de resoluções. Num mesmo ano se podem efetuar várias resoluções; sendo que um artigo poderia sofrer diferentes modificações ao longo da sua existência.

Atualmente o estatuto do PLN está dividido em 13 capítulos, contando com 173 artigos em total. Desde o ano de 1996, se identificam 28 resoluções; as resoluções são determinações intrapartidárias que podem mudar um ou mais artigos (por exemplo, a Resolução 178-02 modificou só um artigo, mas a Resolução 134-97 modificou 28 artigos). Isto significa que as 28 resoluções realizadas desde 1996, mudaram parcialmente o estatuto. A pesquisa identificou no período do estudo24 um total de 66 artigos modificados; -desses 66 artigos, 9 foram revogados. Para efeito desta pesquisa, será alvo de estudo apenas os 57 artigos que sofreram modificações, mas que não foram revogados. No entanto, concentrar a pesquisa nesses 57 artigos que sofreram alguma modificação, poderia projetar falsos resultados. Uma análise minuciosa do estatuto indica que os artigos foram modificados mais de uma vez no período de estudo. Portanto, com maior detalhe na identificação dos artigos modificados, é possível enxergar especificamente algumas das temáticas principais de mudança, assim como       

24 O período de estudo da pesquisa é de 1990-2010. No entanto, só se obteve informação de modificações do estatuto a

partir do ano de 1996. Segundo a pesquisa realizada no arquivo do TSE, se toma como estatuto base o estatuto de 1994 (Resolução 076-94), já que não foi possível encontrar estatutos anteriores a 1994. Os dados deste capitulo são baseados no estatuto atual do PLN, o qual se conseguiu no site do TSE (maio 2012).

identificar quantas vezes mudaram os artigos (Para saber mais sobre o estatuto e o detalhe das mudanças por artigo, ver Anexo nº 5).

Nesse sentido, a Tabela 4 mostra que no período de estudo, o estatuto sofreu um total de 144 modificações, sendo os anos de 1997 e 1999 os anos em que o estatuto sofreu mais modificações (37 e 33 respectivamente). Destaca-se 5 resoluções em particular que contabilizam um total de 83 modificações; estas modificações acontecem nos anos de 1997, 1999, 2004 e 2005. Esta informação quando comparada com os períodos das diferentes direções partidárias, permite observar que a mudança das regras organizativas coincide com os diferentes períodos do CEN, demonstrando o controle fundamental das regras do jogo para a consecução do projeto político do partido, segundo seus dirigentes.

Tomando a presidência do partido como indicador principal da direção partidária, no caso de Rolando Araya Monge (RAM), se contabilizam um total de 41 modificações. No caso do período de Sonia Picado Sotela (SPS), se contabilizaram 54 mudanças, e por último, no caso de Francisco Antonio Pacheco (FAP), nos 7 anos que esteve na presidência do partido, se realizarem 41 modificações. Analisando o período da última coalizão dominante, é importante destacar que esta concentrou a grande maioria das suas modificações nos dois anos anteriores à eleição nacional de 2006 e, depois dessa eleição, só modificou o estatuto em 9 ocasiões. Este dado se torna relevante quando se toma o fato que o PLN ganha as eleições presidenciais de 2006 e de 2010. Isto poderia indicar que as mudanças na organização formal se estabilizam com as vitórias eleitorais de 2006 e de 201025.

Também, entre os anos de 2001 e 2002, parece acontecer certa “transição” entre direções partidárias. Em outras palavras, as mudanças no CEN indicariam que estes anos foram de passagem de uma coalizão dominante que perde as eleições de 1998 e 2002, para outra que chega ao poder do partido, e consegue ganhar as duas próximas eleições.

      

Tabela 4.

Quantidade de modificações por ano, segundo resolução e direção partidária 1996-2010.

=Faixa amarela: Nº da resolução.

=Faixa branca: Quantidade de modificações, segundo resolução.

a/ Ano em que o PLN perde as eleições nacionais; b/ Ano em que o PLN ganha as eleições nacionais

Presidentes Secretários Tesoureiros

RAM: Rolando Araya Monge RG: Rolando González MF: Moisés Fachler SPS: Sonia Picado Sotela LGS: Luis Guillermo Solís AB: Antonio Burgués MH: Mireya Hernández CV: Carmen Valverde RE: Roxana Escoto AGR: Ana Gabriela Ross ON: Oscar Núñez AO: Oscar Alfaro MS: Marielos Sancho MS: Maria Lidia Sanchez AO: Alfredo Ortuño FAP: Francisco Antonio Pacheco RC: René Castro AF: Ana Fumero BJ: Bernal Jiménez AC: Antonio Calderón AS: Alex Sibaja

JB: Jorge Bolaños

Fonte: Elaboração própria com base no estatuto do PLN, atas do partido em TSE, e em “Historia” em http://www.pln.or.cr