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3. Enquadramento Institucional A ambiguidade das cores do Cubo Mágico

3.2 O lado da Escola desconhecido pelo Cubo Mágico

No decorrer deste ano, o EP acontece devido a um protocolo estabelecido entre a faculdade que frequento (FADEUP) e uma escola cooperante (EC) predisposta em receber os seus estudantes estagiários, a fim de concretizar um ano de prática no contexto real da escola, uma passagem importante na formação de professores porque os momentos de socialização presentes serão mais potentes e marcantes, auxiliando na integração do professor estagiário na escola, no desenvolvimento do seu conhecimento e da postura enquanto verdadeiramente professor. Mas o que é a escola? Permitam-me que discorra um pouco sobre esta instituição onde me encontro.

Se pesquisarmos no vasto mundo da internet, encontraremos milhares de definições para uma pergunta tão simples como “O que é a Escola?”. Comecemos pelo grego da palavra: “escola” significa “schole”, o mesmo que “lazer ou tempo livre”. Para muitos, a escola é uma instituição que fornece aos alunos um processo de formação capaz de desenvolver as suas capacidades e competências em vários níveis, nomeadamente socio-afetivas, culturais e cognitivas. A escola é entendida como um direito para o ser humano, onde até as Nações Unidas decretam que “Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A

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instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.”

A escola apresenta assim um papel de extrema importância na vida do individuo social, visto que é constituída pelo ensino pré-escolar, ensino básico e ensino secundário. Segundo o Decreto-lei nº176/2012 de 2 de agosto, a escolaridade obrigatória é até aos 18 anos, onde “o cumprimento da escolaridade de 12 anos é relevante para o progresso social, económico e cultural (…). Este processo deve ser seguro, contínuo e coerente, garantindo a promoção da qualidade e da exigência no ensino e o desenvolvimento de todos os alunos.” (2012). Desta forma, as funções da escola baseiam-se em preparar o individuo para a sociedade, ensinando a cultura local (socializar); mostrar as diferenças que possam existir entre as pessoas (sociais, económicas, religiosas, etc.) (humanizar); preparar o aluno para a vida profissional (ensinar); preparar o aluno para refletir, questionar e procurar soluções (educar - desenvolver o sentido critico).

Mas vamos aprofundar ainda mais esta pergunta: “Afinal, o que é mesmo a escola nos dias atuais?”. A escola é o local onde as crianças e adolescentes passam grande parte do seu dia. É o local onde são educados em vários aspetos, ou seja, é o local que conduz os alunos para um lugar diferente daqueles onde eles já estão. É de extrema importância que se consiga transmitir aos alunos a “consciência de que valores e conhecimentos, em vez de serem determinações de uma natureza imóvel, são resultantes de uma sucessão de ocorrências existenciais” (Cortella, 2008). No presente momento, a escola ganhou, para mim, um outro lado que eu tanto queria pertencer mas que, quando aconteceu, fui invadida por um sentimento estranho.

“Era a primeira vez que entrava na escola enquanto professora. Desde a noite anterior que era consumida pelo nervoso miudinho, aquela ansiedade pela novidade que se estava a aproximar. Foi ao entrar na sala de professores que percebi. A escola estava diferente, apesar de apresentar o mesmo tipo de edifícios, pessoas e funcionamento. Mas algo estava diferente. Ainda não tinha percebido o quê.”

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A escola projeta-se como um livro escolar repleto de conhecimentos que exige, simplesmente, que procurem saber dele e dominar todo o seu conteúdo (Bento, 2014). A escola passou a ser o meu local de crescimento pessoal e profissional. Deixou de ser o local onde eu me encontrava todos os dias com os meus amigos, deixou de ser o sitio onde passava os intervalos todos a jogar à bola ou a conversar. Apercebi-me que crescera. Já não era criança ou adolescente que via a escola como um sítio onde podia aprender e brincar ao mesmo tempo. Continuei a vê-la como o lugar que me possibilita crescer indefinidamente, agora a nível profissional. É a fábrica do meu Cubo Mágico, é uma “fábrica de cidadãos”, que tem inerente a si mesma, um conjunto enorme de valores intrínsecos que possibilitam a integração social neste complexo mundo (Canário, 2005).

“Chegando a casa e pensando no que se tinha passado, percebi o que é que comecei a sentir que estava diferente. Afinal não era a escola, era eu. A escola continua a ser a escola, mas eu passei definitivamente de aluna para professora. Mesmo que seja professora estagiária, sou professora. Entro na sala de professores (…) Penso de forma diferente. Como a professora Paula Queirós dizia na faculdade, no primeiro ano de mestrado, o estágio vai-nos permitir “colocar os óculos de professor e perceber a realidade paralela que se passa na mesma”. Hoje foi esse momento. Desde que entrei e saí da escola que coloquei os óculos e comecei a perceber que ser professor não é fácil. Percebi que realmente o estágio vai ser trabalhoso. Mas eu estou pronta.”

DB, 06/09/2019, “Quem está diferente? Eu ou a escola?”

Num ponto de vista mais prático e relativamente ao meu contexto, a EC que me abriu as portas (conforme a figura 1) e permitiu a minha entrada foi a minha primeira escolha, escolha essa por dois motivos: devido à sua localização perto do meu local de trabalho, o que me permitia ficar mais tempo na escola se necessário uma vez que as deslocações para o trabalho seriam de curta duração e pela qualidade de ensino e apoio aos estudantes estagiários que já tinha ouvido falar, estando de acordo com os meus objetivos para este ano (procura de novos conhecimentos e formas de atuar).

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Esta escola possui excelentes condições materiais para as aulas de EF, possuindo, como se verifica na figura 2: um pavilhão polidesportivo que permite lecionar modalidades desportivas (voleibol, futebol, andebol, basquetebol, badminton, salto em altura, etc.), um pavilhão de ginástica com todos os recursos materiais, um espaço exterior com um campo de andebol e quatro tabelas de basquetebol, rodeado por uma pista de atletismo com uma caixa de saltos. A escola também apresenta uma arrecadação repleta de materiais em bom estado, promovendo o decorrer das aulas sem esse tipo de preocupações.