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O Guião da Entrevista

No documento Relatório AnaMachado SÃO FINAL (páginas 98-100)

Capítulo II – Metodologia do Estudo Empírico: Construindo o Projeto de

4.4. Inquérito por Entrevista

4.4.1. O Guião da Entrevista

De modo a que se tornasse possível a realização do inquérito por entrevista, foi necessário proceder à construção do guião que orientaria o seu desenvolvimento (cf. Anexo 3). Assim, para ter acesso às ideias, conceções e princípios em torno dos quais se desenvolve a intervenção pedagógica das Educadoras, elaborei um conjunto de questões que constituem o guião da entrevista e que têm como linha orientadora as questões enunciadas anteriormente neste trabalho, com especial ênfase para a questão de investigação-ação.

O guião foi elaborado a partir de questões semiabertas, de modo a não limitar os discursos das participantes do estudo, permitindo-lhes que expusessem livre e espontaneamente os seus pontos de vista e as suas filosofias educativas, visando, assim, o surgimento de respostas livres (Lessard-Hébert, Goyétte & Boutin, 2005). Ambas as entrevistas tiveram por base as mesmas questões, de modo a que os discursos das duas Educadoras tivessem a mesma linha orientadora e que as informações obtidas fossem comparáveis, seguindo a perspetiva de Máximo-Esteves (2008:96), que refere que, nas entrevistas semiestruturadas, as questões “[…] são colocadas a todos os respondentes, em momentos temporais distintos”.

As questões elaboradas para o guião da entrevista foram as seguintes:  Enquanto Educadora de Infância, qual a tua conceção de criança?  O que é, para ti, o brincar?

 Na tua perspetiva como se podem, ou não, inter-relacionar os conceitos espaço/tempo/brincar?

 Como ages e quem organiza os momentos de brincadeira das crianças?  Qual o sentido que o brincar assume no teu currículo?

 Em relação ao teu percurso profissional, gostaria de saber: qual a tua formação base e em que Instituição te formaste?; quantos anos de serviço tens em cada valência?

Apesar de as questões colocadas a ambas as Educadoras terem sido as mesmas, tornou- se necessário fazer algumas adaptações, consoante os discursos das participantes, de

modo a explicitar determinados aspetos, o que se consubstanciou em algumas perguntas suplementares que não se encontravam previamente planeadas no guião acima apresentado e que, no momento, considerei relevantes e enriquecedoras para o estudo. Nesta linha de pensamento, Máximo-Esteves (2008:96) refere que a entrevista semiestruturada possibilita “[…] o improviso na pergunta, decorrente do inesperado da resposta”. Assim, o guião da entrevista assumiu uma função orientadora do desenrolar da entrevista sem, no entanto, a cercear, tendo possibilitado a existência de uma certa flexibilidade e permitindo que as entrevistas não se desenvolvessem de um modo excessivamente formal.

O guião da entrevista era constituído por cinco questões de resposta aberta e uma de resposta fechada, que foram formuladas de modo a não induzir as respostas, ou seja, evitei enunciar questões capciosas (Bell, 1997) que contivessem “[…] linguagem emotiva […]” (idem:105) ou questões que pressupusessem uma determinada resposta e que pudessem limitar as conclusões da investigação.

No processo crucial de construção do guião da entrevista, formulei as referidas questões de resposta aberta “[…] às quais a pessoa responde como quer, utilizando o seu próprio vocabulário, fornecendo os pormenores e fazendo os comentários que considera certos” (Ghiglione & Matalon, 1993:126). Devo referir que, antes de desenvolver a entrevista com as Educadoras Cooperantes, eu própria respondi às questões da entrevista, de modo a melhorar a minha capacidade de compreensão e reflexão sobre a temática. Após as entrevistas, num primeiro momento, realizei as transcrições (cf. Anexos 4 e 5) e enviei- as às respetivas Educadoras para que tivessem oportunidade de ler as suas respostas e de introduzir modificações, caso considerassem necessário.

Num segundo momento, analisei as respostas das Educadoras, colocando-as em paralelo e, com recurso à memória e às notas de campo, tentei estabelecer uma relação com as observações feitas sobre as suas intervenções pedagógicas, levando a cabo uma inter- relação entre conceções e práticas e encontrando alguma falta de coesão, isto é, aquilo que Meirieu (2002) denominou como “a pedagogia entre o dizer e o fazer”, sendo que “[…] esta discrepância existente entre o que se diz e o que se faz é o que permite a existência de reflexão em pedagogia” (Machado, 2013a:85).

A primeira questão tem como intencionalidade ter acesso às representações de criança das Educadoras, uma vez que estas conceções influenciam de sobremaneira toda a intervenção pedagógica junto das crianças.

As quatro questões seguintes incidem diretamente na temática em estudo e visam compreender as conceções que as Educadoras têm do brincar e o sentido que este assume nos seus currículos. Por outro lado, têm também como objetivo compreender como as Educadoras intervêm nas brincadeiras das crianças e como organizam o ambiente educativo de modo a promover o brincar, essencialmente no que se refere à organização espacial e temporal das salas, representando uma forma de discursarem acerca das suas intervenções pedagógicas diretas e indiretas no brincar das crianças. Por fim, a última questão pretende dar a conhecer o percurso profissional das entrevistadas, nomeadamente, a sua formação base, a Instituição de formação e os anos de serviço em cada valência. Uma vez que esta pretende ser uma questão de resposta mais fechada do que as anteriores, optei por colocá-la no fim da entrevista de modo a que não cerceasse o discurso livre e espontâneo das Educadoras, o que poderia, eventualmente, acontecer caso fosse colocada no início. Assim, seguindo a perspetiva de Pourtois e Desmet (1988), referidos por Lessard-Hébert et al. (2005), creio que se torna profícuo iniciar a entrevista com uma questão que incite à espontaneidade do entrevistado, reservando as questões de resposta fechada para o final.

No documento Relatório AnaMachado SÃO FINAL (páginas 98-100)