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O fim do século XX e o início do século XXI

O trabalho de P.-A. Taguieff se insere num contexto histórico preciso, e não é compreensível sem referências contextuais. Importa, portanto, de lembrá-lo (1) e de destacar uma interpretação histórica deste contexto proposta pelo historiador Pierre Nora (2).

1. O contexto dos anos 1970-2010

Toda pesquisa histórica é contemporânea. A ideia diz que o historiador não é somente atraído pelo gosto de desvendar os mistérios de período antigo, nem somente um puro cientista interessado na verdade, garantida por seus métodos científicos. Sua visão é limitada por ele ser de seu tempo. As questões, as curiosidades, as maneiras de ver e de escrever História variam segundo as épocas. Há pouco consenso tão forte como este entre os historiadores. Passaria por um excêntrico quem afirmasse que sua pesquisa histórica não deve nada a seu tempo. As ilusões da “escola metódica” a respeito foram desvendadas há muito tempo, ao menos desde o livro A apologia da história ou o ofício de historiador, de Marc Bloch. Claro, a discussão começa depois. O que fazer desta constatação? Deslegitima a pretensão científica da História? Quase nenhum historiador chega a este ponto. Ao contrário, a necessidade de lutar intelectualmente contra os negacionistas reanimou na comunidade dos historiadores o interesse pelos procedimentos da demonstração da prova (ou do índice) nesta disciplina. Obras clássicas de Pierre Vidal-Naquet e Carlo Ginzburg, por exemplo, participam deste interesse43.

43 Um caso raro que levou os historiadores (P. Vidal-Naquet, C. Ginzburg) a se interessar por suas

práticas, e a praticar uma forma de epistemologia da História. Ver P. Vidal-Naquet. Les assassins de

la mémoire. Paris: La Découverte Poche, 2005 (1987), e Carlos Ginzburg. O fio e os rastros. Verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Quem trabalha sobre o racismo e o antirracismo na França contemporânea, com seus temas conexos (imigração, laicidade, comunitarismo, para citar alguns) deve adotar uma postura de cautela e de recuo, para não se tornar um cronista da vida de seu tempo. Entre 1980 e 2016, eventos dramáticos, polêmicas, publicações de livros, controvérsias épicas entre intelectuais se sucederam, inclusive várias que implicaram P.-A. Taguieff. Os capítulos IV, V e VI em particular são ecos talvez inevitáveis desta crônica do tempo presente. Tentamos organizar, problematizar, dar sentindo a esse material. Também tivemos que determinar a data final de nossa pesquisa. Optamos pelo final de 2015, por motivos que sabemos de conveniências. Estamos cientes que não é “uma data”, embora os atentados em Paris do dia 13 de novembro de 2015 sejam marcantes para nós, os contemporâneos. É uma particularidade da história do tempo presente ser uma história aberta, em curso. Não obstante, já pode se apoiar sobre uma quantia considerável de obras de filósofos, cientistas sociais e historiadores.

A história do antirracismo francês se inscreve num contexto marcado por seis dinâmicas históricas. Cada uma poderia ser objeto de detalhados e compridos desenvolvimentos, apoiados por referências às numerosas publicações suscitadas por ela (publicações de sociólogos, cientistas políticos, antropólogos, historiadores, jornalistas). Aqui, aparecem somente como marcadores.

1. A importância da “Marche pour l'égalité et contre le racisme“ (dita « marche

des Beurs ») de 1983 não pode ser subestimada. Inspirada pelos exemplos de

indianos e norte-americanos (Gandhi, Martin Luther King), visava protestar contra as violências racistas, as discriminações, e a situação difícil dos trabalhadores imigrados. Saiu de Marselha no dia 15 de outubro de 1983, e chegou a Paris no dia 3 de dezembro, essencialmente composta de jovens oriundos da imigração magrebina. As principais reinvindicações são uma repressão maior das violências racistas, o fim da violência policial, o direito de voto das populações imigradas nas eleições locais e a legalização dos trabalhadores clandestinos, via um título de residência. O presidente Mitterrand recebeu os marcheurs e a mídia lhe deu um lugar de destaque. Porém, trata-se de uma experiência amarga por dois motivos:

nenhuma liderança emergiu do movimento, que não conseguiu ficar unido e manter um discurso coerente; ao contrário, surgiu SOS Racisme, fortemente apoiado pelo governo socialista, uma associação que conseguiu encarnar este antirracismo dos anos 1980, porém com uma liderança diferente. Desde os anos 1980, as polêmicas são incessantes em torno da suposta recuperação de um movimento popular e sincero por militantes políticos hábeis, e desejosos de construir uma carreira política no Partido Socialista44.

2. A Marche pour l'égalité et contre le racisme é contemporânea dos primeiros sucessos do Front National. Em setembro de 1983, o partido de extrema-direita obtinha 16.72% exprimidos nas eleições locais da cidade de Dreux. O choque é imenso, e irá repercutir nos anos seguintes, já que os progressos eleitorais do partido de Jean-Marie Le Pen serão imediatamente pensados em termos de volta do fascismo francês, em particular do pétainismo vencido em 1944-45. Esta interpretação era em parte válida, já que realmente o Front National tinha conseguido unir as diversas nuances do nacionalismo e da direita radical francesa. As confirmações dos sucessos deste partido depois favoreceram, na esquerda, o resgate de uma cultura antifascista e antinacionalista. Não obstante, os limites a uma interpretação do fenômeno restrita à ideia de um “retorno ao...” apareceram pouco a pouco. Se o Front National tinha um passado, também tinha um futuro45.

3. Desde o início dos anos 1970, a imigração das populações estrangeiras se tornou uma das questões decisivas do debate público francês. As leis relativas aos estrangeiros são regularmente modificadas, inclusive as leis relativas à naturalização. Lembramos aqui algumas datas, escolhidas arbitrariamente entre diversas outras possíveis. Em 1972 é fundado o GISTI (Groupe d'information et de

44 Serge Malik, Histoire secrète de SOS Racisme. Paris: Albin Michel, 1990. Christian Delorme, La

Marche. Paris: Bayard, 2013. Abdellali Hajjat, La marche pour l'égalité et contre le racisme. Paris:

Éditions Amsterdam, 2013. Taly Jaoui e Philippe Velilla. Génération SOS Racisme. Heurs et

malheurs d´une génération morale. Paris: Le bord de l´eau, 2015.

45 Nonna Mayer, Pascal Perrineau, org., Le Front national à découvert. Paris: Presses de Sciences

Po, 1989. Nicolas Lebourg e Joseph Beauregard. François Duprat, l'homme qui réinventa l'extrême-

droite de l'OAS au Front National. Paris: Denoël, 2012. Valérie Igounet, Le Front National de 1972 à nos jours. Le parti, les hommes, les idées. Paris: Le Seuil, 2014. Sylvain Crépon, Alexandre Dézé

e Nonna Mayer, org. Les faux-semblants du Front National: Sociologie d'un parti politique. Paris: Presses de Sciences Po, 2015.

Soutien des Immigrés). Em 1974 a política migratória se inverte, por causa da crise

econômica. O governo anuncia que doravante a França não é mais um país de imigração, mas irá favorecer a reunião das famílias dos trabalhadores estrangeiros já presentes. Em 1980 as leis Bonnet endurecem as condições de entrada no território francês. As organizações de esquerda se mobilizam contra elas. Em 1984 o governo socialista aceita o princípio de uma carta de residente única de dez anos, sem ligação com a situação profissional. Em 1986 o governo conservador modifica esta lei, e endurece a legislação relativa aos trabalhadores estrangeiros clandestinos. Nos anos 1990, diversas manifestações de solidariedade com estes trabalhadores são organizadas por associações, artistas, intelectuais (em torno da Igreja St-Joseph em Paris, e da Igreja St-Bernard também em Paris). Na mesma década, a lei sobre a naturalização é modificada duas vezes (1993 e 1998). Nas décadas de 2000 e 2010, a imigração não deixa de ocupar um lugar de destaque na vida política francesa. Em 2007 foi criado um Ministère de l'Immigration, de

l'Intégration, de l'Identité Nationale et du Développement Solidaire, e o governo quis

organizar, via administração, um «grande debate sobre a identidade nacional». A iniciativa foi um fracasso, porque ninguém quis debater46.

4. Uma parte significativa, embora uma parte somente, do eleitorado do Front

National é concentrada nas periferias das cidades francesas, os banlieues, que

cresceram muito com o forte êxodo rural, intenso nos anos 1945-1975. Rapidamente as periferias se tornaram a imagem das crises francesas: insegurança, desemprego, ineficácia da escola pública, crise urbanística. Os motins e tumultos de 2005, sobretudo concentrados na região parisiense, testemunharam estas dificuldades. Um relativo consenso existe a propósito dos eventos de novembro de 2005. Deslanchando pela morte de dois jovens perseguidos pela polícia (mas não mortos por ela), expressavam a cólera de uma população jovem,

46 O historiador Patrick Weil consagrou estudos de referência sobre o assunto. La France et ses

étrangers. L'aventure d'une politique de l'immigration de 1938 à nos jours. Paris: Gallimard folio,

2005, edição aumentada, (1991); Qu'est-ce qu'un Français?: Histoire de la nationalité française

depuis la Révolution. Paris: Gallimard folio, 2005, edição aumentada (2002); La République et sa diversité: Immigration, intégration, discrimination. Paris, Le Seuil, 2005; Liberté, égalité, discriminations: L'«identité nationale» au regard de l'histoire. Paris: Gallimard, folio, 2009 (2008); Le sens de la République (com Nicolas Truong). Paris: Grasset, 2015.

sobretudo masculina, de origem cultural diversa, mas refletindo a população dos bairros, caracterizada pelo fracasso escolar (um ponto fundamental), sobretudo mobilizada por um sentimento de solidariedade geracional e local. Nenhum plano global, nenhuma organização política ou religiosa estruturada jogou papel significativo. A expressão de “revolta infrapolítica” é às vezes utilizada para descrever os eventos. De fato, os eventos não produziram consequências políticas imediatas47.

5. Em alguns destes bairros vivia uma significativa população de origem judia, muitas vezes descendentes ou filhos de descendentes de judeus da África do Norte (Argélia, Tunísia, Marrocos). A partir de 2000, incidentes e atos antissemitas aumentaram, de tal forma que muitas famílias foram levadas a mudar, seja para outros bairros, na mesma cidade, mais seguros, seja para outras cidades ou mesmo para o Estado de Israel. De 2000 a 2016, diversas tendências são perceptíveis, e mereceriam análises detalhadas, em função da cronologia e das realidades locais, muito diversas. Voltaremos no assunto no capítulo IV deste trabalho. Nesta etapa de nosso projeto, importa salientar a surpresa que foi para a sociedade essa volta do antissemitismo. Os anos 1975 a 1995 foram marcados por um outro retorno, o da memória das perseguições dos judeus franceses pelo État français de Philippe Pétain. O antissemitismo era coisa do passado, e a marca de fábrica da extrema- direita. Em torno de 2000, o consenso na sociedade francesa, mas não na comunidade judia, se articulava em torno destas duas ideias.

6. A partir do início da década de 2000, progridem nos bairros populares, com presença importante de populações muçulmanas, associações religiosas dinâmicas, às vezes, inclusive, salafistas. Este movimento é paralelo a outros movimentos em sentindo contrário, de jovens oriundos de famílias muçulmanas que abandonam o Islã, ou inventam um Islã singular, assumindo uma pluralidade cultural refletindo uma pluralidade de identidades no mesmo indivíduo. As evoluções são

47 Gérard Mauger. L'émeute de novembre 2005: Une révolte protopolitique. Paris: Éditions du

Croquant, Paris: 2006. Raphaël Draï, Jean-François Mattéi, org. La République brûle-t-elle? Essai

sur les violences urbaines françaises. Paris: Éditions Michalon, 2006. Véronique Le Goaziou, Laurent

Mucchielli, org. Quand les banlieues brûlent... Retour sur les émeutes de novembre 2005. Paris: La Découverte, 2007.

com certeza complexas, de interpretações difíceis, e necessitam, para ser entendidas, prudência – não existem estatísticas religiosas propriamente ditas na França –, e moderação. O fato é que a questão do Islã invadiu o debate público francês, em particular a partir da polêmica sobre as caricaturas de Maomé publicadas pelo semanal Charlie-Hebdo em 2006, em defesa da liberdade da imprensa. No entanto, a intensa (e internacional) polêmica em torno da interdição do dito “véu islâmico” na escola pública (1989) já havia projetado o Islã ao primeiro plano do debate público. Este surgimento deve ser ligado a um contexto geopolítico novo, o da afirmação de movimentos islamistas diversos no mundo muçulmano desde os anos 1980. Os atentados de 2015-2016 dramatizaram os debates em torno do espaço reservado à religião muçulmana na França laica. Visam, precisamente, entre outros objetivos, dificultar o trabalho de pensamento dos pesquisadores e dos intelectuais48.

Caso desenvolvêssemos cada um destes temas, correríamos o risco de perder de vista o nosso objeto de estudo. Mas uma constatação é possível: entre os anos 1945-75 e os anos 1975-2015, o contexto da ação e da reflexão antirracista mudou profundamente. Sobretudo, a questão do racismo, e, portanto, do antirracismo, se tornou onipresente no debate público francês. Parece que quase não existe nenhuma questão social e política que seja suscetível de uma leitura em termos de “racismos”, e dos meios para opor-se aos racismos. O que significa esta situação? Existe uma proposta de interpretação dessa evolução desde a década de 1970?

2. Interpretação do contexto

O historiador Pierre Nora propôs tal interpretação em vários artigos, publicados desde 40 anos em paralelo com a elaboração dos famosos Lieux de

mémoires. Esta interpretação não faz consenso entre os historiadores, mas não

48 Gilles Kepel, Les banlieues de l´Islam. Naissance d´une religion en France. Paris: Le Seuil, 1987;

Quatre-vingt treize. Paris: Gallimard, 2012; Terreur dans l´Hexgone. Genèse du Djihad français.

Paris: Gallimard, 2015. Farhad Khosrokhavar. L'islam des jeunes. Paris: Flammarion, 1998. Olivier Roy. La peur de l´Islam. Dialogue avec Nicolas Truong. Paris: Éditions de l´Aube / Le Monde, 2015.

conhecemos muitas outras tentativas comparáveis vindas dos historiadores ou das ciências sociais.

Segundo ele, “há uma alteração muito profunda do tipo de França que nos foi legado e no qual os mais idosos entre nós foram educados49». O que foi alterado

é “uma forma do ser-juntos50” (être-ensemble). Pierre Nora evoca uma

transformação da “identidade histórica” da França: “

enquanto, por uma série de razões históricas, se enfraquecia a identidade nacional-republicana (porque é inútil opô-las), subia devagar e fortemente – para não dizer explodia – um regime das identidades sociais, portador de uma profunda mudança das formas do ser-juntos51.

Pierre Nora descreve assim, em algumas linhas densas, a evolução:

O despertar destas identidades está ligado à libertação geral de todas as minorias, a um movimento de descolonização interior e de emancipação das minorias de toda natureza – sociais, sexuais, religiosas, provinciais –, cuja história própria havia sido marginalizada, diminuída por uma história nacional homogeneizadora, confinada ao registro da vida familial, pessoal ou privada. Minorias muitas vezes ignorantes de si mesmas e que tomavam consciência de si mesmas, e afirmavam sua existência, assumiam suas diferenças pelo que designávamos como “a recuperação” ou a “nova apropriação” de seu passado. Até os anos 1970, o descendente de aristocratas guilhotinados, o neto de um fuzilado da Comuna ou o filho de um judeu polonês chegado nos anos 1930 participavam, mesmo em versões diferentes, de uma só história, simbolizada pela fórmula escolar “nossos ancestrais os gauleses”. É sobre este duplo universo de

49“De l´héritage à la métamorphose », capítulo 18 de Recherches de la France. Paris: Gallimard,

2013, p. 541. Texto já publicado na revista Le Débat, n°159, março-abril de 2010, sob o título “Les avatars de l´identité française”. Este artigo apresenta, sob uma forma sintética, muitos dos elementos da tese de Pierre Nora, elementos dispersos em vários livros além do citado acima: Les Lieux de

mémoires (7 volumes de 1984 a 1993), Présent, nation, mémoire e Historien public, estes dois

últimos publicados pela editora Gallimard em 2011.

50 Ibid., p. 542.

pertencimento [registre d´appartenance] que se elaborou a identidade coletiva da nação republicana, e foi ele que se rompeu52.

Acrescenta que três palavras, em interação e em diálogo incessante, simbolizam o novo regime de identidade: a memória, a identidade, o patrimônio. Mas uma vez, vale a pena citar Pierre Nora, pela precisão de suas colocações: Todos os três passaram, e é este o fenômeno notável, do âmbito individual ao âmbito coletivo. Apesar de sua difícil definição, a noção de uma “memória coletiva” se impõe ao senso comum. A expressão cobre um campo semântico que lhe dá seu valor e prestigio: do inconsciente ao semiconsciente, dos costumes e tradições à lembrança e ao testemunho, da solidariedade passiva à afirmação determinada. A identidade só tinha um sentindo administrativo e policial para caracterizar uma individualidade; tornou- se adesão coletiva a um grupo. Evolução similar para o patrimônio, rapidamente passado de bem herdado do pai ou da mãe à consciência de um bem coletivo e, daí, a uma significação quase metafórica, já que se fala hoje em dia de um patrimônio tanto linguístico quanto genético ou constitucional53.

Não podemos neste trabalho aprofundar a riqueza das reflexões de Pierre Nora. Não obstante, nos interessam diretamente. Graças a elas, se as admitirmos, ficamos em condição de colocar nossa pesquisa em um quadro maior. Com efeito, entendemos que a emergência e a cristalização do tema das identidades escapam ao universo singular da luta contra as discriminações e os ódios. Nossa proposta somente é um capítulo de um livro mais vasto, que Pierre Nora esboçou, antes talvez de escrevê-lo. O que aconteceu com o racismo e o antirracismo, a descoberta da identidade, aconteceu em várias áreas da vida sócio-política francesa desde a década de 1970.

Não escondemos que nosso trabalho se inscreve em um contexto preciso. Gostaríamos de contribuir à história da identificação de uma nova idade do racismo, um racismo doravante cultural, ou diferencialista, ou identitário, e das numerosas consequências desta identificação. É um assunto “quente”, isto é, debatido na

52 Op. cit., p. 559. 53 Op. cit., p. 560.

sociedade, por jornalistas, líderes políticos, líderes de opinião de forma geral. A particularidade de nossa abordagem é de ter escolhido uma fonte principal (os textos de Taguieff e os textos com os quais dialoga), e um problema que esperamos preciso. Mas é inútil negar que nosso projeto tenha ressonância com o debate público contemporâneo. Este deverá ficar em seu lugar, como objeto de pesquisa.

IV. P.-A. Taguieff weberiano e historiador das ideias

Antes de concluir este primeiro capítulo, gostaríamos de salientar dois aspectos do trabalho de P.-A. Taguieff sobre os quais não teremos oportunidade de voltar diretamente no decorrer desta pesquisa. Suas influências são diversas, mas a de Max Weber merece ser destacada (A). É o Taguieff filósofo e intelectual engajado que nos interessará sobretudo, mas não é possível esquecer que ele é também um reputado historiador das ideias racistas e extremistas (B).