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O Decreto 1.380 de 30 de Janeiro de

Capítulo II – Os Desdobramentos da Lei de Terras de 1850 e o Livro de Registro de Terras da Vila de Nossa Senhora de Belém, de Guarapuava

2.1 O Decreto 1.380 de 30 de Janeiro de

No capítulo I, o Decreto trata: da subordinação da Repartição Geral das Terras Públicas; dos cargos que comporão o referido cargo e seus vencimentos; das competências do órgão; do, fornecimento de todas as informações necessárias ao ministro da Marinha caso fossem encontradas terras que possuíssem madeiras adequadas à produção naval. Além disso, trata de detalhes fundamentais, como a proposição de extensões de terras medidas, fiscalização e a distribuição de terras devolutas, a colonização nacional e estrangeira, e o registro de tais terras.

O capítulo II trata Da Medição das Terras Públicas. Nesse momento, temos itens pertinentes à medição das terras públicas e sobre como deveria ser todo o processo, e a divisão entre os distritos pertencentes a uma Comarca. Aparece a figura responsável pela medição, o Inspetor-Geral, indivíduo que conta com subordinados, Escreventes, Desenhadores e Agrimensores para realizar seu trabalho. O processo de medição seria realizado por esses profissionais e, como resultado, contaria com a confecção de mapas e respectivas memórias e, por fim, os proprietários que se sentissem prejudicados com a medição poderiam recorrer ao órgão competente.

Adiante, no Capítulo III, intitulado Da Revalidação e Legitimação das Terras e Modo Prático de Extremar o Domínio Público do particular, temos as considerações acerca dos títulos de posse já existentes pelos proprietários. Caso esses estivessem regularizados, salvo em comisso ou litígio, não precisariam revalidar sua posse. Também, nesse capítulo, encontramos vários itens pertinentes à revalidação da posse. Outro dado importante era a obrigatoriedade imposta aos responsáveis em declarar a existência de terras ou posses sujeitas à legitimação sob pena de multa. Encontramos, igualmente, nesse momento, a nomeação do indivíduo responsável pela medição, o Juiz Comissário das

medições, juntamente com suas funções detalhadas e os prazos específicos que deveriam ser cumpridos além das consequências, caso não os fossem.

No capítulo IV - Da Medição das Terras que se Acharem no Domínio Particular por Qualquer Título Legítimo,- estipula-se a possibilidade de legitimação da posse ocupada, desde que não em litígio. Para isso, deve-se fazer solicitação da medição de sua posse e, somente após julgado o pedido, é que se possibilita o direito da posse. Por fim, apresenta-nos informações sobre o que seria feito com as terras que estivessem em “desuso”, cabendo ao Governo Imperial decidir se, após medidos e marcados tais terrenos, eles poderiam ou não ser vendidos.

Presentes no capítulo V, temos os artigos 68 ao 71, que versam sobre as vendas das terras consideradas públicas, suas várias modalidades de vendas e sua aprovação para ser confirmada.

Adiante, no capítulo VI, é toca-se num assunto fundamental a ser tratado no capítulo seguinte: a reserva de terras para aldeamentos “onde existirem ordas selvagens” (BRASIL, Decreto 1.380 s/p. 1854), entretanto, essa reserva estava ligada à estimativa realizada pelos inspetores e agrimensores que avisariam o delegado que, por sua vez, declararia ao diretor geral das terras públicas os locais adequados onde deveria ser feita a demarcação para os nativos. Vale destacar que em momento algum era necessário realizar qualquer tipo de consulta ou considerar a opinião por parte dos beneficiados, ou seja, eram às autoridades responsáveis que cabia decidir o local da terra e realizar estimativa dos dados sobre quem ocuparia tais espaços, como, por exemplo, o número aproximado de integrantes do grupo indígena.

Seguindo com o próximo Decreto, temos o capítulo VII intitulado Das Terras Devolutas Situadas nos Limites do Império com Países Estrangeiros. Como o próprio subtítulo demonstra, são tratadas algumas questões acerca do uso das terras e da fixação por parte de empresário em áreas fronteiriças. Inicialmente destaca-se a reserva dessas terras para implantação de colônias militares; o que restasse poderia ser utilizada por empresários, que, previamente, assumissem toda responsabilidade e custo pela ocupação.

Na sequência do Decreto, chegamos ao capítulo VIII - Da Conservação das Terras Devolutas Alheias, - Nesse obriga-se a conservação das terras devolutas pelos juízes municipais, delegados e subdelegados, cabendo aos juízes municipais tomar ações pertinentes às denúncias recebidas e agir segundo demandava a lei. Aplicavam-se, igualmente, ações punitivas ou reparativas às terras particulares que sofressem com danos de terceiros.

Enfim ao último capítulo, intitulado Do Registro das Terras Possuídas, que trata da parte que mais nos interessa nessa pesquisa: a obrigatoriedade do indivíduo em registrar suas posses ou que dizia lhe pertencer. Essa obrigatoriedade estava permeada de outras que a acompanhavam, como o registro dentro do prazo estipulado legalmente de 6 meses, 1 ano ou 2 anos, conforme aprovação do responsável na Freguesia. Incumbe-se o vigário de ser o indivíduo responsável pelo recebimento da declaração e esta deveria estar dentro do que foi solicitado, caso contrário, o religioso deveria orientar o declarante quanto aos detalhes que estão faltando e, então, os saná-los. Nos documentos, deveriam conter detalhes da posse como: nome do possuidor, designação da Freguesia em que está situada; o nome particular da situação, se a tivesse, sua extensão, e se fossem conhecidos seus limites. Com vistas a organização de tais declarações, registravam-se as informações no livro conhecido como Registros Paroquiais de Terras. As orientações para os proprietários, são informadas nas missas para o conhecimento de todos. Também nesse capítulo é tratado da punição para aqueles, que desfizerem as marcas da medição.