• Nenhum resultado encontrado

O jogo na aprendizagem da História e Geografia de Portugal

Capítulo I – Enquadramento teórico

5. O jogo na aprendizagem da História e Geografia de Portugal

Nos primeiros anos de escolaridade as noções essencias de História e Geografia são ensinadas na disciplina de Estudo do Meio. Só no Segundo Ciclo do Ensino Básico é que a disciplina de História e Geografia é lecionada na íntegra e no Terceiro Ciclo do Ensino Básico a História e a Geografia tornam-se disciplinas autónomas.

É na disciplina de Estudo do Meio que podemos compreender que “ O Meio pode ser entendido como um conjunto de elementos, fenómenos, acontecimentos, factores e ou processos de diversa índole que ocorrem no meio envolvente e no qual a vida e a acção das pessoas têm lugar e adquirem significado. (…) o conhecimento do Meio deverá partir da observação e análise dos fenómenos, dos factos e das situações que permitam uma melhor compreensão dos mesmos e que conduzam à intervenção crítica no Meio.” (Currículo Nacional do Ensino Básico, 2001:75).

Já através da Geografia, os alunos compreendem o modo de vida das sociedades permitindo-lhes conhecer os espaços que os rodeiam e através da História os alunos aprendem mais sobre a vivência das pessoas e alguns factos do seu passados (Cruz, 2012).

Deste modo, segundo o Currículo Nacional do Ensino Básico (2001:87), “ A presença da História no currículo do ensino básico encontra a sua justificação maior e no sentido de que é através dela que o aluno constrói uma visão global e organizada de uma sociedade complexa, plural e em permanente mudança. A função do professor de História, enquanto agente que participa na construção do conhecimento histórico, é enquadrar o aluno no estabelecimento dos referenciais fundamentais em que assenta essa tomada de consciência do tempo social, estimulando-o a construir o saber histórico através da expressão de “ideias históricas” na sua linguagem, desde os primeiros anos de escolaridade. Esta construção do pensamento histórico é progressiva e gradualmente contextualizada, em função das experiências vividas.”.

Também no mesmo documento, no que se refere à Geografia, esta “ procura responder às questões que o Homem levanta sobre o meio físico e humano, utilizando diferentes escalas de análise. Desenvolve o conhecimento dos lugares, das regiões e do Mundo, bem como a compreensão dos mapas e um conjunto de destrezas de investigação e resolução de problemas, tanto dentro como fora da sala de aula. (…) Através do seu estudo, os alunos estabelecem contacto com diferentes sociedades e

50

culturas num contexto espacial, ajudando-os a perceber de que forma os espaços se relacionam entre si.” (Currículo Nacional do Ensino Básico, 2001:107).

Estas disciplinas permitem que os alunos desfrutem de atividades que o ajudem a conhecer o espaço e a perceber como devem proceder no meio em que estão inseridos. A Geografia permite aos alunos contactar com outras culturas e sociedades, localizando-as e relacionando-as num espaço. Através desta disciplina a educação é promovida, quer seja para a educação individual. Quer seja para a educação para o civismo e cidadania, apoiada na educação ambiental. Assim, o ensino da Geografia e o ensino da História desenvolvem nos alunos o que é ser um “bom cidadão” (Cruz, 2012).

Há um grande número de alunos que mostram dificuldades na compreensão e assimilação dos conteúdos que são abordados na aula quer em Estudo do Meio, quer em História e quer em Geografia (Pereira, 2013). Aparentemente as áreas de Português e Matemática são aquelas às quais atribuímos maior dificuldade. Mas essa atribuição é meramente cultural, pois se analisarmos bem, a História e a Geografia, em momentos diferentes, necessitam dos saberes das duas áreas anteriores. Acresce que o domínio linguístico e conceptual da História é muito difícil para a criança.

Assim, é importante que os alunos ao mesmo tempo consigam aprender e compreender e para tal é necessário criar um modelo de ensino dinâmico e moderno. Perrenoud (1999) citado em Cruz (2012), propõe que se deverá utilizar novos métodos ao nível do ensino e da aprendizagem. Desta forma, a prática de jogos tem muita importância, pois visa a aprendizagem e ao mesmo tempo permite uma melhor compreensão dos conteúdos o que leva ainda a um crescimento e desenvolvimento cognitivo e intelectual dos alunos.

Também o Currículo Nacional de Ensino Básico (2001:177), acredita que “ O jogo permite ainda assimilar mais experiências e dessa forma alargar a compreensão do mundo.”.

O docente de História e Geografia pode recorrer ao jogo na sala de aula de modo a proporcionar aos alunos um espaço de encontro, inclusão e de trabalho, tornando assim o jogo num bom instrumento pedagógico. Os alunos podem então encarar estas disciplinas como acessíveis e simples de compreensão e de aprendizagem (Pereira, 2013).

Ainda de acordo com a mesma autora, o jogo contribui para o desenvolvimento do aluno, pois ajuda-o a desenvolver capacidades como imaginar, planear, a procurar soluções, a interagir com os outros, a criar regras e saber conviver com elas na

51

sociedade. Assim, cabe ao docente planificar e selecionar os conteúdos que devem ser mais adequados na abordagem através do jogo educativo para que o aluno alcance as metas e objetivos estabelecidos (Pereira, 2013).

Atualmente, não é fácil cativar o interesse dos alunos na sala de aula, mas quanto mais o docente surpreende e motiva os alunos melhores serão os resultados obtidos, pois os alunos sentem-se mais integrados no seu processo de aprendizagem e tudo isso é possível através do jogo educativo.

Ao utilizarmos o jogo educativo no ensino da História e da Geografia este funciona como uma atividade importante que permite ao aluno desenvolver o seu conhecimento. É então essencial que os alunos tenham os conteúdos destas disciplinas bem compreendidos e assimilados.

Segundo Bastidas citado por Pereira (2013:33-34), “os jogos constituem uma verdadeira estratégia de ensino-aprendizagem. Considera que os jogos didáticos podem ajudar a compreender os mais diversos fenómenos históricos como geográficos e sociais. Na História pode-se utilizar os jogos que exploram a inteligência musical, cinestésico-corporal e espacial. Através destes jogos, poder-se-á identificar no próprio grupo os fundamentos da historicidade do ambiente, perceber o espaço em que vivem como portadores de outras características em outros tempos, localizar eventos numa sequência temporal e explicar o presente, através de analogias com o passado ou previsões ou prognósticos comparativos do futuro.”.

O jogo funciona assim como um instrumento de trabalho no processo de ensino e aprendizagem da História, pois ativa nos alunos a mente e a compreensão do que os rodeia.

Quando nos referirmos ao ensino da Geografia é preciso que o professor tenha em conta os conhecimentos prévios dos alunos e que utilize atividades que permitam a interação entre os alunos e ainda um ambiente propício para a aprendizagem facilitando os conhecimentos.

Assim, o jogo no ensino da Geografia “ permite ajudar a construir conteúdos, tais como: compreender a relação entre o espaço e o poder, coordenadas geográficas, ordenamento espacial, formação do território, reações económicas e políticas, relação sociedade e natureza, evolução da paisagem, nascimento das primeiras cidades. Tudo isto faz com que o aluno recrie passo a passo os mais diferentes processos e situações convertendo-se em sujeitos criadores do seu próprio saber.” (Pereira, 2013:35).

52

As referências bibliográficas sobre a aplicação do jogo educativo na sala de aula são poucas. No entanto, debrucei-me no estudo de dois autores para compreender melhor esta temática.

Desta forma, podemos concluir que a utilização do jogo como instrumento pedagógico é um auxiliar importante no processo de ensino e aprendizagem e é interessante aplicá-lo nas aulas de História e Geografia, pois é um facilitador na construção de conhecimentos e ao mesmo tempo um motor de motivação para a aprendizagem.

53

Documentos relacionados